domingo, 31 de maio de 2009

- é +

Em época de twitter, de vídeos curtos no youtube e de apetrechos tecnológicos cada vez menores, nunca a máxima do “menos é mais” foi tão válida. Sendo assim, é uma boa oportunidade para aderir aos micro-contos. Aqui vão dezinhos.

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Vivia sem tempo. Comprou uma ampulheta maior.

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Chorou para secar a paixão e regar a esperança.

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Saiu para comprar cigarros. Só voltou quando teve câncer.

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Levantou do divã. Matou o terapeuta por saber demais.

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Ia contar até dez. Enfartou no 33.

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Zapeava cada vez mais. Até que perdeu o controle.

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Sua vida não fazia sentido: tinha gêmeos em virgem.

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Queimou as fotos. Saiu de casa. Comprou uma câmera nova.

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Sempre acabava as frases com reticências. Até que um dia...

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Viu seu futuro nas cartas. Foi trabalhar nos correios.

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Mario Lopes

sábado, 30 de maio de 2009

SP não pode parar















Enfrentar enormes congestionamentos já faz parte da vida de todo paulistano. Trafegar em vias como a Marginal Pinheiros, Marginal Tietê, Bandeirantes, 23 de Maio ou Radial Leste é um desafio e tanto e exige um exercício diário de muita paciência e autocontrole.
Fato, o trânsito de SP é de enlouquecer qualquer um. Eu, como uma paulistana apaixonada por esta cidade tento relevar, mas confesso que não falta vontade de cair fora e me entocar em algum lugar do interior (mas BEM interior mesmo); antes que eu entre em colapso - já que não falta muito para SP entrar. Estudos indicam que isso acontecerá em breve, em 3 ou 4 anos no máximo.

Outro estudo divulgado no ano passado constatou que em SP uma pessoa gasta PELO MENOS 2 HORAS do seu dia em deslocamentos. EM 1 ANO, PERDE-SE NO TRÂNSITO O EQUIVALENTE A 1 MÊS INTEIRO. É incrível o tanto de tempo que se perde! Um tempo precioso, que poderia ser aproveitado em outras coisas, incluindo o lazer – que, como sempre, fica para segundo plano. Não é à toa que nós paulistanos vivemos de olho nos ponteiros do relógio e reclamamos o tempo todo que nunca sobra tempo para nada.

Pode parecer exagero - principalmente para quem não é daqui – mas o que este estudo diz é a mais pura verdade. Sinto isso na pele todo santo dia. Por exemplo, para ir até o centro gasto em torno de uns 40 minutos. Nos horários de pico, levo o dobro e muitas vezes até o triplo do tempo para chegar ao mesmo local e fazendo o mesmo trajeto. Para ir à faculdade, gasto nada mais, nada menos do que 2 horinhas – moro em Santo Amaro, na Zona Sul e estudo no Brás, na Zona Leste.

Aliás, “horário de pico” é um termo está cada vez mais em desuso por aqui. Até bem pouco tempo, esses períodos eram bem definidos - das 08:00 às 10:00 da manhã e das 18:00 às 20:00 da noite. Hoje, não tem mais essa. Você sai e corre o risco de “dar de cara” com um belíssimo engarrafamento a qualquer hora do dia ou da noite.

Por favor, não me levem a mal, mas às vezes tenho a impressão de que nós paulistanos nos conformamos com este cenário. “Faz parte”, “É a vida” ou “É assim mesmo” são frases que ouço sempre quando se toca no assunto. Também há aqueles que só reclamam: “Não agüento mais esse trânsito!”, mas que não largam de jeito nenhum o carrinho para encarar um busão. É aquele negócio do “ruim com ele, pior sem ele”.

E para piorar, alguns indivíduos já se acostumaram tanto com a situação ao ponto de adquirir hábitos por demais irritantes, como o de “andar” devagar-quase-parando até mesmo nas ruas onde não tem trânsito. Resultado: trava todo mundo que vem atrás. O sem noção entra no carro, liga o rádio, acende um cigarrinho, se distrai e esquece da vida – e de acelerar também. Parece que alguns até sentem um prazer masoquista de serem mais lentos do que a lentidão.

Ah... Não posso esquecer de falar das brigas que rolam entre motoristas e motoqueiros. De um lado, os MOTORISTAS que TOMAM espaço e que sempre culpam os motoqueiros quando acontece um acidente. Do outro, os MOTOQUEIROS que BUSCAM espaço e que se dizem vítimas de preconceito dos motoristas.

Não estou defendendo ninguém, mas é foda ver motoqueiros que buzinam a cada 15 segundos (meu, baita encheção de saco!), disputam corrida como se estivessem em uma competição de Fórmula 1 e inventam manobras mirabolantes como se fossem artistas de circo ao tentar passar em meio aos carros.
Ninguém é santo, portanto, tanto uma “categoria” quanto a outra tem sua cota de (IR)responsabilidade pelo aumento dos números nas estatísticas de acidentes.

Também há os semáforos desregulados - que ficam 5 minutos abertos para uma rua e menos de 1 minuto para a outra e que “pifam” quando mais se precisa deles. Sem contar os malditos radares e as ruas que estão mais esburacadas do que as ruas de terra do sertão nordestino. E quando chove, então? Dispensa comentários.

Campanhas para incentivar as caronas foram feitas na tentativa de conscientizar as pessoas dos benefícios que tal atitude poderia proporcionar a cidade e a elas mesmas. Porque, convenhamos, é praticamente IMPOSSÍVEL não encontrar gente que vai para um mesmo lugar em horários próximos. Estratégias como esta funcionaram (e muito bem) em outras cidades. Então por que será que aqui o negócio não “pegou”? É o egocentrismo paulistano falando mais alto quando este insiste em conduzir os seus veículos sozinhos.

Sugestões são o que não faltam para tentar solucionar o problema. Várias medidas foram tomadas com o objetivo de minimizar os transtornos. Ampliação do rodízio de carros, rodízio para caminhões, criação de pedágios urbanos, ciclovias, etc. Acredito que todas estas ações são válidas, mas meramente paliativas, pois perdem sua eficiência a médio e longo prazo.

O fato é que não existe uma solução mágica que irá resolver o problema do caos no trânsito do dia para a noite. Acredito que a solução para uma metrópole tão grande como SP está no transporte coletivo. O poder público, é claro, deve fazer a sua parte, com investimentos fortes na melhoria do sistema de transporte e na extensão das linhas de trens e metrô. Mas o cidadão comum também deve fazer a sua parte. E como tudo neste país acontece de forma absurdamente lenta e BURROcrática, o jeito é esperar – e ver até onde essa lengalenga vai dar.

E você amigo (a) leitor (a), acredita que exista algo que se possa fazer para que SP não pare de vez? Será que ainda existe salvação?
Camila Souza

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O Traço versus A Letra


Que me perdoem os desenhistas, mas que a arte de desenhar é bem mais simplória que a arte de escrever, é fato que ninguém pode negar. Afinal, o que é um desenho se não uma mera reprodução da realidade? Tendo olhos para ver e algum dom ou técnica, qualquer um pode se tornar um transmutador da imagem tridimensional em uma imagem de papel.
Já a labuta do escritor é mais complexa. Exige um trabalho sincronizado, pois se escrita de forma errada, até a idéia mais genial torna-se medíocre (dos males o menor).
Pior que um texto mal escrito, é um texto fantasma, composto por fragmentos de idéias que só poderão ser colocados no papel, caso reencarnem nas mãos de um autor menos pusilânime e ocioso que o primeiro.
A verdade é que o escritor é um guerreiro e seu inimigo é ele mesmo. O campo de batalha? O papel.
Tudo começa com a tal inspiração que ocorre na mente e, é expirada por meio da mão. Quando esse procedimento não ocorre de forma minuciosa, o escritor sofre asfixia intelectual. Ter a idéia, mas não conseguir reproduzi-la no papel é como estar se banhando no próprio mundo subjetivo e de repente se ver cercado de uma areia movediça que o puxa cada vez mais para dentro de si mesmo, sufocando-o nas próprias entranhas... Constipação de idéias.
E é aí que acontece... O escritor não aguenta seu fardo. A frustração é tanta que acaba entrando em coma induzido (por ele mesmo). Com medo ele vive um longo período de abstinência (dele mesmo).
Passado um tempo, cansado da inanição intelectual, resolve voltar à ativa. Lentamente ele se levanta de sua cama, veste o robe, calça as pantufas e segue em direção à cozinha, arrastando os pés como se quisesse apenas roçar o chão. Abre o armário, observa a xícara com os dizeres “I ♥ NY”, mas prefere a outra, com o desenho da Estátua da Liberdade. Acende seu “Hollywood” e enquanto volta ao quarto, sente ódio de si mesmo por ser um brasileiro tão americano.
Senta na escrivaninha, acende a luz do abajur. Põe os óculos, e novamente sente raiva de si mesmo, dessa vez, por ser um brasileiro americano velho e astigmático.
Coloca uma mão na testa, e com a outra segura a caneta, cuja ponta já pende em sua boca... Olha para o papel.
De repente, flash back: asfixia, constipação, coma, abstinência. Ele fecha os olhos para se concentrar... Precisa esquecer o medo da frustração, mas agora, até mesmo a idéia lhe foge à mente.
Abre os olhos de súbito, e mira a xícara de café. Sente raiva de si mesmo. Não por ser brasileiro americano velho astigmático, mas por não ter honrado sua profissão até na mais simples escolha matinal.
Ele sorri. Sem hesitação, escreve as primeiras palavras do seu texto de re-estréia.
“Que me perdoem os desenhistas, mas que...”


Letícia Mueller

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Por quê?


Eu me coloquei a pensar horas a fio na segunda-feira (feriado aqui em Nova York) e na terca-feira, sobre o que escrever na estreia da nossa semana de tema livre. Então, me vieram tantas coisas em mente, por exemplo:

*O porque de nosso histórico e biológico atraso economico/cultural.

