domingo, 27 de dezembro de 2009

Hipocrisia natalina


2009 chega ao fim. Já repararam que o Natal é a época mais aguardada do ano? Para mim, é uma data como outra qualquer. Não vejo nada demais. Até hoje tento entender porque se faz tanto “auê” por conta dela.

De uma hora para outra, as pessoas se comovem. O coração amolece e surgem as campanhas-relâmpago para arrecadar alimentos, roupas, cobertores e brinquedos. O espírito de caridade é despertado como um mecanismo para aliviar a consciência... que alfineta, dói.

A mídia fala de uma bondade e solidariedade que deveriam existir o ano todo. Mal termina novembro e entra na programação uma “arrenca” de filmes relacionados ao assunto (“Esqueceram de Mim” é um dos que não podem faltar no pacote!). Ofertas e promoções mirabolantes - muitas vezes tentadoras - tomam conta das propagandas e são exibidas até a exaustão. Mensagens subliminares são usadas como água nos anúncios em busca de mentes ociosas e alienadas para aflorar o lado compulsivo escondido no inconsciente delas.

Com um sorriso amarelo estampado no rosto, proferimos aquelas frases clichês: “Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, amor e prosperidade”. Falsas, vazias, ditas apenas da boca para fora. Esquecemos das brigas com a família, dos parentes chatos, do vizinho fofoqueiro. “Perdoamos” aquela colega de trabalho que nos sacaneou, damos uma segunda chance para aquele “amigo” que falou mal de você pelas costas... Resumindo: as pessoas posam de boazinhas e depois se traem durante o resto do ano seguinte.

Amigo(a) leitor(a), responda com sinceridade: nas últimas semanas, quantas vezes você se perguntou sobre o que irá comprar ou ganhar? Reparou nos enfeites, nas luzinhas e nas vitrines dos shopping centers? E pensou na mesa farta, na variedade de comida, bebida e no tanto de panetone que irá comer na ceia?

Por isso mesmo que eu digo e repito: o “espírito natalino” é uma tremenda farsa. Há muito tempo se perdeu o verdadeiro significado do Natal. Hoje, não passa de uma mentira sustentada pela engrenagem capitalista, que (infelizmente) conseguiu transformar o dia do nascimento de Jesus Cristo em uma máquina de dinheiro que induz as pessoas ao consumismo desenfreado... e enche o bolso dos comerciantes. Nada se dá sem o comércio. Afinal de contas, se você não gasta, o Natal não é o mesmo. A família e os “amigos” são a justificativa para comprar, comprar e comprar. É preciso ser feliz nestes dias. Ou pelo menos fingir.

Daí, pergunto: onde estão os valores e os sentimentos? Em negociação. Não é à toa que o ser humano seja visto e tratado como mercadoria e passe a ser avaliado pela quantidade de din din que carrega no bolso.

Estamos no meio de uma gigantesca Bolsa de Valores, onde se investe o capital (no caso, a bondade mascarada por interesses egoístas) para obter ainda mais lucros. Até as igrejas (não citarei nomes por motivos óbvios) têm como pauta central o dinheiro e ensinam seus fiéis a “fechar negócios” com Deus.

Por acaso paramos para orar e agradecer a Ele pela vida e pelo que recebemos? Onde estão os valores cristãos? E o aniversariante, Jesus Cristo, quando entra em cena? Salomão é quem estava certo quando disse: “vaidade de vaidades, tudo é vaidade." (Eclesiastes 1:2)

Voltemos os nossos olhos para coisas realmente importantes. Temos um saco cheio de problemas para resolver, como a fome, a miséria, as desigualdades sociais; o desemprego, o preconceito, a intolerância, os políticos corruptos que roubam na cara-dura e as palhaçadas que fazem no Senado e no Congresso Nacional, etc.

Uma das coisas que Jesus Cristo mais combateu durante a sua vida na Terra foi a hipocrisia. E, convenhamos, nunca se vê tanta hipocrisia como agora. Enoja-me, me dá ânsia de vômito. Haja paciência...

