O inevitável ciclo do esconde-esconde e do pega-pega
Jogos parecem ser a infância da arte de amar e, infelizmente para uns corações mais inexperientes, são importantes para desenvolver o jogo da sedução.
Poucas pessoas tem o culhão de se entregar ao desconhecido, ao abismo, ao nada. Apesar de ser a filosofia mais coerente, somos ainda mortais em aprendizado e precisamos conhecer e se deixar conhecer (implantaram a segurança como bem maior... pra tirar isso, a casa própria, o emprego fixo... só a arte mesmo).
Os testes serão inevitáveis, impostos pela vida, seja por um amor a distância, por um amor comprometido com outro amor, por falta de tempo, por alguma dificuldade emocional, por traumas, medos.
Mas...já que insistimos em criar nossos próprios testes e brincar de deuses, vamos ao esconde –esconde...
Um pé sempre atrás e tempo para pensar. O esconde-esconde não libera tudo de cara e, se libera algo, esconde rápido para dar tempo de amadurecer a idéia de encontrar o eixo certo para o próximo movimento. Muitas mulheres adoram o esconde-esconde porque ele preserva a liberdade de sentir em silêncio, em casa, de ter saudade, de elaborar melhor cada passo e sacar se o outro lado tem lastro ou quer algo solto no vento. Esse medinho, cagacinho de se entregar pode encher o saco da outra parte, que vai procurar alguém que pegue de jeito, que sinta e que vivencie a experiência sem ficar avaliando muito. O esconde-esconde preserva mas pode afastar.
Já o pega-pega tem urgência de existir. O mundo pode acabar amanhã e hoje é a última oportunidade de tudo. Nada é garantido, nada é certo. Vai, pega, transa, mete o pau, se joga, se perde. Bacana enquanto você pode bancar a ressaca, o vazio, as energias de ter transado com uma cadeia de pessoas ao mesmo tempo (já que a pessoa com quem trepou hoje, trepou com outra ontem, outra antes de ontem, e assim consecutivamente). Quando uma puta melancolia com carinha de depressão se instaurar, pode ser que você mude para o esconde-esconde. O pega-pega tem a presença mas pode trazer uma tristeza fodida.
O ciclo terá fim?
Sim viciados... existe esperança!
Sim viciados... existe esperança!
Experimente perder-se um pouco e encontre em você os limites que te fazem feliz.
Vai chegar um momento em que você vai poder olhar para os jogos com ternura, com sublimação como no livro de Clarice Lispector “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.”
Mais que pegar ou esconder, o importante é saber rir.
Vai chegar um momento em que você vai poder olhar para os jogos com ternura, com sublimação como no livro de Clarice Lispector “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.”
Mais que pegar ou esconder, o importante é saber rir.
Patrícia Ermel
6 comentários:
Patrícia,
Parabéns... adorei o seu post.
Me identifiquei totalmente com ele.
Concordo que, de fato, a vida nos testa o tempo todo. Só que as pessoas não passam nesses "testes" porque o ser humano tem um grande problema: não conseguir encontrar um ponto de equilíbrio entre razão e emoção. Como consequência, nem sempre fazemos as melhores escolhas. Ou simplesmente fazemos a escolha errada.
Eu, que sou bipolar, sei mais ainda o que é a euforia, o auge da felicidade... e também conheci as profundezas escuras da depressão.
E lendo o seu texto, me dei conta do quanto "brinquei" de esconde-esconde e pega-pega sem tomar as devidas precauções. Onde sofri e fiz gente sofrer.
É um desafio e tanto. Ainda estou na busca do equilíbrio entre eles, e enquanto não encontro, tento guardar as lições que esses "jogos" nos ensinam.
Beijos!
Patrícia,
Parabéns... adorei o seu post.
Me identifiquei totalmente com ele.
Concordo que, de fato, a vida nos testa o tempo todo. Só que as pessoas não passam nesses "testes" porque o ser humano tem um grande problema: não conseguir encontrar um ponto de equilíbrio entre razão e emoção. Como consequência, nem sempre fazemos as melhores escolhas. Ou simplesmente fazemos a escolha errada.
Eu, que sou bipolar, sei bem o que é estar eufórica, no auge da felicidade... e também connheci as profundezas escuras da depressão.
E lendo o seu texto, me dei conta do quanto "brinquei" de esconde-esconde e pega-pega sem tomar as devidas precauções. Onde sofri e fiz gente sofrer.
Encontrar o equilíbrio é um desafio e tanto. Ainda estou em busca dele, mas enquanto não encontro, tento guardar as lições que esses "jogos" me ensinam.
Beijos!
Camila
A Lispector nos convida a amar de forma integrada, mas a vida cotidiana nos fragmenta para nos consumir. Ser bi ou tripolar é um efeito da modernidade e não da essência. Se conseguirmos estar em contato com ela, provavelmente não jogaremos.
beijão e obrigada por ler.
Não precisa agradecer. Tenho acompanhado os seus posts, e gostei de todos.
Sem dúvida, as pessoas, a sociedade, a vida moderna privilegiam demais a racionalidade e esquecem da subjetividade... infelizmente...
E é verdade, a bipolaridade em si não afeta a essência de uma pessoa, mas é capaz de impedir que uma pessoa a conheça. Experiência própria. Ao me tratar, aí sim pude ter o primeiro contato com ela. E não tenho vergonha de dizer, foi emocionante. Chorei, chorei demais...
Mas foi a melhor coisa que pode acontecer na minha vida...
Beijos!
Esses jogos podem ser até naturais, Patrícia, mas são tão perigosos...
Beijo e supersemana pra ti.
Mario
Já fui muito da fase esconde-esconde..agora preciso de pega pega um pouco mais na minha vida, sempre rindo, como disse!
Beijos
Bia
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