*As Madonas negras que a Igreja esconde.

*Descobri a verdade, e agora?

Mas hoje, em meio a minhas possíveis ideias, sobre o que escrever. Meus pensamentos vagaram para meu interior e acabei parando na seguinte questão, que na verdade não é muito parecida com a minha proposta:

Até onde vale a pena levar a vida tão a sério, viver tao loucamente, com tanto stress, com tanta submissão a um relógio, perder horas no trânsito, correr tantos riscos, abrir mão de tanta coisa, quanto amor vou abdicar ao meu coração?...

Quantos planos e desejos eu vou realizar?

Quantos não sairão do papel?

Corremos tanto e quando deixamos esse plano, sempre fica algo pela metade...

A faculdade, um curso que você desejava muito fazer, um amor, os filhos, os pais, aquele carro tão desejado, ou aquela casa que estava tão próxima de eu conseguir comprá-la, e, num passe de mágica, tudo se acaba, assim.

Que loucura é essa vida? O que será que existe além disso?

Por quê? Por quê? Por quê?

Para que existimos,? Para onde vamos?

Qual é a razão pela qual estamos aqui? Será que existe uma missão de fato?

Particularmente falando, estou em um momento muito frágil em minha vida, onde as duvidas é que têm me acompanhado constantemente. Fazer certo e escolher errado são duas vertentes que caminham paralelamente, e o que eu resolver hoje, aqui, repercutirá a longo prazo em algum lugar...

Certas coisas já se sabe o resultado, outras são super previsíveis.

A verdade é que não sai da minha cabeca essa questão, que não me deixou dissertar sobre nada, muito embora eu quisesse escrever sobre algo muito significativo hoje...

Qual é a razao disso tudo?

Beijos reticentes.





Maria Jaqueline

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Caso ou compro uma bicicleta?



Durante nossa vida pensamos em o que seremos, o que vamos fazer quando crescermos. Foi pensando nisso que escrevi meu texto dessa semana. Lembrei dos sonhos de ser musico, ator, dentista, e exterminador de canalhas do meu pai, e o fim dos seus sonhos se tornando um autônomo, lembrei dos sonhos que muitos já me contaram, e dos seus finais felizes mas insatisfeitos. Depois de tanto pensar assisti Marley e eu, que só me fez pensar mais ainda. Pensei em o que serei de verdade, se chegarei onde quero chegar, se vou ou não ser conhecida por muitas pessoas, ou se me bastaram as que realmente se importam comigo. Não sei, foi a resposta para todas as minhas perguntas. Não sei se caso ou compro uma bicicleta, ou se sempre vou escrever sobre comedias, ou se um dia chegarei a escrever longos romances. As duvidas me tomaram a cabeça, tive um longo banho, e um longo tempo pra pensar. Cheguei a conclusão de que não sei nada, e que raramente vou saber antes de acontecer, resolvi focar no presente, ser quem eu sou, e esperar pra ver. Se nem nosso futuro próximo não nos é revelado, porque não nos basta se contentar com o futuro? Então deixemos as coisas de agora acontecer sem nos preocupar incansavelmente com o futuro, afinal é o presente quem vai influenciar nele. Viver cada dia como se fosse o ultimo.



Ingrid Moraes

terça-feira, 26 de maio de 2009

Paixão como ela é!



Ser humano, que diz ser humano por possuir racionalidade. Diz também tantas coisas que acham que o diferencia das demais espécies. Uma das coisas que adora dizer quando faz uma boa ação ou vê alguém fazer é dizer que o sujeito “tem coração”. Sim, claro que tem, mas isso não faz melhor ou pior. A questão é que esse ser, o humano, tem mania de se apaixonar (e ainda dizer que é o coração que sente isso!). Tudo bem, até ai não temos culpa, até porque a paixão são resultados físicos de nosso corpo. Mas, desta mesma paixão, que ouço dos apaixonados lamentações seja por traição, decepção, tristezas, enfim, o que de ruim passaram com alguém e que o coração já não agüenta mais! Também, coitado desse nosso coração que tem que levar a culpa de tudo quando na verdade é nossa própria cabeça que ordena as coisas. E é vendo tantos casos e desabafos, que eu gostaria de entender: É realmente saudável se apaixonar?
Não é questão de ser pessimista. Mas, há algum tempo, ouço os dois lados desse bem ou desse mal, não sei o que é ainda. Lados estes que possuem argumentos muito bons para se manterem de pé. Todo mundo sofre, sofreu ou sofrerá por uma paixão, assim como também é, já foi ou irá ser feliz com uma. A questão é saber como levar uma paixão, como saber quando é uma paixão e como entendê-la. Segundo a professora, Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque os seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses. Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que a paixão possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança.Ela também diz a respeito das substâncias dopamina, feniletilamina e ocitocina, responsáveis pelo amor-paixão e que são comuns em nossos corpos, mas só são encontrados juntos quando acontece uma paquera.E , com o tempo, o organismo se torna resistente os efeitos dessas substâncias, fazendo com que essa atração não dure para sempre. E aí, surgem os casais que se separam os que brigam, ou os que chifram, magoam, de distanciam e por aí vai. Mas, possui os que mesmo sem a química latejante como nos momentos iniciais de um romance, ainda assim se completam pelo companheirismo e afeto. E é incrível como cada um sente uma paixão: há os que se esquivam dela, os que se entregam e os que ficam cegos por causa de uma, ponto de cometer loucuras! Paixão não é algo para ser ruim, não é algo para ser sofrido e sim para ser vivido, ao máximo do êxtase que os seus sentidos e suas químicas podem fazer você sentir. E é fácil perceber pelos 5 sentidos: a visão, é a fonte de estimulação sexual mais importante.Para homens, a forma como uma mulher se veste, se move, gesticula, conta muito para sua imaginaçãozinha. Um homem e uma mulher, ao se atraírem pela primeira vez, são avaliados pela aparência, ou algo que em ambos tenha chamado atenção aparentemente. A voz também conta muito, tanto no timbre como na potência da voz e o discurso falado. Desta maneira, parte-se para o tato (essa parte já pega mais, no bom sentido!), mas é por essa pegação, digo, essa aproximação física que as coisas começam a esquentar dentro dos futuros apaixonados, pois, desta forma, cada um pode sentir o toque bem como sua intensidade.



Também pudera, quando tocamos em alguém ou somos tocados, há cerca de cinco milhões de receptores do tato na pele sendo que as pontas dos dedos têm aproximadamente 3.000 receptores que enviam impulsos nervosos ao cérebro através da medula! Alguns pesquisadores dizem que pelos bilhões de poros que temos na pele e também pelo hálito, exalamos continuamente produtos químicos voláteis chamados ferormônios. Eles produzem sensações químicas que fazem nascer sensações prazerosas. E, cada vez que nos tornamos dependentes dessas sensações, a cada ausência por um tempo grande dessa química, é que achamos ou dizemos que estamos apaixonados. Nos anos 80, alguns pesquisadores conseguiram reproduzir os ferormônios em laboratórios e que, mais tarde, empresários norte-americanos compraram a fórmula, reproduzindo-a em forma de perfume, o The Scent e garantem que ele é uma tática infalível para promover uma paixão. Bom, verdade ou não, a questão é que cada um de nós emitimos uma essência que não sentimos forte, mas sentimos quase como instintivamente um no outro. E por fim, a boca (digo no fim porque é com o beijo que a paixão se funde e tudo começa!). Assim como os olhos e nariz, a boca faz parte da face é também reparada pelos futuros (já quase) apaixonados! O beijo combina três sentidos., o tato, olfato e paladar. Dessa maneira, as terminações nervosas reagem ao estímulo do beijo, promovendo reações. E, as células olfativas do nariz, tocam, cheiram e degustam o outro. O resto é consequência e depende do casal para perdurar anos, meses, semanas ou dias. Porém, como disse o modo que as pessoas vivem e sentem toda essa paixão, que na sua essência, n sua química é algo bom, faz toda diferença. Sabe aquela expressão “Se permita” ? Ela é a chave de tudo. Se permita, permita-se sentir o prazer da paixão e suas sensações. Nos nunca vamos deixar de nos apaixonar, mais dias ou menos dia, tendo sofrido, tendo sido traído e o que quer que seja. Somos humanos e sentimos fisicamente uma paixão, não com o coração. E se durar, é porque soube leva-la. E quando isso acontece, as coisas ficam mais gostosas de serem sentidas e as tristezas, essas ficam apenas adormecidas. Paixão saudável existe, basta senti-la em sua essência.



E, será que quando estamos nos apaixonando, a gente fica pensando e falando muito nisso?


