Todo mundo, ela, ele e além.
A esposa
Todo mundo adora deixar o marido em casa e ir pro shopping, comprar numa boa, sem ninguém pra apressar e fazer cara de ranzinza. Mas eu odeio fazer compras sozinha ou com minhas amigas. Gosto de ir com ele mesmo. Eu sei que você, como minha analista, vai dizer que moda e consumo são compensações para a minha carência afetiva, porque o Oswaldo e eu... você sabe, quase não “praticamos”, né. Ah, mas eu acho que sou feliz porque pelo menos tenho essa forma de compensação. E as minhas amigas que nem isso tem? Vou no shopping, me encho de sacolas e meu maridinho me acompanha o tempo todo. Aliás, é justamente essa cumplicidade que mostra o quanto ele me ama. Ele é companheiro, vai comigo em tudo quanto é loja, não se importa de esperar por horas até eu fazer a minha escolha. Não é um fofo? Que mulher tem a sorte de ter um maridinho compreensivo assim? Ele nem se importa de eu caminhar devagar por causa do salto. Espera eu me trocar, dá palpite, pede pra eu provar quantas eu quiser. Você já viu marido assim? Ele não sai me puxando da frente das vitrines quando eu vejo hipnotizada um novo modelo de sapato. Nem fica me cutucando e apontando pro relógio. Com ele eu me sinto à vontade, sabe como? E eu vejo que sou uma das poucas privilegiadas que podem ter o marido como companhia nas compras. As outras todas vão com as amigas. Quando o marido vai junto, fica lá implicando com tudo, de braço cruzado na frente do provador, ligando no celular a cada dez minutos pra saber o placar do jogo. Você é a única pessoa que me dá tanta atenção assim. Acabou minha hora?
O marido
Eu sei que todo mundo adora quando a mulher vai pro shopping porque daí dá pra ver o futebol na boa, sair pra beber, o escambal. Mas eu odeio. Gosto de ir com ela, sim. E pra que vocês não pensem que eu sou viado querendo ver vitrine e saber as tendências da estação, vou logo explicando. Antes, alguém pede outra gelada pro garçom. Isso. Seguinte, eu acompanho minha mulher todo sábado no shopping, assumo. Mas vou só pra ver a mulherada desfilando, escolhendo roupinha e tal. Fico morgando naquela poltrona do marido que tem nas lojas, e às vezes até consigo ver alguma coisinha interessante pela fresta da cortina no provador. Dia desses vi uma morena sem a parte de cima do biquinin, hmmmm... tetéia. Só não gosto muito quando tem coleção outono-inverno, entendem. Porque a mulherada se enche de roupa. E as sacolas da minha mulher ficam mais pesadas. Dá vontade de deixar tudo no corredor e sair correndo. Só não faço porque logo o tempo esquenta e volta a moda primavera-verão, ô beleza. Mas mesmo no inverno é bom passear com ela. Outro dia desses conheci uma vendedora, que delícia. Tem de ver. Vocês não iam acreditar. Corpinho, tudo no lugar. Mocinha simples do interior. Eu comi no provador, juro! Minha mulher nem desconfiou de nada porque estava superfeliz que era dia de liquidação. Quem descobriu foi a chefe dela, que a guria chama de “sargentão”. Nem sei se deu merda, isso já faz uns dois, três meses. Vou saber no próximo sábado que tem comprinha de novo naquele shopping. Daí tudo se repete: mulherada pra lá e pra cá, roupinhas, calor chegando, ô vidão!
A vendedora
Pode me demitir, sargentão, tô grávida mesmo.
Mario Lopes
quarta-feira, 30 de julho de 2008
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6 comentários:
adoreiiiiiiiiiiiiii, mario. huahuahua. muito bom.
beijos, mô.
Depois dessa, meu marido não vai entender a minha insistência para que fique sossegado, assistindo ao Atletiba, enquanto vou às compras.
Maravilha, Mário.
Lorena
Legal, Mopi, Obrigado. :-)
Beijão e bons trabalhos aí em SC.
Charlie
hahaha Lorena, que supresaça você por aqui! Quanto ao Paulo, pode ficar sossegadíssima, porque ele não tem absolutamente nada a ver com o personagem da história. E, ao contrário da esposa no divã, você é sim uma mulher privilegiada.
Beijo
Charlie
O marido mal sabe, que proximo sabado, ele vai ter que ir em lojas de artigos para bebês, hoho
hahahaha Só. Isso se a mulher não for antes na loja de armas e munições. hehehe
Abração, Pedro.
Charlie
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