O inseparável
Pedrinho estava ansioso para ir ao recreio, mas as tarefas no colégio teimavam em não acabar. A professora Ana, mais conhecida como tia Ana, explanava sua próxima lição para insatisfação de Pedrinho.
- Agora todos terão que dizer um objeto que viram na bolsa da mamãe.
Na hora Pedrinho começou a lembrar de uma ocasião que presenciou com sua genitora no banco.
Celular, chaves de casa, MP4, relógio, porta cartões, espelho, caneta, sombrinha, porta moedas e tudo mais que poderia conter algum metal que a impedisse de passar pela porta rotatória do banco, foi colocado na sextinha. Faltava apenas dez minutos para acabar o expediente bancário e nada de atravessar pela maldita rotatória. Era difícil de saber qual dos dois estava mais irritado, se o guarda ou Débora.
- Sombrinha, celular, chaves. - Sombrinha, celular, chaves. Era repetido infinitamente pelo guarda, tentando fazer Débora lembrar do que faltava tirar, daquele mundo, envolto por um coro de jacaré esverdeado chiquérrimo.
Contas a vencer naquele dia deixavam Débora sem pensar, provocando o tão conhecido branco que afugenta qualquer tentativa de raciocínio lógico. Até que, depois de muitas tentativas, ao apalpar a bolsa pela vigésima vez, eis que a mãe de Pedrinho encontra o objeto que não a deixava entrar no estabelecimento bancário. E ela sem nada para escondê-lo, nem um lencinho tinha na bolsa, para poder disfarçar seu constrangimento (erro gravíssimo - sete pontos na carteira). Ela tinha recém curado uma gripe daquelas, mas isso não justificava a falta de lenço na bolsa.
Para que o guarda a liberasse uns segundinhos depois das 16h ela deixou Pedrinho com ele dizendo que iria buscar um documento importante no carro antes de adentrar por lá.
- Filho, fica quietinho aqui com o guarda, pois a mamãe tem que tirar uma coisa que ninguém pode ver da bolsa antes de entrar.
Enquanto isso:
- Augusto sua vez.
-Carteira, tia.
- Samanta.
-Escova de cabelo.
- Lisandro.
- Escova de dente amarela, professora.
- Paulo.
- Presilha de cabelo, estilo rabicó.
- Samuel.
- Livro pequeno.
- Jaqueline.
- Um terço dourado bem bonito, profe.
- Evandro.
- O.B.
- Jussara.
- Remédio para dor de cabeça.
- Adriana.
- Uma figa.
- Tatiana.
- Um anel.
- Cláudio.
- Óculos de sol.
- Leandro.
- Um hidratante de camomila para as mãos.
- Cíntia.
- Um bloco de notas.
- Camila.
- A frente do rádio do carro.
- Marco.
- Uma necessaire.
- Sibila.
- Anticoncepcional.
- Diogo.
- Dinheiro.
- Anelise.
- Camisinha.
- Luiz.
- Baton vermelho, estilo gloss.
E assim eles foram sucessivamente relatando os objetos mais comuns aos mais bizarros que se pode imaginar. Até que Ana chama Pedrinho e ele já rosado diz não poder relatar o que tinha na bolsa de sua mãe. A professora insiste uma, duas, três vezes e Pedrinho fala:
- Profe. Eu não posso falar, pois o que tinha na bolsa da minha mãe era algo perigoso que ela não podia mostrar ao guarda.
A professora insiste: - Fale Pedrinho, nada que tenha na bolsa da sua mãe pode ser perigoso. Pode dizer.
Muito inseguro Pedrinho relata a história e no final comenta que para sua mãe querer esconder o objeto de metal do guarda só poderia ser uma arma. Mal sabia ele que era uma arma sim, mas a arma do prazer. O inseparável vibrador de Débora.
Situação constrangedora essa heim? Relembra a mãe de Pedrinho ao apalpar firmemente seu p.a. (pinto amigo).
Verônica Pacheco
3 comentários:
Divertido, Verônica. Mas esse drama da mulher moderna vai acabar assim que começarem a ser comercializados os estimuladores clitorianos a controle remoto! ;-)
Beijo
Charlie
Hehe! Boa Mario gostei! Interagir os posts foi 10.
Ha ha ha!!! Boa... mas que tal se as mulheres carregassem na "bolsa":
Petrobras, Vale do Rio Doce, Usiminas... é quase tão excitante quanto ooo... "amigão!"
Valew!!! Grande beijo nas desaforadas.
Emerson.
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