2009 chega ao fim. Já repararam que o Natal é a época mais aguardada do ano? Para mim, é uma data como outra qualquer. Não vejo nada demais. Até hoje tento entender porque se faz tanto “auê” por conta dela.
De uma hora para outra, as pessoas se comovem. O coração amolece e surgem as campanhas-relâmpago para arrecadar alimentos, roupas, cobertores e brinquedos. O espírito de caridade é despertado como um mecanismo para aliviar a consciência... que alfineta, dói.
A mídia fala de uma bondade e solidariedade que deveriam existir o ano todo. Mal termina novembro e entra na programação uma “arrenca” de filmes relacionados ao assunto (“Esqueceram de Mim” é um dos que não podem faltar no pacote!). Ofertas e promoções mirabolantes - muitas vezes tentadoras - tomam conta das propagandas e são exibidas até a exaustão. Mensagens subliminares são usadas como água nos anúncios em busca de mentes ociosas e alienadas para aflorar o lado compulsivo escondido no inconsciente delas.
Com um sorriso amarelo estampado no rosto, proferimos aquelas frases clichês: “Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, amor e prosperidade”. Falsas, vazias, ditas apenas da boca para fora. Esquecemos das brigas com a família, dos parentes chatos, do vizinho fofoqueiro. “Perdoamos” aquela colega de trabalho que nos sacaneou, damos uma segunda chance para aquele “amigo” que falou mal de você pelas costas... Resumindo: as pessoas posam de boazinhas e depois se traem durante o resto do ano seguinte.
Amigo(a) leitor(a), responda com sinceridade: nas últimas semanas, quantas vezes você se perguntou sobre o que irá comprar ou ganhar? Reparou nos enfeites, nas luzinhas e nas vitrines dos shopping centers? E pensou na mesa farta, na variedade de comida, bebida e no tanto de panetone que irá comer na ceia?
Por isso mesmo que eu digo e repito: o “espírito natalino” é uma tremenda farsa. Há muito tempo se perdeu o verdadeiro significado do Natal. Hoje, não passa de uma mentira sustentada pela engrenagem capitalista, que (infelizmente) conseguiu transformar o dia do nascimento de Jesus Cristo em uma máquina de dinheiro que induz as pessoas ao consumismo desenfreado... e enche o bolso dos comerciantes. Nada se dá sem o comércio. Afinal de contas, se você não gasta, o Natal não é o mesmo. A família e os “amigos” são a justificativa para comprar, comprar e comprar. É preciso ser feliz nestes dias. Ou pelo menos fingir.
Daí, pergunto: onde estão os valores e os sentimentos? Em negociação. Não é à toa que o ser humano seja visto e tratado como mercadoria e passe a ser avaliado pela quantidade de din din que carrega no bolso.
Estamos no meio de uma gigantesca Bolsa de Valores, onde se investe o capital (no caso, a bondade mascarada por interesses egoístas) para obter ainda mais lucros. Até as igrejas (não citarei nomes por motivos óbvios) têm como pauta central o dinheiro e ensinam seus fiéis a “fechar negócios” com Deus.
Por acaso paramos para orar e agradecer a Ele pela vida e pelo que recebemos? Onde estão os valores cristãos? E o aniversariante, Jesus Cristo, quando entra em cena? Salomão é quem estava certo quando disse: “vaidade de vaidades, tudo é vaidade." (Eclesiastes 1:2)
Voltemos os nossos olhos para coisas realmente importantes. Temos um saco cheio de problemas para resolver, como a fome, a miséria, as desigualdades sociais; o desemprego, o preconceito, a intolerância, os políticos corruptos que roubam na cara-dura e as palhaçadas que fazem no Senado e no Congresso Nacional, etc.
Uma das coisas que Jesus Cristo mais combateu durante a sua vida na Terra foi a hipocrisia. E, convenhamos, nunca se vê tanta hipocrisia como agora. Enoja-me, me dá ânsia de vômito. Haja paciência...