Bianca Silva

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Semana do tema livre

Bexigas Negras No Cemitério e a Estátua Vidente



Ângela era uma donzela que morava em Curitiba e não acreditava em esoterismo . Um certo dia , ela foi ao centro da cidade e viu algo curioso na Rua Quinze de Novembro : um homem fantasiado de estátua , com uma sacola de pano e um cartaz :
- Estátua Vidente :
- Derrube uma moeda no meu pote , que eu tiro cartas de tarô e leio a sua sorte .
Então , mesmo sendo atéia , a jovem aproximou – se da figura e jogou um real na caixa . Assim a estátua mexeu – se , mostrou a sacola e disse :
- Agora enfie a mão no saco e pegue três cartas .
A primeira carta que a moça tirou foi o enamorado , a segunda foi a morte e a terceira foi a estrela . Desta forma o cartomante explicou :
- Estas seqüências de cartas significam que hoje você passará por uma ilusão , depois cortará uma fase em sua vida para começar outra e após tudo isto seu sucesso brilhará . Pois a carta do enamorado significa ilusão , a da morte quer dizer mudança e a estrela é o sucesso .
Ângela não acreditou , saiu de mansinho e foi até a academia onde estudava , localizada atrás do cemitério municipal . Quando estava passando na rua do campo – santo , ela avistou um menino vendendo bexigas pretas , que exclamou :
- Moça , compra uma bexiga preta ?!
- Por favor , leve um balão escuro para enfeitar o túmulo do seu parente querido ...
Desta maneira a donzela indagou :
- Bolas de ar escuras ?
- O pessoal compra estas bexigas , mesmo ?!
O menino explicou :
- Antes minha família vendia flores aqui , mas vieram outros floristas , a concorrência aumentou e tivemos que desistir do negócio . Depois meus parentes passaram a vender velas , aqui em frente ao cemitério , porém outras criaturas fizeram a mesma coisa . Agora minha família teve a idéia de vender bolas de ar escuras .
Apo ouvir isto a jovem ficou com pena do garoto e comprou o balão . Uma quadra adiante do cemitério , ela avistou uma menina muito pálida que aproximou – se e falou :
- Moça , me dá esta bola ?
- É que eu parti no dia do meu aniversário e nem na festa eu consegui ficar ...
Ângela não entendeu o que aquela criança quis dizer , mas mesmo assim deu a bexiga para ela . Deste jeito a moça entrou na academia e assistiu a sua aula .
Na volta , a jovem pensou :
- Será que as pessoas compram bexigas escuras e colocam nos túmulos dos seus entes queridos ?
A donzela entrou no cemitério para confirmar . Assim ela percebeu que algumas tumbas estavam enfeitadas com bexigas . Até que Ângela aproximou – se de um túmulo enfeitado com um destes balões , viu a foto de uma garota e percebeu que era da mesma menina que tinha pedido a bola . Deste jeito a jovem leu a data de nascimento e morte daquela criança : 13.08.2000 – 13.08.2007 . Logo a donzela pensou consigo mesma :
- Nossa !
- Esta garota , realmente , morreu no dia do seu aniversário !
- Hoje é dia treze de agosto de 2008 !
- Será que tudo isto está relacionado com a previsão que a estátua fez ?
- Será que vi um fantasma , uma ilusão ?!
De repente a bexiga se estourou e dentro dela saiu um bilhete . Ângela pegou o papel e leu :
“ – Os bons são como os sonhos : morrem cedo , mas nunca envelhecem . Pois ficam guardados com frescor no limbo e sempre retornam . “




Luciana do Rocio Mallon

domingo, 24 de maio de 2009

O hai kai ippon


Pouca gente sabe, mas a Palestina e Israel encontraram um momento de paz verdadeira em meados dos anos 70. Um sopro de ternura entre os líderes dos dois povos se fez presente em um dos períodos mais críticos do conflito, mas esta história começa sete anos antes.
Milena Albuquerque (nome fictício) havia manifestado muito cedo um poder de escrever poemas com tanta sensibilidade que seus textos geravam incômodo e comoção nos leitores. Professoras desistiam de castigar alunos, colegas de classe paravam com suas rusgas e até o prefeito da cidade atendeu a um pedido da comunidade por conta de um poema seu colocando às claras uma ferida social incômoda.
Cresceu com seus poemas sendo premiados e adquirindo até mesmo contornos utilitários. Sempre que preciso, ela interferia na história de amigos: escrevia poemas para namorados em crise, pais que não se davam com os filhos, líderes relapsos com seus liderados. As palavras no papel atigiam seu objetivo logo nas primeiras linhas, fazendo mesmo os avessos ao lirismo se entregarem mediante argumentos tão delicadamente burilados. Até os corações mais rudes sucumbiam a seu talendo. Passou a ser olhada com admiração, quase cultuada. Foi quando ela própria, ao ver o noticiário, teve a idéia de escrever um poema para dois líderes que se degladiavam em conflito que parecia interminável.
Depois de conseguir traduzir seus poemas (convencendo os tradutores a ajudá-la mediante cartas também de tom poético), obteve apoio em uma corrente de relacionamentos que fez suas cartas chegarem aos dois representantes. Depois de minuciosamente inspecionadas, as cartas (que não continham vírus ou vestígios de armas químicas) foram abertas e lidas. Em ambos os lados do conflito houve uma reação aturdida por parte dos companheiros mais próximos daquelas figuras máximas de poder. Ninguém sabia o que havia ocorrido, mas agendaram um encontro no qual declararam que estavam dispostos a fazer as pazes e resolver todos aqueles conflitos que geravam mortes diárias. Pela primeira vez, palestinos e israelenses perceberam que o campo das intenções era realmente sincero, e de ambas as partes.
Dois dias depois, os dois líderes foram temporariamente afastados de seus cargos e passaram por algumas semanas de "tratamento", distantes de suas funções. Retomaram seus postos remodelando o discurso anterior, e Milena então viu que mesmo suas palavras inspiradoras tinham poder limitado. De todo modo, suas correspondências causaram furor em líderes estrategistas, ela foi interceptada pela CIA, e passou a prestar seus serviços para tentar aplacar a ira de líderes considerados altamente perigosos e subversivos. Sempre conseguia algum êxito ao enviar mensagens para a Coréia do Norte, Cuba e Rússia. Mas percebeu que suas ações não davam certo a médio e longo prazo, porque era preciso antes de tudo que cada um criasse sua poesia anterior. E essa dificilmente brotava espontaneamente.
Hoje, ela escreve em um projeto de criação do hai kai perfeito. Aquele que em apenas três linhas dará um ippon na maldade, e será dito nos noticiários do mundo todo quando realmente chegar o armagedon. Um poema para um caso máximo de caos e emergência da humanidade. Por enquanto, o nome provisório é "Hai Kai do Remorso".


Mario Lopes

sábado, 23 de maio de 2009

No fim da linha


"Você está morta, está morta" – eram as palavras que ecoavam na mente de L. Tapava os ouvidos, na esperança de não ouvir a voz, que insistia em repetir essa frase sórdida. Não conseguia acreditar no que estava ouvindo. "Só posso estar delirando", pensou, desconcertada.

Garota fútil, imatura, mimada e egocêntrica; vinha de uma família "estável", de classe média alta. Não trabalhava e seus pais bancavam-lhe tudo - desde a faculdade em uma das instituições mais renomadas (e caras) de São Paulo até as roupas de grife e as baladas. No mês anterior havia ganhado um carro zero em seu aniversário de 21 anos. Não media as conseqüências dos seus atos e acreditava que jamais algo de ruim pudesse acontecer.

Tinha muitos "amigos". A maioria destes, claro, mantinha o laço de "amizade" por puro interesse. Alguns deles fizeram-na conhecer o submundo das drogas. Movida pela curiosidade de experimentar novas "sensações", começou pelas drogas "populares", a maconha e a cocaína. Posteriormente se aventurou pelas drogas "elitizadas" e as sintéticas, como o ecstasy e o LSD. Seus pais notaram que havia algo de errado com a filha, mas ocupados demais como eram, ignoravam o fato, achando que se tratava apenas de uma "crise emocional" passageira.

Sem dinheiro (pois seus pais cortaram sua mesada após ter abandonado a faculdade), L. começou a roubar pequenos objetos em casa. Depois passou a se prostituir para sustentar o vício e a trabalhar nas bocas de fumo para os traficantes da região fazendo a distribuição das drogas aos compradores.
Durante dois longos anos, sua vida resumiu-se a beber, cheirar e fumar.

Muitas pessoas a invejavam por sua beleza, riqueza e aparente “felicidade”. Mas a verdade era o oposto de tudo isso. Interpretava um personagem ao mundo. Era uma pessoa vazia e infeliz, sem objetivos ou perspectivas. Atrás de uma máscara de sofisticação, havia uma garota vulnerável que em seu íntimo, ansiava por amor.

Sexta feira, 20 de junho de 2008. Embu das Artes, cidade vizinha a São Paulo, famosa por promover festas raves, das quais L. era freqüentadora assídua. Este foi o dia em que chegou ao fundo do poço. Um dia que marcou a sua vida para sempre. L. jamais imaginava o que estaria por vir...

Após duas noites em claro, dançando, e um coquetel de todas as bebidas possíveis e imagináveis, erva, muita "da branca" e bala...
... uma sensação de euforia e bem estar tomam conta do seu corpo. Apesar do frio, o suor escorre em abundância da sua testa, descendo em gotas grossas até o pescoço e colo. Sente os lábios secos e muita, mas muita sede.
De repente, sente um mal súbito. Por mais que se esforce, não consegue respirar. Uma dor aguda e lancinante acomete-lhe o peito e se espalha em direção as costas. Vomita aos borbotões. Cai no chão, tremendo, convulsionando. Não consegue mais controlar seu corpo. Sintomas típicos de uma overdose. Seus "amigos" formam uma roda em torno de si, só olham e riem. Era nítida a expressão de total indiferença e de desamor ao próximo.
Não demonstravam sequer compaixão ao omitir-lhe socorro.

Essa foi a última imagem da qual que L. se recorda antes de perder os sentidos.

Enquanto isso....

... L. acordava e via a sua frente uma paisagem deslumbrante. Pessoas vestidas de branco circulavam pelos imensos jardins. Os adultos estavam reunidos em pequenos grupos, os adolescentes em grupos maiores, conversando e cantando, e as crianças brincavam alegremente. Havia uma sensação de paz, de amor que L. nunca havia experimentado antes. Mesmo assim, se sentia completamente perdida naquele lugar...

Uma mulher com um olhar amoroso se aproxima. Ela pergunta:

- Onde estou?

- Veja você mesma.

Ele se aproxima de um lago e nas águas vê a sua própria imagem na rave, sendo carregada pelos médicos e levada para a ambulância...

- Como assim? O que significa isso?

- Sua alma está separada do seu corpo. Neste momento, é a sua alma que está aqui. Você teve uma overdose naquela festa e fisicamente, você está morta...