Cansei do Natal e de acreditar em Papai Noel. É preciso ser autêntico nas palavras e atitudes o ano inteiro. Portanto, não venha com essa de “Feliz Natal”, se não for verdadeiro.


Camila Souza

5 comentários:

absolutsubzero disse...

E viva a hipocrisia natalina. Eu até surtei depois de ir ver as últimas lembranças para os familiares.

E indo ao shopping um dia antes do inferno da véspera natalina, eu perguntava para meu companheiro de compras se ele realmente gostava do Natal. Resposta - sim, mas com mais tempo para escolher os presentes. Ou seja para ele o significado ainda eram os presentes.

Eu não vou colocar a capa hipócrita de religiosa, coisa que eu não sou, mas o consumo desenfreado acabou dando um significado distorcido do que é Natal para as nossas crianças. Em família vejo a impaciência para ceiar e agradecer ao ano que passou em prol de abrir os presentes. Ah e a moeda de barganha. Se você foi bonzinho o Papai Noel virá. E se você não foi? Nunca soube o que podia acontecer, pois é a época que esquecemos até de nossas palavras.

Adorei este mais do que necessário post Mila.

Beijos
Daniela

felipe disse...

Nossa, realmente seu post foi de extrema verdade camila, tambem nao suporto a hiprocrisia, ainda mais no natal, onde todos os problemas parecem desaparecer por algumas horas....e todos sorriem para algo q normalmente nao se importam....

O que realmente importa no natal realmente foi esquecido, o sentimento deveria ser o mesmo em cada dia do ano....

mas...nao é oque acontece....portanto ficaremos com essa ansia por um bom tempo...

amei o post mila.....

bjaooo pra vc

felipe f. trizzini

Anônimo disse...

Prezada Camila:
Bom-dia!
Parabéns pelo texto.
Eu odeio a tal da brincadeira do amigo secreto,que sempre tem no final do ano.O problema é quando você precisa dar presente para uma criatura que não gosta de você.
Sem falar que este negócio de Papai-Noel é um perigo.Pois há muitos pedófilos que procuram esta profissão com péssimas intenções.Se eu tivesse filho não deixaria ele sentar no colo do Papai-Noel.
Com carinho,
Luciana do Rocio.

Karime disse...

Gurias, gurias...
Não tenho esta raiva que vcs tem do Natal, mas concordo que Natal é o ano inteiro. Devemos participar de campanhas de caridade,fazer o bem ao próximo, dizer palavras de carinho o ano inteiro. Eu não perdôo colega de trabalho pentelho só porque é Natal, parente chato (como minha vó) continua sendo chato no Natal, não consigo ser hipócrita. E se desejo Feliz Natal e um ótimo Ano Novo, é porque realmente, desejo que aquela pessoa, tenha um Natal feliz e um Ano Novo, realmente maravilhoso. Se eu tiver que ser boazinha, eu sou boazinha o ano inteiro. Mas se eu tiver que ser mázinha, eu sou mázinha o ano inteiro, também.
Bjokas.

Anônimo disse...

Em minha humilde opinião achei que foi radical demais, mas explico. Também não gosto do capitalismo, também concordo que em muitos casos a hipocrisia toma conta. As pessoas não se suportam um ano inteiro pra chegar no fim de ano se abraçarem e se amarem. Só que isso é uma visão pequena. Pra muitas pessoas, o Natal é sim, mais um momento de união. Tenho amigos que perderam parentes nesse ano e que se reuniram para lembrar desta pessoa querida que se foi. Tenho conhecidos que deixaram suas famílias e foram fazer trabalhos voluntários com crianças, numa ceia simples. Eu e meus filhos não trocamos presentes, mas rezamos juntos e combinamos que no verão vamos usar o que economizamos na praia tomando belos sorvetes.

Enfim, não acho que esta époica festiva deva ser de todo mal... basta que as pessoas achem um modo bacana de aproveitá-la da maneira menos hipócrita possível...

Beijos querida, tudo de bom pra ti !!! De verdade, rs !!