segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tema da semana: Surra de Amor

Vai encarar?



- Gostou ?
- Ãããn?
- Gostou do carinha surfistinha ?
- Quêê ?
- Ah, não te faz, Andréia ! Te vi sacando o carinha de terno cinza, com pinta de surfista.
- Como é que é, Alberto ?!
- Aquele ali ó, que tá dançando com tua amiga...
- Mas de onde tu tirou isso, criatura ? Primeiro, que estamos casados, segundo que ele está dançando com a Vivi.
- Ah, não finge, Andréia...
- Olha, Alberto... é a terceira festa de casamento das minhas amigas que tu estraga com esse teu ciúme doentio.
- Se tu não aprontasse...
- Eu ?? Eu não sou tu, Alberto. Não sou tu! E vamos voltar pra mesa! Não quero mais dançar.
- Não! Vamos ficar aqui na pista. Assim tu continua encarando o bonitinho....
- Aaaaaai! Não me puxa!
- Andréia... volta aqui!

....

- Amiga, tenho que ir...
- Ah, Déia... Já?
- Já. O Alberto surtou de novo. Viajou que tô encarando o carinha que tá dançando com a Vivi.
- De novo essa história? É a terceira festa que ele estraga, Déia!
- É, eu sei. Não aguento mais. E pior, que ele bebeu horrores... tô sentindo que a noite vai ser longa. Bom, tenho que ir... Amiga, estou muito feliz por ti! Que Deus abençoe a união de vocês.
- Obrigada. Te cuida. Falamos na volta da nossa lua-de-mel.
- OK... Divirtam-se e aproveitem Bali por mim.

....

- Onde tu pensa que vai?
- Pra casa, Alberto. Aqui não fico mais passando vergonha e sendo agredida por ti.
- Agredida? Só te dei um puxãozinho pelo braço!
- Começa assim... e não me segura. Me deixa ir.
- Vai como? A chave do carro tá comigo.
- É, eu sei. Mas a chave da casa tá comigo e, depois que casamos, aprendi a levar dinheiro na bolsa, no caso de acontecer algum “imprevisto”. Como esse. Táxi! Tchau, Alberto. Boa festa.
- Déia! Volta aqui! Dééiaa....

...

- Aaaai! Sai de cima de mim! Que horas são ?
- Não sei. Tá quase amanhecendo.
- Que nojo! Tu tá cheirando a bebida... sai daqui!! Me deixa dormir.
- Quero transar.
- Transa com a almofada, me deixa em paz, seu ridículo.
- O quê?? Eu sou ridículo mesmo! Te acompanho no casamento da tua amiguinha e faço papel de ridículo enquanto minha mulher encara um surfista.
- Tu surtou, Alberto... surtou! Não sou tu. Agora, me deixa em paz e me largaaaa!
- Quero te comer.
- Aaaai, me larga!
- Tá com medo de ficar de costas pro teu maridinho?
- Sim! Me larga, seu louco!! Aaaaaaaai!
- Desgraçada!
- Aaaaaaai! Alberto pára! Aaaai! Pára, pelo amor de Deus... tu tá me machucando!
- Vagabunda... pra que me chutar ?
- Pra tu parar de me agredir ! Não quero nada contigo, ainda mais à força. Saaai daquiii! Saaai!
- Pára de gritar, sua louca! Cala a boca!
- Aaaai!!! Cachorro... tô sangrando... minha boca tá machucada. Meu corpo dói... Some daquiiiiii!
- Daqui eu não saio. E pára de chorar. Não te faz de coitadinha.
- Tô com dor de cabeça!
- Ah, um clássico! Conta outra...
- Conto. Você também está com dor.
- Eu não!
- Dor de cotovelo!
- Ai! Você me acertou nos bagos!
- Foi sem querer. Tô só tentando me afastar de você.
- Não seja por isso, eu te afasto.
- Grosso! Você me derrubou da cama!
- Hoje tá quente, tá mais geladinho aí no assoalho.
- Quer frio, é? Quer frio? Então me dá essas cobertas!
- É assim? Então aproveita e leva esse travesseiro.
- Ai, não me bate!
- Ué, antes você não gostava de guerra de travesseiro?
- Isso era antes de você ter virado um cavalo. Agora só topo se eu puder colocar um ferro de passar dentro da fronha.
- Vai, pega lá. Eu boto um cactus dentro do meu travesseiro.
- Mais espinhoso que essa sua barba mal feita não vai ser.
- Antes você gostava dela roçando na nuca.
- Antes! Antes! Antes! Antes você não era um porco espinho.
- Antes você não era essa vaca atolada!
- Quer outro chute nos bagos?!
- Experimenta! Experimenta!