L. então vê o seu corpo deitado no setor de emergência do hospital, inerte, enquanto os médicos tentavam reanimá-la. Os pais no corredor, desconsolados, chorando. Algumas pessoas olhavam, com pena, e oravam por mais uma família destruída pelas drogas...

- Isso é mentira! Não pode ser, não pode ser. O que está acontecendo? Por que isso, justo comigo?

Ela ignora o comentário e diz:

- Preciso lhe mostrar algo. Venha comigo...

Em instantes, iniciam uma viagem rumo ao desconhecido. Entre encostas, areia e pedras, L. chega a um lugar que a deixa sem reação.

- Veja onde está o F, aquele seu amigo que se matou na semana passada.

Abismada, L. vê o melhor amigo em meio a vales sombrios e precipícios profundos, onde as pessoas se debatiam e agonizavam. Um cheiro fétido emanava do local. O ar era pesadíssimo, asfixiante. A temperatura oscilava entre o calor insuportável e o frio congelante. O chão era imundo e escorregadio. Luz? Impossível de se ter ali.
F. chorava, gritava e se contorcia. Seu espírito relembrava inúmeras vezes o momento em que direcionou o revólver e atirou contra a própria cabeça. Era muito tormento. L. também viu outros espíritos se martirizando, suplicando uma ajuda que os livrasse da dor.

O cenário era horripilante. Não havia paz, nem consolo, nem esperança. Um abismo marcado pela desgraça, miséria, desespero e sofrimento.

Só então soube que ele havia se suicidado por estar em dívida com o tráfico e estar sendo ameaçado de morte.

- Este é o vale dos suicidas. L, você não atentou diretamente contra a sua própria vida; mas como sua protetora tenho o dever de evitar que tenha um destino igual ao dele. Que as drogas levem-na a morte quer seja por overdose, como a que você teve, quer pelo suicídio ocasionado pelo desespero. Porque desde já lhe aviso - se você não abandonar as drogas a partir de agora, o seu único e certo destino será a morte e esse sofrimento todo que você está vendo. Mas ainda não é tarde para voltar atrás, e nem para se arrepender.
Porém, a decisão final é sua e não posso interferir nela. Agora é o momento de definir o seu destino.

Lágrimas que até então estava tentando conter começaram a cair dos seus olhos.
Sua mente relembra tudo o que havia feito durante a sua vida na Terra. Arrepende-se sinceramente. Desesperou-se ao imaginar que poderia não existir mais saída para a sua vida... Que ali era o fim de tudo... O fim da linha...

- Sim, sim, eu quero! Me libertar de uma vez por todas deste maldito vício. Quero mudar. E vou conseguir!

... e então perdeu mais uma vez os sentidos.

E no hospital...

Depois de muita luta, os médicos conseguiram reanimá-la.
Horas mais tarde, quando acordou, estava na UTI, e observou a sua família. L. não conseguiu conter a emoção. Abraçou e beijou seus pais, e pediu perdão por tudo o que havia feito. Também comunicou sua decisão: estava decidida a se livrar das drogas e assim que saísse do hospital, iria se internar em uma clínica especializada. Precisava de ajuda e sabia que não conseguiria sair dessa sozinha.
Após ver a morte de perto e passado por esta experiência sobrenatural, pela primeira vez em muitos anos, L. ajoelhou-se, agradecendo a DEUS por ter lhe proporcionado esta segunda chance.

Dois anos depois...

Livre das drogas, L. realiza um trabalho social exemplar coordenando uma ONG que atua na recuperação de dependentes químicos. Sua família foi restaurada, e hoje vive uma felicidade que jamais imaginava ser possível. Possuidora de faculdades mediúnicas, também atua como voluntária em um centro espírita.

Camila Souza

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Síndrome de Peter Pan


Toni é um homem já com seus 50 anos, charmoso, alto, de cabelos negros com mechas grisalhas e grandes olhos pretos expressivos. Quando jovem, pensava em se formar em algo sério, como Medicina ou Direito, mas por obra do acaso sua carreira decolou para uma vertente totalmente oposta.
O circo “Le Grand Cirque” havia chegado à sua cidade repleto de espetáculos extraordinários, como malabarismos, domadores de leões, contorcionistas e mágicos misteriosos. As apresentações eram semanais e os ingressos se esgotavam logo no primeiro dia. Por sorte, Toni havia chegado cedo na fila, e já estava com sua entrada garantida...
- Respeitável público! Damos início ao nosso grandioso espetáculo! Bom divertimento!
O rapaz observava com olhar vidrado o apresentador, trajado com seu fraque impecável, sair do palco para dar lugar à primeira atração: Jean Paul e seus poodles adestrados. As atrações continuaram desfilando pelo picadeiro sob os aplausos entusiasmados do público. Vieram: “Ethienné e os malabares incríveis”, os palhaços “Claude e Claudine”, “Napoleon e suas feras” e outros números incríveis.
O apresentador volta para anunciar a última grande atração. Envolto em grande suspense, o mestre de cerimônia chama ao palco MR. H. As luzes vão se tornando mais fracas e o silêncio é quase total.
Coberto com um manto negro, sem erguer a cabeça, ele entra, arrancando suspiros temerosos da platéia. Apresenta-se sob centenas de olhares atentos que mal ousam piscar. A expectativa é grande. Os truques, um mais sensacional que o outro, surpreendem cada vez mais. A apresentação chega ao fim.
Os espectadores, em pé, aplaudem com vibração a performance de MR H. As luzes se acendem totalmente, e o público, encantado, começa a se retirar. Toni é o único que permanece imóvel em seu lugar. Extasiado, ele passa e repassa em sua mente todos os truques, procurando explicações plausíveis para as mágicas. Ele vai para casa e, movido pela curiosidade, sai em busca de um curso de mágica. Toni acaba de escolher o rumo de sua vida.
Após alguns meses tendo aula de mágica, ele percebe que possui um dom natural tão inacreditável que seus professores, pasmos com sua habilidade, o dispensaram do curso.
Assim, usando coisas simples que tinha em casa, passou a fazer pequenas apresentações remuneradas em festas de crianças, que se tornaram tão bem faladas, que o levaram para eventos em sua cidade, depois pelo país, e finalmente, ao redor do mundo.
Contratado por uma grande rede de hotéis, com unidades espalhadas pelo mundo, fez apresentações nas mais diversas cidades. Todos o conheciam como “Toni, o Incrível“, o Mágico Misterioso, de talento nato que se tornou mundialmente famoso em pouquíssimo tempo. Com o sucesso alcançado com seus espetáculos, cresceu também a aura de mistério envolto em sua pessoa. Todos, principalmente os outros mágicos, queriam descobrir quais eram os segredos usados na perfeita execução de seus truques.
Em uma de suas apresentações, mais voltada para o público infantil, Toni se preparava para dar início ao show, enquanto as crianças se espalhavam pela sala e os adultos aguardavam sem expectativa.
Abriram-se as cortinas e o mágico apareceu. Entre palmas e gritos das crianças, teve início o show. O primeiro truque foi relativamente simples. Toni tirava uma série de objetos de dentro da cartola, inclusive um coelho branco de grandes orelhas. Dois homens que assistiam ao espetáculo, sussurravam entre risos:
- Você viu isso? O cara ficou famoso com esse truque furrepa?
- Pois é... ha ha. A cartola com fundo falso. Quase comprei uma dessa outro dia.
As crianças estavam encantadas. Atentas, observavam tudo aplaudindo com entusiasmo. Para os números seguintes, com cartas, cordas, lenços, flores, dinheiro, jornal, as reações não foram diferentes. Os dois adultos lá atrás, ao fim de cada truque sempre tinham algum comentário mordaz:
- Como ninguém percebeu que a corda estava dentro da manga...
- A carta tem uma marcação especial, por isso ele sabe qual é...
- Aquela flor é acionada por um botão na bengala...
Com o fim da apresentação, Toni, ovacionado pelo público, sai apressado, pois em meia hora sairia o vôo para seu próximo destino. Pega o celular para chamar um táxi e percebe que está sem bateria. Vê-se na obrigação de apelar para outros meios. Abre sua mochila de mão, tateando em busca de algo. Tira a cartola, a bengala, um vestido, uma pomba, uma cadeira, uma bola, e nada do que realmente procurava. Até que finalmente acha. No pote, escrito em grandes letras vermelhas: pó de pirlimpimpim.
Toni, sem se preocupar se havia alguém observando, pega uma porção do pó brilhante e atira para cima.
Uma das crianças que assistira ao seu show, o vê desaparecer. Chama seu pai, um dos dois incrédulos presentes, e desesperada, fala:
- Paaaai, o mágico sumiu! Eu vi pai! Lá fora, agora. Ele tava lá inteirinho, e num passe de mágica, ele sumiu...não tava mais lá! Desapareceu.
O pai, indignado, olha pra seu amigo, o outro cético, e diz:
- Esses mágicos de hoje... que vergonha. Ao invés de se aprimorarem, acabam investindo em tecnologias.
O outro, de pronto, responde:
- Holograma né cara... quase comprei um desse outro dia.



Letícia Mueller

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Somos sobrenaturais?



