sexta-feira, 1 de maio de 2009

Tudo ou quase tudo


Sério pessoal, eu tenho medo de mim mesma quando estou na TPM. Fui sorteada com todos os sintomas e ainda levei mais alguns de brinde. Tenho todas as variações de humor possíveis e imagináveis. Já sou uma pessoa instável por natureza, (como disse no post da semana passada, tenho Transtorno Afetivo Bipolar, caracterizada por oscilações fortes e constantes de humor e que intercala episódios eufóricos, depressivos e períodos de “normalidade”). Na TPM, então... TUDO ME IRRITA (ou quase)! Algumas coisas ainda se salvam...

Registro de um típico dia de TPM

8:00 horas da manhã. O despertador toca e eu, caindo de sono, tateio a cadeira ao lado da cama mesinha tentando encontrá-lo. Nada. Logo me dou conta de que o deixei em uma mesinha do outro lado do quarto. PQP! A contragosto, deixo os meus edredons quentinhos e cambaleando, me levanto para desligá-lo. Mas a vontade que me dá é de tacar o despertador com força na parede para descontar toda a minha raiva. Como o sono ainda continua e eu não tenho nada de muito importante para fazer (no momento não estou trabalhando, por motivos de força maior), deito e durmo novamente. E só acordo por volta do meio dia, assustada, com o meu celular tocando. Quando atendo, um operador de telemarketing chato pra cacete tentando me “empurrar” um produto qualquer. Me seguro para não xingá-lo, afinal de contas ele não tem culpa, está fazendo apenas o seu trabalho. Argh!

Durante o almoço, vem aquele enjôo desgraçado. Não agüento sequer olhar ou sentir o cheiro de carne, por exemplo, que já sinto uma vontade tremenda de vomitar. Aliás, fico parecendo mulher grávida, que enjoa com determinados alimentos e com um desejo insaciável de outros.
Aí vem a maldita cólica. Caralho! Isso é para acabar com a paciência de qualquer uma. E lá vai eu tomar um remédio para ver se melhora (fora os outros três que eu tomo todo santo dia). Isso sem falar no inchaço que toma conta do meu corpo.

Telefone tocando a toda hora (meu, tem dias que a minha casa parece empresa)!, o vizinho FDP da frente tocando pagode, funk e sertaNOJO no maior volume (como se todos fossem obrigados a ouvir); encheção de saco por todos os lados... é muito para a minha cabecinha...
E assim passa o dia. Tento estudar, mas não consigo. Tento fazer alguma coisa em casa, mas não rende. Entre uma dificuldade tremenda para me concentrar, dor de cabeça, moleza, pressão baixa, palidez; vou levando como posso. Um porre só. No final da tarde (horário de pico), para completar, tenho que pegar ônibus e metrô (e às vezes o trem) à faculdade, fica 2 horas presa no trânsito CA-Ó-TI-CO de SP (moro de um lado da cidade e estudo de outro) e ainda ser obrigada a fazer “cara de paisagem”, como se estivesse tudo lindo e maravilhoso. No meio do caminho, não agüento a pressão e começo a chorar compulsivamente. E não estou nem aí para quem estiver olhando. O foda é ter que ouvir as perguntas cretinas do tipo “você está bem”? Esses dão vontade de socar ou mandar tomar naquele lugar. Assistir a aula então, é um tormento. Fico perdidinha, tentando compreender o conteúdo. Graças a Deus minhas amigas me ajudam. E graças ao bom Deus que dificilmente brigo com as pessoas, mas nem sempre dá para segurar.
O engraçado é que nesse período, apesar de passar por estes sintomas, meu interesse por sexo aumenta. Gente, é sério, fico com um tesão louco, que só Deus sabe de onde vem. Bom, acho melhor não entrar em detalhes nesta parte... rs

Quase meia noite, chego em casa cansada e capotando de tanto sono. Abro o Outlook e me deparo com um e-mail com a seguinte frase: “A diferença entre uma mulher na TPM e um seqüestrador, é que com o seqüestrador ainda existe uma possibilidade de negociação.” É foda...
Quanta “felicidade” em um só dia... ninguém merece.
Apesar de tudo, até que consigo enfrentar este período sem maiores problemas. Sei que dali a uma semana passa. A única coisa que me deixa realmente puta da vida é a incompreensão de algumas pessoas. Vêem que a gente não está bem e então vem neguinho dizer que é frescura... putz, é de lascar.

Deito na cama me perguntando o por que de nós mulheres sofremos tanto. E antes de dormir, faço uma oração: “Meu Deus, só te peço uma coisa: se esse negócio de vidas passadas e futuras realmente existir, me faça nascer homem na próxima reencarnação!"
Obs.: Estou em plena TPM e, portanto, não estou com o menor saco para escrever “bonito”.


Camila Souza

2 comentários:

Anônimo disse...

Mila, essa quesão da fogosidade em tempos de TPM já foi explicada no post de terça, da Bia, que traduziu a sigla TPM, confira. ;-)
Beijo.
Té +

Mario

Anônimo disse...

Parabéns , Camila ...
Texto descontraído e bem - humorado !
Com carinho ,
Luciana do Rocio .