sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Máquina Quase Perfeita


Em pleno Século XXI, criei uma máquina há muito sonhada, cuja estimativa para que fosse criada margeava uma espera de no mínimo dois séculos. Por ser uma invenção estupenda, já tentada pelo homem, era necessário um teste minucioso de seu funcionamento que não deixasse dúvidas sobre a eficácia e anulasse qualquer possibilidade de risco mortal.

Portanto, após meses e meses de estudo, usando ratos como cobaias, e obtendo resultados extremamente satisfatórios, concluí que já estava na hora de eu mesmo embarcar nessa loucura e dar um veredito sobre minha invenção: a máquina do tempo.

Fiz os devidos preparativos, arrumei uma mala com roupas para todas as estações e deixei sobre minha mesa um bilhete tendo como remetente eu mesmo, detalhando o funcionamento da máquina e o dia de minha partida, caso eu voltasse com a memória afetada.

Elaborei um itinerário em ordem cronológica, com início na Grécia clássica, pois ansiava conhecer o berço da Filosofia e quem sabe até eu tivesse a sorte de esbarrar com algum grande pensador, como Sócrates ou Aristóteles. Porém, devo ter cometido algum engano na programação, pois acabei passando três séculos do esperado. Eu estava entre IX e VIII a.C., nos tempos Homéricos. Infelizmente, devido ao meu grandíssimo erro, não pude ir atrás de Homero e Hesíodo, e tive de permanecer lá só o tempo suficiente de ver duas ou três pessoas trajando aquelas túnicas brancas.

Com cautela, regulei a máquina e cheguei ao destino esperado, Atenas. Parei próximo a uma arena onde estava ocorrendo provavelmente um dos primeiros Jogos Olímpicos da história da humanidade.

Após minha primeira vitória, viajei até a Idade Média e tudo ocorreu como o esperado. Passeei por Paris, vi a Catedral de Notre Dame com sua arquitetura gótica e tive o desgosto de passar por um ritual da inquisição. Tratei logo de ir embora, mesmo porque, se alguém ali desconfiasse de mim, o meu destino seria a fogueira.


Assim, fui seguindo com minha viagem, de acordo com as expectativas, sem grandes percalços. Na Idade Moderna, cheguei no exato momento em que Pedro Álvares Cabral ouvia:
- “Terra à vista”, e descobria o Brasil após cruzar o Atlântico.

No Renascimento, vi Thomas Morus escrever as últimas páginas de sua maior obra, Utopia. Na Reforma, presenciei a queima de milhares de livros considerados hereges e, durante o Iluminismo, quase fui atacado por um soldado escocês que invadia a Inglaterra - tratei logo de ir embora antes que começasse a Guerra Civil.

Presenciei alguns minutos da Revolução Francesa, com a Tomada da Bastilha e uma revolta de operários da Revolução Industrial. Não quis passar pela Primeira Guerra Mundial, mas acompanhei alguns estragos da Crise de 1929 nos Estados Unidos. Ouvi um discurso de Hitler e novamente pulei a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. A máquina funcionava e eu já podia voltar.

Cheguei em casa felicíssimo. Minha invenção, até então, era um sucesso. Após cerca de 100 dias no passado, eu ficaria uma semana descansando, para enfim cumprir o desafio final. Uma máquina do tempo, que além de viajar para o passado, também deveria levar para o futuro, e já passava da hora de eu garantir que isso também era possível com minha “engrenagem”.

Passei a semana imaginando como seria minha viagem, afinal, o passado não era um mistério propriamente dito, pois havia muitos livros relatando-o. Já o futuro só podia ser imaginado. Nada se sabia do que estava por vir e os que arriscavam algum palpite baseavam-se na imaginação e hipóteses duvidosas. É claro que a maior parte das opiniões convergia para um mesmo ponto: muita tecnologia em qualquer “área” da vida humana. Isso era óbvio demais, mas não menos interessante.

Os dias se passaram tão rápido que, quando vi, eu estava novamente arrumando minha mala e escrevendo um bilhete com novas instruções e com a data de minha partida. A “viagem” foi um tanto quanto estranha, mas ainda dentro do esperado. Meu corpo tremia em convulsões indolores e só o que eu via era uma mistura de cores indefiníveis girando a minha volta.

Finalmente, eu estava lá. Alguns minutos antes eu estava em minha casa, no ano de 2009, e, logo em seguida, eu vivia o ano de 2513, como indicava a máquina. Meu nervosismo atingia seu ápice, pois não sabia o que me esperava do lado de fora.

E se não existissem mais humanos? Apenas E.T’s? E se eles me vissem, o que fariam comigo? E se o mundo estivesse em guerra? Ou pior ainda, e se não existisse mais mundo nenhum? Afinal, que garantia eu tinha para acreditar que encontraria algo além do nada? Superei meus medos e saí da segurança do meu casulo.

Muito havia de diferente, mas existem coisas que nunca mudam. O céu continuava azul e as nuvens brancas, a grama era verde, ainda havia gravidade. As casas eram todas de alumínio e as que pareciam ser mais luxuosas ostentavam um jardim com plantas enormes de cores extravagantes. Os carros flutuavam pelo ar, seguindo um fluxo que me parecia muito organizado. Aliás, nem sei se posso chamar aquilo de carro, pois mais pareciam bolhas movidas por ar.


Caminhando pela rua, tentei descobrir em qual cidade eu estava, mas isso parecia impossível sem referências visuais. A saída era perguntar a alguém com a maior discrição possível, para que eu não passasse por louco.

Fui andando em busca da “civilização”, ansioso para ver os homens do futuro e as suas roupas espaciais, mas, minha surpresa foi ainda maior ao ver um casal caminhando de mãos dadas, felizes, sorridentes... e nus. Aquilo seria extremamente normal para 2009, um casal de um homem e uma mulher, andando juntos na rua, não fosse o fato de estarem despidos. Pensei que talvez eu estivesse em uma área de nudismo, e vi ali uma boa oportunidade de me informar sobre minha localização. Aproximei-me do casal e, no exato instante em que fui visto, notei o pavor incendiar-lhe os olhares. Assustados, saíram correndo, o que me deixou ainda mais surpreso. Apressei o passo para encontrar logo outras pessoas, e acabei chegando ao que seria o centro da cidade. Lá, dezenas de pessoas circulavam vestidas com a roupa que vieram ao mundo. Nus em pelo.

Concluí que estava em uma cidade naturista, mas ainda me faltava saber seu nome e onde exatamente estava localizada. Era interessante pensar que, talvez, o Afeganistão opressor e tradicionalista da minha atualidade vivesse essa nova realidade libertária. Porém, estava impossível eu conseguir me comunicar com alguém, pois todos me olhavam com repúdio. Olhei pra mim mesmo, tentando achar algo discrepante além de minhas roupas, mas eu era fisicamente idêntico a qualquer homem ali presente.

Pasmo com a situação, mal eu imaginava que o pior ainda não havia acontecido. De repente, fui abordado por dois homens (nus, obviamente) que me ameaçavam com um objeto prateado, enquanto evitavam olhar para mim. Eles me empurraram até a sua “bolha”, gritando coisas horríveis ao mesmo tempo em que não me deixavam argumentar em minha defesa.

Fui levado para uma espécie de delegacia e, durante o trajeto, percebi que todos, sem exceção, andavam nus. Sendo assim, conclui que eu estava em um ambiente em que o “fora da lei” era eu. Ouvi as acusações da autoridade:
· Atentado violento ao pudor
· Uso indevido de recursos naturais
· Desrespeito à autoridade
· Perturbação a ordem pública
Eu me desculpei e fui liberado... sem roupas.

Andando a esmo pelas ruas, achei uma biblioteca e percebi que ali estava a minha grande chance de sanar todas as minhas dúvidas. Fui logo em busca de periódicos e, não os achando, pedi ao atendente robô. Ele me veio com um objeto, o qual chamava de jornal, que mais parecia com uma pequeníssima folha de papel transparente. Ao invés de virar as páginas para ler as noticias, elas corriam à medida que eu as lia, como se acompanhassem o meu olhar. Li notícias de todos os tipos e todas elas confirmavam que o mundo havia mudado drasticamente. Eu não estava em uma cidade naturista, mas em um mundo naturista.

Procurei em livros de história o curso dos acontecimentos e descobri que, há cerca de duzentos anos, o fim do mundo estava próximo. A natureza morria aceleradamente e o homem apenas piorava a situação, acabando com os poucos recursos naturais que restavam. Os cientistas avançaram com suas pesquisas, e descobriram que a solução mais viável era conseguir a total harmonia entre o homem e a natureza. Ao ler isso, não consegui conter uma gargalhada. Afinal, que cientistas do futuro são estes que repetem o que até meu sobrinho de quatro anos vem aprendendo no colégio?

Continuando a minha leitura, vi que a situação não era nem um pouco risível, mesmo porque, os cientistas dos séculos XXV e XXVI partiram da teoria e do falatório para a prática. Todos os recursos não renováveis passaram a ser substituídos por outros, e mesmo os renováveis eram usados com cautela. Sendo assim, os produtos feitos com esses recursos renováveis tiveram sua matéria-prima substituída por substâncias sintéticas que não agrediam a natureza e protegiam o homem.

