Segundo o dicionário, nome é a palavra com que se designa um ser. Mas, na sociedade, um nome é muito mais do que isto, pois ele é uma palavra que acompanhará uma pessoa por toda a sua vida. Na antiguidade, era comum a criança ter o mesmo nome do pai, do tio, do avô e do bisavô, porque, na maioria das vezes, isto era uma questão de tradição. No século XIX surgiu o hábito de colocar nomes inspirados em títulos de músicas. Mas foi no século XX que isto se popularizou. O meu nome, Luciana, foi inspirado numa música que foi muito tocada nas rádios nos anos 70. Na escola, este fato era sempre era notado.
Na minha pré-escola, havia uma menina chamada Carolina, que dizia que a sua mãe tirou o seu nome de uma melodia de forró. No primeiro grau, o principal problema era quando a música da parada tinha o título de um nome de algum aluno da escola, porque, quando isto acontecia, todo mundo pegava no pé da pobre criatura.
Em 1985, na minha quinta série, havia uma menina muito tímida e calma chamada Sílvia. Seu principal incômodo ocorreu quando estourou nas rádios uma música de uma banda chamada Camisa de Vênus, na qual o cantor xingava uma mulher chamada Sílvia. No caminho da escola, toda vez que tocava esta música, Sílvia ficava vermelha e envergonhada. O principal problema era que, na hora do intervalo, havia uns engraçadinhos que cantavam esta música só para provocar a pobre.
Em 1984, na minha quarta série, existia uma garota chamada Julieta. Ela era realmente muito parecida com a Julieta do romance escrito por Shakespeare: romântica, meiga e doce. Porém, seu principal incômodo aconteceu quando fez sucesso um forró de duplo sentido com o título de: Julieta. Esta música era repleta de rimas maliciosas e de mensagens subliminares. O refrão desta canção era o seguinte:
- Julieta tá... tá... - Está me chamando! - Julieta tá... tá... - Está me chamando!
O principal problema de Julieta era o mesmo de Sílvia: os meninos palhaços que cantavam as músicas com os seus nomes na hora do recreio e na hora da saída.
Nesta mesma série, havia um menino estudioso e tímido chamado Tadeu. Ele era magrinho, usava óculos de fundo de garrafa e suas notas eram ótimas. Naquele mesmo ano, estourou nas rádios um outro forró com letra de duplo sentido chamado: Prenda o Tadeu. Coitadinho deste meu colega: escutava o tempo inteiro esta música nos intervalos. Pois os engraçadinhos aproveitavam as folgas para atazanar o coitado com o refrão: “seu delegado, prenda o Tadeu, ele pegou a minha irmã e...”.
Em 1980 estourou nas paradas de sucesso uma música chamada Geni, cujo refrão era: “Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”. Mas quem realmente sofreu com esta música foi a faxineira da escola que tinha o nome de Geni. Alguns alunos chegavam perto dela e cantavam.Outros alunos mais agressivos cantavam esta melodia jogando bolinhas de papel na cabeça da pobre.
Apesar destas histórias tristes que envolveram músicas e nomes, também conheci histórias bonitas envolvendo estas coisas. Em 1986, eu estava na sexta série e tinha uma colega chamada Natalie. Esta menina era muito bonita e tímida. Mas na mesma sala eu tinha um amigo chamado Paulo, que era também muito tímido e apaixonado por Natalie. Ele me falou que o seu sonho era declarar seu amor por ela, cantando a música Natalie do cantor Júlio Iglesias. Então, o tempo passou, chegou o final de ano e, com ele, a famosa brincadeira do Amigo Secreto. Assim, na sala de aula, passaram um boné com papéis dentro para as pessoas sortearem seus amigos secretos. Eu peguei a Natalie como amiga secreta. Mas, como eu sabia que Paulo era apaixonado por ela, perguntei para ele: - Eu peguei a Natalie... Você quer trocar de amigo secreto comigo? Ele sorriu e falou: - Claro! Ele ficou com Natalie como sua amiga secreta e eu fiquei com Patrícia como minha amiga oculta. Alguns dias se passaram e, na hora da revelação, Paulo falou: - Minha amiga secreta é o título de uma música muito linda e romântica! Mas , eu exclamei: - Então, você tem que cantar esta música! Ele respondeu: - Eu bem que quero, mas tenho vergonha... Porém, a turma inteira clamou: - Canta! - Canta! - Canta! Então, Paulo com sua voz de rouxinol cantou: - Natalie, de olhar tão triste... Natalie ficou vermelha, mas muito feliz. Hoje, eles estão casados e o tema de amor deles não poderia ser outro: Natalie do cantor Júlio Iglesias.
E, com você leitor, já aconteceram situações semelhantes? Aliás, como você se chama? Será que o seu nome é o título de alguma canção?
Luciana do Rocio Mallon
3 comentários:
Luciana, bem divertido (ou trágico) esse flash-back de hits com títulos que sacanearam os homônimos anônimos espalhados por aí. Mas, eu te confesso que, de todas as vítimas, a que me deixou com mais pena foi a Natalie. hehe Mas, como diz o título do post da tua xará: Há quem se sinta lisonjeada com isso...
Beijo, Luciana.
Mario
Bom... eu me chamo Alice
e nao escrevo aquela carta de amor...
Mas para os mais internacionais tem sempre a musica "Alice who the F. is Alice"
a segunda acho mais divertida pq é dor de corno demais para ser levada a serio. e a internacionalidade da musica faz com que seja colocada num nivel intelectual melhor.
Mas a tal de " Alice não me escreva..." aiiii me irrita, sempre rola uma cantada na balada
Resposta "Não nao escrevo MESMO"
hehe Mesmo que o galanteador seja a cara do Brad Pitt, Alice? rsrs ;-)
Beijo.
Mario
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