domingo, 31 de agosto de 2008

Três vésperas


As duas amigas se deitam no quarto: Selma na cama de solteira, Elis no chão, preparando-se para dormir, mas ainda sem sono devido ao excitante da véspera do casamento. Selma aprecia seu vestido de noiva, cuidadosamente pendurado e ostentando toda a opulência natural do tecido brilhante e avolumado. Ela suspira.
- Amanhã é o grande dia, Elis.
- Amanhã é o grande dia, Selma.
- Como num sonho.
- Tudo perfeito. Todos os preparativos. Todos os detalhes.
- Tudo.
- Quase tudo.
- Como assim?
- Faltou você fazer a despedida de solteira.
- Isso eu sempre disse que não faria.
- Tá, tudo bem, mas e se fizesse, como queria que fosse.
A possibilidade excita Selma, que agora se vira de lado para poder olhar melhor a amiga deitada no colchonete.
- Hmmmm... eu ia querer um cara bem gostoso.
Elis também se empolga e vira de lado, na direção da noiva amiga.
- Gostoso como?
- Ah, gostoso-gostoso, ué. Com tudo no lugar, sem barrigão, lógico, com coxão grossa, ah, você sabe, tudo no tamanho certo.
As duas riem, depois se segurando para não acordar o resto da casa, que tem hóspedes vindos de lugares distantes para a cerimônia seguida de festa. Elis não parece satisfeita.
- Tá, conta mais. E aí, o que queria que o cara gostoso fizesse na sua despedida de solteira?
- Bom, que a gente saísse pra dançar.
Depois de um tempo de silêncio, Elis resolve indagar.
- Só?
- Hmmm... mas seria A dança. Ele só pra mim. Um cara que não tivesse vergonha de fazer strip, de dançar na minha frente, rebolando, rebolando.
- Que mais?
- Que me desse um banho de champanhe. E que eu bebesse na boca dele.
- Hmmm... tá esquentando.
- Ah, teria de ser um atleta sexual. Que me desse prazer a noite toda.
- Uau! Tá ficando bom.
- Sabe o cara que tem pegada? Esse mesmo. Que me jogasse na cama com força. Que falasse muita sacanagem no meu ouvido. Que fizesse de tudo comigo, me virasse do avesso.
- Uhuuuuu!!!
- É, deixava até me dar uns tapas se ele quisesse.
- Nossa, cara bruto.
- Não, seria delicado também. Ele me abriria a porta do carro, seria culto, inteligente...
- Uf! Até deu um calorão.
- Ele poderia até me xingar se quisesse.
- Selmaaaa!!!
- Xingar com respeito, claro.
- Sei...
- Queria fazer com ele tudo aquilo que eu não confesso pra ninguém.
- Tipo o que?
- Tipo tudo!
- Suruba?
- Tudo entre quatro paredes, eu quis dizer.
- Mas suruba pode ser entre quatro paredes.
- Tá, tudo a dois, pronto.
- Tudo? Nem que fosse nojento?
- Tudo, eu já disse.
- ...
- (suspiro)
- E onde seria essa farra toda?
- Em qualquer lugar. Com um homem assim, não precisaria de lugar especial porque todo lugar seria especial. De banheiro de boate a festa de quermesse.
- Tá. E o que você vestiria?
- Alguma coisa fácil de rasgar.
As duas gargalham e uma faz “shhhhhh” para a outra antes que acordem a casa toda.
- E como é que ele iria te excitar?
- Esse homem me excitaria só com a presença dele. Com o jeito que me cuidaria e me protegeria. Sabe, até um casaco colocado nas suas costas numa noite de frio faz isso.
- Uauuuu...
- Mas ele também saberia tocar meu corpo do jeito certo pra me deixar em ponto de bala. Seria um expert em massagem, seus dedos ativariam todas as minhas zonas erógenas! Bzzzzzzzzzz!!!
- E vocês beberiam o que pra descontrair?
- Eu já disse que seria champanhe. Só que nossos corpos é que seriam as taças. E quer saber de uma coisa?
- O que?
- Eu beberia... dele.
- Selma, sua indecente!
- Até a última gota.
- Se um certo noivo descobre... hi hi hi.
- Você nem seja louca!
- Claro que não, tô brincando. Ei, e brinquedinhos de sex shop?
- Não sei. Mas eu iria adorar ir com ele fazer compras com um carrinho de supermercado.
- Calcinha comestível?
- Todos os sabores.
- E as posições?
- Ah, ele iria querer experimentar o kama sutra completo!
- Nossa, um homem assim rende dependência química. Uf!
- Tudo bem. Se a gente estivesse distante, bastaria eu pensar nele e puf! Todo o meu corpo entraria em estado de alerta. Eu ligaria pra ele e só a voz já me deixaria toda arrepiada. A distância só aumentaria nosso tesão.
- Tá, mas a gente tá falando de uma noite só. Ficaria na memória e acabou.
- Sabe que eu acho que até me deixaria filmar transando com ele?
- Você tá louca?!
- Pra ficar pra posteridade. Eu confiaria nele. Estaria entregue, Elis.
- E se ele te amarrasse?
- Hmmmm... teria de me vendar também.
- Que medo.
- Que excitante.
- Conhece alguém assim?
- Não sei, talvez.
- Talvez?
- Ele é raro, mas existe. Ele é diferente.
- Diferente como?
- Ah, não ficaria vendo futebol nem tomando cerveja com os amigos.
- Selma, você me inflamou, mas agora a gente tem de dormir, né?
- Não acharia que tenho problemas só porque gosto muito de sexo.
- Selma, vamos dormir pra amanhã você ficar bem pro casamento?
- E não trocaria um jantar romântico por uma happy hour com o pessoal do trabalho.
- Já são quase onze horas.
- Eu queria um homem assim. Que não ficasse me dizendo “ei, você vai ser mãe de família”.
- Vou contar até três.
- Meio poeta, meio estivador.
- Um...
- Um homem que uma noite só fosse pouco.
- Dois...
- E que cada noite valesse por uma vida.
- Boa noite, Selma. Amanhã é o grande dia.
- Amanhã é o grande dia.
Elis apaga o abajur, deixando Selma a pensar mais do que deveria.

...

O avião em breve começaria a taxiar pela pista. As luzes lá fora formavam as margens de um caminho que se perpetuava no céu noturno. O comandante já informava as condições do tempo enquanto Carol selecionava a música de partida em seu MP3. Lembrava da noite anterior e achava graça de sua despedida de solteira: em mesa de bar, tomando guaraná e chupando drops de cereja com um amigo. Não era bem um amigo. Mas também nunca foram nada além de amigos. A diferença residia no plano das intenções. Talvez mais de um do que de outro, talvez só de um e não de outro, ela nunca iria saber. Passadas mais algumas horas e milhares de quilômetros, seria uma mulher casada. Quando a nave começou a se movimentar e Carol lembrou de desligar o celular, percebeu que nele havia uma mensagem de texto: “Você esqueceu de algo: eu”. Ao olhar para o extenso mirante envidraçado de onde os familiares avistavam seus entes saindo do chão, ela teve a certeza de que alguém a observava.

...

