Eu e minha amiga canadense vivíamos muito bem. Até que eu tive uma idéia...
Um piti que resultou num despejo relâmpago. Eu dividia um apartamento de um quarto e um sala com uma canadense que até então era minha "best friend" há oito meses. Estávamos em Hollywood e eu já havia cometido a besteira de fazer vários amigos brasileiros no restaurantezinho que eu trabalhava. Sim, era um restaurante chamado "Bossa Nova", o povo de lá era muito louco, tinha de tudo, paulistas, gaúchos, baianos, gays, lésbicas e simpatizantes. Eu e Mara (a canadense) vivemos em santa harmonia por seis lindos meses. Após este período eu tive a infeliz idéia de chamar minha "best friend" do Brasil pra ir passar uns tempos comigo em Hollywood. Sem consultar Mara Marini, vim ao Brasil para as festas de final de ano e voltei com Alice a tiracolo. Apresentei minha querida amiga e ex-colega de faculdade de jornalismo para minha colega atriz canadense. Não foi amor à primeira vista entre as duas.
Mara e Alice eram assim, digamos, um pouco divergentes, sabe...
Porém, Mara era muito ambiciosa e adorava comprar roupas e maquiagens. Quando falei que Alice dividiria o sofá da sala comigo e que, por conseguinte, faria o mesmo com todas as despesas do apê, a cachinhos-dourados-SOS-Malibu Mara adorou, afinal, ia sobrar mais uma graninha pra ela. Nos dias que se passaram, Mara nos entregou uma listinha com regras da casa, revezamento de limpeza, enfim, colocou o nome dela nas coisas da geladeira e senha no telefone sem fio. Aos poucos foi se mostrando uma face megera que eu nunca antes havia conhecido.Para piorar as coisas, ela começou a namorar um menino superinsolente chamado Brad. Imaginem que Brad havia estado na mesma clínica de reabilitação que Steve Tyler (Aerosmith). Ele dizia que Steve era muito louco, mas gente fina. Ficaram amigos na clínica.
Steve Tyler: "Crazy, eu?!".
Já no apê, nossa amizade linda e encantadora agora estava ameaçada por uma terceira e por uma quarta pessoa, Mara tinha um namorado e eu tinha Alice. Um mar de pequenos rancores começava a nos separar. Mara saía de casa às sextas-feiras, ia para a casa de Brad e só voltava no domingo.Numa certa sexta-feira após Mara nos desejar um "have a nice weekend!" e sair com sua típica malinha de final de semana, Alice e eu resolvemos que íamos chamar o pessoalzinho brazuca do Bossa Nova pra uma festinha no apê. Cada um ficou encarregado de trazer um item. Tinha de tudo, era um "esquenta”. Dali, partiríamos para uma boate famosíssima que estava a poucas quadras de distância.Cocaína, ecstasy, maconha, cerveja, vinho e muita loucura, mais de vinte pessoas foram na festinha e o apê (quarto e sala) ficou detonado. No carpete branco, um mar de garrafas de cerveja.
Sex, drugs and beer. Não necessariamente nesta ordem.
Fechamos a porta com tranquilidade e fomos para a balada.Na volta, Alice voltou acompanhada e eu também.No começo, nos jogamos os quatro no chão da sala, mas depois, Alice, muito recatada, resolveu convidar seu par para ir no quarto de Mara. Eles não só dormiram na cama da Mara como também Alice vestiu uma camisola da perua canadense. E eu na sala, muito louca, dormi com meu querido amigo Pietro e nem vi nada.
Eu e Pietro: ô, soninho bom!
Tudo era só felicidade até o momento em que um raio de sol cruzou com meus olhos pela larga e escancarada persiana da janela da sala. E por entre os fios de lã do cobertor avistei um movimento na maçaneta da porta...Mara Marini, naquele final de semana, ia até a Disney (cerca de duas horas de viagem) com seu namoradinho drogado. E logo cedo, naquele sábado, antes de partirem, ela lembrou que havia esquecido da máquina fotográfica. Quando os olhos de Mara percorreram a sala e num rompante de raiva ela foi até o quarto... Foi como um leão faminto fugindo da jaula em meio a um zoológico. Mara ligou para o seu pai, que ligou para a síndica do prédio, que meia hora depois já estava com a ordem de despejo na minha cara.
"Eu vou chamar o síndico! Tim Maia! Tim Maia!"
E eu, que já era fichada na polícia de Los Angeles, ouvi a sonora ameaça: "se vocês (Alice e eu) não se retirarem em, no máximo, oito horas, a polícia virá...".
"Se vocês não sair, os hóme come here!".
Oh Deus, foi o fim. Juntamos toda bagunça, e nossos camaradas, que só queriam uma noite de prazer, tiveram que ajudar a tirar todas as nossas coisas de lá. Em sacos de lixo preto de 100 litros.O piti foi horrendo, o dia foi desastroso, o céu era cinza, e acabamos num hostel de quinta categoria, sem dinheiro e recebendo cartas de amor de mendigos que ali moravam também.
"Dá licença, colega paparazzo, que quero fragá essa tal Fabiola Flores aí".
O pesadelo só acabou duas semanas depois... Quando achamos uma nova sala pra dividir.
Fabíola Flores
2 comentários:
Meu irmão já fez uma festa no meu apartamento em que as pessoas tiveram de ficar até dentro do banheiro, por não haver espaço para mais ninguém. Eu não estava aqui, mas se estivesse também teria rolado piti.
Beijo, Fa. ;-)
Mario
é...essas festinhas no apê...srrsrsrsrsrsr, adorei amigo, amei, ficaram ótimas as imagens ilustrativas...obrigada, relembrar...como eu sempre digo... é viver... adoro -te kisses da Diva
Fabíola Flores
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