As roupas, feitas de algodão, lã, seda, e outros tecidos, tornaram-se desnecessárias a partir do momento em que um creme isolante térmico e com fator UV altíssimo, foi criado. Isso explicava tudo. O fato de eu estar vestido infringia as leis naturistas universais vigentes, pois eu usufruía de um bem muito valioso, visto que era natural.

Fiquei admirado com o senso de consciência que a humanidade conseguiu desenvolver ao longo dos anos, o que não correspondia com as expectativas. Reparei que a sociabilidade tornara-se fácil e qualquer tipo de preconceito, por ser considerado primitivo, estava extinto. Mesmo não dispondo de objetos que pudessem registrar o momento, eu sabia que era hora de voltar para casa. Chequei a máquina e nunca tive tanta pena de ter que usá-la, mesmo porque eu sabia que não viveria tempo suficiente para gozar de toda aquela benesse. Dei uma última olhada no “paraíso” e girei o botão.

Cometi um pequeno engano, engano esse nada fora do esperado, afinal, era a primeira vez que eu voltava do futuro e acabei parando a uma quadra de minha casa. Sai do casulo e fui caminhando tranqüilo, refletindo sobre aquele mundo tão utópico, mas ao mesmo tempo tão real.
De repente, fui abordado por dois policiais, que me ameaçavam com um cassetete, enquanto evitavam olhar para mim. Eles me empurraram até o camburão, gritando coisas horríveis ao mesmo tempo em que não me deixavam argumentar em minha defesa.

Fui levado para a delegacia e durante o trajeto, percebi que só eu estava nu. Sendo assim, conclui que eu estava novamente em um ambiente em que o “fora da lei” era eu. Ouvi as acusações da autoridade:
· Atentado violento ao pudor
· Desrespeito à autoridade
· Perturbação a ordem pública
Paguei a fiança e fui liberado... com roupas.
Pois é, a máquina me levou ao passado e ao futuro, mas não me vestiu.


Letícia Mueller

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Naturista sí, pero no mucho


Quando recebi o tema dessa semana, devo confessar que me lembrou a música “os alquimistas estão chegando, estão chegando os alquimistas...”, e, depois de ficar com essa música por um bom tempo na cabeça, resolvi escrever sobre a pauta da semana: “Os naturistas estão chegando”. Confesso também que nunca me chamou a atenção esse tema, mas, num primeiro pensamento, achei que fosse uma filosofia na qual se segue pelo simples prazer de ser natural, de não ter vergonha do que se é. Claro que a parte de nudismo passou na minha cabeça, mas não que fosse o princípio de tudo.

Enfim, pesquisando percebi que sim, o nudismo é o centro de tudo... A não ser por um site que fala sobre naturismo cristão, o que me impressionou, já que é muito raro achar algo que me deixe do mesmo lado desta religião.

Antes de tudo quero dizer que apesar de ter sido batizada, feito primeira comunhão, crisma, não frequento a Igreja, sou contra muita coisa pregada por ela, mas aceito todos os que acreditam.
Esse foi o conceito que achei no site (fiquei “de face”):
“A vida é mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes (...) Porque andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem as flores do campo.” (http://naturistascristaos.cjb.net/)


Olha, nada contra falar sobre nudismo, mas alguns sites deveriam oferecer mais informação do que simplesmente trazer um bocado de fotos e vídeos de pessoas curtindo o ser naturista, aliás, talvez o redtube até perca para eles (risos).

Com esse conceito em mente, acho que não concordo com o que diz o tema. Os naturistas não estão chegando. Se estivessem realmente chegando não precisariam ter um espaço somente para eles. Gostaria muito de conhecer um naturista que consiga expressar-se totalmente na cidade.
Um naturista não frequenta shopping? Não vai a restaurantes? Ok, ok, não podemos ir ao extremo, mas naturista não é ir ao extremo? Não se importar?


Sabe, talvez nunca conseguisse ser uma naturista... preocupo-me sim com as minhas vestes, gosto sim de comer e beber bem, acho que não conseguiria ir para uma praia de nudismo, por ficar sem graça, não comigo, mas olhando os outros. Por outro lado, adoro a praia, campo, enfim, a natureza.

Concordo com todas as meninas abaixo quando dizem que devemos expressar nossa liberdade, que devemos gostar de nosso corpo como é, mas isso para mim não é ser naturista. Isso é simplesmente gostar de si e de aproveitar a vida.

Realmente não encontrei no Aurélio (talvez o meu esteja defasado) a definição, somente na Internet, e, como a maioria fala de praia de nudismo, acho que estamos bem longe de conseguirmos ser naturistas 100%, até pelo frio mesmo, né Mário :p



Giana Liebel

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Reflexão Sobre os Naturistas


O Dicionário define naturista como: "partidário do naturismo, que é uma filosofia das pessoas que atribuem a natureza como princípio". Porém, sabemos que esta definição vai além deste mero significado. Tenho uma amiga que se diz naturista - aqui, para preservar o nome real dela, iremos chamá-la de Tiffany. Conversando com esta moça, que é frequentadora assídua da praia de nudismo do Pinho em Santa Catarina, ela definiu naturismo desta forma: “O povo acha que naturista é a pessoa que gosta de frequentar praias de nudismo. Mas isto é uma definição errônea, pois naturismo é um estilo de vida, é andar de mãos dadas com a natureza, brindando à liberdade e respeitando o próprio corpo. Quem é naturista não fuma, não bebe, não usa drogas e não tem preocupações fúteis sobre o corpo. O fato de um naturista andar despido numa praia de nudismo é um símbolo de liberdade, lá ele pode se libertar até da ditadura da beleza. Por exemplo: basta colocar uma mulher exibicionista, que curte rebolar nas ruas da cidade, totalmente sem vestes numa praia de nudismo que lá ela perderá esta vontade toda de rebolar".

Por dedução, podemos afirmar que os primeiros naturistas que surgiram na Terra foram Adão e Eva, afinal eles andavam nus e só consumiam alimentos naturais. Porém, a serpente tentadora ofereceu a maçã proibida da intelectualidade para Eva, que deu o fruto para o marido. Assim nasceu a malícia e os dois ficaram envergonhados ao descobrir que tinham os corpos diferentes. Por isto cobriram-se com folhas de parreira e foram expulsos do Paraíso.


Quando as pessoas falam de naturismo, logo lembro-me da lenda de Lady Godiva, uma mulher vegetariana, defensora da natureza e determinada, que foi obrigada a casar-se com um político quando ainda estava na adolescência. Um dia, ela descobriu que seu esposo explorava o povo com altos impostos e fez uma aposta com ele: se ela saísse nua, montada num cavalo pela vila, o marido seria obrigado a baixar os impostos. Desta maneira, duvidando da ousadia da mulher, o político aceitou a aposta. Então ela saiu nua pela cidade, a cavalo, acompanhada de duas empregadas vestidas. Devido à ousadia, seu marido teve que baixar os impostos. Reza a lenda que até hoje, em Londres, o fantasma de Lady Godiva aparece andando nu sob um cavalo branco, nas noites de Lua Cheia.


Outro fato que me recordo toda a vez que falam em naturismo é uma história que ocorreu com um senhor da minha família. Dizem que este idoso, quando era jovem, morava no interior e gostava de tomar banho nu nos rios e correr despido pelos campos. Alguns anos depois ele veio para a cidade, casou-se e foi morar num conjunto residencial onde as casas são muito próximas umas das outras. Mesmo assim, ele gostava de fazer pipi no quintal, pois achava que a sua urina servia de adubo para as plantas. Um certo dia este senhor foi urinar na horta, quando, de repente, sua filha abriu a porta e notou que o vizinho estava podando as enormes árvores e da sua casa dava para ver ele regando as plantas. O vizinho fez uma cara de indignação, largou seu material e saiu correndo. A jovem então gritou para o seu pai :
- Pai, por acaso estava fazendo pipi no quintal agora?!
Ele respondeu :
- Sim, acabei de fazer.
Quando ele voltou para a casa, a menina comentou:
- O problema é que o vizinho estava podando as árvores do alto e viu a sua atitude de lá.
Ele ficou com vergonha e se recolheu .

Através desta crônica é possível concluir que naturista não é apenas a pessoa que frequenta praias de nudismo, pois ser naturista vai muito além disto. O verdadeiro naturista preocupa-se com a natureza e tem na liberdade sua melhor fonte de expressão.



Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 28 de julho de 2009

Naturismo é lindo


"Naturismo é um modo de vida, em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, com a intenção de encorajar o auto-respeito, o respeito pelo próximo e pelo meio ambiente."