...

- Calma, calma, senhores. Vou responder a uma pergunta por vez.
- Doutor, qual a causa mortis?
- Bem, o casal já foi trazido bastante debilitado. Não sabemos quem os espancou, foram encontrados desacordados no quarto.
- Doutor, mas chegaram vivos, não foi?
- Sim, nós mesmos estamos confusos e não sabemos o que de preciso temos para informar a vocês da imprensa, mas foi isso: eles chegaram vivos, sim. Faleceram aqui.
- Qual a suspeita?
- A causa mortis nós sabemos, mas as circunstâncias ainda são confusas. Quando os dois chegaram no hospital, resolvemos deixá-los juntos em um mesmo quarto, pois acreditávamos que se sentiriam melhor ao recobrar a consciência.
- E recobraram?
- Sim, uma enfermeira testemunhou quando abriram os olhos, então ela veio correndo até um de nossos médicos para contar. Quando voltaram ao quarto, os dois estavam mortos.
- Como morreram?
- Foi tirado o respirador do marido. A esposa também morreu asfixiada, só que por um travesseiro. E o mais estranho é que o assassino deixou o corpo dele sobre o dela. Provavelmente foi uma tentativa patética de fazer parecer que o marido matou a esposa com o travesseiro. Também foram encontradas digitais dela no tubo do respirador, ou seja, o assassino com certeza colocou os dedos da mulher no equipamento para parecer que ela é que o tinha tirado do marido.
- O senhor está sabendo que o caso já causou comoção nacional?
- Sim, já. Os familiares e amigos garantem que era um casal excepcional. Ninguém consegue imaginar qual motivo levaria alguém a querer matá-los. Sabemos também que depois da vigília que estão fazendo em nossa capela ecumênica, os fiéis farão uma passeata.
- Reivindicando o que?
- Maior segurança. Como pode um casal que se ama ser atingido assim dentro de casa, e no próprio leito?
- E quem os atingiu?
- Daí os senhores terão de indagar a polícia.
- Mas não há nenhuma suspeita?
- Não há nenhuma pista até agora. Mas ao que parece já há um suspeito preso.
- Quem?
- Terão de perguntar o nome à polícia. Só sei que é um rapaz de terno com jeito de surfista. Próxima pergunta...





Karime Abrão e Mario Lopes

domingo, 29 de novembro de 2009

A verdade nua e crua




Já que o tema da semana é livre, gostaria de aproveitar para fazer algumas reflexões sobre a complexa relação homem e mulher, essa eterna “guerra dos sexos” e o que os filmes podem nos ajudar a entender.

Esse final de semana assisti ao filme “A verdade nua e crua”

http://www.youtube.com/watch?v=emOPbYWC1ms. Adorei, não só pelos atores que eu gosto muito (ênfase para Gerard Butler) como também pelo enredo que nos faz refletir: será que é tão difícil arranjar um namorado? Por que estamos agindo da maneira errada?


Segue algumas das dicas do sedutor Mike Chadway para Abby Ritcher:

Regra nº 1: Os homens são simples
Comentário: Esqueça todos os tipos de livro de auto-ajuda que você conhece sobre o tema, os homens só se importam se você tem um par de seios, uma bunda e se você sabe fazer um boquete gostoso.

Regra nº 2: Os homens são atraídos pelo seu visual
Comentário: Use um sutiã que queira dizer: Olá, eu sou gostoso.

Regra nº 3: Homens gostam de cabelos longos
Comentário: Homens gostam de algo pra agarrar além da sua bunda.

Regra nº 4: Não conte seus problemas para os homens
Comentário: Os homens não escutam e nem se importam. Quando eles perguntam ‘Como você está?’ é só um código para ‘deixa eu meter meu pau na sua bunda’.

Regra nº 4: Você deve ser duas pessoas
Comentário: Seja a mistura de uma bibliotecária e uma stripper.

Regra nº 5: Ria do que ele disser
Comentário: Para os homens a autoconfiança acaba na privada.

Regra nº 6: Satisfaça a você mesma
Comentário: Se nem você mesma faz sexo com você, por que um homem gostaria de fazê-lo ?

Regra nº 7: Não discuta a relação
Comentário: Os homens, assim como os macacos bonobos, usam o sexo para acabar com uma discussão.

