sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Auto-retrato da pequena, porém grande, Menina


Não sou do tipo que se enquadra no atual padrão, mesmo porque, saber que não sou “convencional” não me parece uma coisa ruim. Aliás, até aprendi a conviver com o espelho e sempre me enxergar nele desde a sola dos pés até o último fio de cabelo.
Pois é, meus grandes 153 centímetros já fazem parte de mim. E, acredite, há quem pense nisso não como defeito, mas como uma característica única e imutável.
De fato, sou relativamente pequena, mas incrível e metricamente proporcional. Perdoe minha altivez, mas lembro uma grande mulher, uma enorme miniatura de mulher pronta para ser empalhada e colocada em uma redoma para contemplação. Boneca de luxo.
Sorte para alguns, azar para outros tantos, é o meu axioma que não harmoniza com a primeira impressão. Quero que me admirem pela essência e não pela matéria, o que é um grande paradigma, pois acho quase impossível que algum homem esteja preparado para uma mulher que vive em uma terceira geração mental. Talvez, até prefiram minha mãe, que, apesar de “cinquentona”, vive na crise de adolescente tardia.
É por essas e outras que dou razão aos grandes psicólogos que dizem que tudo está acontecendo mais rápido, as gerações estão velozmente adiantando-se ou andando de marcha-ré. Lá em casa, já até houve um retardatário.
Isso tudo me fez lembrar da última vez em que fui a um bar. O segurança me olhou dos pés à cabeça, em uma ação que obviamente levou apenas uma fração de segundo, e não hesitou em dizer:
- A identidade, por favor.
Virei as costas e me lembrei que tamanho não é documento.
É... melhor não esquecer mais a carteira em casa.


Letícia Mueller

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem te conhece sabe que esse descritivo auto-biográfico é absolutamnte condizente e fielíssimo à matriz. :-)
Beijo pequen grande Fofulety.

Mario