Estavam várias ex-colegas de faculdade reunidas em um restaurante depois de dez anos da colação de grau. Após o jantar, voltaram a formar as velhas panelinhas e um grupo de três agora senhoras passou a colocar em dia uma década de notícias. Começaram falando da vidinha de casadas, mas logo pularam para os momentos vibrantes em que dividiam a mesma sala de aula: as festas, os porres, os namoros, as histórias inenarráveis e, fatalmente, acabaram caindo no assunto da despedida de solteira de cada uma. Não demorou para a conversa se tornar um misto de confidências sussurradas com gargalhadas agudas que atraíam os olhares das mesas próximas. Também não tardou para o assunto gerar uma competição não assumida de quem teve a despedida de solteira mais anababesca. Orgias, poções extravagantes de álcool e testosterona, homens de bíceps firmes e membros colossais, apetrechos sexuais de todos os modelos e tamanhos, prazeres inconfessáveis, peripécias em ambientes especialmente decorados para a ocasião, feitos incompatíveis com moças de fino trato, enfim, experiências só permitidas uma vez na vida e nunca mais. E, claro, a indagação que não queria calar: se o marido de cada uma ficou ciente daquela noite de luxúria socialmente consentida. Discretamente, uma outra ex-colega de faculdade acompanhava as narrativas com um sorriso complacente no rosto. Ao pedir a conta, a silenciosa testemunha foi percebida pelas outras três, que não deixaram barato.
- Ei, pensa que vai escapando assim, é?
- Pode contar como foi sua despedida de solteira.
- Aliás, você teve despedida de solteira?
Sem tirar o sorriso do rosto nem parar de assinar o boleto do cartão de crédito, a quarta elementa acenou positivamente com a cabeça.
- E seu marido soube?
- Eu não tenho marido.
- Você se separou?
A discreta ex-colega pegou sua bolsa, se levantou e, antes de dar as costas para as demais, respondeu:
- Quando a despedida de solteira é boa mesmo, você não se casa.



Mario Lopes

sábado, 30 de agosto de 2008


Dica para as amigas


O tema realmente veio em boa hora já que em breve me tornarei uma mulher casada! Para quem não sabe da novidade há um mês eu noivei. O pedido foi inesperado, num restaurante super romântico feito pelo homem que amo a luz de velas! Alguns amigos já estão perguntando o que quero na despedida de solteira. Como também fazem com meu noivo. Na realidade eu sempre sonhei em ter o casamento perfeito, com o homem perfeito e no lugar perfeito. Sei que estou muito perto disso afinal já encontrei o homem perfeito! Mas nos meus sonhos o evento “despedida de solteira” nunca esteve incluso.
Acho um pouco absurdo a mulher ter que ir para algum clube ou motel só porque vai casar e a sociedade achar que ela deve desfrutar, em um dia, de toda a felicidade e safadeza do mundo com o aval de todos. Acho absurdo essa teoria de que ela ou ele precisam ter o último dia de solteiro como se o casamento fosse algo terrível! Uma algema nos meus braços e calcanhares fazendo com que eu me torne uma pessoa totalmente diferente e por isso preciso comemorar meus últimos momentos de felicidade. Pensando assim já aviso minhas queridas amigas que não quero nenhum gogo boy cheio de músculos e pinto pequeno na minha frente e nem ida ao clube das mulheres ou motel com um homem qualquer. Afinal, se eu vou me casar é porque só aquele homem me basta. Meu pensamento pode ser muito romântico para muitas mas eu sou assim e acredito no amor. Também não preciso sair para aprontar pois nos meus 25 anos de vida já desfrutei bastante da vida de solteira né Magaly, Ale e Paula? Minhas amigas companheiras de aventuras que sabem muito bem do que estou falando.
Portanto, na minha despedida eu quero uma coisa normal. Saída com minhas amigas num bar qualquer, para conversar, dançar, rir, beber e me divertir. Nada de extraordinário que eu não faça agora e nem faça depois de casada! Pra mim não a nada melhor do que sair com as amigas e rir muito! A única diferença é que nesta despedida de solteira eu quero um número de mulheres bem maior do que as saídas mensais com a galera! E já aviso..vocês podem aproveitar bastante os homens que estiverem no local. Quem sabe lá encontrem o amor de vocês já que o meu eu encontrei num festerê na Ilha do Mel!

Beijos
Josiany

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

E mais duas se despedem...


No começo do ano que vem, duas grandes amigas irão receber as bênçãos matrimoniais... E eu, que nunca realizei o sonho de ser dama de honra quando pequena, realizarei depois de velhaaaaaaaaaaaaaaaa (Podem rir...). Enfim, o que importa é que, como dama, tenho uma super missão: realizar os últimos desejos de umas dessas amigas noivas. Ela mandou a lista com os desejos por e-mail. São coisas que ela nunca fez e quer fazer antes de se tornar uma “senhôura”.
Quando vi o tema dessa semana, não resisti, resolvi revelar aqui, para quem quiser ler, esses desejos de uma amiga balzaquiana prestes a entrar de véu e grinalda na igreja... Por motivos (de força maior) não revelarei nomes... (já pensou se o futuro esposo descobre? Larga mão da noiva... hahahahahahahaha). Enfim, aposto que todo homem tem curiosidade pra saber o que uma mulher quer fazer antes de casar. Hora de matar a curiosidade...
1. Ir ao clube de mulheres ver a homarada dançar (só dançar?).
2. Ir ao mesmo clube, mas, no dia de suruba de troca de casal (será que o futuro maridão irá topar, amiga?)
3. Ir numa balada de hip hop, que ela nunca foi, e dançar até cair.
4. Ir a uma festa Rave só com as amigas e dançar até cair.
5. Fazer uma viagem só entre as amigas mais chegadas e pirar muito o cabeção.
6. Tomar um porrete comigo, e que eu fique mais bêbada que ela (é que eu não bebo gente, por isso dessa vontade).
Só isso? Sim. Só isso. Nada de mais, né? Sabe qual o problema? É que a moça tá casando velha demais, daí, já virou na casqueira velha e já aprontou tudo que podia e o que não podia, daí, não tem mais o que realizar. De qualquer forma, estou assumindo aqui, publicamente a realizar todos os seus desejos, amiga. Serei parceira, simmm! Tá bom?