Cansei do Natal e de acreditar em Papai Noel. É preciso ser autêntico nas palavras e atitudes o ano inteiro. Portanto, não venha com essa de “Feliz Natal”, se não for verdadeiro.
Camila Souza
5 comentários:
E viva a hipocrisia natalina. Eu até surtei depois de ir ver as últimas lembranças para os familiares.
E indo ao shopping um dia antes do inferno da véspera natalina, eu perguntava para meu companheiro de compras se ele realmente gostava do Natal. Resposta - sim, mas com mais tempo para escolher os presentes. Ou seja para ele o significado ainda eram os presentes.
Eu não vou colocar a capa hipócrita de religiosa, coisa que eu não sou, mas o consumo desenfreado acabou dando um significado distorcido do que é Natal para as nossas crianças. Em família vejo a impaciência para ceiar e agradecer ao ano que passou em prol de abrir os presentes. Ah e a moeda de barganha. Se você foi bonzinho o Papai Noel virá. E se você não foi? Nunca soube o que podia acontecer, pois é a época que esquecemos até de nossas palavras.
Adorei este mais do que necessário post Mila.
Beijos
Daniela
Nossa, realmente seu post foi de extrema verdade camila, tambem nao suporto a hiprocrisia, ainda mais no natal, onde todos os problemas parecem desaparecer por algumas horas....e todos sorriem para algo q normalmente nao se importam....
O que realmente importa no natal realmente foi esquecido, o sentimento deveria ser o mesmo em cada dia do ano....
mas...nao é oque acontece....portanto ficaremos com essa ansia por um bom tempo...
amei o post mila.....
bjaooo pra vc
felipe f. trizzini
Prezada Camila:
Bom-dia!
Parabéns pelo texto.
Eu odeio a tal da brincadeira do amigo secreto,que sempre tem no final do ano.O problema é quando você precisa dar presente para uma criatura que não gosta de você.
Sem falar que este negócio de Papai-Noel é um perigo.Pois há muitos pedófilos que procuram esta profissão com péssimas intenções.Se eu tivesse filho não deixaria ele sentar no colo do Papai-Noel.
Com carinho,
Luciana do Rocio.
Gurias, gurias...
Não tenho esta raiva que vcs tem do Natal, mas concordo que Natal é o ano inteiro. Devemos participar de campanhas de caridade,fazer o bem ao próximo, dizer palavras de carinho o ano inteiro. Eu não perdôo colega de trabalho pentelho só porque é Natal, parente chato (como minha vó) continua sendo chato no Natal, não consigo ser hipócrita. E se desejo Feliz Natal e um ótimo Ano Novo, é porque realmente, desejo que aquela pessoa, tenha um Natal feliz e um Ano Novo, realmente maravilhoso. Se eu tiver que ser boazinha, eu sou boazinha o ano inteiro. Mas se eu tiver que ser mázinha, eu sou mázinha o ano inteiro, também.
Bjokas.
Em minha humilde opinião achei que foi radical demais, mas explico. Também não gosto do capitalismo, também concordo que em muitos casos a hipocrisia toma conta. As pessoas não se suportam um ano inteiro pra chegar no fim de ano se abraçarem e se amarem. Só que isso é uma visão pequena. Pra muitas pessoas, o Natal é sim, mais um momento de união. Tenho amigos que perderam parentes nesse ano e que se reuniram para lembrar desta pessoa querida que se foi. Tenho conhecidos que deixaram suas famílias e foram fazer trabalhos voluntários com crianças, numa ceia simples. Eu e meus filhos não trocamos presentes, mas rezamos juntos e combinamos que no verão vamos usar o que economizamos na praia tomando belos sorvetes.
Enfim, não acho que esta époica festiva deva ser de todo mal... basta que as pessoas achem um modo bacana de aproveitá-la da maneira menos hipócrita possível...
Beijos querida, tudo de bom pra ti !!! De verdade, rs !!
Postar um comentário