Assunto polêmico esse de "Poderes Sobrenaturais": muitas são as crenças, mutas definições, um universo de situações acerca disso, Mas afinal, o que é sobrenatural?
É considerado sobrenatural aquilo que a ciência ainda não confirma ou tudo aquilo que se refere a coisas não testadas tais como: teletransporte do corpo físico ou mental, formas de premonição, incluindo-se aqui as formas divinatórias como cartomancia, tarot, a incorporação e a visão de pessoas já mortas.
O sobrenatural sempre esteve na história e na estória humana seja em forma de contos ou de experiências passadas em famílias. A mistura e incorporação de novos dados vêm confirmando uma série de coisas chamadas de sobrenaturais - já pertencem à ciência em si adaptando-se formas orientais e ocidentais de visão dos arquétipos, tem-se a certeza de que várias coisas antes tidas como impossíveis são na verdade totalmente possíveis dentro de certos padrões. A paranormalidade deixou o campo do impossível e agora é vista como forma alternativa para sanar até mesmo doenças humanas.
Todos sabemos que, nos seres humanos, usamos cerca de apenas 10% de nossa capacidade mental. Diante desse dado, sempre me coloco a pensar: não seríamos nós capazes, se usassemos desses 90% que nos restam, de levitarmos, de vermos o futuro, ou falarmos com pessoas que não estão mais no mesmo plano astral que nós?
Qual é a explicação científica para alguém que possui uma doença fatal como o câncer, do dia para a noite, não mais ter doença alguma, como citei acima usando do poder de uma mente em concentração?
Qual é a explicação que a ciência nos dá (além do uso da nossa capacidade mental) de que pensamentos positivos atraem coisas positivas?
A mente humana possui caminhos ainda não percorridos...
Eu não questiono a supremacia de nosso Deus... Até a ligação com Ele podemos considerar sobrenatural, não?
Mas eu acredito que somos mais potenciais do que meros seres andantes e algumas vezes pensantes...
A nossa própria existência, nosso início, é contraditório... não seríamos nos obra do sobrenatural?

"Existem mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia". Já disse Shakespeare!



Maria Jaqueline

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os Gatos Sobrenaturais de Gisele



Introdução :

Algumas pessoas afirmam que os gatos têm poderes sobrenaturais desde o antigo Egito . O mais interessante é que lá havia uma deusa em forma de gato .
Hoje em dia , muitos místicos afirmam que os gatos têm poderes intuitivos e se comunicam com almas . Tanto , que existem muitos gatos em cemitérios .
Casos de gatos sobrenaturais , aconteceram com a minha família e relatarei os casos abaixo .

Desenvolvimento :

Quando a minha irmã decidiu morar sozinha , na antiga casa dos nossos pais , no bairro Jardim Centauro em Curitiba , ela resolveu adotar um cachorro .
Mas , como este cão era muito agitado , ela resolveu doa – lo e pensou em ter um gato .
Até que ela entrou em contato com uma amiga , que lhe doou uma gata da raça siamês .
Gisele colocou o seu nome de : Ratzo .
Quando a minha irmã entrava em seu quarto para orar , esta gata ficava em vigília , com os seus olhos estalados até a oração se encerrar .
Mas , o que realmente este animal estranhava era o meu antigo quarto . Pois , eu tinha certeza de que neste aposento havia um espírito ou mais . Afinal , eu tive vários pesadelos estranhos lá .
Ratzo entrava em todos os aposentos da minha casa , menos no meu ex – quarto . Uma vez Gisele , jogou esta gata lá dentro , assim ela miou demais e tentou escapar .
Até que minha irmã resolveu exorcizar o meu antigo quarto , através da oração : Exconjuro .
Deste jeito , a gata perdeu o medo e passou a freqüentar este aposento .

Porém , minha irmã viu que Ratzo estava se sentindo sozinha e resolveu adotar um companheiro para ela .
Gisele soube que um amigo da faculdade estava doando um gato preto , cujo o nome era Leviatã . Então , ela adotou este gato , mas mudou o seu nome para Akenaton .
Um certo dia , Daniel , amigo da minha irmã sonhou que tentaram matar Akenaton , ela ficou preocupada , mas mesmo assim , deixou o gato livre .
Dois dias depois , minha mãe sonhou que Akenaton teve um acidente . Então , ela ligou para a minha irmã e disse :
- Gisele , acho melhor você colocar uma fita vermelha , no gato preto , pois eu sonhei que ele teve um acidente .
Três dias depois , este gato apareceu com o rabo todo machucado . Assim , minha irmã fez curativos nele .
Ratzo e Aknaton tiveram lindos filhotes : Raya , Windy , Apolo , Adonai e Veltro .
Neste período , minha irmã convidou Simone , sua amiga , para morar junto com ela . Simone aceitou a proposta .
Uma vez , a gata Windy , ficou 10 dias desaparecida .
Minha irmã ficou preocupada , mas ela teve um sonho : ela sonhou que Windy tinha fugido para a casa de uma senhora , que morava perto da casa atual dos meus pais , no Jardim Santa Bárbara , em Curitiba .
Então , Gisele procurou Windy peto do local do sonho e achou a bichana numa casa igual a do seu sonho . Assim , ela recuperou o animal .
O gato Veltro se apegou muito a Simone , tanto que quando ela se fecha no banheiro para tomar banho , este gato fica desesperado e começa a miar . Deste jeito , a minha irmã mudou o nome dele para Simônio .
Hoje , algumas gatas , deram ninhadas de lindos filhotes .
E você leitor , gostaria de ter um gatinho sobrenatural como estes ?


Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 19 de maio de 2009

Poderes Naturais


Antes de começar meu texto, só preciso fazer uma observação. Lendo o texto de segunda, vi que a Ingrid pensa a mesma coisa que eu em relação a Deus e vampiros (sim porque sou apaixonada por vampiros, mas meu amor por Deus é maior!). Porém, já que ela nos apresentou Deus, vou apresentar os vampiros. Estes que são os mais representados por seus poderes sobrenaturais. Há várias formas de representação de um vampiro, mas a base, o fundamento deles, segundo a maioria dos filmes e do pensamento imediato das pessoas em geral, são seus poderes sobrenaturais. O conde Drácula, por exemplo, diz a lenda que realmente existiu e bebia o sangue de seus inimigos, tinham aversão a espelhos e tinha doença que o impedia de sair de dia. Enfim, se olharmos pelos séculos passados, as pessoas não tinha muito conhecimento da ciência nos ramos psicológicos e então se impressionavam com qualquer coisa (acredito que a idéia de existir vampiro antigamente era muito válida). Até mesmo aquelas doenças em que as pessoas morrem por dois dias e depois voltam a vida, ou mortos que se mexiam nos caixões por puro impulso do organismo que ainda não tinha se desligado totalmente, doenças mentais , enfim, eram considerados escândalos, bruxaria, coisas do diabo ou o que quer que seja. Por isso, hoje em dia, a idéia de que os vampiros não possam existir é porque segundo a visão dos descrédulos, seria impossível existir pessoas (vampiros) com poderes como voar, transformar-se num morcego, ser imortal e etc. Porém, acredito que, para ser um vampiro, não é preciso ter poderes sobrenaturais. Há pessoas que entortam garfos, que fazem coisas com seus corpos, que aparentemente parecem estar fazendo algo sobrenatural e apenas usa a força da mente ou faz algo que pode ser explicado cientificamente. Mas é claro que, nem tudo pode ser explicado e pode ser que alguns casos seja a parte espiritual mesmo. Mas, a se tratar de vampiro, não é preciso ter poderes sobrenaturais para ser um. A nossa mente trabalha toda hora e é preciso saber diferenciar aquilo que é cientifico, mental ou espiritual., Vampiros não são mitos, nem lendas, nem seres com poderes sobrenaturais!São seres como nós, que necessitam de sangue, que às vezes não suportam nem se olhar no espelho, tem surtos, conseguem voar nos pensamentos, ficam sem dormir, não gostam da luz do dia e também despertam nos caixões de suas o ilusões. Bom, espero que tenham entendido meu recado: Diferenciar sempre o sobrenatural, o científico e o mental.



Beijos da Bia Silva

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Tema da semana: Poderes Sobrenaturais

O Todo Poderoso



Os índios buscavam alguém pra adorar, não duvido que os homens das cavernas também, o ser humano gosta de ver poderes sobrenaturais saindo de alguém, se isso não fosse verdade novelas com mutantes não teriam ibope. Eu sinceramente gosto de imaginar um Deus muito maior, mais forte, mais sábio, e com poderes mais que sobrenaturais cuidando de mim.
Pra quem não sabe, eu sou evangélica. Uma religião que hoje em dia é vista como a religião dos ignorantes seguidores de um grande dinheirista, pra mim, ser evangélico e seguir um Deus maravilhoso e com poderes nada comparáveis.
Quando soube do tema pensei logo na minha paixão pelos vampiros e seu “poderes”, mas logo pensei em porque não apresentar o meu Deus pra galera?! Há muitos anos tenho acreditado e seguido valores que são relacionados a Deus, tenho falado com eles todos os dias, e creio que ele me ouve e cuida de mim. Deus, um ser onisciente, onipresente, e onipotente (sabe todas as coisas, esta em todos os lugares, tem todo o poder), um ser em quem eu acredito e confio. Como já disse um amigo meu, Deus só sentindo. Eu o sinto e o amo; e mesmo não sabendo explicar tenho absoluta certeza de que o amo.
E é Ele que eu espero até o fim da minha vida exalando seus PODERES SOBRENATURAIS.


Ingrid Moraes

domingo, 17 de maio de 2009

As quatro linhas como última fronteira





Elas estavam indo bem, ganhando o jogo, até que tiveram a ingênua ideia de que, para vencer, precisavam imitar o adversário. Foi assim que se iniciou o processo de masculinização da mulher. Vestiram então um tailleur para imitar o terno, e saíram pelo muno engrossando a voz e fumando charuto para mostrar “eu também posso”. Nem se deram conta de que, em um mundo todo errado (não coincidentemente liderado por homens), estavam entrando na contramão da evolução. Acreditar que é preciso mimetizar o oponente para ser bem sucedido em uma batalha é o mesmo que um homem de Neanderthal acreditar que precisa andar de quatro para enfrentar um mamute. Mas, por uma lógica coletiva infeliz, este foi o caminho trilhado, e chegou-se assim à última fronteira do remedeio combativo: as quatro linhas, o campo de futebol. Se antes havia repulsa, hoje o jogo da marmanjada é compartilhado, virando motivo de confraternizações sociais e até de “disputas” entre marido e mulher sobre qual é o melhor time. A velha imagem do homem bebendo cerveja no sofá enquanto a mulher toma conta dos filhos e do jantar já é quase uma cena do passado, tão anacrônica quanto aquele postal do seu avô que exibe os cavalheiros no bonde, elegantes com seus cabelos a escovinha e outras vaidades de artigos de toucador.