Mônica Wojciechowski

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Resolvendo pendengas


Que tema! Rsrsrs, bem apropriado para o momento. Eu tava no mercado estes dias e ouvi as caixas empolgadíssimas comentando que um menino bonito tinha sido recém contratado. A caixa mais ajeitadinha, que me pareceu ser comprometida disse: - Ué, não é por que tô de regime que não vou olhar o cardápio. Foi o que de melhor levei daquele mercado. Para uma sessão “dona de casa”, ri e me diverti muito.
Alguns amigos me dizem brincando que se eu precisar de ajuda na despedida eles se encarregariam. Não tenho idéia de como seria uma despedida de solteira. É a primeira e espero que a última vez em que fico noiva. Gosto de acreditar que existe amor eterno. E com meu Bolachinha isso é bem possível. Eu e minhas the best friends em um Clube de Mulheres? Eu me deliciando com um “PA” (pinto amigo)? Acredito que não seria o mais adequado.
Pra quem esta com uma aliança no dedo nada disso faz muito sentido. Já tenho 30ª anos de praia, acho que já aproveitei o que tinha para aproveitar neste quesito. Não acredito que um dia a mais ou a menos iria fazer alguma diferença. Agora se fosse possível uma despedida que valeria a pena e que teria um sentido seria:
Um feed back com aqueles machos que passaram pela minha vida e que ficou uma situação mal resolvida. Não que eu ache que “café velho” sirva para alguma coisa, mas certamente tirariam algumas dúvidas e principalmente algumas pulgas de trás da minha orelha o que deixaria meu espírito mais sereno.
T.O.M.J., engenheiro civil, sete anos mais velho do que eu, moreno de olhos claros. Irmão mais velho de três. Charmoso da nhanha. Nunca namoramos, mas ele viajou 700 kilômetros para me levar para jantar no dia dos namorados. Foi meu primeiro amor na fase adulta. Um sonho! Após meses sem contato, recebi um telefonema dele pedindo que eu o esperasse, pois ele iria iniciar uma pós e ficaria obrigatoriamente mais dois anos morando longe. Na época eu tinha 20 e poucos anos era imatura e vi nitidamente ele escorrendo por entre meus dedos.
F.S. quase um gogo boy. Baixinho, loiro de olhos claros. Maníaco por musculação. Uma delícia! Não gosto muito de loiros, mas este tinha testosterona nas veias. Era aniversário de uma das minhas melhores amigas e ela queria comemorar no Clube das Mulheres. Não acho que seja uma coisa muito atraente, um homem se oferecer para você. Por isso não queria ir, mas me foi pedido o bolo de presente e eu encomendei um, que me deu água na boca e pra comer eu precisava ir à festa. Lá estava eu quietinha no meu canto olhando TUDO aquilo quando de repente me chama atenção um mini brutamontes ao lado do bolo, como se fosse segurança do mesmo. Falei para a aniversariante que ele deveria estar com fome, se ela não gostaria de servir um pedaço ao rapaz. Comentei uma, duas, três vezes e nada. Até que, me dirigi aquele amontoado de músculos e ofereci um pedaço. Ele aceitou com a cabeça. Cortei e servi no guardanapo e ele acenou que não, apontando para a boquinha. Levei o bolo até sua boca e mais uma vez ele fez um sinal negativo, que era dá boquinha. No instante que teve um breu total no salão um vulcão passou por ali, levando bolo e tudo mais. Saímos algumas vezes, fomos ao Boteco de Mídia e ao teatro. Ele nunca conseguiu vaga no Clube por sua estatura ser micro mini, mas para ele aquilo era só uma brincadeira de ego, pois para seu sustento trabalhava na área de contabilidade de uma multinacional e fazia pós na FAE, o cara não era pouca coisa, além dos valores de família e o romantismo que inundavam o rapaz. Pouco tempo depois ele voltou para ex que nunca soube valorizar o que tinha nas mãos.
N.V. alto, loiro de olhos claros. Ex da seleção de vôlei, ex modelo, vocalista de banda. Um tudo e mais um pouco. Estava eu anulada na vida depois de ter namorado cinco anos um intelectual que me “trancafiou na masmorra”. Pedi a uma amiga que me tirasse de casa. Que ela insistisse, pois eu não ia querer. Sentia-me com 70 anos e precisava mudar este quadro. Sexta feira às 20h ela chega em casa (morava no andar de cima do meu ap.), eu cansada da semana corrida, já tinha jantado, estava de banho tomado, deitada ponta para uma noite se sono. Lá vem ela bater na minha janela. – Tem show de uns amigos meus hoje.
- Já tô deitada dormindo, me deixa.
- Toc toc, toc. Ok, se vc não vai tudo bem, mas também não vai dormir pq não vou para de bater.
- To sem grana.
- To sem roupa.
- To meio gripada... E assim sucessivamente fui tentado dar várias desculpas para que me deixasse ali quieta. Mas como eu tinha avisado que isso ia acontecer e que ela deveria insistir, não teve jeito tive que ceder.
Lá estava eu de vermelho em um bar/boate meia boca. Cheio de babys ao meu redor, me sentia "A Tia". Nem acreditava que eu ainda ia ter que pagar para ficar ali a noite toda e passo por passo ela ia dando em direção ao homem mais lindo no evento. Uma figura exótica, fantasiada de harleyro, com bandana na cabeça e tudo. Pensei: - Ao menos ela conhece o cara mais interessante do local. Apresentações feitas, ela me diz que ele é viado, namorado do guitarrista da banda. Não podia ser. Ele era muito homem para ser de outro homem. Aquilo não saia da minha cabeça. E de certa forma não entendia e não acreditava. Duas caipiríssimas fizeram a noite. Dancei, cantei, conheci o bar inteiro. Foi uma noite super divertida. Mas aquela mão. Eu adoro mãos. Sou tarada por elas. Ele cantava, sua garganta pulava como uma perereca fechava os olhinhos e abria aquela mão de quase um metro e meio bem na minha frente. Era mágico. Quase uma miragem.
Fim de festa eu saracotiando pelo salão, mamada que tava, não demorou muito para dar um tropeção em qualquer coisa e ... Chão. Fique sentada sem saber direito o que estava acontecendo até que dois braços se dirigiram até mim, me levantaram e me abraçaram forte. Ah! É só cair, para isso acontecer? Pensei e cai muito, claro. Rsrs... Até que ainda indignada sem acreditar que tudo aquilo poderia ser de outro homem, fui a campo. N.V. o que vc vê em um homem? Ele respondeu que a pegada forte. Arrepiei-me inteira, pois adoro pegadas fortes. Realmente ele tinha razão é bom mesmo. Mas opa, peraí, quem deve gostar disso somos nós mulheres. Eles devem gostar de mãos macias e delicadas. Tem algo de errado. Voltei a campo. Sutilmente passei o dorso da mão no rosto dele e dei lhe um selinho bem devagar e doce, falando: - Vai procurar a sua loira agora para ver o que é bom mesmo. Quando dei as costas outro vulcão passou pela história. Namoramos alguns meses. Por aqui nada ficou mal resolvido, ao contrário das outras duas histórias, mas aquela mão de um metro e meio. Aiii, valia um remember. Acho que vou ligar para minha amiga para ir assistir comigo o próximo show. Só rever aquela mão da platéria já seria uma bela despedida de solteira.

Verônica Pacheco

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Despedida de solteira?

- Acho cafona! - Como diria o fake do Victor Fasano no Twitter (se vc não sabe do que eu tô falando dê uma olhada nas matérias sobre o assunto que bombou o sistema de microblog há algumas semanas - aqui e aqui)

O fato é que não curto "loucuras programadas" e "obrigatoriedade de lazer/diversão", que é exatamente o que me parece esse termo, mais ou menos como o carnaval no Brasil que é "o momento em que TODOS supostamente devem ter obrigação de se divertir". Como se já não bastasse a obrigação de casar, ainda tem que ter a tal festinha. Ah, me poupem!!! Sério, vivemos em uma sociedade tão absurda e vigilante (momento foucaultiano descontrol) que até os desvios - como uma suposta "traição" - precisam ser normatizados e colocados dentro de caixinhas. - Sim, nesse dia pode, no outro não. Acho isso muito, muito chato. Essa obrigação de sermos padronizados pra fazer tudo dentro dos conformes ritualísticos sociais.

Hoje em dia somos obrigados a ser felizes e nos divertirmos o tempo todo, o que eu acho uma lástima, afinal, pelo menos pra mim, boa parte das grandes obras da humanidade tiveram um pouco de sofrimento incluso. Mas hoje não, é preciso regularizar tudo, do peso à última trepada pré-casamento.

O que eu acho mais irônico nisso tudo é o velho dois pesos, duas medidas. Vejam bem, se a pessoa vai "pular" carnaval fantasiada ai é ótimo, lindo, afinal estamos no país mais animado do mundo, tropical, e todos aqueles clichês que sempre ouvimos; agora se ela faz cosplay de star wars ou de anime, daí é "esquisito"; se o cara é simplesmente doente pelo seu time de futebol, dai é um hobbie, mas se ele for fanático por RPG ou games dai é nerd.. eu poderia seguir com essa lista por linhas e linhas, mas não é necessário. É exatamente assim que eu visualizo a tal despedida de solteiro(a).

Na real, esse tema até me pegou meio desprevinida, dado que o último casamento que fui aconteceu em 2001 e minha amiga já até se divorciou, aliás foi um dos únicos casamentos que eu fui na vida pq ela é quase uma irmã, só por isso - tirando os dos meus irmãos que era obrigação familiar e eu era criança. Desde então, a grande maioria dos meus amigos/as não fez nenhum tipo de cerimônia (ainda bem!) e os poucos que fizeram não me convidaram por saberem da minha antipatia pelo evento - que inclui também noivados, batizados, chás de panela, chás de fralda, etc etc rs. É o tipo de coisa ao que eu passo batido. E não é pra fazer gênero não, me sinto deslocada nesse tipo de coletividade, não é pra mim que sou um serzinho pra lá de misantropo e sem fé nessa categoria social e culturalmente construída chamada humano.

