Desaforadas

Hiperconectada



Dizem por aí que o mundo tecnológico tem vestido saias. E o pior é que elas são... transparentes.











Mas a transparência a qual me refiro não é a dessas saias com estampas que simulam raio x e são sucesso no Japão. Eu estou me referindo à transparência pela ética, competência, talento, força, seriedade e por aí vai. Aos poucos e cada vez mais a mulher vem emergindo no universo tecnológico. Aos poucos porque isso envolveu e envolve vários fatores históricos como, por exemplo, a substituição da mão-de-obra masculina nas duas grandes guerras mundiais (1914/18 e 1939/45), a mudança radical de costumes, a quebra de tabus sobre a inferioridade orgânica e intelectual para o trabalho e a pressão das dificuldades econômicas. E cada vez mais porque as suas conquistas têm se dado e consolidado por qualidades que vêm a somar com as masculinas, como a delicadeza, a menor agressividade na competição, habilidades múltiplas, sensibilidade perceptiva e, é claro, a resposta significativa que tudo isso tem dado na renda familiar. Então a mulher tecnológica vem surgindo e se multiplicando de forma exponencial. Uma parceria sem fim, que veio pra ficar e somar.



Homens e mulheres têm feito um verdadeiro intercâmbio entre conhecimento e sensibilidade. É como um grande cérebro que usa simultaneamente e efetivamente os seus dois lados. Como matemática e poesia.



Talvez essa seja a famigerada hiperconectividade do Lulu Santos: “Você vem do futuro, eu te espero bem aqui / Esclarece o obscuro, e faz a hiperconectividade rolar / E pega no ar, hiperconectividade, liga lá”. E assim vamos nós, hiperconectadas, plugando a vida familiar com a profissional, a maternidade com a carreira, a sensibilidade com a racionalidade. E estamos prontas para a função, somos hi-tech por natureza. Não por acaso, tecnologia é um termo feminino.



Soraia Nogueira é produtora de vídeo e cinema e Desaforada X