“Estava ali
Apreciando a natureza como ela era
E no meio daquela toda aquela esfera
Mar, areia e natureza senti

Estava tudo ali,
A natureza nua, natural
O homem até tentava ser igual
Mas o vermelho das vestes usual
Tingia a paisagem de forma desigual

Então eu vi
Um punhado de gente diferente
Pintados de cor de gente
Misturavam-se na cor da natureza
Se vestiam da cor do corpo cru
E andavam como eram
Andavam nu

E então entendi
Que pra se amar toda aquelas coisas que vi
Que pra entender toda a essência do que senti
Era preciso ser igual
Era preciso estar mesmo ali
Era preciso ser natural!”


Esta poesia reflete o que sinto em relação aos naturistas. Seres como nós, iguais, mas que apenas não são munidos de pudor, que antes tem na sua essência a coragem de assumir o que é e o que todos nós somos, simplesmente isso: pessoas feitas de corpo, de seios, de pernas, de órgãos genitais, enfim... simplesmente o ser humano. O nosso corpo é lindo e, quando nu, mistura-se na paisagem da natureza, parte do que somos filhos dela. Consegue vê-los desta forma?



Bianca Silva

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tema da semana: Os Naturistas Estão Chegando.


Os naturistas estão chegando... onde?


Pênis, vulva, vagina, pêlos pubianos, banhas, seios, tetas, tetas caídas, joelhos, bunda, cu... tranquilos e discretos, enfrentando ereções de curiosos e despreparados, mas muitas vezes com muita harmonia, ainda que minoria, os pelados ao natural procuram saídas para sua autonomia de liberdade (os índios a tem, o problema da terra veio depois).

Os naturistas parecem muito tranqüilos em seus depoimentos e, no final das contas, quando podem se libertar mais dos seus compromissos sociais (a partir dos quarenta, principalmente), vão ficar peladões sim, e a família que aguente.

A máquina do marketing, do aspecto visual, do apelo para o consumo, atrofiou a liberdade do olhar para o corpo humano.

Saí hoje de uma limpeza de pele. De repente, todas as mulheres que estavam lá eram loiras, chapinha, maquiagem, magras, e todos aqueles predicados que nos fazem ainda reféns do consumo em grande escala.

Originalidade zero.

Zé Celso, renomado diretor de teatro, ator, dramaturgo e muito mais, tem, entre seus elementos de contestação, o nu como quebra de tabu. Beleza, isso nos anos setenta vá lá... mas hoje? Hoje sim! Ele se mantém atual, infelizmente, porque o corpo, a aparência do corpo humano, se mantém um grande tabu. Graças à indústria do sexo.


O contraste entre o “ideal” e o real é sufocante e desgraçado.Tem mulheres fazendo plásticas em seus lábios vaginais e senhoras instalando dispositivos de ativação de orgasmo dentro de seus corpos, em seus pontos G (vai... até que esse dispositivo é interessante, isso foi comprovado por uma escritora que conheceu a técnica em um consultório na Suíça).

Ter o corpo perfeito é mais importante que ter um corpo.

Sou adepta do naturismo na natureza quando dá. Mas tenho que enfrentar sempre alguém espiando ou com intenções malévolas, inclusive para a castração do ato.

Em uma sociedade que reprime a nudez, reprime também o sexo e, portanto, como diria George Bataille (de outra forma), o controla, para a felicidade de muitas empresas.

É proibido o atentado contra o pudor. Mas a censura não tem pudor de exibir seus realitie shows como conteúdo televisivo, não tem pudor de colocar um programa da Xuxa, não tem pudor de transmitir a Bispa da prisão, não tem pudor de mostrar que o Sarney é apoiado pelo Lula para garantir a Dilma.

Temos vergonha do que não deveríamos ter e não temos vergonha do que é vergonhoso. Mas vamos voltar aos naturistas, ao corpo e ao eco de sua aparência.

O corpo humano é lindo em sua diversidade, em sua particularidade, em sua especificidade, em sua história, em sua memória arquivada dentro dele.

Respeitemos o corpo, o próprio, o do outro não como um lugar de masturbação coletiva para uma pobre coitada comprar uma casa para a mãe, mas para sublimá-lo como instrumento de expressão de nossas existências.

Viva os naturistas! Seja como for, representam uma resistência a essa convulsão que chamamos de atualidade.

Afinal, o ato de tirar a roupa está muito ligado ao de tirar as máscaras. Claro, quando isso é natural. Mas vamos imaginar que o naturismo fosse instituído e, mais que uma dinâmica de grupo para motivar uma agência publicitária inglesa, fosse aplicado ao senado brasileiro. Duvido que o Sarney pelado teria coragem de nomear algum parente...





Patrícia Ermel

domingo, 26 de julho de 2009

Papo de boteco




- Um brinde!

- A que?

- Hmmmm... à chegada do homem na Lua!

- O cu!

- O que?

- O cu que o homem chegou na Lua!

- Você não acredita?

- Meu, pensa bem, olha pr’aquelas fotos, você acha que aquele sucatão chegaria em algum lugar? Nem rebocado! Cadê a aerodinâmica daquele Lego mal feito? E tem mais: uma bandeira tremulando com o vento, que vento? Sombras cada uma prum lado, como isso? E cadê as estrelas? Tá tudo na cara! Uma montagem grosseira. Isso que eu nem falei das temperaturas insuportáveis, da velocidade impossível, etc, etc e etc. Tim, tim.

- Tá, eu não vou entrar nos méritos. Mas então por que os russos não denunciaram a fraude?

- Ahá, aí é que vem a parte interessante: porque eles, os russos, também aplicaram 171 na humanidade. O Sputnik não existiu!

- Não?

- Não. E mais: Gagarin foi um embuste. Você acha que um cara precisa sair da Terra pra saber que lá em cima não vai ver Deus? Eles inventaram aquilo tudo pra dizer que chegaram antes no espaço. Daí os americanos deram o troco dizendo que chegaram antes na Lua. Ficaram quites e combinaram um silêncio confortável pros dois lados. Os russos ganharam reforçando o ateísmo, os americanos ganharam reforçando seu orgulho bestial.

- OK, vamos que você esteja certo. Então, por que os americanos não denunciaram o Sputnik e o Gagarim?

- Opa, porque os russos descobriram que a Marilyn sabia demais e que foi morta por isso. Ela foi quase uma Marta Hari, transando com o Kennedy e por pouco não vendendo segredos de Estado pra KGB. Aliás, o próprio JFK foi queimado pra deixar de abrir a boca entre os lençóis. Imagine o escândalo se o mundo soubesse que a CIA matou os dois maiores mitos americanos...

- Hmmm... e posso saber por que os russos também não denunciaram essas queimas de arquivo?

- Simples, porque os americanos daí colocariam às claras que Stalin era gay!

- O que?!

- Éééééééé!!!

- Tá, continuando com o jogo: então me conta por que os americanos não tiraram uma com a boiolice do Stalin?

- Porque daí os russos mostrariam pro mundo que o holocausto não existiu, ou você acha que na Alemanha caberiam oito milhões de judeus pra virarem carvão? Jogada dos States em coluio com Israel. Eu posso continuar com esse jogo de conexões de interesses a noite toda se você quiser.

- Pra você tudo não passa de uma grande conspiração?

- Exato. Eu chamo de “A Conspiração do Rabo Preso”.

- Mas então você não acredita nos livros de história? Nos estudiosos? Ei, o que você tá escrevendo no guardanapo?

- Pronto, pega aí e lê.

- “O garçom é transformista”. Sério?

- Fala baixo! É mentira, foi só pra você ver que papel aceita tudo.

- Ou seja, você não acredita em nada que a imprensa diz?

- A imprensa sempre foi uma mentirosa mercenária. Uma puta da informação. Escreve o que mandam, o que pagam, e não o que testemunha.

- Mas antigamente não havia imprensa.

- Como não? Aquelas duas que viram Jesus quando ele ressuscitou eram as repórteres da época, as focas, as arapongas, chame do bicho que quiser.

- Por falar nisso, você não acredita na Bíblia?

- A Bíblia é a maior compilação de mentiras e bobagens que a humanidade já viu. Meu, vem cá, você acha mesmo que existiu um cara que nasceu de um espermatozóide de Deus, que caminhou em cima da água e que ressuscitou?...

- Bom...

- Pensa bem, se conseguiram inventar essa mentirada do homem na Lua, que aconteceu há menos de meio século, você não acha que é muitíssimo mais fácil inventar a história de um cara que viveu há mais de dois milênios?

- ...

- Se agora, com fotos, filmagens, espionagem de alta tecnologia e tudo mais, conseguiram criar um factóide desses, debaixo do nariz de todo mundo, ao vivo para um bilhão de pessoas, imagine naquela época, que não tinha nada disso e a população vivia numa ignorância desgraçada.

- Mas então por que tanta gente acredita na Bíblia?

- Pelo mesmo motivo que tanta gente acredita que o homem pisou na Lua. Você é cristão?

- Sim.

- Pois bem, eu te dou pelo menos dez provas cabais de que o homem não chegou na Lua. Agora me dá só uma de que Jesus existiu.

- O Santo Sudário?

- Não me faça rir. O teste com o carbono 14 mostrou que aquele trapo é de pelo menos uns 200 anos depois do suposto nascimento de Cristo.