Não tive a tal despedida de solteira simplesmente porque no meu estado civil continuo solteira hahaha, mas, piadinha infame à parte, não encaro o casamento com essa pompa e circunstância de "para sempre" e nem como esse monte de obrigações, embora algumas delas inevitavelmente existam com em qualquer tipo de relação (trabalho, amigos, etc). Enxergo o relacionamento a cada dia, um dia após o outro e não como uma espécie de abatedouro para o qual vamos entregar nosso pescoço de vaca rs. É uma escolha e plenamente reversível quando não for mais do interesse de alguma das partes. Vai ver sou pragmática demais e não consigo engolir esses comprimidinhos todos que nos deixam dentro da matrix. Existem fases e fases (dedicação aos estudos, trabalho, trocar de namorados cada semana, sei lá).. cada um é de um jeito e querer normatizar isso com esse tipo de ritual me soa a algo tão modernista, no pior sentido da palavra .

Lady A.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

DESPEDIDA DE SOLTEIRA???

Desculpem se vou parecer pouco romântica... Talvez até esteja numa fase nada romântica há um bom tempo... Mas hoje é muito difícil acreditar que o seu primeiro casamento seja pra sempre e que aprontando tudo na noite de despedida de solteira, você vai permanecer fiel pro maridão até o resto da sua vida. Ainda mais quando ele parar de comparecer por motivos escusos ou começar a colocar teu ego lá embaixo ou ele começar a te enxergar apenas como mãe dos filhos dele ou você descobrir que ele tem outra(s) ou enfim...

Aliás, despedida de solteira é só uma boa desculpa pra aproveitar uma bela festança e poder aprontar de tudo na frente das amigas e com o namorado (noivo) ali dando a maior força. Então, quantas mais melhor, né?? Será por isso que as pessoas se casam tantas vezes...rsrs
Brincadeiras à parte, lendo essa histórinha da desaforada Ale, já imaginou se Mary dorme com o presente de Bia e se apaixona por ele? E pior, se ela casa com Johny, mas ele é péssimo de cama comparado com o presente e ela resolve dar um chute em Johny e ir atrás do presente e descobre que ele foi pra Rússia ou Bruno é casado com Léo... Aí ela se vê sozinha e com a vida estragada...
Ultimamente vi o divertido filme irlandês "Todas as cores do Amor" da Liz Gill, aliás recomendo pra todos os leitores não caretas. Em uma das situações do filme, estão havendo duas festas de despedida de solteiro, de uma noiva (personagem do filme) e de um noivo. Na brincadeira os convidados resolvem juntá-los e ela pergunta: - E aí, tá feliz? E ele responde: - Mais ou menos. Você já imaginou que você não vai poder transar com mais ninguém por quem sinta atração?
Claro que eles se agarraram ali mesmo e no dia seguinte fugiram de seus casamentos e vieram pro Rio de Janeiro. Afinal, como ela mesmo disse ao noivo: se eu sinto atração por outra pessoa, é sinal que ainda não estou preparada para o casamento.

Vou parar por aqui com essa frase ótima da personagem, afinal não quero botar pra baixo nenhuma sonhadora, ops, otimista, ops, mulher que acredita no amor e na fidelidade. Eu já acreditei, espero voltar a acreditar, mas sou uma mulher de fases...rs

Deixo a bola do casamento pra desaforada Verô levantar na quinta. Afinal ela acabou de noivar e fazer sua despedida de solteira...rs Eeeeeeeeeeeeeeee

Mazé Portugal

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Tema da semana: Despedida de Solteira

O presente de BIA.

Mary ia se casar e não queria que sua despedida fosse como as de suas amigas... então resolveu fazer a sua despedida tradicional a oficial com a família e suas amigas e também uma despedida extra-oficial.
A tradicional teve direito a pênis de chocolate, boizinhos, tirar a roupa, pinturas... muita bebida, muita bagunça dentro dos padrões conservadores da sua família, nem rolou show de strippers (os tradicionais, gogos, policiais, bombeiros, encanador, executivo, piratas...) pois sua avó poderia ter um infarto, tadinha a velhinha nunca viu algo nesta linha, é uma pena que vovó perdeu a oportunidade, né!

Mary confiava no Jonhy (seu futuro marido), mas não em seus amigos... que iriam para uma chácara fazer a tal despedida... muita bebida, churrasco e só rss tá bom... ela fez que acreditou ahahha. É óbvio que iam fazer ahhhh festa e com garotas de programa ou amiguinhas especiais rsss.. neste ponto os homens são fiéis... unidos... e nunca iriam contar para ninguém as orgias que aprontaram...

Bem, Mary aproveitou uma viagem de trabalho e foi para outra cidade onde encontrou sua amiga de infância a Bia. (Bia era daquelas amigas para todas as horas e que topava todas) e foi nesta viagem que Mary fez a sua despedida extra oficial... as duas se produziram Bia era morena, 1,75 com cabelos curtos com um corte super moderno todo repicado, usava um vestido verde escuro com um mega decote valorizando seu silicone novo, usava uma sandália de salto preto com detalhes delicados de strass, Mary estava castanha clara com luzes no cabelo (sim, mulheres mudam a cor dos cabelos como trocam de roupa, rss). Nary estava com uma vestido preto na altura do joelho na frente todo fechado modelo básico, mas nas costa o detalhe mega sexy, um decote enorme nas costas daqueles que quase chegam na calcinha, também estava com uma sandália vermelha super alta ... estavam lindas, super poderosas e foram para a balada, beberam, dançaram se divertiram muito e conheceram o Bruno e o Léo (dois gatos sarados, inteligentes e educadíssimos) e Bia conseguiu convencer Mary a convidar os meninos para uma festinha particular (sua despedida) e é óbvio eles toparam...
Foram os 4 para o motel, escolheram uma suíte master, top, vip, mega, power com direito a piscina, saúna, hidro... champagnhe... e tudo que tinham direito... a rosas, pétals, algemas, óleos, chicotinho, espelhos, filmes eróticos, muita música e bebida...

Os convidados foram algemados e elas fizeram a festa... com direito a muito bis...
Bruno e Léo não reclaram... pediram bis, bis, bis... era champagnhe e beijos para todos os lados... Mary e Bia se divertiram muito...

E e ssa foi a despedida extra oficial elevada ao quadrado com Bruno e Léo.
Este foi o presente de casamento de BIA.

Bruno e Léo eram amigos de Bia, a qual preparou essa festa de despedida especial para Mary que não acreditou no presente. Mary simplesmente adorou, amooooou, mas não pode contar para quase ninguém, algumas ou melhor a maioria da suas amigas iriam horrorizar o presente de Bia...

Fica aqui a dica de um presente bem diferente dos bombeiros, marinheiros, policiais, piratas, para uma despedida de solteira super especial, claro que a amiga tem que ser muiiiito amiga e muiito especial rss.


By Aletéia Ferreira (ALE)