No inicio do filme, Abby Ritcher vai ao encontro de um pretendente e enumera uma lista do que procura num homem, faz pesquisa sobre o perfil dele, nunca perde o controle da situação, vem armada, prevenida.
Claro que no filme, isso é mostrado de maneira exagerada, mas o que eu fico realmente pensando, será que a gente, até que inconsciente não faz isso mesmo, idealiza demais esse tal homem que nunca chega?
Valoriza demais o controle, ou auto-controle, quer idealizar, planejar e realizar.
Acho que o filme exagera em algumas partes e no machismo do personagem de Butler, mas no fundo, as entrelinhas confirmam algumas teorias.
Acho que a mensagem principal que o filme deixa é que as mulheres levam tudo muito a sério e acabam sozinhas, enquanto os homens levam tudo mais na esportiva e acabam tendo inúmeros relacionamentos superficiais que não levam a nada, porque eles mesmo barram qualquer tentativa da mulher em concretizar qualquer relacionamento.
O casal chega a um final feliz porque consegue finalmente o equilíbrio entre esses dois opostos.
Está disponível na internet um jogo sobre o filme - http://www.sonypictures.com.br/Sony/HotSites/Br/uglytruth/#


Emmanuela Minari

Homem É Tudo Palhaço


Será que o velho ditado: “homem é tudo igual” é verdadeiro? Não sou de fazer propaganda, mas não posso deixar de falar sobre o blog “Homem é tudo Palhaço” - http://www.tudopalhaco.blogspot.com/. Criado em 2002 por quatro jornalistas, conta histórias de relações mal sucedidas provocadas por mancadas masculinas. É recorde de acessos e conta com participações vindas de todo o país. Os posts são engraçadíssimos. A mistura de sarcasmo e bom humor é a receita que permite ao leitor se identificar com as situações vividas por eles.
Entre os inúmeros posts, que infelizmente parecem confirmar este ditado, encontrei uma espécie de “dicionário” com definições bem interessantes (e algumas hilárias) sobre os mais variados tipos de palhaços.
E eu, como boa desaforada que sou, achei interessante divulgá-lo aqui para que nós classifiquemos os palhaçinhos à nossa volta. Com certeza você já se deparou com um desses. Divirtam-se!


Dicionário Palhaço

Palhaço Micareta: Toda festa pra ele é como carnaval em Salvador. Não basta ficar com uma. Tem que ficar com uma, duas, três ou quatro. E pode ser em casamento, batizado, roda de samba, velório, festa de fim de ano da firma e até ceia de Natal.

Palhaço Platão: Adora filosofar. É cheio de frases de efeito. É um poço de conhecimento da natureza humana, sobretudo da natureza masculina. Defende suas teses com pérolas como: “um boquete e um joguinho de futebol fazem os homens felizes” ou “mulher não gosta de homem sincero”. Em geral, a profundidade de seus pensamentos, é como água de piscina infantil: só vai até a canela.


Palhaço Alto Falante: É aquele que gosta de se gabar. Seu prazer é falar em alto e bom som que “já pegou fulana, comeu sicrana.” Quanto mais gente por perto pra ouvir o quanto ele é bom, melhor. No geral, ele só come (ou comeu) metade (ou menos) das mulheres que ele diz ter comido (estar comendo).

Palhaço Repetitivo: Versão mais sofisticada do palhaço "Tira o som e deixa a Imagem". Tem a péssima mania de cantar mulheres com a mesma cantada e, ainda pior, mulheres que se conhecem. Além de repetitivo é burro.

Palhaço Biba: Quer ser bicha, mas não assume. Tem muita curiosidade, tem o alvará, mas não coloca a firma em funcionamento. Às vezes, ele é muito amigo do seu namorado e fica falando mal de você por aí. É o pior tipo: bicha enrustida e ciumenta.

Palhaço Blog Star: Aquele que pede para ser citado no picadeiro. Que força palhaçadas para ser reconhecido como palhaço. OK, né...

Palhaço Cagão: É covarde. Tem medo da mãe, da namorada, da irmã, da esposa. Prefere fazer outra palhaça a tentar consertar uma. Sempre acha que vai ganhar uma bronca. Depois de uma boa palhaçada se esconde. Ver também palhaço Pique Esconde.

Palhaço Pique Esconde: Ele marca de sair com você e... não aparece! Ele te liga chamando pra almoçar e... não aparece! E, claro, sempre desliga o telefone depois do sumiço. Aí ele conta até cem, mil ou cinco mil e, como você - óbvio - não o encontra, ele surge, com a maior cara de pau do mundo dizendo: “ih... esqueci”.