- Chega, vamos mudar de assunto, com religião e futebol não se discute.

- Tá com medo, né?

- Não é isso.

- Claro que é.

- Olha, vamos parar por aqui, daqui a pouco você vai me dizer que a AIDS foi criada em laboratório e que o Elvis não morreu.

- E você duvida?

- Deu pra bola, vou pedir a conta.

- Fugindo, né? Mas tudo bem. Olha, só fica de olho porque garçom gosta de fazer umas somatórias vantajosas pro lado deles.

- Que somatória? A gente só tomou uma cerveja.

- Tem cerveja de tudo quanto é preço.

- OK, você venceu. Você não acredita em nada nem em ninguém.

- Não é bem assim, felizmente ainda tem gente confiável nesse mundo. Putz, por falar nisso, preciso ir já.

- Por quê?

- Tenho que assistir ao pronunciamento do Lula. Garçom, a conta!




Mario Lopes

sábado, 25 de julho de 2009

A semana abriu com estreia em dose dupla (dois textos da Patrícia Ermel) e encerra com mais uma dobradinha: Giana Liebel está debutando com um texto que aborda o universo feminino em uma atmosfera, digamos, etílica - ela é jornalista, estudante de direito e dona de um bar no Largo da Ordem que será QG das próximas reuniões das Desaforadas; e tem ainda post da Camila Souza, a Desaforada X que mais marca presença no blog, desta vez abordando um assunto que tira o sono (e a auto-estima) de homens e mulheres... Boa leitura.


A primeira de muitas


Beatriz, Bianca e Lucia combinaram de se encontrar às 20h no mesmo bar de sempre. Lucia e Bianca encontrariam-se antes e depois iriam juntas ao local.

O bar já era conhecido: poucas pessoas, mal chegavam e o dono já ia colocando a cerveja na mesa delas – isso porque Lucia era seu affair. Na verdade era um boteco mesmo.
As três já se conheciam há algum tempo. Trabalhos diferentes, mas o destino as uniu. Primeiro a amizade foi entre Lucia e Beatriz. Bianca sempre foi a mais reservada. Era de poucas palavras.


Hoje em dia todos já se acostumaram com ela:
“Mas eu sou assim!” – dizia ela. “É, sabemos, male mal dá oi para nós quando chega, imagine para os outros”, dizia Lucas que às vezes fazia parte do grupo.

Naquele dia fazia muito frio em Curitiba... (novidade...). Beatriz já estava no bar antes da hora combinada. Enquanto isso, Lucia e Bianca iam caminhando até lá comentando “putz, ainda bem que é para nos divertirmos, se não já tinha desistido de vir”.

Chegando ao tradicional bar, Pedro (filho do dono), já preparava a cerveja, de preferência das três, colocando na mesa com os copos e dois cinzeiros. Nessas horas, Bianca fumava. Era a mais chata para essas coisas, nunca tinha cigarro, sempre filava de alguém e dizia “juro que vou te pagar um maço semana que vem”. Lógico que não pagaria. Essas coisas sempre são ditas para amenizar a culpa.

“E aí, como estava no serviço hoje, Beatriz?” – já chegou questionando Lucia.
“Ai, então, sabe aquele cara que falei para vocês? Fiquei com ele, mas só beijo!”
“Já é um começo!”, diz empolgada Bianca.
“É, mas ele tem namorada, inclusive nesse momento está com ela”.

Fez-se um silêncio na mesa enquanto as três procuravam um isqueiro para acender os cigarros.
Quando Lucia achou, Bianca já soltou o verbo:
“Ixi... mal começou, já começa a pensar nisso... tá na hora de largar o piá”.
“É, você não pode se apaixonar pelo cara, Beatriz. Você já sabia disso quando começou a ficar com ele?”
“Já” – disse entre baforadas, “mas ele é tão querido, me defende na frente dos outros”.
Bianca, sem pensar, solta um “ai, que fofo”, seguido de um olhar severo de Lucia.

Recuperada, Bianca comenta: “É, mas se você já sabia que ele tinha namorada, trate de comportar-se como a outra e não se prenda só a ele, isso ajuda”.
“Justamente” – enfatiza Lucia.

O silêncio se fez. Enquanto isso, do outro lado do bar, chega Alberto, amigo delas também.
Alberto é um cara que sempre tinha uma história de uma mulher que ele ficou para contar. Era o olhar masculino do grupo.
“Vê mais um copo para mim, Pedro, por favor!”

Mal ele chega na mesa e as três começam a importuná-lo: “Quem é a vítima da vez, hein?”
“Ai, parem, acabei de voltar de férias, estava na casa dos meus pais, tranquilo”.
“Ahã, sei” – faziam coro.
“E a Sabrina?”
Era só falar esse nome que Alberto ficava vermelho.
“Não tive notícias dela”.
E as três começavam a imitá-lo quando via Sabrina: olhos fixos no andar, piscadinha quando ela olha.
“Orra! Mulher é fogo! Ela é gostosa, mas não tem cabeça, sabem, e um cara como eu tem que aproveitar quando têm chances com essas menininhas de 20 e poucos anos, não é Beatriz?”

Ele sempre tentava essas indiretas com Beatriz, que ficava louca da vida enquanto Bianca e Lucia caiam na gargalhada.
“Mas sério, meninas, já que vocês tocaram no nome dela, ela é dominadora sabe?” E as três se entreolharam prevendo o que estava por vir.
E continuou: “quente na cama, não se cansa, é linda, é uma daquelas meninas que não se dá nada, mas quando se conhece, meu Deus!”
“Sério, Bianca, aquele dia que almoçamos juntas, eu, você e o Alberto, ele não parou de falar dela!”, disse Lucia, interrompendo Alberto.
“Tá, mas eu já estou em outra...”
“Sei, até você vê-la”, diz Beatriz.

E os quatro caem na risada, sabendo que a noite de histórias de tempos de convivência iria longe.


Giana Liebel
Broxar não é o fim do mundo



Hora H. Você está lá, num tremendo amasso. Depois de uma investida pesada nas preliminares e depois de estimularem-se de “N” formas, tudo indica que você e o sujeito estão prestes a ter uma trepada fabulosa. E, finalmente, quando chega a hora do "vamos ver”, como num passe de mágica, o “dito cujo”, sem mais sem menos, resolve não funcionar e deixa você a ver navios.

Qual mulher nunca passou por uma situação dessas? Constrangedora e ao mesmo tempo desesperadora, uma broxada se torna momento crítico tanto para o homem quanto para a mulher. Na mente masculina permeiam dúvidas sobre a sua própria virilidade. É a confirmação do medo, muitas vezes inconsciente, que o homem costuma carregar consigo: o de não dar conta do recado. E tal medo aumenta ao pensar na possibilidade de que sua parceira o considere um incompetente e saia queimando seu filme, contando o caso para as amigas, fazendo piadinhas, etc.
Nós, mulheres, também somos afetadas (até mais do que imaginamos) por uma broxada. A nossa mente é contaminada pela síndrome do “será”. “Será que eu fiz algo errado?”, “Será que eu não fui boa o suficiente?”; “Será que ele não me acha mais atraente?”, “Será que ele perdeu o tesão por mim?”, “Será que eu esqueci de algo?”, etc.

Muita, mas muita calma nesta hora. Broxar não é o fim do mundo.

Preocupações... o relatório para entregar no dia seguinte, o chefe FDP que resolveu pegar no pé, a pilha de contas para pagar, o saldo vermelho na conta bancária, a dívida do cheque especial não quitada... Cansaço... um dia exaustivo de trabalho, o trânsito, uma viagem, a briga com a mãe, com o vizinho, com melhor amigo... Todas essas são situações que podem afetar diretamente o desempenho do “amigão”.

Infelizmente não existe fórmula mágica para sair desta saia justa. Se você perceber que o negócio não vai rolar, não fique tentando de tudo para fazer o falecido ressuscitar. Já que o barco (quer dizer, a transa) afundou mesmo, o jeito é ir nadando conforme a maré. Não quero dizer que precisamos fingir que nada aconteceu. O importante é não ENFATIZAR o ato (falho). Se tem algo que detona o ego masculino é não conseguir deixar a parceira plenamente satisfeita.

É difícil, mas se segure ao máximo para não soltar a pérola: “Não fique assim, isso acontece com todo mundo" porque, além de não servir de consolo, vai deixar o cara ainda mais grilado.

Dê um tempo para o cara se recuperar do “trauma” e leve o momento numa boa. Converse sobre amenidades, assista a um filme e espere, pois com certeza vai rolar um 2º round mais tarde.

Se preferir ficar quietinha, simplesmente deite ao lado dele, faça um cafuné e dê um sorriso para que saiba que está tudo bem. Não adianta procurar um culpado na história. Tampouco se culpar.