domingo, 24 de agosto de 2008

Amor aos pedaços


Dr. Victor caminhava à frente, iluminando as lápides com uma lamparina a querosene e abrindo espaço no breu para sua passagem em meio ao corredor de túmulos. Logo atrás, seu Moderno Prometeu, uma massa colossal moldada em retalhos de tecidos musculares, puxando a carrinhola munida de pás, enxadas e marretas, prestes a ser substituídas pelos membros daquela que viria a ser sua amada imortal enquanto dure. Dr. Victor estava relutante em trazê-lo, visto que todos os seus passeios pela vila foram desastradas expedições de horror e fúria da população, mas precisava de alguém para derrubar o portão do cemitério, cavar as covas e demolir jazigos e urnas funerárias. E ninguém melhor para a tarefa que sua cria.
Um surto de escarlatina havia exterminado quase um terço das donzelas de Ingolstadt. Dr. Victor revelara a toda a comunidade que possuía um unguento com poderes de medicinas naturais capazes de conter a epidemia. Mas sua fama de aluno indisciplinado, médico louco e cientista dado ao estudo de alquimias impediu que seu remédio fosse aplicado nas vítimas cada vez mais numerosas. Ironicamente, a tragédia que acometeu as jovens cidadãs era agora providencial para Dr. Victor, visto que seu rebento há muito reclamava por uma companheira, como um adolescente em fase de quereres alimentados pelos hormônios em erupção.
Pragmático, passou a fazer suas escolhas baseado no perfil físico das mortas, apontando para seu filho ilegítimo onde cavar ou o que destruir, recolhendo em seguida apenas o que bem lhe apetessesse.
Começou pelos cabelos, e escolheu a Sra. Verciano, atraente por sua beleza brejeira e religiosidade excessiva, com pudores à espera de ser violados. Suas madeixas eram bem cuidadas, sempre penteadas com óleo de lanolina, reforçando o tom negro quase azulado dos fios, constantemente perfumados e tratados com cremes feitos de flores silvestres. Uma crina que quase lhe batia à cintura, formando um véu natural embalado pelos ventos úmidos da Baviera.
O nariz seria o de Anna Margot, a bióloga que Dr. Victor conhecera nos tempos de universitário. Parecia ter sido moldado em gesso, com cuidados de simetria beirando a perfeição. A boca precisaria de protuberosos lábios carnudos, era o que encontraria na Srta. Zattoni, uma filha de italianos que migraram para Ingolstadt trazendo consigo a volúpia rasgada no meio da face. Os dentes bem calcificados da espanhola Lucianne Fernandez fariam jus àquela moldura rubra e bojuda. As orelhas de lóbulos macios viriam da Srta. Louri, que nem precisava pender brincos sobre eles por saber serem tâo tenros e atraentes que já consistiam por si só em duas jóias naturais. As maçãs do rosto de Camila Roth dariam o adorno necessário àqueles componentes físicos tão bem escolhidos. Queixo e testa viriam da mesma face, a da camareira Keity, que tão bem tratava Dr. Victor quando de seus excessos na taberna. As sobrancelhas desenhadas a bico de pena no rosto alvo de Jullie Schmmitz seriam o alto do caixilho nas janelas da face, mas era justamente aí que Dr. Victor teve sua grande frustração. Queria os olhos da Srta. Balvedi, mas as órbitas agora desfalecidas não emanavam o mesmo verde de outrora. Dr. Victor já dominava tecnologias o suficiente para enriquecer plutônio, mas sabia que nem toda a radioatividade do mundo seria capaz de suplantar a carência daquele verdejante natural. As esmeraldas invejavam a Srta. Balvedi.
O cérebro foi composto de três pedaços cuidadosamente estirpados para a posterior colagem. O lóbulo frontal retirado da Srta. Daniella, que tinha uma docilidade quase incompatível com a natureza agressiva desta parte da massa cinzenta. O hemisfério esquerdo era de uma sulamericana chamada Francisca Campos, há muito radicada em Ingolstadt, mas que ainda conservava a afetividade de uma mulher dos trópicos. E o hemisfério direito seria provido pela Srta. Lizie, de variados talentos e um instinto racional metódico sem ser inflexível, muito útil para a saga de viver ao lado de um ser desprovido de conteúdo saudável na caixa craniana (falha da qual Dr. Victor jamais se perdoou).
Os bíceps e antebraços Dr. Victor mutilou da juíza Michelli, nome delicado para a mulher que tantas vezes o condenou por sua sanha em busca dos cadáveres de morimbundos para dissecar. As delicadas mãos da Sra. Sidor, de dedos finos e juntas sutis, dariam prosseguimento harmonioso àqueles membros notáveis da mulher das leis. Não havia pernas tão esguias quanto as da Srta. Sabrina, com coxas poderosas, panturrilhas sinuosas e joelhos tão bem esculpidos que a rótula deveria ser patenteada pela engenharia divina. Os pés da Sra. Gantzel, macios como dois pães de forma prestes a ir ao forno, fariam a base ideal para aqueles pilares de ossos e carnes.
Os seios não haveria de encontrar similares aos de Marta, a escandinava que desposara um rico comerciante morto pelo excesso de volúpia da própria mulher. Também aproveitou sua barriga sem protuberância e seu umbigo meticulosamente cavado no centro do ventre.
As nádegas tinham de ser da Srta. Longhi. Tão bojudas que nem as mais conservadoras e volumosas anáguas eram capazes de tornar discretas. A vagina tornou-se a escolha mais delicada: não poderia ser de uma meretriz, visto que estaria passível de contaminar seu filho com doenças cujos efeitos tenderiam a ser desastrosos; mas também não poderia ser de uma virgem, visto que seria alvo de um membro excessivamente avantajado e destrutivo (herança do Sr. Protov, famoso ferreiro austríaco que passou por Ingolstadt numa chuvosa primavera e faleceu nas mãos de ladrões de estrada que o deixaram nu em pêlo). Dr. Victor escolheu os genitais da Sra. Sander, que certa vez inspecionara “pelo bem da ciência”, antes que a farmacêutica desposasse um notório homem das construções civis. Mesmo com a impossibilidade de procriar, teve seu útero e ovários também colhidos por Dr. Victor. Já exausto e na iminência de amanhecer com grande brevidade, tirou de seu tronco também os pulmões de alvéolos bem rosados, o fígado que pouco conhecera dos prazeres etílicos, rins, baço, estômago e todo o duto digestivo. Sua filha-nora estava quase pronta.
Só faltava o principal. Precisava de um coração sensível ao ponto de um dia poder narrar sua história sem ira ou repulsa. Um coração forte para bombear não só sangue para todas as extremidades do corpo, mas também comoção e idéias, fossem elas boas ou más. Queria um músculo de ventrículos sadios e miocárdio bem moldado, capazes de suportar as emoções de amar uma criatura feita de retalhos no corpo e de trapos na memória. Este órgão, Dr. Victor sabia muito de quem deveria ser extirpado. Não hesitou um só momento e foi direto à tumba simples porém constantemente decorada com flores do campo trazidas pela família. Escolheu o coração de Mary Shelley.



Mario Lopes

sábado, 23 de agosto de 2008

Um íntimo olhar na vaidade das coisas



Miksang, em tibetano (para aproveitar o momento Olímpico e deixar uma manifestação de protesto inconsequente contra o país sede), significa "bom olho". Este é o nome de um estilo fotográfico que entra na intimidade de objetos, temas e paisagens, fazendo emergir algo que só um olhar arguto é capaz de revelar: as coisas têm sua vaidade.
É a maior aproximação que um artista da imagem real pode ter com o das tintas e pincéis. É quando Henry Cartier Bresson se encontra com David Hockney. Instantâneos que lembram pintura abstrata, mas na verdade são closes e angulações que tornam a espuma de uma xícara de café ou uma simples tampa de bueiro em pura arte. Ou melhor, são percepções que mostram algo perturbador e fascinante: que estamos cercados de arte por todos os lados.
Aqui está uma seleção, de gosto totalmente pessoal e organizada por ordem alfabética, de fotografias que congelaram momentos fadados a ecoar pela eternidade. Apesar de os título revelarem o que são alguns dos temas fotografados, procure viajar nas cores, texturas e significados. Porque o "olho bom" não é só de quem clica, é também de quem aprecia.




Arrow and curved line - Wayne Williams




Black Sail - Anne Launcelott




Blue Water - Danielle Hougard




Blues - Sarah Wood




Ceiling Lamp - Benjamin Wood



Der chaum teich - Nina Mudita




Drop - Michael Wood




Glass - Jule DuBose




IMG 2204 - Whit Jones




Life Saver - Ed Dean




Pink - Andy Karr




Red - Hèlen Vink




Sky and sign - Diana Evans




Stupa - Maxine Evans




Swimming Pool - Alice Haspray




Untitled - Julianne Kaplan




Windows - Greg Harley




Yellow curtain - Jill Scott



Mario Lopes

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Cadê a raça agora?


