Brincadeira tem limite
Arremessar bolinhas e aviõezinhos de papel, “tacar” pedaços de giz, colar um papel com a clássica frase "me chute" nas costas dos colegas são brincadeiras muito comuns principalmente entre os (pré) adolescentes. Eu mesma, no ginásio, andava com a turma mais bagunceira do colégio e fazia tudo isso, confesso. Em contrapartida, também há quem pratique brincadeiras nada saudáveis. Brincadeiras que, ao invés de provocar risos e descontração, geram ofensas e humilhações. Qual o limite entre a "zoeira" e o marginalismo? Difícil definir.
Tanto que, no ambiente escolar atual, casos de agressões verbais ou até mesmo físicas aos professores são constantes e, o pior, são encaradas como se fossem normais. Todo mundo sabe, todo mundo vê, mas não há quem tome a iniciativa de fazer algo para interromper esse ciclo de agressões. Os professores se calam por medo de represálias. Os alunos também têm medo dos colegas, e por isso se calam. A direção geralmente é omissa ou (quando muito) aplica uma punição branda demais.
Um caso bem conhecido aconteceu no ano passado. Três alunos foram expulsos de uma escola por colarem uma professora na cadeira usando uma cola de secagem rápida em Campinas (SP). A “brincadeira” provocou queimaduras de primeiro grau na docente, já que a substância corroeu a calça e feriu a pele. O dano só não foi mais grave porque ela usava uma calça jeans, o que diminuiu a absorção da cola. Em depoimento, um dos alunos que participaram da “brincadeira” disse ter feito-a simplesmente porque não gostava da professora. Em resumo, o que era apenas para ser uma "brincadeirinha inofensiva" virou caso de polícia.
A raiz do problema não está na escola, mas no âmbito familiar. Os pais, principais pilares e referências do indivíduo, ocupados demais em prover o sustento da casa, negligenciam sua responsabilidade em educar seus filhos, jogando-a para a escola. Sem referências e sem noção do que é respeito, limites e autoridade, perde-se o controle sobre eles, que fazem o que querem, quando querem, a hora que querem. Os efeitos só são sentidos mais tarde, na fase adulta.
Educar é uma tarefa conjunta, que deve ser exercida pela família e pela escola. Educar não é sinônimo de passar a mão na cabeça o tempo todo. Envolve impor limites e a punição, sim, quando (e se) necessária.
A partir do momento em que se acabar com a impunidade, sabendo que terá que arcar com as consequências dos seus atos, duvido muito que o aluno não pense duas (ou até mais) vezes antes de fazer uma brincadeira de mau gosto. Até onde vai o desrespeito? Brincadeira tem limite.
Camila Souza
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
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4 comentários:
Mila, se na minha aula aluno quiser vir com superbonder, dou-lhe um maiguiri guidambarai e estamos resolvidos. ;-)
Beijo.
Mario
Mila, adorei a abordagem, esse tema é mesmo atual, e esta em todo lugar, aqui no interior de São Paulo, é campeão desses acontecimentos, e incrível como tudo começa em casa, e nada é feito... adorei Mila...
Beijossssss
Boa - tarde !
Eu fui professora e sei o quanto dói as brincadeiras desagradáveis feitas pelos alunos e , às vezes , pelos próprios diretores da escola .
Com carinho ,
Luciana do Rocio .
Brigaduuuu, meninas!
... e p/você também, Guto. ;-)
Beijos.
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