Um conto familiar
Sempre curti lendas urbanas. Ainda moleca uma das maiores diversões minhas e de meu irmão mais velho era sentar num quarto escuro com os primos e irmãos menores, iluminar o rosto com uma lanterna e aterrorizar os pequenos com histórias que inventávamos ou que alguém havia nos contado. Tinha a clássica loira do banheiro, que havia sido assassinada e voltava para aterrorizar e se vingar.
O velho do saco, que se a crianças saísse sozinha para brincar, um velho sujo e mal vestido a pegaria e jogaria dentro de um saco e levaria embora.
Já adolescente tinham outra que a galera morria de medo, aquela que você está numa balada se descuida do copo e te dão um “boa noite Cinderela”. Você só acorda no dia seguinte numa banheira cheia de gelo e com uma cicatriz na altura dos rins. Outra versão para a lenda do tráfico de órgãos era de você passar em frente a uma construção abandonada e ouvir o choro de um bebê, ao entrar lá pra resgatar a criança “pimba” você apagava e acordava na tal banheira de gelo, sem rim e com cicatriz.
Mas teve uma história que acabou virando um clássico na minha família. Aconteceu a mais de 30 anos. Morávamos na mesma rua, em casas vizinhas a da minha avó e de uma tia-avó. Sempre estávamos uns na casa dos outros e naquela tarde nos reunimos na casa da minha avó para um café. Minha tia-avó foi com meu irmão mais novo ao mercado que ficava a poucas quadras dali comprar pão. Caminhavam tranquilamente e quando passaram na frente de uma casa, que ficava na mesma rua, uma quadra adiante, minha tia lembrou da vizinha que morava ali estava extremamente doente. Nisso vinha saindo pelo portão da casa, uma bela moça de cabelos longos e pretos. Minha tia parou e perguntou à moça, que ela julgou ser uma das filhas da vizinha pela semelhança física, se a mãe dela estava bem. A moça sorriu e respondeu:
- Sim, agora ela esta bem, obrigada.
Ela e meu irmão seguiram caminhando e ao olharem pra trás tiveram a impressão que a moça evaporou de tão rápido que sumiu, mas não deram muita atenção ao fato. Na volta, passaram novamente pela casa e viram uma ambulância, minha tia se preocupou e adentrou o portão. Era uma vizinha que ela gostava tanto apesar de não a conhecer a tanto tempo, queria saber o que estava acontecendo. Bateu à porta e outra moça abriu, chorando, era outra filha, a mais velha. Ela perguntou:
- Sua mãe, está tudo bem com ela? É que eu vi a ambulância aí em frente.
A moça entre soluços respondeu:
- Minha mãe faleceu a menos de meia hora. Minha tia em choque e meu irmão com seus cinco, seis anos sem entender muito que estava acontecendo, ficaram ali parados até que ela falou: - Nossa, sinto muito, mas há alguns minutos atrás passei por aqui e encontrei sua irmã e ela me falou que estava tudo bem. A moça surpresa perguntou:
- Minha irmã?
– Sim, minha tia respondeu e apontou para um retrato na parede atrás da moça, aquela ali da foto, não é a sua irmã?
A moça assutada:
- Sim é ela, mas minha irmã faleceu há cinco anos num acidente de carro.
De arrepiar, né?
Besos
Andréa Penteado
De arrepiar, né?
Besos
Andréa Penteado
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