Ontem, foi desperdiçada a maior de todas as oportunidades de se derrubar o último e maior baluarte da virilidade burra deste país.
O macho brasileiro, orgulhoso de seu principal exército, a seleção brasileira de futebol, está encerrando a semana tendo assistido à derrocada humilhante de seus gladiadores perante o maior inimigo dos campos. Poderia também ter testemunhado o triunfo feminino sobre a maior potência planetária (e olhe que neste caso não estamos falando só de futebol). O que evitou esse irônico brinde do destino foi uma vaidade íntima e ingênua que contamina ambos os sexos em nosso país: o mito da raça.
Jogar com raça, time de raça, vencer com raça, bordões de quem prefere suplantar a carência de estratégia com a rigidez muscular. Além de ser uma descomunal tolice, a raça é uma palavra de ordem que apela para um brio ilegítimo. Brasileiros e brasileiras não têm raça. Somos uma miscigenação gigantesca. Se os marcianos invadissem a Terra seríamos classificados como os guapecas. E não há nenhum demérito nisso, todos já ouvimos histórias de vira-latas que enfrentaram com êxito pitbulls, enquanto que os cães de raça geralmente fogem de desafios extremos por conta do instinto de sobrevivência. O cão de rua e sem raça geralmente se joga nos desafios por ter experimentado no próprio pêlo as agruras da vida dura, real e sem banho e tosa nos finais de semana. Se raça vencesse jogo, o maior patrocinador de futebol seria a Ração Pedigree.
O episódio de ontem foi uma lástima, mesmo que se tratando de um mero evento esportivo. Isso porque ele ilustra nossa singular sina histórica. Depois de mais de um século, desde que o Barão de Coubertin criou os jogos olímpicos da era moderna, o país do futebol continua a esperar pela escalada de nossos caneludos (e caneludas) ao posto mais alto do pódio. É como nossa velha promessa do país do futuro que nunca chega. As olimpíadas são a oportunidade de ver nossa maior especialidade achincalhada, em processo de humilhação pública e periódica, já agendada no calendário mundial. Depois do vexame masculino na terça-feira, a honraria pareceu ter ficado nos pés de quem melhor sabe embalar e fazer crescer um sonho. Mas nossas atletas de raça caíram no discurso fácil de que o sangue brazuca correndo nas veias seria combustível mais que suficiente para a vitória. Trocamos a técnica pelo “deixa comigo”. Enquanto nossas garotas trocavam palavras de motivação num intervalo em que a equipe médica teve de entrar em campo, nossas rivais foram conversar com sua técnica. Aquele momento ilustrou todo o contraste do jogo e foi um prólogo do triste desfecho. Parafraseando um dito famoso, o mundo não será salvo (nem vencido) pelos bons ou pelos que têm raça, mas sim pelos eficientes.
Nossa condição de medalhistas de bronze parece ser nossa herança secular. Com tantos menestréis disponíveis em nosso país musical por natureza, ficou a cargo de uma banda de rock, o Ultraje a Rigor, compor as duas maiores ladainhas pop a respeito de nossa condição existencial: “Inútil” e “Terceiro”. Como diria o José Simão, “somos campeões em medalha de bronze”.
Seguidos batalhões de superstars da bola, mitos das quatro linhas, Aquiles da pelota, foram de tempos em tempos escalados para viajar ao redor do mundo e sucumbir perante oponentes que formaram uma galeria de desafetos históricos, algozes insuspeitos de um grupo tido por toda uma nação como verdadeira legião de heróis. Um a um, os clãs de estrelas da bola foram e voltaram surrados, com o milionário rabo entre as pernas de poderosas e patrocinadas panturrilhas. Dessa vez, achávamos que seria diferente. Aliás, todas as vezes achamos que será diferente.
De quatro em quatro anos, nos acomete a expectativa e a sensação do “agora vai!”. De novo não foi. Ou melhor, foi e voltou de mãos e pés abanando, como em todas as outras vezes olímpicas. Ironicamente, o esporte que é símbolo do orgulho macho quase viu chegar pelas mãos das mulheres a honra maior da inédita medalha de ouro olímpica.
A falta de zelo com o abdômen proeminente pela cerveja sempre foi compensada pela vaidade de possuir a seleção principal do esporte rei. Vaidade hidratada a levedura e lúpulo, dilatando os números da fita métrica, ejaculados em latinhas de alumínio fáceis de amassar, para dar ainda maior sensação de virilidade quando pressionadas simultaneamente a um bom e rotundo arroto. Tanto melhor quando feito na frente da TV enquanto a mulherzinha prepara uns tira-gostos. Pois a mulherzinha cansou do fogão, tirou o avental, botou a chuteira e mirou no saco gordo e grotesco do chamado “chefe de família”. Acertou na virilha.
A quinta-feira amanheceu com ares de morte anunciada de uma vaidade imbecilizante, de um orgulho que até pouco tempo era restrito a quem tinha pêlo na cara. Torcedor é alguém que quer se sentir orgulhoso sem fazer nada, apenas torcendo para que outros façam por ele. E o histórico dessa paixão condena. Desde sempre, o torcedor atribui a vitória de seu time à raça: duplo engano, porque até ratos têm raça; e também porque ficam aglutinados em torno de um mesmo emblema pessoas sem um mínimo de afinidade genética ou mesmo intelectual. Já a derrota sempre é considerada uma fatalidade do acaso ou do “Filha da pu-ta! Filha da pu-ta! Filha da pu-ta!” do juiz. Não passa pela cabeça do torcedor que a tal raça é, na verdade, uma soma de cifras vultosas. Chame um craque internacional para jogar no seu time apenas pelo "amor à camisa" e periga você apanhar dos guarda-costas. Há mais “raça” num jogo de futebol de várzea assistido pela família do que num duelo de titãs patrocinado pela Nike. Os machos de verdade estavam sendo torturados nos porões da ditadura enquanto os de mentira vibravam pelo tri. Agora esses pseudo-testoronizados quase tiveram de engolir, com boas doses de Alexander, um triunfo que (acreditavam) deveria ser por direito da chamada “seleção principal”. Quem é a seleção principal agora? A do bronze ou a da prata?
E não vale a justificativa de que, no caso do futebol, raça não se refere a características somáticas semelhantes e sim a força de vontade: tanto em um caso quanto em outro, este aditivo é uma falácia. Senão, Adolf Hitler seria imperador do mundo e Ed Wood o maior cineasta de todos os tempos.
A enésima vez em que o Brasil perde uma medalha de ouro olímpica no futebol chega tornando nossos ídolos tão falsos quanto os produtos piratas fabricados em profusão no país sede. O típico macho tupiniquim está de quatro. Pastando no gramado onde antes pisava soberbo.
Acabou. Game over. Infelizmente para ambos os sexos. E para todas as raças.


Mario Lopes

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Variações sobre o tema principal





Ser só e se bastar. Trabalhar, ler, correr, ir a feira, ao cinema, sair com amigos e levar a vida. Viva a vida! Viva como dá, quando dá. Pinte cores, vez ou outra, para dar-lhe mais sabor. Somos donos e responsáveis por cada metro cúbico de ar respirado neste planeta, portanto, mecha-se, vire-se e faça da sua vida uma bela história.
Por falar em história...
Somos muitos, onze, seis, ou um só, dependendo do momento e do ponto de vista. Inspiramos-nos fácil. Mas a cabeça tem que estar livre para voar e o corpo não pode estar fatigado. Com estas duas combinações a festa está armada. O pensamento passa pelos pêlos do Antônio Bandeiras e/ou pela epiderme dos momentos scaneados do último vulcão que passou por perto.
Leves toques apenas mostram que o jogo está começando. Uma posição mais adequada, breu total e apenas a cabeça fervendo. Ou luz e muito voyeurismo no ar. Tudo muito detalhado e brando. Pensado nos mínimos detalhes como se estivéssemos preparando uma ikebana. As flores, suas cores, seu cheiro, sua textura. Sua presença é o que importa.
Círculos entram na brincadeira. Movimentos crescentes, intensos e molhados passam a povoar o ambiente. Suor, suspiros, uma euforia rasga o tempo sem pedir licença. O tempo passa, passa. Segundos transformam-se em décadas. Tudo é muito apropriado e muito intenso. Passo por um mundo só meu, onde o protagonista é um sujeito oculto, quase uma despedida de solteiro.
Agonizo e só, chega o fim. Seco, frio e solitário.
Caso semana que vem e agora como farei para ter meus encontros? Longe ficarei deste mundo meu, só meu. Desta minha vaidade íntima, desta velha e boa masturbação.

