sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Última Balada


Em Curitiba existe a Rua São Francisco, onde há uma funerária com mais de cem anos. Em frente a este estabelecimento existe um restaurante dançante, que tem como decoração roupas e fotos de palhaços falecidos, além de ter um lindo e misterioso boneco de coringa, pendurado no teto, bem na entrada.
Um dia, Daniele, que vivia sonhando em arrumar um namorado pela vida noturna de Curitiba, foi a uma balada neste restaurante. Ela sentou-se no bar, debaixo do boneco de coringa e pediu uma taça de vinho. A moça estava tomando a bebida calmamente quando, de repente, avistou um rapaz que tinha acabado de entrar. Daniele ficou encantada com a aparência dele: pele muito branca, cabelos negros e terno preto com cravo na lapela. Então pensou :
- Que príncipe maravilhoso! A roupa dele de tão diferente é capaz de encantar qualquer mulher. Afinal ninguém usa mais terno neste tipo de balada... E ainda mais com cravo na lapela! O estranho é que observando bem dá impressão de que este homem tem pétalas de cravos nos sapatos e nas calças... Mas deve ser coisa da minha cabeça.
O rapaz misterioso sentou-se ao lado de Daniele e cumprimentou-a:
- Boa-noite!
A jovem respondeu :
- Boa-noite! O que um homem tão interessante como você está fazendo sozinho numa danceteria?
O moço falou:
- Como sou muito farrista, eu precisava passar num baile antes de desencarnar totalmente.
Daniele ficou sem entender. Mas, naquele momento, chegou um grupo de rapazes que aproximou-se daquele homem misterioso, dizendo:
- Rodrigo Flores! Então era mentira aquele boato de que você faleceu do coração ontem de madrugada, né?! É como diz o ditado: Vaso ruim não quebra! Mas com este terno e estas pétalas de cravo espalhadas pela calça, você está com uma cara de defunto mesmo! Nossa turma vai dançar na pista. Pena que a notícia da sua morte era mentira! Até logo, trouxa!
Após isto, Rodrigo deu um sorriso amarelo para Daniele e olhou para a porta aberta do restaurante, que dava em frente para uma funerária. Lá, ele notou que alguns funcionários daquele estabelecimento estavam preocupados com algo. A garota seguiu o olhar do seu acompanhante e comentou :
- Parece que houve um problema na funerária, né ?!
Como um raio , Rodrigo beijou a moça profundamente e exclamou:
- Agora preciso voltar!
Depois destas palavras, o homem correu e saiu pelos fundos, bem na saída de emergência.
A jovem achou aquela atitude muito estranha e resolveu ir até a funerária. Chegando no local, uma funcionária recebeu a moça:
- Boa-noite! Posso ajudá-la ?
Daniele comentou :
- Tive a impressão de ter visto uma confusão por aqui...
A empregada explicou :
- É que pensaram que o corpo de um falecido, recém-chegado na funerária, tinha sumido há meia hora atrás. Mas já acharam o corpo do defunto na sala da maquiagem pós-morte. Por coincidência , este tipo de coisa sempre acontece quando tem show na balada aí de frente...
Daniele indagou:
- Qual era o nome do morto?
A funcionária respondeu:
- Rodrigo Flores!
De repente, dois homens apareceram na entrada da funerária, levando o caixão descoberto de um rapaz para a sala ao lado.
Daniele exclamou:
- É ele! Só pode ser ele! Rodrigo Flores era o rapaz que estava comigo no bar ...
Após isto, ela saiu da funerária, viu um táxi na mesma rua, deu sinal e entrou no automóvel . O motorista comentou:
- Moça, você está tão pálida... Até parece que viu fantasma!
A jovem exclamou:
- Um fantasma saiu da funerária e me beijou na balada hoje!
O taxista completou :
- Reza a lenda que os defuntos mais festeiros que entram na funerária da Rua São Francisco sempre dão uma escapadinha para dançarem no bailão que fica em frente do estabelecimento .



Luciana do Rocio Mallon

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom, são mortos de bom gosto, porque o Jokers vale mesmo a pena como saideira desta pra melhor. rs
Beijo, Luciana.

Mario