Ah, e nem pense em aproveitar a brecha (melhor dizendo, a broxa, rs) para discutir a relação.
Ah, amigas, um lembrete: façam com que ele procure outras formas de te proporcionar prazer. Faz falta, sim; mas sexo não se resume só a penetração. O que não podemos é deixar de exigir que o cara faça o serviço completo e bem feito. Afinal, ele tem que terminar de alguma forma o que começou, não é mesmo? rs

E, em último caso, se os métodos alternativos não funcionarem, se vire sozinha e caia fora logo em seguida, porque é evidente que se trata de um caso perdido.

Para encerrar, encontrei esta frase em um site que, com certeza, evitaria muito stress e desentendimentos desnecessários - caso as pessoas a seguissem:

“Parceiros que se comunicam resolvem os problemas juntos”.




Camila Souza

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Do Inferno


Dizem por aí que o amor é vermelho, mas é só por aí. Aqui comigo, amor é divino e não faz sentido algum usar da nuance bestial para tornar visível o que é e sempre será abstrato. Não, amar não tem cor, e se tivesse, passaria bem longe de ser vermelho.

O amor sincero é benevolente, não com quem ama, mas com quem é amado, e como nem tudo na vida são flores, existe o outro lado da moeda: o “amor fingido”. Não duvidem da sua intensidade ou inexistência, pois ele é um mero amor que perdeu sua essência condescendente. Pensando de forma pragmática e literal, é o amor que mata, por ciúmes ou qualquer coisa que o valha.


Mas é esse amor assassino que é escarlate, que derrama sangue escarlate, que é violentamente escarlate. Só não se esqueça que esse é o “amor fingido”. Quem sabe, não seja o amor que o diabo tanto sente e que ninguém entende. Vai ver, ele é tão viciado em amar violentamente com amor fingido que acabou incorporando-o...e ficou rubro!

Não bastasse isso, quis também viver em um lugar da mesma cor, e arranjou o inferno, eternamente incandescente de vermelho.

Até o caminho para se chegar lá é vermelho! Ou você nunca reparou que as setas de elevador que apontam para baixo são dessa cor?

E tudo, como diria Vinicius, por causa do amor.


Letícia Mueller

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Quando esperamos uma resposta


É incrível, quando as coisas melhoram, vem uma onda e apaga tudo o que você conseguiu resgatar e construir. Como se tudo fosse feito de areia, como aqueles imensos castelinhos que fizeram parte da nossa infância. Sabe como isso funciona?


Quando um sorriso surge em seu rosto triste, vem logo algo que te faça apagar o sorriso com as lágrimas.


Quando acordamos de bom humor e achando que o dia será de vitórias, logo vem a certeza de que não será bem assim.


Quando você acredita que vai conseguir um emprego, não recebe retorno do envio dos seus currículos e nem dos seus contatos.


Quando você acredita que sua família sofre com você a cada queda em sua vida, descobre que, na verdade, ela sofre por causa de você.


Quando acredita em alguém e que pode ter encontrado a pessoa a que te complete, vem uma notícia que te faz cair.


Quando se recupera de tudo e resolve esquecer o que passou, vem as lembranças, a saudade.


Quando acredita que seus amigos estarão contigo para o que der e vier, vem um que se diz parceiro e te decepciona.


Quando tudo parece voltar ao normal, vem alguém te alertar que você se enganou.


Quando a saúde parece estar bem, vem o resultado do exame comprovando o contrário.


Quando as nossas mãos querem enxugar as lágrimas que rolam no rosto machucado, percebem que não serão suficientes.


Quando retomamos o estudo e pensamos que é exatamente isso que queremos, logo vem a incerteza e a dúvida de o que fazer depois.


Quando nossa cabeça parece conseguir entender tudo ou ao menos aceitar, vem a insegurança.


Quando o coração bate forte, em um ritmo de recuperação, pronto para voltar à rotina, vem a angústia que nos deixa sem saber o que está por vir.


Quando estamos tristes e queremos ouvir uma palavra de apoio, que nos anime, sempre tem aquelas pessoas que insistem em nos derrubar, e dizem que não vamos conseguir.


Quando tudo parece perdido e nada mais tem sentido, vejo que é hora de acordar e que tudo não passou de um sonho. Mas, como se fosse um sonho real, porque tudo relatado aqui acontece conosco, todos os dias. E queríamos apenas poder acordar e ver que tudo não passou de um sonho ruim, ou que basta apenas esperar uma resposta para tudo o que está acontecendo.


Mary Palaveri

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Lendas do Passeio Público de Curitiba


O Passeio Público de Curitiba é um parque com zoológico inaugurado em 1886 no centro da capital paranaense. Reza a lenda que foi um famoso barão com poderes sobrenaturais que deu a ideia de inaugurar esta área de lazer, bem no centro de Curitiba, ao presidente da província do Paraná, Alfredo Taunay. Ainda conforme o mito , tal projeto surgiu quando o místico barão visitou o Cemitério de Cães de Paris, tanto que o portão de entrada do Passeio Público é semelhante ao portal deste campo-santo francês.

O Passeio Público também é repleto de outras lendas...

Fantasma do Barão:
Reza a lenda que toda a noite de Lua Cheia surge uma alma vestida de Barão neste parque. Vários vigilantes já relataram esta estória.

Espírito do Transformista:
Durante os anos setenta e oitenta, o Passeio Público ficou com a segurança negligenciada e por isto surgiram no local travestis e garotas de programa. Naquela época havia um transformista que se vestia de cigana e jogava cartas de tarô aos freqüentadores do parque. Um certo dia o corpo desta pessoa foi encontrado boiando em um dos lagos do Passeio Público .
Alguns dias se passaram e uma menina chamada Melissa , de cinco anos de idade , foi passear com sua família neste local. Durante as brincadeiras, a criança se perdeu dos seus parentes e foi chorar no “playground" do estabelecimento. De repente, uma criatura vestida de cigana aproximou-se da menina e indagou:
- Por que está chorando, pequena?
Melissa respondeu:
- Porque eu estava brincando e minha família sumiu.
A cigana pegou na mão da menina e comentou :
- Não se preocupe... Eu guiarei você até os seus familiares.
A pequena perguntou:
- Você é uma fada?
A criatura respondeu:
- Não sou uma fada, mas sou o espírito de uma pessoa que já leu o destino de muita gente neste parque. Hoje a minha função é cuidar das crianças que se perdem neste imenso Passeio Público .
De repente, a garota avistou seus familiares e saiu correndo gritando. Melissa abraçou seus parentes, e sua mãe indagou:
- Onde você estava?
A criança explicou:
- Eu estava brincando no parquinho daqui . Mas vocês sumiram do nada... Até que apareceu uma cigana e me ajudou.
A irmã mais velha da menina perguntou:
- E onde está a cigana?
Melissa olhou para o último local em que viu a criatura, porém não avistou ninguém e disse:
- Ela estava ao lado daquela gangorra , mas agora evaporou-se.


O Ladrão de Cobras:
No Passeio Público há um museu apelidado de “serpentuário”, pois nele há vários tipos de cobras, dentro de vidros, para que o povo possa apreciá-las.
Há muitos anos corria, um boato de que um ladrão de serpentes, que tinha roubado uma cobra de uma bailarina de dança do ventre numa boate do centro, andava pela cidade atrás de serpentes para rituais de magia negra. Mesmo com esta estória, rolando a segurança do “serpentuário” não aumentou.
Numa sexta-feira, em pleno meio-dia, um homem chegou ao “serpentuário” com um martelo, quebrou o vidro e roubou uma caninana. Então, outro homem, vestido de barão, apareceu do nada e gritou:
- Devolva este bicho!
O bandido levou um susto, fazendo com que cortasse a mão através de um pedaço de vidro. Mesmo assim ele saiu com a serpente.
Na saída, pessoas viram o rapaz com o animal dentro de uma garrafa pet de dois litros. A população alertou a Guarda Municipal que prendeu o marginal em flagrante.




Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 21 de julho de 2009

O homem ainda vive no mundo da lua


“Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. Assim dizia Neil Amstrong, na missão Apollo 11 quando diz ter chegado à Lua, palavras estas que as rádios e televisões noticiaram ao mundo inteiro em 20 de julho de 1989. Lembro-me que fiquei impressionada com as crateras lunares, os equipamentos tecnológicos, as roupas estufadas dos astronautas que brincavam na superfície como se fossem crianças que pisavam pela primeira vez nos parquinhos de diversão e posando para fotos como adolescentes que fazem sua primeira viagem longe de casa.

E, de repente, lá estava ela, fincada na pobre Lua a bandeira dos Estados Unidos. Tudo bem, até podia entender que os homens eram norte-americanos, mas o passo não era de toda a humanidade? Enfim, aquela festança lunar com meus pais, que volta e meia recebiam ligações de parentes e vizinhos que já eram curiosos para ver se estávamos conectados ao mundo da Lua, digo, pela televisão. Assim que o programa findou, fui dormir e, como de costume, dei boa noite à Lua de minha janela (menos aos astronautas que diziam estar lá).