Verônica Pacheco

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Você é tão vaidoso que deve achar
que o post é para você

Voltando à ativa nas desaforadas após várias semanas off. Passei por uma maratona de stress, trabalho, viagem, problemas pessoais, etc que realmente me impediram de escrever por aqui. Até meu blog pessoal andou um tanto ofuscado e largado em meio a esses fatos do cotidiano, o que nos leva à vaidade, uma das minhas é não escrever se eu acho que o texto não está realmente interessante. Òbvio que há dias de blogging que simplesmente não rendem, foi por isso que sumi daqui, minha vaidade "estilística" não me permite que escreva só por escrever... rs

Acredito que toda a vaidade, tem muito mais a ver com nossa mediação com as alteridades do que com nosso próprio mundo interior. Seres humanos são competitivos e irracionais por mais humanistas, altruístas e lógicos que se intitulem. Nossa "pavonice" tem sempre a ver com desejo e conquista - o que não quer dizer necessariamente que tenha apenas um cunho amoroso/sexual. Temos desejo de aparecer e conquistar por nossas condições físicas, intelectuais, emocionais, desportivas, etc. Eis ai a exposição do "eu" que vemos tanto em reality shows como em blogs, fotologs, etc. A sociedade do espetáculo se nutre de todas as vaidades íntimas de cada um, expondo quase sempre o vazio de serezinhos medíocres em busca de uma pontinha de sucesso e palmas, claro, como sempre acompanhadas de dinheiro, glamour, delírio e poder.

O vaidoso pensa que detém um tipo de poder, mas por muitas vezes ele se encontra vulnerável e se torna alvo fácil, pois cede o poder de sua auto-estima ao outro, de definir-se quem ele é a outrem, nutrindo-se de elogios e glórias sejam elas presentes ou trancadas em um passado. O vaidoso em excesso entrega sua auto-estima de bandeja e pára de deliberar e gerenciar sua própria individualidade. E quem de nós não se deixa, em determinados momentos levar por tais sentimentos?

Não estou dizendo aqui que a vaidade é algo totalmente ruim, não, é um sentimento demasiado humano e nos torna quem somos. Em alguns momentos ela é benéfica, como quando ela nos leva a querer cuidar do corpo ou da mente, malhando ou vendo um filme de arte; mas em exagero cria um egocentrismo que, a meu ver, consegue destruir e atrapalhar as melhores intenções. Não gosto de pessoas vaidosas em excesso, porque elas tendem a perder a noção do ridículo e a esvaziar seus discursos em troca de manter o séquito de bajuladores ao redor - e quando falo nisso, posso falar de carteirinha rs pois convivo em um meio que a priori não deveria ser tão auto-indulgente, mas na prática o é. Então, não são apenas as vaidades em excesso das patricinhas fúteis que me irritam, mas também as vaidades intelectuais que acabam de certa forma abrindo espaço e brechas para articulações e alianças nem sempre bem sucedidas - em termos estritamente da ordem das idéias, que acabam se perdendo em meio a uma egolatria desnecessária. Não é à toa que esportistas quando cantam vitória jogam "de salto alto", a sabedoria popular não perdoa.

Antes que me perguntem se fiz esse post pra atingir a vaidade de A ou B, respondo com uma música 70s: You´re so vain da cantora Carly Simon, que resgatei do baú das memórias musicais (olha ai meu momento de fraqueza vaidosa sobre como eu sempre lembro de uma música pra cada situação.. rs)



Até a próxima!
LadyA.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Pra quem gosta de Sessão da Tarde...rs


Betty, Doroty e Susan são aquelas típicas adolescentes de filmes americanos passados no colegial. Susan se dá bem com todos os garotos da escola, até os metidos mauricinhos caem por ela. As patricinhas Betty e Doroty ao notar isso logo trataram de ficar amiguinhas de Susan. E a relação estava iniciando bem, até o dia em que elas se reuniram pra dormir na casa de Betty e resolveram papear sobre suas vaidades íntimas.
Susan: -... é, como eu curto mudar de cor, uso esses sprays coloridos. Quer colocar um pouco também Doroty.
Doroty: - Ai, acho que não, pois eu demorei tanto pra achar essa tinta pra cabelo 64D loiro platinado star, que eu tenho medo que manche a cor.
Susan: - É, se você lavar o cabelo pra tirar o spray, talvez o seu loiro se transforme num loiro aveludado pop...
Doroty: - Jura??? Que cor é essa? Parece legal...
Betty: - Eu já usei um spray desses: vermelho. Pra deixar o Tod louquinho... Nossa deu maior trabalhão, mas ficou muuuito legal. Eu raspei os pêlos da little betty em forma de coração e passei o spray. Ficou o máximo!!!
(risadas)
Doroty: - Jura??? E não deu alergia?
Betty: - Nada, só coça um pouco quando começa a crescer.
Doroty: - Eu sei como é. Eu gosto de depilar a minha florzinha inteira. Fica parecendo de bebê. Gosto até de pôr talquinho...
(risadas)
Betty: - E você Susan, nos conte o teu segredo pra deixar essa periquita pulsando e deixar os garotos maluquetes.
Susan: - Ah, gente não faço absolutamente nada.
Betty: - Bom, pelo menos depila tipo biquíni, né?
Susan: - Não, dói muito.
Doroty: - Raspa então?
Susan: - Olha, pra não dizer que não faço nada...agora que tá num tamanho legal, faço chapinha 2 vezes por semana. Fica bonito... (sorri)
(Doroty e Betty se olham num misto de surpresa e horror e logo mudam de assunto)
Doroty: - Bom, eu estou com sono e amanhã quero acordar cedo pra tomar um banho e lavar a cabeça antes de ir pra aula. Você me empresta uma toalha e o secador, Betty?
Betty: - Claro querida. Aqui temos toalhas, desodorantes, cremes, secadores e chapinhas pra todas usarem como quiserem...
(risadas)
Susan: - Legal, eu não vou precisar, pois amanhã é quinta e eu só tomo banho segunda, quarta e sábado... (sorri)
(Doroty e Betty dão um sorriso amarelo e resolvem parar a conversa por ali.)

No dia seguinte, na escola, Betty e Doroty resolvem fofocar pra toda a escola, principalmente pros rapazes, os hábitos nojentos de Susan. Elas não compreendiam o porquê de Susan fazer tanto sucesso na escola. Elas tinham que a desmascarar, começando para o time campeão de futebol. Qual não foi a surpresa delas ao notarem a reação dos colegas, que só puderam dar altas gargalhadas? Pra zombar de Susan? Óbvio que não, para tirar sarro delas que acreditaram. Pois eles conheciam Susan e seu senso de humor, que conquistava qualquer um, se fosse um pouco esperto e não invejoso, claro.

by Mazé Portugal

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Tema da semana: Vaidades íntimas.

Segundo a Wikipédia:
Vaidade é o desejo de atrair a admiração das outras pessoas. Uma pessoa vaidosa cria uma imagem pessoal para transmitir aos outros, com o objetivo de ser admirada.
Mostra com extravagância seus pontos positivos e esconde seus pontos negativos.

A vaidade é mais utilizada hoje para estética, visual e aparência da própria pessoa. A imagem de uma pessoa vaidosa estará geralmente em frente a um espelho, a exemplo de Narciso.

