sábado, 13 de fevereiro de 2010

Esse Tal De Beijo Técnico


Tem como comer chocolate e não sentir prazer? Indagação paralela se passa na cabeça de qualquer telespectador na hora em que vê aquela atriz exuberante beijando aquele galã irresistível. Segundo os profissionais de dramaturgia, nesses momentos o ator e a atriz recorrem ao chamado "beijo técnico", que é um colar de bocas de mentirinha, só pra enganar a plateia - na verdade, eles não estão beijando, e sim encenando, fingindo. Em outras palavras, é uma união de lábios que só parece ser para valer, mas que na verdade é fria e com fins estritamente profissionais. Mas como se para praticamente todas as escolas de teatro (começando por Constantin Stanlislavski, considerado o maior de todos os mestres na área) afirma-se que o ator precisa saber sentir para passar verdade na interpretação? É possível beijar sem sentir? E ainda por cima convencer a audiência? Afinal, existe mesmo o tal "beijo técnico"? Para tirar a teima, a indagação sobre o beijo “meramente profissional” foi feita a uma atriz, Ana Paula Taques (foto), que já o provou em cena de peça dirigida por Silvia Monteiro: “A Vida Como Ela Era” (o grupo de teatro tinha o sugestivo nome de The Virgens Again). Antes que alguém pergunte, não, a peça não era baseada na obra de Nelson Rodrigues, embora parafraseie o título de uma série da Globo inspirada em contos do autor. Ana participou de diversas peças, comerciais e filmes, mas nos concentremos no espetáculo cujo momento de clímax era o tal “beijo técnico”. Confira o que a Ana tem a declarar sobre este grande mistério da humanidade.

Como era o beijo dado em cena?
Era um beijo de namorados, nada caliente. Um beijo roubado. Minha personagem esnobava e era assediada até que o beijo aconteceu.

E foi bom pra você?
Ahhhh... não fez a minha cabeça. Eu não me envolveria com aquele ator.

E se fosse um Brad Pitt?
Ahhhh... não sei. Daí eu ia querer atacar (risos).

Certo, então você admite que o beijo técnico não é tão técnico assim?
Então, vai depender de o quanto o ator faz a sua cabeça na vida real.

Ou seja, o beijo técnico se torna menos ou mais técnico dependendo do grau de atratividade de quem contracena?
É.

Se você tivesse um namorado ator, o deixaria praticar beijo “técnico” com uma Angelina Jolie da vida?
(pensando)
(ainda pensando)
Ah, ficaria possuída. Não. Ficaria mal. Ah, não, ficaria... ficaria com muito ciúme. Ficaria com muito ciúme.

E se você tivesse de fazer um beijo técnico com um Brad Pitt da vida e seu namorado dissesse para você não fazê-lo, o que você faria?
(pensando)
(ainda pensando)
(zzzzzzzzzzzz...)
Ah, se a gente estivesse bem... eu acho que eu respeitaria. Mas... se o trabalho fosse importante... e eu tivesse que sustentar a casa... com certeza, beijaria.

E amasso técnico existe?
Não.

E sexo técnico?
Ai, pergunta meio esquisita essa, não vou responder.

A partir desse momento, a entrevista entrou em um ponto de tabu e simplesmente travou. O assunto é realmente confuso. Em um dos episódios da série “Friends”, um dos personagens, Chandler, começa a namorar uma atriz e convida seu amigo Ross a irem ver uma peça na qual ela atua, o que se torna um programa constrangedor devido ao beijo “técnico” dado pela garota em outro ator. Há o caso real de uma atriz curitibana cujo marido nunca ia assistir a suas peças, mas respeitava a profissão da esposa, até o dia em que resolveu fazer uma surpresa comparecendo ao teatro e levando consigo um belo bouquet de flores para presenteá-la, mas ao ver sua querida passando por um “encochamento técnico” em cena, distribuiu buquetzadas na audiência e fez um escândalo que obrigou o espetáculo a ser interrompido. Bem como seu casamento. Outro caso real se passou durante as gravações do longa metragem “Corpos Celestes, na boate “Taboo”: um dos diretores (Fernando Severo, que co-dirigiu com Marcos Jorge) pediu a uma atriz para beijar um figurante que não era ator, o que não funcionou muito bem, já que a atriz ficou embaraçadíssima. O figurante não.

Enfim, falar em “beijo técnico” é mais ou menos como discutir sobre os atos ilícitos do Bill Clinton: “tecnicamente” ele não fez sexo (afinal, não houve penetração); “tecnicamente” ele não fumou maconha (afinal, não tragou o baurete); e “tecnicamente” a população acreditou. O mais irônico é que hoje ele é um dos que mais praticam em público o “beijo técnico”. E na própria esposa.


Mario Lopes

8 comentários:

!lili! disse...

oi mario.. o que houve com meu texto?
bom carnaval... ;) ruiva

Anônimo disse...

Prezado Mário:
Bom-dia!
Parabéns pelo texto!
Uma coisa tenho certeza de que existe: o corno técnico!
Tenho um colega que é casado com uma modelo e ele diz que é o ciumento técnico.
Tenha um excelente feriado!
Com carinho,
Luciana do Rocio.

Anônimo disse...

Obrigado, Luciana.
Como assim, Ruiva?
Beijo a ambas.
Mario

Karime disse...

Eba! Texto teu! Entre um chima e outro, eu e Angel estávamos comentando que o blog precisava do teu brilho novamente!
Beijos!

Anônimo disse...

oLHAAAAAAAAAA... A Anaaaa... estudei com ela no Terceirão... putz, acho que acabei de contar a idade dela.. kkkkkkkkkkkkkkkkkk

Beijo Ana, beijo Mario...

Angelica

Anônimo disse...

Valeu, Ka, beijo e bom chima pra vocês.
Ange, a Ana tá perguntando qual a turma na qual você estudou com ela.
Beijo pra ambas.

Mario

absolutsubzero disse...

safado este figurante de corpos celestes hein? ;) ai se eu tivesse que fazer isso em figuração. sorte do figurante que não foi utilizado o balde frio sertanejo universitário na hora da cena.

pq só existe homem bonito na cabeça dos homens para perguntar que seja o brad pitt? puxa, eu vendo o alexandre ''tudo de bom'' borges nas fotos do comercial salfer não me incomodaria de fazer cenas nada técnicas com ele. isso só mesmo em delírio ou virando atriz e nada técnica ;).

bjs
daniela

Anônimo disse...

M1 do positivo da Desembargador... :-)

Mais tarde ela fez teatro com o irmão do meu ex, o Iran... Ela era a sogra do Fred Flintstone... rsrs

Lembra Anaaaa ...beijin