Não que mulheres torcendo seja uma bobagem sem tamanho: o fato é que qualquer ser humano torcendo é uma bobagem sem tamanho. OK, temos momentos em que esse ritual toma ares de patriotismo e respeitamos nossos atletas como heróis, como nossos embaixadores em um embate pacífico, o que é ótimo. Mas perder 90 minutos preciosos da vida se remoendo na frente de um aparelho de TV para que um grupo, formado por pessoas que você não conhece e que não conhecem você, coloquem uma esfera de couro recheada de ar dentro de um espaço retangular de 2,44m x 7,32m beira o patético.

Se o raciocínio soa exagerado, vamos não a dez mas sim a 11 motivos (para casar com o tema) que demonstram o quanto torcer é um retrocesso no campo feminino e uma tolice desmedida para qualquer um dos sexos:

1) Torcedor é...
Alguém que quer se sentir vitorioso não fazendo nada, apenas torcendo para que alguém faça por ele. Faça-me o favor, é o máximo da humilhação você delegar a outrem a responsabilidade de fazer conquistas e assim elevar sua auto-estima. Em termos nada polidos, podemos fazer valer o dito de que é o mesmo que "gozar com o pau alheio". Quando não temos do que nos orgulhar em nossos atributos naturais ou construídos, passamos a ter de nos abraçar a motivos externos: a cidade em que moramos, nossa linhagem familiar, nossa tradição étnica e... o time pelo qual torcemos. Certa vez, ao ser indagado sobre o que faria para recuperar o orgulho de ser alemão, o premier Gerhard Schroeder simplesmente respondeu: “ninguém tem de ter orgulho de ser alemão. Temos de ter orgulho daquilo que construímos e conquistamos e não daquilo que ganhamos de graça”. Gol de Schroeder.


2) Vencedor sem mérito. Aliás, “vencedor”?
Ser torcedor é isso, é ter orgulho de algo pelo qual não há mérito algum. Nada. Zero. A pessoa vê seu time ganhar um campeonato e sai pela rua vestindo uma camisa ou faixa de campeão. Mas campeão de que? A criatura não pegou numa bola, não pisou no campo um segundo sequer e nem ao menos entrou em forma (pelo contrário, deixou crescer o barrigão tomando cerveja enquanto berrava contra as 500g a mais do Ronaldinho). Daí, o torcedor ou torcedora irá alegar que seu esforço, somado ao de inúmeros “irmãos” da nação rubronegra-alviverde-colorada-ou-sei-lá-das-quantas, é que impulsiona o time à vitória. O engraçado é que as mesmas pessoas que jogam este argumento são as que não se empenham em votar bem nas eleições, porque dizem que seu voto sozinho não fará a menor diferença.

3) Vitaminando o extremismo
Hooligans, manchas verdes, gaviões e congêneres espalhados mundo afora tem a convicção de que você, cidadão ou cidadã, que não gosta do time deles é ou um imbecil ou uma ameaça. Então pau pra cima de você. Claro, quem mandou escolher o time errado. O mais absurdo é a divisão que as rivalidades promovem nas cidades e comunidades, fazendo com que dois vizinhos de condomínio se achem rivais só porque estão em lados opostos nas arquibancadas. Um segregacionismo estúpido que semanalmente leva aos noticiários manchetes de morte e mutilação, às vezes até mesmo em família. Talvez você não se identifique com esta faceta intolerante, mas se você alguma vez já chorou ou ficou de mau humor porque seu time sucumbiu a um oponente, cuidado, o vírus do extremismo pode estar em você, mesmo que em doses aparentemente administráveis.

4) Desvirtuando a atenção daquilo que realmente merece atenção
Divórcios, faltas ao emprego e endividamentos são recorrentes na vida dos fanáticos. Mas mesmo quem não encontra-se em estágio patológico tem um sério problema ao ficar torcendo em frente à TV ou em um estádio. Porque poderia estar lendo um livro e se aculturando, frequentando algum curso, passeando com a família em um parque ou, enfim, exercitando qualquer outra atividade mais construtiva do que berrar palavrões para alguém que nem os ouvirá. O mais ridículo: poderia estar praticando um esporte e ficando tão saudável quanto aqueles homens e mulheres lá das quatro linhas. Ao contrário do esporte, torcer costuma fazer mal à saúde. Além de gerar gastos de dinheiro e energia que são falsamente recompensados quando o time ganha (o que, em campeonatos, é uma possibilidade bem mais remota que a derrota).

5) Vítimas do merchandising
Tomar Brahma porque o Ronaldinho é garoto propaganda não faz muito sentido, principalmente porque sabidamente atletas são proibidos de consumir álcool e outras porcarias. Mas o incrível é que a receita incoerente dá certo. Isso porque o torcedor e a torcedora são pessoas que quase nunca têm opinião própria. Afinal, se tivessem, procurariam no mínimo repensar o motivo de se empenharem tanto em nome de um clube de futebol do qual não são acionistas. Aliás, do qual na grande maioria das vezes nem freqüentam como associados. Torcedor cria simpatia por um produto só porque seu logotipo está estampado na camisa de seu time, não importa se é de uma marca leite que foi vendido contaminado com água sanitária para milhares de crianças. É como diz uma velha canção da Plebe Rude: “cale a boca e consuma”, no caso, merecendo aqui um remendo: “cale a boca, torça e consuma”.

6) Mercenários sem bandeira
O que faz uma pessoa torcer por um time se os seus quadros, tanto de atletas quanto de dirigentes, mudam quase que por completo no espaço de tempo inferior a uma década? Ou seja, o time pelo qual se começou a torcer na infância não tem absolutamente nada a ver com o que se torce na adolescência, e certamente será outro totalmente distinto quando se chegar à idade adulta. Jogadores, seus agentes e os dirigentes estão só interessados em cifras, e mudam de camisa sempre que surge a melhor oferta. Enquanto isso, os fiéis torcedores se matam em nome de um brasão, porque afinal é sempre apenas isso que resta de um time: seu símbolo. Nem mais há a relação de identidade, de perceber ali no time os seus pares, por uma questão regional que seja. O time do Atlético Paranaense que sagrou-se campeão brasileiro tinha como artilheiro Alex MINEIRO. Já seu arqui-rival, o Coritiba, tem como grande goleador Marcelinho PARAÍBA. Tem por enquanto, já que quando surgir oferta melhor, lá sairá ele pelo mundo, provavelmente marcando gols em cima do próprio Coritiba. Para ódio dos mesmos torcedores que hoje o idolatram.

7) Admirando acéfalos
Amar de paixão homens truculentos e ignorantes é realmente um hobby dos mais ilógicos. Todos conhecemos um sem número de frases imbecis e entrevistas embaraçosas que saíram da boca de jogadores de futebol. Também vemos diariamente episódios de violência em campo e fora dele que comprovam o quanto os astros das quatro linhas carecem de compostura. Agora, admirá-los só porque têm habilidade com uma bola, é desconsiderar todo o componente humano que os embala. E sempre vemos recepções acaloradas nos aeroportos, com torcedores dando as boas-vindas quando os dirigentes adquirem um atleta que marca gols mas bate na mãe e faz faltas graves nos oponentes. Se é para admirar alguém, que seja alguém mais inteligente e mais gentil do que eu. O contrário seria me rebaixar perante minhas próprias referências pessoais, seria me desqualificar por conta de meus ídolos, seria acreditar que a habilidade com os pés é superior à exercida com o cérebro.

8) Todo time se acha
Você já viu um time que se diz derrotado? Ou cujo hino fala dos infortúnios do passado? Não, todo time se acha o suprasumo do brio, vigor e vocação para a vitória. Sendo assim, é muito fácil ser torcedor. Você sempre estará entre vitoriosos natos. É claro que geralmente as pessoas preferem escolher aquelas bandeiras que ostentam o maior número de títulos, daí o motivo de Flamengo e Corinthians serem os que mais somam torcedores em nosso Brasilzão. E aí ocorre um processo de transferência: se o hino diz que o time é o bam-bam-bam, eu, que torço por ele, lógico, sou tão bam-bam-bam quanto. A modéstia não é o forte nos times de futebol. Nem nos torcedores. Por incrível que pareça, torcer faz bem para o ego. Mesmo sendo um falso ego.

9) Martírio sem sentido
Faz sentido sofrer e se desesperar por alguém que não terá a menor intervenção na minha vida? Aliás, que não exercerá qualquer mudança na vida de qualquer pessoa que não sejam os atletas, os dirigentes e seus familiares? Torcedor tem de ser um sadomasoquista em potencial. Alguém que trepudia em cima dos amigos quando seu time vence o deles, e que se submete a entrar em depressão quando acontece o contrário. E dificilmente se tocam do factóide que é esta situação: que aquela derrota na final da Libertadores não fará a menor diferença em seu ambiente social e doméstico. Também, quando ocorre a vitória, não haverá aumento de salário ou o ganho de um pacote de férias para a Europa, o que significa que a histeria movida pelo campeonato é uma ilusão de dimensões gigantescas gerada apenas por uma questão de fanatismo. Mas, como diria Rita Lee: “não adianta chamar quando alguém está perdido procurando se encontrar”.

10) Identidade zero
A pergunta é: torcer pra que? Que motivo leva uma pessoa a olhar para uma flâmula e beijá-la como se tivesse sido parido por ela? Em mais de 90% dos casos a resposta é um argumento de desconcertante imbecilidade: “porque meu time é raça!”, “isso não se explica, é coisa daqui ó, do coração”, e por aí vai. Não continuemos porque é de deixar ruborizado. Enfim, o sujeito ou sujeita passa a vida acreditando que seu "amor" fará alguma diferença na vida daquela bandeira e vice-versa. Mas pior ainda é a criatura que torce para o time dos outros, ou melhor, de outro estado ou país. A pessoa nunca pisou no Rio de Janeiro mas é Vasco roxo, nunca esteve nos pampas mas é Inter até a alma. É o cúmulo da falta de identidade e da prostituição territorial. Não que vivamos em guerra com vizinhos, mas se é para eleger alguém por quem eu vou me esgoelar, que seja ao menos alguém de dentro de casa.