O que pelas lentes de alguns é asseio, ou glamour, ou fantasia, ou amor ao belo, ou elevação da auto-estima, pelas lentes de outros pode ser (parecer) vaidade. A Vaidade (também chamada de Orgulho ou Soberba) é considerada o mais grave dos pecados capitais.
Vaidades íntimas... todo mundo tem a sua, uns mais uns menos, mas não vivemos sem elas ou vivemos?
Acho que não podemos viver sem ela, a “vaidade”, não me imagino sem vaidade... amo passar um batom, cuidar dos meus cabelos, correr no parque, faço para mim, mas como não vivemos isolados, também fazemos para os outros que também possuem vaidade, raiva, inveja, curiosidade, dúvida, intriga, pressa, loucura, desejos, amor....


Lembrei da...

História do Amor

Contam que, uma vez, se reuniram os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da Terra.
O ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez que não suportava mais ficar à toa e a LOUCURA, como sempre louca, propôs-lhe :
-- Vamos brincar de esconce-esconde ?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou-lhe :
-- Esconde-esconde ? Como é isso ? É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou convencendo a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar.
A VERDADE preferiu não esconder-se. Para quê, se no final todos a encontravam?
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não arriscar-se.
-- Um, dois, três, quatro...
-- começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que como sempre caiu tropeçando na primeira pedra do caminho.
A subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço, tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA; se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ; se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA; se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE, e assim, acabou escondendo-se em um raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início, ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris), e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO, não me recordo onde se escondeu, mas isso não é importante.
Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.
-- Um milhão-contou a LOUCURA, e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA, apenas a três passos de uma pedra.
Depois, escutou-se a discutindo com Deus no céu sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido encontrou a INVEJA, e claro, pôde deduzir onde estava o TRIUNFO.
EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo.
Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA.
A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem se decidir de que lado esconder-se.
E assim foi encontrando todos.
O TALENTO, entre a erva fresca; a ANGÚSTIA, em uma cova escura; a MENTIRA, atrás do arco-íris (não, mentira, ela estava no fundo do oceano);e até o ESQUECIMENTO, pra quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.
A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, embaixo de cada rocha do planeta, e em cima das montanhas.
Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos,quando, no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos.
A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.
Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia.
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na Terra, O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.

Fonte: http://www.contandohistorias.com.br/

By Aletéia Ferreira (ALE)

domingo, 17 de agosto de 2008

Dois bicudos


Ainda bem que existem os computadores para botarmos a culpa. Devido ao famigerado “erro no sistema” (leia-se programação ajustada para “opostos se atraem” e não para “convergir compatibilidades”), um improvável casal acabou entrando nos arranjos de uma agência de relacionamentos, que agendou um encontro às escuras entre um adepto da vida saudável e uma adepta da vida loka, Nando e Cida. Se houvesse uma caixa preta no carro dele, a conversa ouvida seria esta.
- Então, vamos aonde, fofo?
- Eu estava pensando em um restaurante oriental que eu conheço que tem um Alu Bringel Panir Babji incrível.
- Oba, parece... interessante.
- Vamos para lá então. Bote seu cinto.
- Ei, a porta do carro tá com problemas?
- Não, por quê?
- Porque você abriu ela pra mim. Pensei que estava emperrada.
- Não. Foi uma gentileza.
- Ah. Ei, quer que eu retribua a gentileza?
- Como?
- Te fazendo relaxar?
- Ãhn?
- Primeiro, toma um gole.
- “Se beber, não dirija”, já ouviu isso?
- Ué, então estaciona ali.
- Não, eu não bebo nem parado.
- Sério? Por quê? Doença?
- Não. Eu não coloco para dentro do meu corpo nada que me turve o raciocínio.
- Uau. Então não vai me deixar acender um aqui?
- Credo! Não!
- Mas é um careta.
- Não.
- Vamos numa boate ao invés desse restaurante? Sei de uma que rola swing.
- Swing no sentido de ritmo?
- Hmmm... é, tem de ter ritmo sim.
- Não posso. Amanhã acordo cedo para o cooper no parque perto de casa.
- Mas amanhã é domingo.
- Sim, se fosse sábado seria dia da natação.
- E em qual dia você se diverte?
- O que?
- Nada não.
- Ei, tenho que avisar que sua saia está subindo?
- É mesmo?
- Sim, e sua perna está encostando na minha.
- Que rapaz reparador.
- E tenho de alertar que você esqueceu de botar a calcinha.
- Cuidado!
- Uf! Por pouco!
- Iuuuuuuuuuuhhhhhhhuuuuuuuuuuuu!!!
- A gente quase morreu debaixo daquela jamanta!
- Vem cá, o que você vai contar para os seus netos? Que eles têm de escovar os dentes e comer seus vegetais?
- Sim, mas vegetais orgânicos porque não contém agrotóxicos. E você?
- Eu não vou ter netos.
- Não vai envelhecer?
- Não vou me reproduzir.
- Tem algum... problema ginecológico?
- Não, sou fertilíssima. Você terá de esporrar numa camisinha blindada.
- Ei!
- Vai recriminar meu palavreado agora, porra?!
- Você é meio desequilibrada, não é não?
- Você me deixa assim.
- Mas você mal me conhece?!
- Vem cá, você sabe se divertir?
- Olha, vamos parar com esse assunto, que já estamos quase chegando no restaurante.
- Eu perdi o apetite.
- O que quer fazer então?
- O que você faz da vida?
- Sou professor de uma academia de fitness.
- Hmmmmmmm... você bem que poderia pegar a chave e a gente ir lá pra brincar na piscina.
- Não posso.
- Não tem a chave?
- Não, eu não trouxe minha sunga.
- Ai, como é difícil.
- Como é que eles colocaram nós dois juntos lá na agência?
- Não sei, acho que sortearam.
- Tipo roleta?
- Roleta russa, você quer dizer.
- Chegamos.
- Eu preciso fumar urgente.
- Então, espera eu estacionar.
- Aí tem de comer com pauzinho?
- Não. Tem talheres.
- Tem carne? Massas, essas coisas gordurentas?
- Não.
- Eu bem que imaginei. Vamos embora.
- Tá, diga de uma vez qual o programa que você quer fazer?
- Baurete, cerveja, sexo selvagem no alto do prédio abandonado ao lado da minha casa, com pizza cinco queijos na seqüência para acabar com a larica. Sua vez.
- O que é um baurete?
- Responde logo.
- Esse restaurante oriental, casa, um sono reconfortante e fazermos cooper juntos amanhã de manhã.
- Ah, me poupe.
- Somos bem diferentes, né?
- Como eu disse, você é um rapaz reparador.
- Eu te deixo em casa.
- Não. Deixa ao lado de casa, no prédio abandonado.
- O que você vai fazer lá?
- Não te interessa.
Nando deixou Cida no local indicado, e ela bateu a porta do carro pensando "agora sim, está emperrada". Pelo retrovisor, Nando a viu caminhando a passos rápidos pela rua enquanto acendia um cigarro. Na manhã do dia seguinte, logo cedo, Nando corria pelo parque quando se deparou com uma visão: parada à sua frente, Cida, ainda com a roupa extravagante da noite anterior, segurando uma caixa de papelão achatada e hexagonal, tendo dentro dela a pizza cinco queijos.


Mario Lopes

sábado, 16 de agosto de 2008

Muito chata

Vida saudável é realmente muito chata! Comer salada todos os dias é um saco! Ainda mais no frio que a comida quentinha sempre é bem-vinda no lugar destes verdinhos gelados.

Sempre fui adépta de carnes, massas e doces. As saladas nunca fizeram parte do meu cardápio mas como preciso de uma vida saudável tenho que comer essas coisinhas! MUITO CHATO


Ir a academia todos os dias também é um saco! Mais uma coisa chata da vida saudável. Ter que suar, sentir dor e tudo mais...





Mas todas essas coisas chatas da vida são essenciais para não ficarmos assim!


E então o que é mais chato?
Josiany Vieira

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Vida chata é saudável. Quer trocar?


Cidadãos de Springfield com e sem vida chata.




































































Mario Lopes