Lembro que a primeira vez que vi a palavra tesão foi no título desse livro de Roberto Freire lá nos idos dos anos 80. Eu era uma inocente criancinha e não compreendia porque eu não poderia ter acesso ao livro. Então, o contexto aqui era pós-ditadura, liberdade, experiências, tudo o que a juventude da época precisava após o horror de uma ditadura. E talvez seja ainda essa a lição, embora em diferentes contextos: aproveitar as coisas simples da vida - que no final são as mais complexas e as melhores- com o máximo de prazer possível.
Mas e hoje, como está a geração que pegou o reflexo disso tudo e viveu o final das utopias? Será que nós (na faixa dos 30) estamos mesmo vivendo com tesão? Será que conseguimos ter prazer e viver a vida do jeito que queremos ou "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais"? Será que no conforto de nossas casas e em nosso "bunker" tecnológico deixamos espaço para o afeto? Será que experimentamos a liberdade em sua vontade de potência?
E nossos desejos se consumaram através dos bens materiais e do consumo ou foram se reprimindo pouco a pouco e aceitando as escolhas triviais - no caso da segunda opção o melhor é lembrar do menudo e cantar "não se reprima" bem alto... rs Será que em nossa busca pelo melhor emprego, o corpo mais perfeito, a casa mais bonita, não nos impusemos um tipo de "felicidade quase histérica" que nada tem a ver com o tesão da entrega ao momento perfeito?
Não tenho respostas, mas as perguntas fervilham em minha mente, lubrificando-a com um gozo instantâneo. Pois é, o conhecimento e pensar sobre a condição humana (ou pós-humana, em tempos de próteses e extensões aqui com todos os sentidos possíveis rs) é o maior tesão!
Lady A.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
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4 comentários:
Boa reflexão, Adri. E também legal relembrar o primeiro momento em que ouvimos a palavra "tesão". No meu caso foi na música "Olhar 43" do RPM, que o Paulo Ricardo falava ao final, quase num sussurro - isso para simular um tom sexy, mas na verdade era mais para driblar os sensores mesmo.
Beijo
Charlie
Oi. Muito bom o texto!
Adri, concordo com o coro. É uma ótima reflexão... Engraçado como o Tesão está em quase tudo na vida e muitas vezes o restringimos às questões sexuais, né?
Sobre as conquistas, não sei, o problema, para mim, não são as coisas que alcançamos desejáveis de fato (ou aparentemente desejáveis porque todo mundo quer), mas a forma e a energia que dispendemos para conseguí-las... Muitas vezes quando pensamos demais em realizações materiais ou profissionais, isso quer dizer abrir mão de coisas, às vezes, mais essenciais: o nosso relacionamento, as nossa paixões, nossos outros interesses.
O importante, acredito, é estar constantemente vendo a exata medida das coisas. Para que o essencial, de verdade, não se perca pelo caminho... Que fiquem as mãos e vão-se os anéis. Esses podem voltar....
Bjs
Rodolfo
Oi gente, eu queria complementar mas to aqui arrumando as malas pra viajar a trabalho na maior correria, mas valeu pelos comments. bjo
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