11) Deixa-se de se torcer para quem realmente merece torcida
A pessoa muitas vezes não dá atenção ao filho porque está no começo do segundo tempo, enquanto que o menino está lá na beira da mesinha de centro, precisando de um apoio para a lição de casa do dia seguinte. A esposa ou esposo quer orientação em uma decisão importante, mas a criatura não pode agora, precisa combinar com os amigos a lista de petiscos para logo mais na transmissão das semi-finais no pay-per-view da casa do Zeca. A família quer combinar o aniversário de alguém importante, mas daí lembra que um dos principais convidados estará viajando para assistir a um jogo das quartas de final em outro estado. É ridículo, mas essas situações são recorrentes. Ficam de lado as pessoas e causas relevantes, em nome de uma paixão absolutamente inexplicável e infrutífera. As mulheres poderão reclamar que preferem hoje estar dividindo espaço com seus maridos nos estádios a ficar em casa cuidando dos rebentos e da limpeza do lar, só que qualquer ser humano minimamente coerente preferirá zelar pelo ambiente familiar a se empenhar por torcer por quem é de fora. Todos temos primos viciados, irmãos em crise financeira, casais de amigos se separando e cunhadas desempregadas, mas acabamos nos dedicando menos a eles do que a um bando de marmanjos e marmanjas que nada têm a ver com nossas vidas. Se é para torcer, que ao menos seja por quem merece, precisa e está em nosso real campo de influência.

De mais a mais, para as mulheres que ainda não se convenceram da bobajarada que é torcer para um time de futebol, é bom que saibam que, para os homens, a adesão do gênero feminino representa apenas mais lucro nas bilheterias dos estádios e nas lojas de produtos temáticos, além de ser um contingente de gostosas que irá deixar as arquibancadas mais aprazíveis. O deboche quanto a mulher não entender de futebol acabou, afinal o desempenho superior da seleção feminina, em comparação à masculina, fez cair por terra as brincadeirinhas quanto à falta de compreensão das moças neste esporte. Mas, sempre que possível, se tira uma casquinha, haja vista a situação de uma bandeirinha incompetente que acabou sendo despida para virar objeto de masturbação nas páginas de Playboy. Interessante notar que as feministas de plantão se apressam em queimar sutiãs, mas nenhuma fez qualquer crítica a uma revista masculina demonstrar em público que mulher no futebol merece ser objeto do desejo mesmo quando numa das posições mais sérias das quatro linhas.

Infelizmente, a sina de torcedor (nossa tal "vocação para plateia" tão lamentada pela Denise Stoklos) é uma maldição típica do brasileiro. Somos um povo com auto-imagem de cucaracha, de guapeca. Sendo assim, temos no futebol uma das raras oportunidades de nos sobrepor ao resto do mundo. Como nossos méritos são nanicos, nossos times oferecem a chance da revanche. A vingança do pipoqueiro em escala descomunal, com estádios lotados e bilhões em cifras. Motivos suficientes para nenhuma emissora de rádio ou TV fazer qualquer crítica à alienação que o hábito de torcer significa. E é um mercado resistente a crises ou turbulências: quem não se lembra dos momentos críticos dos governos militares, em que vencíamos a Copa do Mundo enquanto os verdadeiros heróis da nação morriam anônimos e torturados nos porões da ditadura?

E, só pra encerrar, ao invés de torcer, mesmo que seja por um colega de trabalho que batalha por uma promoção, tiremos a bunda da poltrona e façamos algo para que as coisas aconteçam. Porque o mundo já está cheio de gente omissa que coloca na mão dos outros o próprio direito inalienável de ser feliz e de fazer os outros felizes. Não torça, faça.


Mario Lopes

sábado, 16 de maio de 2009

Novas Modas Em Época de Gripe Suína


Como todos sabem , a gripe suína é o vírus da influenza A ( H1N1 ) , que começou há quinze dias no México e se espalhou por todo o mundo .
Dias atrás fui convidada para um baile de máscaras numa cidade do interior do Paraná e para isto escolhi uma fantasia de colombina . Mas chegando ao local , fiquei assustada pois vi muitas pessoas usando máscaras cirúrgicas , iguais as que os mexicanos estão usando para se prevenir desta gripe . Porém fiquei encantada ao ver máscaras cirúrgicas decoradas , com vários motivos : piratas , bruxas e até mesmo a própria morte . No dia seguinte resolvi pesquisar no Google as seguintes palavras na seguinte ordem : “ máscaras cirúrgicas decoradas “ . Por conseqüência deparei – me com imagens criativas , exemplo : uma mexicana com vestido xadrez usando uma máscara xadrez da mesma estampa do traje . Porém o mais interessante era que sua cachorrinha poodle também usava uma máscara combinando com a sua vestimenta .
Assim ao entrar no ônibus falei sobre esta nova moda para uma amiga que é enfermeira . Desta maneira ela comentou :
- Com o avanço da influenza suína surgiu uma outra moda nada saudável : pessoas estão tomando remédios para gripe sem prescrição médica . O problema é que além disto , estas criaturas estão exagerando na dose . No hospital em que trabalho , só esta semana , apareceram cinco casos de pessoas que tomaram doses exageradas do remédio Tamiflu e nem sequer estavam doentes .
Deste jeito eu disse :
- Tomar remédios sem receita médica pode gerar intoxicação grave .
- Há certos momentos na vida em que o medo prejudica tudo . Por isto é que não concordo com aquele ditado que diz : “ É melhor pecar pelo exagero do que pela omissão “ . Afinal , o exagero pode levar à morte .


Luciana do Rocio Mallon

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Quando é um homem que estraga tudo


Amo futebol desde criança. Lembro que levava minhas chuteiras para a escola para jogar com meus amigos no intervalo. Nós jogávamos trinta minutos, sem direito a pausa ou reclamação. Minha mãe só não gostava das roupas sujas:
- Como vou limpar essas meias? Ela berrava.
Mas no fim, era sempre ela quem me dava novas chuteiras.
Com o tempo, fui crescendo e troquei a bola de futebol e as chuteiras por um uniforme oficial do meu time, pelo qual eu torcia, gritava e chorava sempre que possível. Todos os jogos eram inesquecíveis e me marcavam de alguma forma, e no último, não foi diferente.
Era um domingo. Eu havia acordado às 11h30. Fui direto para o banho, vesti o uniforme do time do meu coração, almocei. O jogo era às 16h e o relógio já marcava 14h05. Saí correndo com meu carro, parei no estacionamento de sempre, em frente ao estádio, e fui direto às catracas que davam acesso às cadeiras.
Subi as escadas. As arquibancadas ainda não estavam completamente lotadas. Fui até a fileira do meio e, olhando para a linha divisória do campo, sentei na posição mais central possível.
Ainda eram 14h50. O tempo estava nublado e ventava forte. O estádio já estava lotado. No lado dos adversários já havia umas duas centenas de torcedores confiantes, afinal, o CAF vinha com retrospecto favorável no nosso campo, tendo vencido os confrontos contra nossa equipe nos últimos três anos.
Fiquei esperando o tempo passar, enquanto observava as pessoas ao meu redor. Algumas eu já conhecia de vista, outras me eram estranhas. Mas, o que importava mesmo era que todos nós estávamos lá pelo mesmo objetivo: ver nosso timão acabar com o CAF.
Faltavam cinco minutos para o início do jogo. Todos se levantaram para cantar o Hino Nacional e depois aplaudiram, gritando VAI TIME!
16h00. O juiz apita. Miller, Nogueira e Brasil, três craques do CFC, já correm para o ataque. Souza, do outro time, rouba a bola de Macedo. A torcida CFC vaia e xinga o juiz. Souza passa a bola para Botelho, mas Vital intercepta a tempo, contra-atacando e mandando a bola bem nos pés de Miller. A torcida vibra com expectativa. Miller chuta de esquerda e POW! GOOOOL!
Eu fecho os olhos e só ouço o C-F-C! C-F-C… ecoando pelo estádio. Abraço o casal que estava ao meu lado e dou um beijo na testa de seu filho.
A bola volta a rolar. Começa a cair uma garoa fina e o pessoal se protege com capas de chuva. Enquanto espero o vendedor de capas passar, o rapaz do casal diz que está indo comprar pizza para o filho, e me pergunta se não quero aproveitar e pedir uma cerveja. Eu agradeço e digo que pago assim que comprar a capa de chuva, pois só tenho uma nota grande.
O que era uma garoa fina, tornou-se um toró. Chovia litros. Eu mal enxergava, mas continuava torcendo. Finalmente, o vendedor de capas passou. Paguei e tentava vestir a capa enquanto ele pegava o troco. Vesti-me de qualquer forma. Ele estendeu o braço, e bem na hora em que abria a mão para me passar o dinheiro, alguém, temendo um gol do CAF, empurrou-o sem querer, e meu troco espalhou-se por sabe-se lá aonde.
A torcida gritava, batia palmas. Miller estava de novo com a bola, e PA! NA TRAAVE! Todos aplaudiram.
O rapaz chegou com minha cerveja e bem na hora em que eu pedia desculpas e contava como havia perdido o dinheiro, o juiz marcava penalidade máxima a nosso favor. Macedo saiu de campo na maca. O casal, felicíssimo, insistia para que eu aceitasse a cerveja. Eu aceitei e bebia o primeiro gole quando Nogueira cobrou o pênalti e não converteu. Enquanto a torcida xingava com palavrões de todos os gêneros, eu sentia a cerveja gelada escorrer pelo meu pescoço. O torcedor ao meu lado nem percebeu que, irado com a falha de Nogueira, gesticulou com força, acertando meu copo, e fazendo com que o líquido desviasse da capa e entrasse pela minha roupa.
A torcida se acalmou, cessaram os palavrões e reiniciaram os gritos de incentivo: VAI CFC! O juiz determina dois minutos de acréscimo e o jogo segue agitado.
Miller, de novo com a bola, segue para o ataque com Souza em seu encalço. Desvia com dois dribles sensacionais, chuta para a área e é GOOOOOL! A torcida vai à loucura. O juiz apita o fim do primeiro tempo.
A chuva ficava cada vez mais forte e alguns torcedores já iam embora, mas, apesar dos pesares, tudo ia bem. CFC ganhava de dois a zero do CAF e só isso já bastava.
Eu me preparava para ir ao banheiro, quando o juiz voltou ao gramado. O que afinal ele foi fazer se ainda faltavam dez minutos para o início do segundo tempo? O clima era tenso. De repente, as pessoas que estavam com fones no ouvido começaram a xingar e se levantaram para sair. Os torcedores estavam irados, e eu nada entendia, até que li no placar eletrônico que o jogo seria suspenso devido à chuva. Decisão do juiz Sr. Roberto Marques.
O que eu poderia fazer? Em três anos, era a primeira vez que meu time estava na frente no placar e tinha todas as chances de vencer, e um juiz @*&%$# suspendeu a partida. Jogo anulado. Saldo final: dois gols de Juliana Miller invalidados, Paula Macedo contundida, três cartões amarelos para o CORITIBA FEMININO CLUB e três para o CLUBE ATLÉTICO FEMININO, todos anulados, cinqüenta reais perdidos, 500 ml de cerveja gelada desperdiçada, e… droga, perdi meu batom.




