Desaforadas

Pais e filhos na hora de amar...

Desde o BeaBá, ela estava lá. Educando cada palavra que aquele serzinho podia falar. Antes disso: estava acariciando sua formação com as próprias mãos, cada dia, cada mês, cada chute, cada contração. E ele então, tão cansado que chegava do trabalho, mas voltava com a certeza de iria reencontrar aquela barriga com aquele serzinho, que às ele já não sabia mais o que fazer para expressar tamanha alegria.

Quando saiu de lá aquele serzinho, nem podiam imaginar: tamanha emoção, tamanha compreensão dos porquês da vida, pois a razão deles estava ali. E assim foi, ao longo dos anos, mimos, carinhos, correções, educação. Mas, uma hora, a vida o faz crescer e querer outras coisas dela, mas nada que o impeça de continuar sentindo o que sente pro eles: o ser só queria viajar, conhecer o mundo, ser feliz de outra maneira. E o ser só se vê entre uma dúvida cruel: a de que se irá conseguir ficar tanto tempo longe deles. E eles, nesse momento, já triste, se sentem rejeitados, alvos da ingratidão. O ser, alvo da incompreensão afinal, só queria conhecer outras coisas, mas a única coisa que o impedia era justamente eles. E, o ser vai, com o coração na mão, realizando um sonho por um lado, mas não deixando se sentir o amor mais puro que já sentira. E eles, sentem-se os menos amados do mundo, mesmo que ainda sintam o mesmo que sentiram desde cada momento que ele voltava para casa e ela ensinava ao serzinho o BeaBá

Pais: amem seus filhos incondicionalmente até quando mesmo não compreendam seus sonhos.
Filhos: amem incondicionalmente seus pais, mesmo quando eles não entendem seus sonhos.
Porque não é só os pais que amam incondicionalmente seus filhos e nem só filhos que amam incondicionalmente os pais. Ambos sentem tudo isso, mesmo que sintam de lados opostos o mesmo sentimento.


Bianca Silva