No outro dia acordei, e a Lua já não estava mais lá, e era notícia de outros cantos do mundo onde era noite. Levantei, me arrumei e fui à luta, viver mais um dia normal como todos os outros. No caminho para o colégio, vi que o mundo em si estava absolutamente normal: as mesmas pessoas sofrendo na rua, o mesmo ritmo, atrasadas para o trabalho, os ônibus apertados como sempre. Em uma loja, televisores reproduzindo a façanha humana da noite anterior. Os telespectadores eram os mesmos, aqueles humildes sonhadores, alguns sem um dólar para comprar o almoço e outros com seus ternos importados e celulares de última geração. E eu ali, uma estudante, pensando o que seria no futuro.

Cresci e continuei a ver o mesmo cenário. O grande passo da humanidade parecia ter sido grande somente para o poderio norte-americano. O resto, aquela humanidade, continuara a mesma.Os tantos bilhões que foram gastos naquela viagem aumentou a tecnologia dos Estados Unidos mas deixou de diminuir a pobreza ou alimentar a população de um mundo que ainda come o que tem na rua. Restou apenas ir para seus leitos, fechas as cortinas e desejar uma boa noite para a lua.

Este é um relato fictício, do sentimento que alguém pode ter sentido naquela época e com o passar dos anos. De fato, o homem avançou tecnologicamente, mas não acredito que pisou na Lua nesta data. Sim, acho tudo uma grande farsa para os Estados Unidos ganhar maior notoriedade mundial, principalmente diante da ex-União Soviética. Até porque há vários indícios que provam o não pouso do homem no território lunar, como a falta de estrelas nas fotos tiradas por eles, a bandeira dos Estados Unidos balançando, sendo que o espaço é vácuo, como eles teriam aguentado uma temperatura de 137 graus Celsius na superfície, entre outros. Há já cientistas que tentam desmentir todos estes motivos, mas inda assim acredito que o homem não tenha pisado neste dia. Mas, pisado ou não, ele só vai ser o mesmo homem que quer avançar tecnologicamente e esquece de fazer isso para seu próprio povo, nas cidades, aonde nem todos tem acesso igual. Não pensa que tanto dinheiro simplesmente para pisar na lua novamente e ficar tentando descobrir a origem de tudo não prestando atenção nos seres que já estão originados e sofrem, mas não possuem todo esse investimento. Nada mudou a não ser para eles mesmos. Para nós, como a personagem, só nos resta olhar a lua antes de dormir, fechar os olhos, e sonhar com ela.
Beijos da lunática,

Bianca Silva

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Semana de tema livre


Hoje é dia de estreia em dose dupla no Desaforadas. Patrícia Ermel mora em São Paulo, mas é cosmopolita por conta de suas experiências como modelo. Também foi bar woman, mergulhadora, dona de restaurante no Japão, atriz e diretora de vídeos independentes. Agora é socióloga e, como se não bastasse, ainda canta e é uma contista/cronista de mão cheia, como bem poderá ser observado nos dois textos abaixo, um para a semana de tema livre e outro referente ao assunto da semana passada (Música para transar). Bem-vinda ao time.


Pirata Invisível


“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Antoine Lavoisier


Vai lá, pega um copo de vinho. Tome a primeira taça... tomou? Tome a segunda... Quando der a tonturinha comece a ler.


Eis que a figura, minha amiga, uma doutora conceituada internacionalmente, estava com uma amiga nas ruas do Rio de Janeiro, zona sul, olhando algumas vitrines quando, de repente, um homem com um embrulho de pano corria em direção a elas. Ele dizia “não é assalto, não tô fugindo da polícia, vendo DVDs...”.


Bem, minha amiga atendia na clínica próxima e indicou para que o homem dos DVDs se escondesse portão adentro. Ficaram os três apertadinhos em um canto. Naquele clima de odores e estranhamento sinissssstro, o homem se apresentou como Bola e, como todo carioca que se preze, começou a descrever a dificuldade de vender os DVDs, a injustiça do preço dos cinemas, a falta de democracia em um país onde o grande exemplo de poder é a corrupção política e tal... e foi por alguns bons minutos.


Quando a poeira baixou, Bola agradeceu e a amiga que estava com a minha amiga, um pouco mais relaxada, para quebrar o gelo, quis conhecer um pouco da mercadoria. “Quanto é a Mulher Invisível?” - sem titubear, Bola, disse generoso: “Pra senhora, faço um precinho camarada: vinte reais.” “Nossa, que caro!” observou a amiga. Mas... como estava sem ter muito o que fazer naquela noite e o filme era nacional, inédito e ainda por cima com o Selton Melo... achou que era uma boa pedida, afinal esse país é injusto mesmo, o que fazer.


Comprou o DVD e foram para casa da amiga da minha amiga. Ela, como boa nutricionista, fez um super risoto de camarão com alho poró, uma bela mousse de maracujá e um fininho só pra fazer a cabeça.


Ligaram a tevê e qual foi a surpresa? faíscas potergaist por uns cinco minutos até que surge o filme já no e meio. Na tela vemos duas bolas pretas, uma à direita e uma à esquerda. Enquanto uma já meio tonta do fininho tentava configurar o controle do DVD para ver se eliminava as bolas, a minha amiga viu que uma se mexeu: “É uma cabeça!!! Eles estão dentro do cinema!!” Bem, estavam mesmo porque uma bunda de calça jeans se levantou no momento seguinte bem de frente para a câmera.


As duas riam de fazer xixi na calça e tentaram assistir ao filme até o fim. O volume era quase inexistente e as cabeças sempre cortadas. A brincadeira era deduzir o que o Selton estava dizendo e concluir o resto. Uma colocava o ouvido na tevê e gritava pra outra enrolar mais fininhos. Depois de alguns, o filme era hilário.

Vamos abaixar o valor dos ingressos, por favor?




Patrícia Ermel
Qual é a música


Perder a virginidade com o Bob Marley ou com quinze anos e uma bela trilha faz sentido.
Depois... ter uma trilha específica para trepar pode ser realmente uma coisa estranha. (é como ir ao motel, você sabe que vai “ter” que transar mesmo que te dê uma caganeira ou uma vontade de olhar as estrelas).
Uma vez, um músico pediu para sua namorada não colocar nada de música porque para ele ia ser difícil prestar atenção na trepada. Tudo bem, transaram ao som dos acontecimentos até que ele, como bom baterista, começou a batucar algo na bunda dela. A música interna dele emergiu depois que relaxou. (se é que você me entende...) Como ela ficou desmusicada, ligou uma versão bem doída de Besame Mucho e começou a se masturbar. A música interna dele se calou.
A música é boa quando acontece. Quando ela é preliminar parece que a trepada está fadada a um certo enquadramento, a um certo ritmo e depois, se dá um apagão ou um curto circuito, a timidez pode voltar com mais força ou até mesmo ser superada, o que comprova que a música realmente pode não ter lá tanta importância.
Outra vez, para deixar sua gata no cio, um cara da era tecnológica-yoga-vamos-para-a-Índia-não-por-causa-da-novela colocou um Ravi Shankar e muitos incensos afrodisíacos. A gata entrou em ressonância com o complexo energético da parada e ficou ninfo, tava topando tudo... e não é que ele brochou?
Das trilhas mais óbvias à mais malucas, o importante, na minha humilde experiência balzaquiana, é o som do amor. Começa em um silêncio eterno, piano piano, vai levemente para o estacato, forte, fortíssimo, suave, forte, suave, forte, fortíssimo, fortíssimo, forte, forte, fortíssimo, mega fortíssimo, ahhhhhhhhh, bravo!!!! Silêncio esplêndido.
Quem ama música e ama o amor sabe que, no fundo, a música do amor é como a palavra ouvir em italiano: “senti”, profunda, intensa de todos os sons ao mesmo tempo sem nenhum ruído, a não ser do calor do som dos sentidos abertos e dos fluídos esparramados em brasa, mais bicho, mais nada...
Agora, o gosto musical tem que bater... se é muito diverso e não existe uma abertura, como diria Tim Maia, o universo fica em desencanto e a coisa se complica mais cedo ou mais tarde.
Para não dizer que ouvir música pode terminar em uma bela transa, segue aqui algumas sugestões para quem se adéqüe às referências musicais abaixo:
Let’s Dance do Bowie pra esquentar o corpo a corpo e Modern Love pra soltar as macacas.
Miles depois de gozar muito, de preferência da década de cinquenta.
Chet Baker, se estiver chovendo.
Nick Drake, se rolar um choro ou uma emoção mais sensível.
Cartola enquanto cozinham antes de arriscar algo mais fuerte.
Cantar no ouvidinho pode ser uma boa idéia... bem sussurradinho.



Patricia Ermel

domingo, 19 de julho de 2009

As 10 +



Durante a semana, divulgamos aqui no blog as 40 rockstars mais sexys da história, segundo um website americano especializado em fazer listagens na linha “the best of”. Só que também foram mencionadas algumas ausências ilustres na lista. Para cobrir esta lacuna, aqui vai um ranking de outras dez cantoras que merecem destaque quando o assunto é seduzir com a música. Alguma delas talvez você já tenha levado para a cama.

