quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Perdendo os sentidos

Hoje sou eu, a Bianca, que estou postando, pois a Luciana não pode por causa do trabalho, que a deixou sem tempo para escrever o texto. Mas pediu que, em seu nome, pedisse desculpas e desejasse um feliz ano novo para todas as Desaforadas e os leitores.

Quando vi este tema logo pensei: “O que eu poderia falar se ando sempre na linha?” Brincadeira. Confesso que eu sempre tentei ao máximo andar na linha, aquela cheia de padrões, regras, do que é de bom grado fazer e que você deve quase sempre obedecer e não deixar se desequilibrar, mas nem sempre consegui. Acontece que é bem quando estamos longe do alcance dos olhos controladores que acabamos desvirtuando daquela linha a ser seguida. E eu perdi o meu fio em uma festa.

Foi há uns três anos. Fui convidada para uma festa de quinze anos de uma amiga da minha amiga que eu nem conhecia (só iria vê-la no dia do seu aniversário). Bom, chegando na festa, eu e minha amiga sentamos em uma mesa com uns meninos. Percebi que um ficava me analisando, cada garfada que eu dava no prato e gole que arrancava do copo. Bom, pensei comigo “só pode tá querendo né!”. E o menino, digamos, era o mais “feinho” da turma. Mas, depois de algum tempo, percebi que minha amiga, a única que eu conhecia na festa, começou a conversar com um menino e, quando olho para o lado, os dois se atracaram aos beijos. Eu fiquei ali, sem fazer nada, não sabia se ia ou vinha. Chegou então a hora da dança e ela zarpou para o salão com o menino.
Sozinha ali, o menino que me comia com os olhos se achegou, bateu um papo comigo e até que lançou o pedido para ficar comigo. E eu não aceitei, é claro, ele realmente não fazia meu tipo. Resolvi então ir até aquela mesinha de doces que tem em todas as festas de quinze anos, acompanhadas de alguns licores.

Peguei um pequeno copo e me servi de uma bebida azul que tinha por ali. Bebi. Olhei para o lado, todos dançando, não tinha mesmo o que fazer, então resolvi me servir de mais uma dose. E depois mais uma.

O problema não foi nem a quantidade e sim meu problema de ser fraca para qualquer tipo de bebida, além da enorme capacidade de ficar alegre com apenas alguns goles (o pior é que só descobri isso naquele dia). Aí, voltando para minha mesa, já meio, digamos, com um calor e um tanto risonha, observei um moço sentado numa mesa sozinho e ele me chamou para junto dele. Quando cheguei perto, o reconheci de uma festa que havíamos dançado no bolo vivo de uma colega nossa. Nos cumprimentamos, relembramos a festa e ele em seguida me fez um convite: “Olha, roubei uma garrafa da mesinha de Amarula - uma das minhas bebidas preferidas - e queria saber se é afim de tomar comigo”. Adivinhem minha resposta.



Bom, quando levantei e fui até a minha mesa, já estava rodando tudo. Foi quando fui pegar minha bolsa e vi aquele, o feinho, vindo em minha direção. Ele foi abrir a boca para falar alguma coisa, eu o peguei e lasquei um beijo. O menino ficou me olhando assustado e eu peguei minha bolsa e fui em busca da minha amiga (eu sabia que não estava normal). Achei ela dançando e me juntei na dança com ela, numa felicidade que só vendo. Eu sabia que estava fazendo besteira, mas mesmo assim eu continuava. Minha amiga, que já havia ligado para seu pai ir nos buscar, percebeu que eu estava alegre. E eu falava. E eu ria. E eu dançava. Tudo exacerbadamente e involuntariamente. Até que o pai da minha amiga chegou e, finalmente, depois de eu dar tchau para todo mundo e até para os homens que cuidam dos carros, fui embora. Mas não acabou por aí.

Eu falava muito no carro, coisas sem sentido e só percebia que riam de mim. Chegando na casa da minha amiga, liguei para minha mãe dizendo que tinha tomado uma coisinha mas que estava tudo bem, e minha mãe dizendo: “Mas qual é o rótulo da bebida que você tomou, Bianca?”, como se naquele momento eu lembrasse até a cor da minha calcinha. Depois, me deitei no colchão, no qual eu iria dormir de vestido e de bruços. Aí, olhei em minha volta, vi alguns ursinhos e falei para o pai da minha amiga: “Eu não vou dormir com estes ursinhos aí, eles falam comigo”. E então, percebendo que os pais de minha amiga e ela estavam rindo de mim, o pai dela tratou de botar um lençol na frente dos ursinhos. Eu, no auge da minha alegria, tirei com tudo o lençol porque não gostei da estampa.



O resto, só lembro de ter ido à cozinha com minha amiga, e o irmão mais velho dela chegando em casa e dizendo a ela para me dar leite condensado (eu estava nitidamente mostrando que precisava de glicose).



Depois, voltando ao quarto, coloquei a coberta em cima na cabeça liguei a TV e fiquei assistindo Bob Sponja, comendo Trakinas. Dormi. No outro dia, quando estavam todos almoçando, percebi risos e uma voz emergindo, perguntando se eu já estava melhor. Me senti péssima naquele momento, mas hoje, quando lembro, vejo que quase todo mundo tem alguma história dessas para contar, não tem jeito. E o que eu aprendi? Que a minha linha eu não largo mais. Só não me convidem para um drink.


Bianca Silva

3 comentários:

Anônimo disse...

AA já!
hehehe Tô zoando. Quem nunca perdeu a linha tomando um porre que jogue a primeira pedra de gelo. ;-)
Beijo, Bia.

Mario

Anônimo disse...

Verdade Bianca, todo mundo passa por isso. Adorei a parte dos ursinhos, hahaha.
Bjs
Andréa

Anônimo disse...

Como ja diz o titulo, PERDENDO OS SENTIDOS
a varias maneiras de perder, e como perdemos......
e da-lhe Smirnoff nela
bjus Bela
Ass:
Edward