- Sabe por que eu estou aqui, Doutor?
- Mônica, pela última vez: não vou mudar seu anti-conceptivo, porque não é ele que está te engordando. Sou seu ginecologista, não seu endocrinologista.
- Errou. Mais uma chance.
- ... Papa Nicolau?
- Não. Presidente Clinton.
- Você veio aqui para uma consulta ou para discutir política e religião?!
- Tá bom, vou explicar. A resposta está nesta sacola.
- Brrrrrr... ela está gelada. O que tem dentro?
- Abra.
- Um vestido?
- Sim. E é o vestido mais valioso do mundo. Examine-o.
- Está com cheiro de água sanitária. Você o lavou?
- Não, é esperma.
- Eca!
- Ai, não precisava jogar no chão, né?!
- Você devia ter ido a um urologista.
- Doutor, vou explicar de uma vez: esse é o esperma do Presidente.
- E você roubou o vestido da Hillary?!
- Tá difícil. Não, o vestido é meu. Você sabe que sou estagiária da Casa Branca.
- E o homem mais poderoso do mundo não conhece lencinho de papel, toalha, papel higiênico, cortina...
- Ai, ai. Doutor, não importa. O fato é que eu quero ser inseminada com esse esperma.
- Como assim?! Por que?!
- Eu ouvi falar que dá pra tirar o DNA de um espermatozóide e botar no meu óvulo, não dá?
- Você quer um... clone?!
- Não viu Jurassic Park, Doutor?
- Hmmm... acho que eu estava num congresso de medicina quando passou no cinema.
- Pegasse em DVD.
- Vou seguir o conselho, obrigado.
- Mas voltando ao assunto: os espermatozóides estão aí, congeladinhos.
- E como teve essa idéia... brilhante?
- Há uns dois anos tentei outro método com um ex-namorado, mas me engasguei antes de jogar no potinho.
- Mônica, não sei se o que você está querendo é uma aberração científica ou moral.
- Ah, sem essa, Doutor. Todo mundo sabe que todo presidente tem amante. Dizem que o Kennedy tinha até um túnel secreto para encontrar a Marilyn.
- Ligando Washington a Los Angeles, né?
- A Hollywood, Doutor, derrrr!!
- Mônica, a única coisa fértil por aqui é sua imaginação, esses espermatozóides estão todos mortos.
- Então... esse vestido não serve para porra nenhuma?...
- Leve-o para casa e queime-o.
- Nunca. Vou usá-lo no aniversário da Primeira Dama?
- O que você tem contra ela?
- Ah, confesso que invejo o jeito que se veste, é muito bom gosto. E ela se acha a dona do mundo.
- Um dia pode vir a ser.
- A Hillary?! Não seja hilário, Doutor.
- E por que não?
- Ah, sim, claro. E vamos imaginar o concorrente dela: que tal o Michael Jackson? Não, poderia ser o Omar Kadafi. Não, melhor ainda: que tal um negro com nome árabe?
- Chega, Mônica. Olha, vou te receitar esse calmante e cama. Cama para dormir, entendeu?
- E eu vou te presentear com este charuto.
- Hmmm... que aroma bom. Cuba?
- Não, Chechênia.
- Parece familiar.
- Fume com moderação, tabaco não combina com medicina.
- Pode deixar, eu fumo mas não trago.
- Dá aqui a sacola.
- Mande lembranças à Primeira Dama?
- Ela te conhece?
- Fui ginecologista dela. Mundo pequeno né?
- Bastante. E ele dá voltas.
- Ô.
- Bom, Doutor, vou indo.
- Volte sempre, Mônica.
- Obrigada.
- Ah, uma última coisa: os charutos da Primeira Dama também são da Chechênia.
Mario Lopes
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