Gabriela Cilmi
Adoradora confessa de Nina Simone e Janis Joplin, é uma australiana de timbre peculiar e que, nas vogais mais abertas, chega a lembrar a maior de todas as divas: Billie Holliday. Já nos graves, sente-se uma Amy Winehouse sem afetação, tão suave quanto à vontade em seu passeio vocal. Melhor que ouvi-la cantando, só vendo-a.





Jennifer Charles
Vocalista do Lovage, banda de trip hop de um dos caras mais intrépidos da tresloucada história do rock: Mike Patton. Sua voz é mescalina para os tímpanos. Como se não bastasse, o design faz jus à sedução em forma de ondas sonoras, veja este clip.





Charlotte Gainsbourg
Essa garota tem estirpe: é filha do compositor Serge Gainsbourg e da atriz Jane Birkin. Seu pai já causava celeuma nos anos 70 com uma música em francês (“Je T’aime") que virou clássico do erotismo e chegou a ser censurada em nosso país pela ditadura militar – aliás, era um campeão da sedução, mesmo com seu nariz avantajado, tendo conquistado mulheres exuberantes como Brigite Bardot e a própria Jane Birkin. Já sua filha, pasmem, além de ser extraordinária cantora, é uma excepcional atriz, vencedora de uma Palma de Ouro e de um Cesar (nem precisava tanto).





Chantal Kreviazuk
Esta cantora canadense tem vigor próprio, sua voz transpira melancolia e energia simultaneamente. E esta combinação rara e magnética casa perfeitamente com o teor
das letras: “estou sozinha neste mundo”, abre a canção do clip abaixo - dá pra acreditar? Assista ao vídeo e comprove: quem é sexy se mantém assim até de vestido verde e All Star vermelho.





Sarah Harmer
Voz firme e uma beleza angulosa que beira o exotismo. Sarah Harmer é uma escorpiana singela, que canta sobre coisas simples com orgulho. Além de bonita e ótima cantora, é uma canadense engajada em várias ações de militância por preservação de patrimônios naturais, ou seja, linda até na alma.





Shirley Manson
A empreitada de Butch Vig (o produtor do famosíssimo álbum “Nevermind”, do Nirvana) na criação do Garbage teve a tacada de mestre na escolha da vocalista perfeita: a escocesa Shirley Manson. É possivelmente a criatura mais sexy a ter botado as mãos num microfone em toda a história da humanidade. Quem duvida que assista aos clips de “The World Is Not Enought”, onde a garota é uma arma-viva no material promocional de um filme de 007; ou de “Androgeny”, em que é irresistível para o sexo oposto mesmo quando masculinizada; ou ainda de “Bleed Like Me”, superando-se com um dos maiores fetiches que se conhece, o traje de enfermeira – mas se quer tirar a prova mesmo, então veja o clip abaixo: Shirley consegue ser sexy até mesmo quando está invisível.





Kate Bush
Beldades dançantes no universo pop dificilmente são levadas a sério, pois a grande maioria tenta fazer valer o apelo dos quadris em detrimento de seus questionáveis dotes nas cordas vocais. Não é o caso de Kate Bush, a cantora performática que chamou a atenção de craques do rock como David Gilmour, Peter Gabriel e outros. Neste clip, ela testa toda a sua elasticidade (nem camisa de força a segura) e comprova que não é só um rostinho bonito, é um corpinho bonito e uma voz de agudos quase inalcançáveis.





Miki Berenyi
Vocalista daquela que é uma das bandas mais lapidares do indie rock: o Lush. A sonoridade pesada e contundente das guitarras se complementa estranhamente com o vocal adocicado, frágil e provocante de Miki. E sua beleza oriental com os cabelos avermelhados, em mini-saias coladas e a guitarra empunhada como um delicado instrumento de guerra, fazem desta vocalista uma beldade singular e mitológica, confira neste clip do álbum “Gala”, um primor da lendária gravadora 4AD.





Jessica Rabbit
Bastou uma única canção, uma única apresentação e uma única cena para ela se tornar ícone do cinema e da música. Com pose de dama de filme noir, e dublada pela progesterona pura de Amy Irving (a ex de Spielberg), ela protagonizou uma performance tão sexy que chega a duelar com as maiores femme fatales da sétima arte. Quando Bob Hoskins fez a cena, contracenando com uma partner invisível, foi aconselhado a imaginar a criatura mais sexy que sua mente poderia conceber, mas provavelmente nem ele esperava tanto.





Nina Miranda
A brasileira que seduziu meia-Europa nos vocais do grupo britânico Smoke City. Sua bossa-nova lounge é aveludada, com releituras insinuantes de clássicos como “Águas De Março”. E a úmida e provocante “Underwater Love” (clip abaixo), onde até uma cuíca assume a sensualidade de um sax e a percussividade de um atabaque, lhe rendeu um comercial famoso e convites para trabalhar com músicos do mundo todo, de Bebel Gilberto a Nitin Sawhney – e quem não convidaria.





Mario Lopes

sábado, 18 de julho de 2009

Só por hoje...


Não deixarei que nenhum pensamento negativo tome conta de mim.
Estarei no controle não só dos meus pensamentos, como também das atitudes, sentimentos e até mesmo dos impulsos.
Não darei mais atenção ao que é ruim. Deixarei de valorizar os dias de isolamento social, tristeza e angústia.
Acreditarei nas pessoas, apesar de toda a hipocrisia e falsidade que permeiam uma sociedade fútil e gananciosa... ainda assim acreditarei que existam pessoas de bom coração... honestas... solidárias... que enxergam além do próprio umbigo... que sabem valorizar as pequenas coisas...
Esforçarei-me para entender o meu próximo. Tentarei compreender que as pessoas não são perfeitas, e que também estão sujeitas a erros, assim como eu.

Hoje...

Aceitarei a minha vida, apesar de suas dificuldades.
Aceitarei meus limites. Aceitarei o mundo tal como é e tentarei me adaptar a ele.
Agradecerei a Deus por ter saúde, família (ainda que não seja perfeita), amigos (ainda que brigue com eles de vez em quando), dinheiro (que pode ser pouco, mas proporciona o meu sustento).
Não vou lembrar das derrotas e fracassos, tampouco lamentar-me por eles.
Não vou guardar quaisquer mágoas e rancores.
Não permitirei que nada e nem ninguém acabe com a minha auto-estima.
Não permitirei que a insegurança ou o medo me impeçam de concretizar meus planos.
Deixarei o passado onde ele deve ficar: NO PASSADO.
Desistirei de tentar mudar o mundo, mas farei a minha parte para fazer dele um lugar melhor para se viver.
Perdoarei a quem me fez mal...
Confiarei mais nas pessoas.
Confiarei mais em mim mesma.
Confiarei mais em DEUS.
E amanhã, e depois de amanhã, e depois e depois de amanhã, viverei como vivi o dia de hoje.

Camila Souza

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A Última Balada


Em Curitiba existe a Rua São Francisco, onde há uma funerária com mais de cem anos. Em frente a este estabelecimento existe um restaurante dançante, que tem como decoração roupas e fotos de palhaços falecidos, além de ter um lindo e misterioso boneco de coringa, pendurado no teto, bem na entrada.
Um dia, Daniele, que vivia sonhando em arrumar um namorado pela vida noturna de Curitiba, foi a uma balada neste restaurante. Ela sentou-se no bar, debaixo do boneco de coringa e pediu uma taça de vinho. A moça estava tomando a bebida calmamente quando, de repente, avistou um rapaz que tinha acabado de entrar. Daniele ficou encantada com a aparência dele: pele muito branca, cabelos negros e terno preto com cravo na lapela. Então pensou :
- Que príncipe maravilhoso! A roupa dele de tão diferente é capaz de encantar qualquer mulher. Afinal ninguém usa mais terno neste tipo de balada... E ainda mais com cravo na lapela! O estranho é que observando bem dá impressão de que este homem tem pétalas de cravos nos sapatos e nas calças... Mas deve ser coisa da minha cabeça.
O rapaz misterioso sentou-se ao lado de Daniele e cumprimentou-a:
- Boa-noite!
A jovem respondeu :
- Boa-noite! O que um homem tão interessante como você está fazendo sozinho numa danceteria?
O moço falou:
- Como sou muito farrista, eu precisava passar num baile antes de desencarnar totalmente.
Daniele ficou sem entender. Mas, naquele momento, chegou um grupo de rapazes que aproximou-se daquele homem misterioso, dizendo:
- Rodrigo Flores! Então era mentira aquele boato de que você faleceu do coração ontem de madrugada, né?! É como diz o ditado: Vaso ruim não quebra! Mas com este terno e estas pétalas de cravo espalhadas pela calça, você está com uma cara de defunto mesmo! Nossa turma vai dançar na pista. Pena que a notícia da sua morte era mentira! Até logo, trouxa!
Após isto, Rodrigo deu um sorriso amarelo para Daniele e olhou para a porta aberta do restaurante, que dava em frente para uma funerária. Lá, ele notou que alguns funcionários daquele estabelecimento estavam preocupados com algo. A garota seguiu o olhar do seu acompanhante e comentou :
- Parece que houve um problema na funerária, né ?!
Como um raio , Rodrigo beijou a moça profundamente e exclamou:
- Agora preciso voltar!
Depois destas palavras, o homem correu e saiu pelos fundos, bem na saída de emergência.
A jovem achou aquela atitude muito estranha e resolveu ir até a funerária. Chegando no local, uma funcionária recebeu a moça:
- Boa-noite! Posso ajudá-la ?
Daniele comentou :
- Tive a impressão de ter visto uma confusão por aqui...
A empregada explicou :
- É que pensaram que o corpo de um falecido, recém-chegado na funerária, tinha sumido há meia hora atrás. Mas já acharam o corpo do defunto na sala da maquiagem pós-morte. Por coincidência , este tipo de coisa sempre acontece quando tem show na balada aí de frente...
Daniele indagou:
- Qual era o nome do morto?
A funcionária respondeu:
- Rodrigo Flores!
De repente, dois homens apareceram na entrada da funerária, levando o caixão descoberto de um rapaz para a sala ao lado.
Daniele exclamou:
- É ele! Só pode ser ele! Rodrigo Flores era o rapaz que estava comigo no bar ...
Após isto, ela saiu da funerária, viu um táxi na mesma rua, deu sinal e entrou no automóvel . O motorista comentou:
- Moça, você está tão pálida... Até parece que viu fantasma!
A jovem exclamou:
- Um fantasma saiu da funerária e me beijou na balada hoje!
O taxista completou :
- Reza a lenda que os defuntos mais festeiros que entram na funerária da Rua São Francisco sempre dão uma escapadinha para dançarem no bailão que fica em frente do estabelecimento .



