sábado, 29 de agosto de 2009

Estreia animal



Tem Desaforada nova no blog. Helô Garrett é jornalista, assessora de imprensa, fã de Truman Capote, polivalente, mãe e inimiga da rotina, colaboradora do jornal Farol e colunista da revista Blooming. Ela será a Desaforada das quintas, mas, nesta semana, excepcionalmente, seu post está saindo no sábado, já que anteontem foi vez da estreia de uma Desaforada X, a historiadora e professora Rubia Carneiro. E no debut de ambas, o tema é "animais de estimação", ou seja, nada mais adequado para duas feras do texto. Bem-vinda, Helô. Bem-vinda, Rubia. Vamos ao texto...



Hoje é minha estréia como Desaforada!!!
Fiquei muito feliz com o convite, mas quando o meu novo grande amigo me passou o tema desta semana fiquei pensando em o que escrever...
Escrever sobe a minha angústia em ver minha princesa pedindo um bichinho e eu empurrando a responsabilidade de ter um cachorrinho para a sua avó?
Ou lembrar como era a minha relação com os bichinhos nos primeiros anos da minha vida?

Bom, acho que vou começar pelo princípio...
A primeira grande tragédia que lembro da minha vida foi quando o Banzé morreu.
Eu devia ter uns quatro ou cinco anos quando ele se foi. Era o xodó de toda a família, um pequinês muito fofo. Em um lindo dia de sol meu irmão me disse: o Banzé morreu. Foi uma tristeza profunda e o meu primeiro velório. Nos fundos da casa da minha avó tinha um bosque e foi lá que enterramos o Banzé. Meu irmão fez o trabalho pesado, enquanto fui pegar uma flor na roseira. Ele foi enterrado debaixo de uma árvore e até hoje quando passo por lá lembro dele.
Depois do Banzé nunca mais tive muita sorte com cachorros. Eles sempre morriam.
Eu tinha uns dez anos quando meu pai e minha mãe foram morar no sítio e eu fiquei na cidade morando com a minha avó. Um amigo da família me deu uma rotwailer, mas quando cheguei da escola, ela, que tinha menos de um mês, estava no tanque. Minha avó achou que ela estava muito suja e resolveu dar conta do problema. Resultado: ela morreu.

Com essas tristes experiências resolvi partir para outros animais, menos perecíveis eu diria. Como minha família era muito ligada ao meio rural eu comecei a ter vacas de estimação, sempre com nomes de pessoas. A que eu mais gostava era a Jenifer. E sofri muito quando meu pai disse que eu tinha que mudar o nome dela porque a minha tia tinha ganhado bebê e o nome seria Jenifer. Não admitia mudar de nome, afinal, a vaca tinha nascido antes. E nesta época também acabei domesticando um touro, é muito engraçado ver as fotos, eu adorava ele desde que era bezerro e, quando ele ficou adulto, eu andava “a cavalo” nele. Muito metida eu...
Mas aí sofria também quando resolviam transformar minhas vacas em churrasco... deve ser por isso que não gosto de carne.

Passada esta fase, resolvi gostar de cavalos de verdade. Afinal andar em bois era um tanto perigoso para uma mocinha... Aí comecei a ter cavalos. A que mais gostava era a Princesa, uma linda égua Quarto de Milha, charmosíssima. Passamos por muitas coisas juntas, mas como cavalos também são perecíveis ela se foi...

A Babalu me acompanhou com um bom tempo. Uma vira-lata muito querida, amiga mesmo. Eu ganhei ela da minha madrinha quando eu tinha uns 11 anos, lembro que foi antes da minha primeira comunhão, porque ela aparece nas fotos. Ela acompanhou minha adolescência, meus anos rebeldes, minha gravidez, e meus primeiros anos de casada. Mas de velhinha também se foi...

Hoje vivo o dilema de uma mãe que vê sua filha pedir todos os dias um irmão e um cachorro. A desculpa de morar em apartamento cola, mas acho que na verdade, como muita coisa que nós mulheres passamos e queremos evitar, é que nossos filhos sofram da mesma forma, é assim que me sinto.
Imagina a Isa passar por tanto sofrimento em se apegar tanto aos bichinhos, e aos não tão bichinhos assim...
Mas, afinal, é sofrendo que se aprende, então deixo esta parte de ter cachorrinho para a casa da sua avó... ichi, isto está me parecendo familiar...





Helô Garrett

Um comentário:

Anônimo disse...

Conselho, Helô: tenha um gato porque ele tem nove vidas. ;-)
Beijo, nova Desaforada, e parabéns pela estreia.

Mario