Letícia Mueller

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Futebol,era coisa para mim!


Quando lembro do meu passado uma as coisas que ele me traz é o futebol. Sim, só no passado porque hoje em dia eu detesto futebol (eu digo, o futebol estrela, as torcidas, o sistema) e não o esporte em si, que, pelo contrário, é muito legal e divertido. Mas vou explicar o porquê.

Tudo começou entre 2003, 2004 e 2005 quando estava na época de escola. Em 2004, eu já participava de campeonatos no colégio e era sempre a goleira. E na sala de aula então? EU PARECIA UM MACHO MESMO, brigava por futebol defendia meu ex-time (Atlético – Pr) com unhas e dentes e, se deixassem, muitos chutes. O Atlético perdia e eu já ficava ensaiando o discurso que falaria no outro dia para me defender da coxarada (principalmente!). Depois, quando mudei de instituição, quis ser atacante, mas sempre tive problemas para instituir o futebol naquele colégio (Positivo, imaginem, as meninas só queriam jogar Handbol e Vôley , blé!!!!!!!). E , por estas e outras, um dia almoçando na escola para a aula de teatro a tarde, percebi um grupo de meninas na quadra fazendo alguns passes com a bola, mansamente, como se estivessem se aquecendo. Achei inusitado aquilo ali naquele lugar em que as meninas não faziam muito isso. Logo, vi o treinador daquele grupo chegando e começando o treino com as gurias. Aquilo me brilhava os olhos, eu adorava futebol e ver que podia fazer futsal me brilhou os olhos novamente. Na outra semana, eu tive jogo de futebol (obrigatório pelo currículo pelo menos uma vez) e acabei jogando com as meninas e umas delas, da minha sala, pareceu bem interessada no esporte também. E, para minha sorte, percebi que, depois que jogamos, o treinador estava no outro lado da quadra treinando o time de futebol masculino. Comentei com minha amiga da minha vontade e fomos conversar com ele e perguntar preços e horários. Ele nos falou do preço e realmente disse a ele que para mim não daria. Mas, inesperadamente, ele disse que havia visto eu e minha amiga jogarmos e que nós fomos muito bem e que daria para gente um mês de graça de treino! Nossa, na hora parecia coisa de filme.

Cheguei a comentar com minha família na época da minha paixão pelo esporte, mas alguns foram totalmente contrários eu treinar o esporte. O único que aceitou, claro, foi meu pai. Lembro-me que saímos para comprar uma chuteira feminina escondido da minha mãe para fazer o treino. E lá ia eu, todas as terças-feiras, 13:30, treinar. Escondia a chuteira na mala par disfarçar e não ir com o sapato direto nos pés. E quando tinha futebol com meninos, eu e minha amiga jogávamos com eles. Mas, um dia, minha mãe abriu a mala e ficou brava, afirmava que aquele esporte era coisa para homem, que eu podia me machucar, cair, quebras os dentes e então tive que parar de fazer (mesmo que eu quisesse não daria pela situação).

Mas, mudando de colégio novamente para um público, foi onde tudo mudou (e para melhor). Lá, aprendi, na simplicidade em relação ao outro colégio que eu estudava, o que era o futebol. Uma vez, na aula de educação física, eu e uma amiga minha, a Janaina que também adorava o esporte, pedimos para jogar com os meninos. Lembro-me que, naquela tarde ensolarada na quadra do colégio Estadual do Paraná, os meninos riam da gente com o que acabamos de pedir (até porque eles eram trinta vezes mais altos que nós duas juntas!). Mas, até que um lá do meio, gritou: - “Deixem que elas joguem, se forem boas, ficam!". Os outros, mesmo que rindo, concordaram. E jogando, minha amiga fez um gol. E no outro tempo, eu fiz um. Os guris vieram falando que só tínhamos feito gols porque os goleiros deixaram (sabe né, aquela coisa de macho com o ego ferido, né!?). Mas, alguns pro outro lado, reconheceram nossa agilidade. Na outra semana, achei até engraçado pois eu e Janaína sempre ficávamos queitinhas na sala, só observando quando eles papeavam sobre o time de futebol e qual seria o time do dia. E, naquela semana, eles discutiam e um deles olhou para nós e soltou um espontâneo e desajeitado “Éééé, vocês vão jogar também?!”. Caramba, engraçado mesmo ver aqueles meninos semanas antes sempre concentrados e naquela dando atenção a duas novas possíveis integrantes. Respondemos que sim e alguns ficaram “meio assim” pois levavam a sério mesmo e achavam, por algum motivo, que com nós, seria um jogo de divertimento apenas.

Na quadra, nós duas já de top por baixo da blusa , cabelos presos, tênis apertados, observávamos os meninos e esperávamos chamarem. Até que o mesmo menino da sala, que nos chamou, falou: - “ Galera, que vocês acham, então de cada uma delas escolher seu próprio time?!”. Nossa! Alguns olharam para ele com cara de “calaabocacara!” . Mas, quando olharam para nós duas ali, impostas, decididas e como se tudo indicasse para fazermos um time para cada uma, eles concordaram. E eu, pela primeira vez, escolhendo meu time de jogadores HOMENS!

Jogamos assim durante muito tempo nas tardes ensolaradas do CEP. Uma vez, eu e Jana fomos jogar com as meninas (quando elas concordaram em jogar futebol!), e eu quase acertei o joelho de uma (sim, eu chutei a bola para o gol fraquinho e foi no joelho da guria que chegou a chorar!). Na mesma época, eu por sempre estar por dentro do futebol, vendo com meu pai, seguindo o atlético, acabei conhecendo o ex- jogador Shumacker que na época estava sendo um fenômeno no time . Mas, conversando com ele, ele me mostrou um outro lado do futebol (o lado em que os jogadores ganham milhões e as vezes não estão nem aí para o time que jogam e sim só para o dinheiro que ganham, que os fãs pagam seus salários e torcem, brigam por seus times para nada!). Aquilo, me revoltava e eu comecei a me desencantar do futebol. Ainda jogava, mas comecei aos poucos a me desligar e tomei outros rumos.

Meu sonho de ser jogadora foi findando ali mas o possível para deixar um depoimento a vocês como hoje e dizer que futebol pode ser coisa para mulher SIM! Só não me peçam pra jogar hoje em dia porque não lembro nem como fazer uma embaixadinha!




Bianca Silva

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Futebol feminino em imagens




Uma seleção de cenas divertidas e reveladoras do esporte rei, ops, ou melhor, do esporte rainha.




Uniforme oficial da juíza: por isso não provoque.




Uma tirinha que corrobora com a pesquisa reveladora de que a (imensa) maioria dos homens prefere futebol a sexo.




Não dá pra ver direito nessa sequência de imagens de muvuca, mas a torcedora de branco ao centro está tirando a blusa pra torcida - se a moda pega...




O símbolo do sexo feminino numa releitura do mundo da bola.




Marta, num passo que lembra ballet, mas que é de artilheira que bate em gols o score de muito macho das quatro linhas.




Antigamente era assim: o homem fazia a mulher perder a cabeça por causa de uma gorduchinha.




Hoje, as mulheres aderiram, só não se sabe ao certo com que interesse...




Time das penosas x Time das peruas




Comemoração típica masculina: o bolo humano, uma das raras ocasiões em que homem se agarrando não é sinônimo de boiolagem. Pra mulher, que vive se abraçando mesmo, a brincadeira não gera a menor celeuma.




Anúncio bem-humorado, mostrando que agora não é mais pecado jogar de salto alto.




Uma tirinha portuguesa com certeza, mas cuja moral pode valer pra além-mares, oh pah!




Pra ser fashion no tema, eis um modelo Louis Vouiton de capotão.




Também tem esse que promete fazer sucesso nas versões com e sem alça.




A bola absorvente: provavelmente para ser utilizada em jogos debaixo de chuva.




A voz do povo...




Exercício em que homens nunca serão páreo: alongamento.




Essa falta, se feita por um homem em outro, gera cartão vermelho para quem a pratica e direito a eutanásia para quem a recebe.

Mario Lopes