Tema da semana: Insônia
Da insônia ao sono profundo
5:30 da manhã. Enquanto o dia amanhece, ela vira mais uma vez na cama, tentando dormir, em vão. Está no limite. Não agüentava mais tanta dor, a angústia e a tristeza que tomavam conta de sua alma. Ansiava por paz e tranqüilidade. Havia perdido tudo. Não tinha perspectivas de um futuro melhor. Havia perdido a vontade de viver. A apatia e o desgosto pela vida fizeram-na entregar os pontos.
Chegou a pedir ajuda, mas todos recusaram-lhe a estender a mão. Seus pensamentos voltaram-se para o plano que havia elaborado durante noites a fio com o objetivo de dar um fim a todo este sofrimento. Decidiu que aquele era o momento de colocá-lo em prática.
Durante essas mesmas noites em que o sono não permitia-lhe descansar, fez uma extensa pesquisa na Internet e conseguiu obter uma lista de remédios que, tomados em conjunto, resultavam em morte certa. E era o que mais queria naquele instante.
Quase sem forças, levanta-se da cama. Em passos lentos, caminha até o banheiro e vai direto ao espelho. Na imagem refletida, os olhos castanhos, sem vida; inchados e as olheiras visivelmente aparentes depois de várias noites seguidas de insônia.
Com as mãos trêmulas, pega o frasco contendo os mesmos comprimidos que sua psiquiatra havia receitado para a insônia. Engole todos, um a um, lentamente. Depois, os comprimidos de um outro frasco contendo outros medicamentos. Sabe que aquele será o seu último momento.
Após alguns minutos, os efeitos da superdosagem aparecem. Sono repentino, tontura, tremores, boca turva, sudorese. Em seguida bate um desespero avassalador. O medo sombrio da morte. Absolutamente sozinha. Queria chorar, mas não tinha forças para isso. Só então percebe que cometeu uma grande idiotice. Mas é tarde demais. Aos poucos perde a consciência. Sente que está mergulhando na escuridão, nas profundezas do sono e do descanso eterno, quando sente algo (ou alguém) segurando em sua mão e puxando-a com força para cima.
Algumas horas depois, abre lentamente os olhos. Ao acordar, vê-se em uma cama de hospital. Olha para a janela e contempla o céu, o sol que brilha com força, as nuvens brancas e fofas como algodão... Vira o rosto para o outro lado e vê a sua família. Posteriormente, os seus verdadeiros amigos. Pessoas que até então desconhecidas para ela deixaram suas mensagens de apoio e carinho. Pessoas que a amam, apesar de todos os defeitos e dos problemas que enfrenta. Pessoas dispostas a dar-lhe as mãos para ajudá-la a enfrentar esta batalha contra um inimigo astuto, devastador, que costuma atacar quando menos se espera.
Ela então se dá conta de que o "puxão" que sentiu em seu braço nada mais era do que DEUS trazendo-a de volta a vida. Havia recebido uma segunda chance de tentar ser feliz, embora tenha pago um preço alto por isso.
03 de maio de 2009, 23:30 da noite. Hoje ela está aqui, firme e forte, escrevendo para este blog. Às vezes, passa algumas noites em claro, mas sabe que não está sozinha (agora mesmo está sem um pingo de sono). Apesar disso, sabe que pode deitar-se em sua cama tendo a certeza de que a sua presença no mundo faz diferença e que não é por acaso.
Camila Souza
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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2 comentários:
Mila, que a sua insônia continue sempre sendo produtiva para os bons propósitos deste blog. :-)
Beijo.
Mario
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