Desaforadas

Prazeres quiméricos das mulheres tecnológicas
Por que preferi-los?

Bem difícil começar, mas vou plagiar o “estrear“ de algumas, baseada também no que o orientador da minha monografia sempre me diz:”você tem que ter embasamento” para começar a escrever alguma coisa, então fui lá do google buscando a presteza tecnológica. Falando nisso, uma coisa que me deixa assustada é a velocidade com que situações que são avaliadas como boas deixam de ser do dia para noite: há menos de duas semanas, li algo falando que as buscas pela net maximizam a ativação de nosso cérebro comparado à leitura em um livro. Ontem, em um artigo, diziam que essas facilidades que encontramos na busca por informações nos deixariam idiotas. Nada mal, idiotas com exacerbada atividade cerebral, certamente tudo isso também baseados em pesquisas. Mas voltemos, senão me perco total. Procurei então por “prazeres virtuais”, como eu não restringi a pesquisa a gênero algum, encontrei o seguinte resultado: videogame, mensagens virtuais, jogos eróticos, casais virtuais, filmes, amores, sexo, blogs e até supermercados...

As possibilidades de entretenimento eletrônico para as mulheres são ilimitadas. Encher cestas e sacolas nos canais .com da vida. Visualizar seu próprio visual no software “new style” antes de fazer aquele corte radical nas madeixas. Ou ainda deixar os olhos azuis na fotografia com um simples click. Mas devemos mesmo substituir conversas e passeios na hora das compras?
Privar-nos de surpreendentes elogios com aquele corte que pensávamos não ter nada a ver?
E perder as risadas com tantas fotos imperfeitas, mas que carregam toda a doçura de longínquos momentos.

Isso sem falar nos “prazeres da carne”, que passaram a ser “prazeres da máquina”. O que um teclado e uma boa imaginação não fazem... Inclusive já tem sites que dão dicas de como fazê-lo cyber sex. Era bem nisso que eu queria chegar, se entrarmos a qualquer hora, a qualquer dia e, sobretudo, nos fins de semana, em chats, podemos observar (eu já pude muitas vezes) a quantidade de pessoas que procuram por tal prazer. Trepar gostoso pela net?! Sexo desmedido e incestuoso, tudo pelo prazer, loucuras, e “N” situações, e isso oferecido por mulheres (pelo menos é o que diz seus nicks). Nos chats não precisa ter “carrão”, tampouco apresentar-se irresistivelmente com um acessório Louis vuitton, Prada, Valentino ou Chanel. O passaporte para a felicidade lá é o famoso 171 (não ao pé da constituição) e uma web cam, quem tem uma e sabe usá-la, tem tudo...

Há quem diga, que o prazer pela web, tem seus “dias” contados, e uma nova vertente surgirá: os robôs do prazer. Se há pouco vislumbramos que alguns só precisavam movimentar a imaginação e os dedos para se ter prazer, em breve é só relaxar e gozar, apertando o play. Mas, sinceramente, tenho receio do que isso de tecnologia, globalização, digitalização, sms e o abuso dessas facilidades para torna-se “perfeito”, têm feito com muitos, sempre digo para os meus, sair de armários e entrar em salas.Para que, ou por quê? Não que eu seja contra os chats que tem o sexo como temática, até porque já “bati muitos cartões” por lá, mas o problema está em se esconder para sempre por trás daquela persona que digita usuário, senha e verificação de segurança antes de entrar, de existir ou de ser.


Maria Jaqueline é auxiliar administrativa e Desaforada X