Luciana do Rocio Mallon

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Reflexão



Talvez alguns de vocês achem que eu “viajei na maionese” ou algo parecido, mas em meio a mais um dos meus devaneios... tenho pensado muito sobre o desequilíbrio que tomou conta da raça humana. Hoje, as pessoas vivem como se estivessem em uma selva, atacando e devorando-se mutuamente. No mundo onde reinam a falsidade e a hipocrisia, as pessoas sorriem por trás de máscaras que escondem apenas o vazio existencial, ou a podridão da alma.
Queria compreender como o ser humano se conforma em viver uma vida superficial, de aparências. Em como se deixa levar por futilidades... pelo consumismo desenfreado... pela supervalorização da estética em detrimento do aspecto emocional e espiritual... em como se permite viver uma alegria forjada, uma felicidade efêmera... em como aceita uma vida de ilusões, sustentada por pequenas doses de mentiras diárias. Ilusões que funcionam como um poderoso narcótico, um paliativo para que se possa dormir com um mínimo de tranqüilidade na consciência e, sobretudo, no coração.
Parece que as pessoas também perderam toda e qualquer noção de limites. Em busca de algum sentido para sua vida, apela-se para o prazer desenfreado. O ser humano age movido pelo calor das emoções, sem pensar ou medir as conseqüências dos seus atos. Usa e abusa do álcool, drogas, sexo (muitas vezes sem proteção); enfim, comete verdadeiras atrocidades que prejudicam apenas a si mesmo.
Em meio a um mar de egocentrismo e egoísmo está o ego, que quanto mais alimentado por tais futilidades, mais quer, mais exige.
Então, caros leitores, eu pergunto: Onde está o amor em tudo isso? Todas as religiões mostram a necessidade de amar ao seu semelhante. Mas, na prática, onde se vê o respeito, a compreensão, a solidariedade e o amor ao próximo?
A frieza e a indiferença de algumas pessoas me assustam. Já perdi a conta de quantas vezes escutei: "Por que deveria me preocupar com a dor ou com os problemas dos outros? Ora essa, eu já tenho os meus"; "Ah, não vale a pena me preocupar em ajudar o próximo. Dá muito trabalho e, além do mais, eu não vou ganhar nada com isso".
Complicado, não é mesmo? Às vezes eu acho que sou uma idiota por ainda acreditar na verdade, no respeito, na bondade e no amor.
Mesmo assim, não posso deixar de questionar: o que está acontecendo com as pessoas, afinal? O que se pode esperar do futuro?
O ser humano é demasiadamente complexo e difícil de entender... com tantas contradições, facetas e nuances. Simplesmente cansei.


Camila Souza

quarta-feira, 15 de julho de 2009

As 40



Sendo este um blog feminino, e tendo por tema da semana "músicas para transar", é bem apropriado juntar estes dois fatores a um de ocasião que merece ser citado: comemoramos, nesta segunda-feira, o Dia Mundial do Rock. Então, para celebrar a data, o tema e o motivo do blog, segue abaixo uma seleção do site americano Nerve (especializado em listas e rankings) apontando quais são as 40 rockstars mais sexys de todos os tempos.

Claro que, como toda seleção dita "maiores de todos os tempos", esta não foje à regra de causar polêmica, começando pelo fato da subjetividade do que pode vir a ser "sexy" - uma definição, por sinal, bastante particular. Outro ponto discutível é que há cantoras de vozes sensuais, o que não significa obrigatoriamente que as próprias possam ser consideradas sexys, já que este conceito é uma soma de predicados, e não a presença de um isoladamante.

Algumas menções merecem comentários: Tina Turner aparece liderando a lista, o que é bastante questionável, visto que seu sex appeal não é algo evidente, tampouco a marcou em sua carreira. Debbie Harry, na vice-liderança, é praticamente hors concours, já que foi até coelhinha da Playboy, considerada o grande trunfo loiro de sua banda, a Blondie. Nina Hagen (6) está mais para bizarra do que propriamente sexy, mas, tudo bem, sejamos ecléticos. A líder do Pretenders, Chrissie Hynde (8), surpreende por estar presente na lista das dez mais, principalmente por ser muitíssimo mais famosa por sua militância vegetariana do que por sua beleza semi-rude. Da turma das presenças obrigatórias temos Nico (9), a Velvet Underground que virou a cabeça do Jim Morrison; Gwen Stefani (10), a garota atlética que agitava qualquer palco na época de No Doubt; e Siouxsie Sioux (35), que fez a história do pós-punk na liderança dos seus Banshees. Tem figurinhas de sensualidade discreta e exótica, como Björk (11) e Suzanne Vega (38); como também outras que, com todo o respeito à relevância que sustentam na história do rock, são difíceis de se definir como sexys, tais quais Janis Joplin (16) e Patti Smith (26). Outras que ficam na ala das presenças inusitadas são a andrógena ex-Eurythmics Annie Lenox (15); e Kate Pierson (37), que se celebrizou pelos penteados quilométricos nos vocais do B'52s - aliás, esta parte do ranking é curiosa, pois colocaram Pierson ao lado de sua parceia de vocal: Cindy Wilson (36). O ecletismo da comissão julgadora foi tamanho que até uma gordinha entrou na lista: Beth Ditto. Há ainda celebridades um tanto quanto anônimas na tabela, por exemplo: alguém aí já ouviu falar de uma tal de Ninja (22)? Também não dá para deixar de citar as ausências ilustres, como Kate Bush; Shirley Manson, vocalista do Garbage; e Juliette Lewis, que provavelmente é bem mais famosa em seus papéis no cinema (como encarnando a ninfeta de "Cabo Do Medo") do que à frente de seus Licks. Contudo, a lista tem um mérito admirável: não ostenta nenhuma beldade de sexualidade rasgada, ou seja, aquelas que forçam a barra de beiço entreaberto nos clips, bezuntadas de óleo e gotas artificiais de suor, sacolejando o quadril e cantando "c'mon, c'mon" como quem acabou de entrar no período do cio, ou seja: não tem Madonna, Britney Spears, Cristina Aguilera e outras aberrações libidinosas. E, na tabela das que devem ter se mordido por não estar presentes, Courtney Love (a ex de Kurt Cobain) levaria a lideraça frouxo, frouxo.

Veja a lista e confira quais os nomes que você apoia, discorda ou substituiria:

1) Tina Turner




2) Debbie Harry




3) Kathleen Hanna




4) Liz Phair




5) Joan Jett




6) Nina Hagen




7) P J Harvey




8) Chrissie Hynde




9) Nico




10) Gwen Stefani




11) Björk




12) Karen O




13) Stevie Nicks



14) Neko Case




15) Annie Lenox




16) Janis Joplin




17) Beth Gibbons




18) Carrie Brownstein




19) Jenny Lewis




20) Tori Amos




21) Kim Gordon




22) Ninja




23) Miho Hatori




24) Nina Person




25) Leslie Feist




26) Patti Smith




27) Santi Gold




28) Fiona Apple




29) Erika Wennerstrom




30) Peaches




31) Chan Marshall




32) Kazu Makino




33) Kate Jackson




34) Regina Spektor




35) Siouxsie Sioux



36) Cindy Wilson




37) Kate Pierson




38) Suzanne Vega



39) Beth Ditto




40) Allison Mosshart





Mario Lopes