Clara queria novas aventuras, não só apenas viajar, fazer cursos e conhecer pessoas diferentes. Ela queria tudo. E isso incluía conhecer tudo mesmo, no mundo afora e no mundo adentro de seu corpo. Com Carlos há dois anos, sentia sempre as mesmas emoções, mas não que ela achasse isso ruim, só queria “algo novo”. Percebeu então que deveria procurar alguma sexóloga para explorar mais seus conhecimento e seu corpo.
“Na verdade, doutora, está tudo bem. Mas, ultimamente, o “bem” não é só o que quero. Quero o melhor, o sensacional, o maravilhoso, o alfa... entende?” - disse Clara entusiasmada.
“Claro, Clara. E o que você já fez para tentar atingir tudo isso que deseja?” - perguntou a sexóloga Virgília.
“Ah, sim... quer dizer... acho que sim. Já inventamos algumas posições novas, feitiches que cada um tinha... mas no final... acaba sendo tudo como sempre. O mesmo prazer, o mesmo orgasmo. Não que isso não seja bom mas... por que não ser melhor?” - indagou Clara.
“Clara... na verdade, você afirma tanto que está tudo bem (o que para muitas mulheres já seria o essencial)... mas, você tem certeza que está tudo bem mesmo?” - perguntou Virgília.
“Ah... sim... eu só queria algo novo mesmo, o que há de errado? - indagou Clara.
“Certeza?” - questionou Virgília.
“Hum.... afirmar assim é meio... sei lá...” - respondeu Clara, mais pensativa desta vez.
“Percebe que tem algo aí nessa história?” - perguntou Virgília, mas como se já soubesse a resposta. “E o amor?” - indagou novamente.
“Nós amamos. Quando um precisa do outro, sempre estamos lá” - respondeu Clara meio confusa.
“E o amor no sentido paixão e tesão?” - perguntou Virgília.
“Então... como disse, está tudo bem, é a mesma coisa!” - responde Clara, agora pensando mais ainda sobre esse tão repetido “tudo bem”.
“Porque ao invés de tentar algo como fantasias e apelos corporais, você não apela para a conversa, o diálogo, o romantismo, a paixão? Quem sabe ai você não descobre algo novo?” – aconselhou Virgília,
“É, tem razão... talvez essa minha pressa de algo novo acabe dificultando mais as coisas. Vou deixar rolar. Obrigada!” - disse um pouco mais animada Clara.
Clara saiu do consultório pensando no que ouvira. Chegou em casa e leu no Google alguns artigos do tipo “como sentir mais prazer” e “o que fazer para inovar na relação”, mas daquilo tudo ou já tinha feito ou achava estranho demais (tinha coisas que consideava apelativas). Até Viagra feminino pensara em tomar para ver se ficava mais “loucona”, mas na verdade nem ela sabia como iria conseguir o que queria. Mas... o que queria? Diante desta questão, Clara resolveu então na mesma noite fazer um jantar romântico para Carlos e conversarem. Mas não só sobre o assunto e sim sobre tudo, saber mais ainda o que cada um pensa e sente, mesmo depois de dois anos juntos. Queria conhecer o que pensava e sentia Carlos e se, no fundo, ele também não gostaria de algo novo também.
“Amor, adorei este jantar assim.... do nada. Não esperava”- disse Carlos fitando os olhos de Clara e pegando suas mãos.
“Às vezes temos que nos 'permitir', não é?” - disse Clara. sorrindo levemente.
“Sabe, amor, às vezes gosto dessas coisas diferentes assim, do nada, sem compromisso, sem hora... por mais que já tivessemos muitos jantares, hoje foi inesperado como no começo do nosso relacionamento, quando nós tínhamos tantos sonhos, tantas vontades, cada desejo...” - dizia Carlos a Clara, que observava a empolgação no discurso de seu homem e a expressão surpresa e feliz no rosto dele. E, naquele discurso, ouvia as mesmas coisas que seus pensamentos antes lhe diziam. “Por que não teria feito isso antes?” - indagou Clara para si mesma.
Naquele momento de conversa como dois adolescentes que acabaram de se conhecer, de carinho, de troca, da mesma paixão, da mesma química, todos reacendidos, tiveram a noite mais incrível. Não criaram personagens: ali, os dois eram o maior feitiche de cada um. Não propuseram joguinhos ou inovações... depois de tantos momentos puseram em prática todo conhecimento que cada um tinha do outro em relação a seus corpos, pensamentos e desejos que se coincidiram como nunca antes.
“É doutora, você estava certa!Procurar algo novo é válido...mas é preciso saber como.” disse Clara na sessão marcada com Virgília ás pressas para contar as novidades;
“Que bom Virgília, mas, o que fez?”
“Apenas propus conhecer não só os meus desejos, gostos, vontade, mas também os de meu parceiro e descobri que são os mesmos. Juntos pudemos ter sensações novas. Conversamos, nos permitimos, nos amamos, como dois adolescentes que acabaram de conhecer mas que já se conheciam há dois anos. Depois de toda essa troca, junto com carinhos, prazer e paixão, tive aquela tal do orgasmo múltiplo!E ele sentiu prazer comigo como nunca antes...foi como tivesse sentido por ele e por mim!”
“Parabéns, não é raro, mas só algumas mulheres têm esse privilégio e você entendeu bem o que eu quis dizer. Pra ele acontecer não há fórmulas. O que faz acontecer é essa mistura: nem só o toque, nem só o tesão, nem só o carinho mas sim tudo isso de uma forma harmoniosamente e prazerosamente combinada” - disse Virgília satisfeita por ver Clara realmente realizada.
Dali em diante Clara entendera que não é só preciso estar “tudo bem”. O melhor é o amor, a paixão, o tesão que devem ser somados e renovados a cada dia, a cada hora descobrindo assim uma nova sensação e emoção ao fazerem amor.
Posso não ser a pessoa apta a falar disso, mas tenho certeza de que esse tal de orgasmo múltiplo só acontece com a mistura ideal de paixão, tesão e sentimento.
Bianca Nascimento
3 comentários:
Aloha Bia...
gostei do texto...as vezes queremos fazer e ter do bom e do melhor com as coisas até mais espetaculares que podemos imaginar...mas um simples gesto faz grande diferença em nossas vidas...quando há amor deve existir o conhecimento...como amar uma pessoa sem saber o que ela sente?...realmente...vale muito a pena conhecer e permitir se conhecer...
beijocas
Muito bom, Bia! É impressionante como a gente busca coisas espetacularmente excepcionais e não vê que são nas coisas simples e objetivas que pode estar o que queremos. Sem mistério, sem amarras, assim, bem fácil.
Bjo
Catzo! Inventaram o Viagra feminino?! Dessa eu não sabia. Garotas, cuidado com seus copos ns próximas festinhas. hehehe
Beijo, Bia.
Mario
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