Palhaço Pinóquio: Por razões até hoje desconhecidas, não pode mentir. Ou não consegue. É suuuuper sincero, suuuuper verdadeiro a níveis que beiram a joselitice. Algo na linha: "olha, eu fiquei com você, você é legal, mas eu tenho que ir pra casa porque tenho uma filha pequena". Sem comentários!

Palhaço Cristão: Sente culpa, muuuuita culpa. É capaz de trair a namorada, mas repete incessantemente que não se sente bem fazendo aquilo. Quer largar a mulher, mas não abre mão do trio propriedade-religião-família. É uma variação do palhaço Cagão.

Palhaço Auto Estima: Esse é admirável. Porque muitas vezes o bruto é feio, tem barriga, cara de nerd, corpo caído, “pau de 10 cm” (observação made in Mila)... enfim, sex-appeal zero. Mas é capaz de olhar para você e mandar na lata: “olha... você tá meio gordinha, né?”, “olha… que tal pegar um sol?”, ou “você tá meio pálida”. É uma variação do palhaço Pinóquio.

Palhaço Rádio Relógio: Ele sai contigo e puxa os papos mais bizarros possíveis. Algo do tipo: “você sabia que uma mosca come 1450 vezes por dia?” A intenção, na maioria dos casos, é de impressionar. Quase sempre, o tiro sai pela culatra.

Palhaço Discovery Channel: Versão mais sofisticada do palhaço Rádio Relógio. Ele não puxa papos bizarros, mas procura sempre uma explicação "científica" pra tudo. Algo do tipo: "vi num documentário que os esquimós comem gordura para... blá, blá, blá". Chato pra cacete.

Palhaço Eleitoral: Só promete. "vamos casar", "vamos ter filhos". Não é preciso dizer que tudo fica somente na promessa. Geralmente eles fogem na hora que o bicho pega.

Palhaço Fantasminha (ou Gasparzinho): Some. Desaparece. Evapora. Você está na boate, dá uma distraída e... puf!

Palhaço Flanelinha: Ao invés de transar contigo decentemente, fica repetindo: "faz isso, faz aquilo, põe a perna aqui, põe o braço aqui.” É preciso paciência, muuuuita paciência.

Palhaço Sexo Oral: Promete que vai te comer de pé, deitada, sentada, de quatro, flutuando e o escambau a quatro. Narra orgasmos incríveis, diz ser um amante sensacional, mas tudo fica por isso mesmo. Muito papo e nada de sexo. É uma variação do palhaço Eleitoral.

Palhaço Mãe Valéria de Oxossi (ou mãe Diná): Assim como estas famosas mães de santo - que prometiam trazer a pessoa amada em três dias - esse palhaço promete. Ô, como promete! Noites tórridas, sexo inesquecível, drinks luxuosos em lugares exóticos, amor e paixão. Mas não em três dias. Pior: promete na hora. E pior ainda: nem precisa dormir ou ir ao banheiro para não cumprir. Outra variação (horrorosa, diga-se de passagem) do palhaço Eleitoral.


Palhaço Vovô Garoto: Nem todo mundo nasceu para ser Evandro Mesquita, né? Tem homem que não sabe disso e com 40, ainda acha que tem 20. Então, mesmo com 40, ele se veste como alguém de 20, fala como alguém de 20 e, pior, faz coisas que alguém de 20 faria. Quando são grisalhos então... é para sentar e chorar.

Palhaço Vovô Moleque: É uma variação do palhaço Vovô Garoto, só que pior. Ele está na casa dos 40, às vezes já beirando os 50, mas é arteiro como um moleque de 18. Acha que casamento é micareta, faz aquele gênero que quer pegar todas, usa gírias em timing errado e, muitas vezes, mesmo sendo avô de verdade, se acha assim: um baby cheio de amor pra dar.

Palhaço Milhagem: É um aprendiz de palhaço. Apaixonado, dedicado, mas sempre palhaço. Acha que relacionamento é como programa de milhagem: para cada dia de bom comportamento, recebe um vale-palhaçada. São bonzinhos, portanto merecem crédito.

Palhaço Comentarista: É aquele metido a saber e comentar de tudo. "Homem não gosta de mulher tatuada" ou “homem não gosta de mulher que bebe." É metido a ser a pedra filosofal da masculinidade. Pode ser uma variação do palhaço Rádio Relógio.

Palhaço Indeciso: É aquele q não sabe o quer e quando finalmente decide, ainda acha que você tá disponível. E ainda por cima vem com aquele jeito canalha, pegando na sua mão com uma cara de quem diz: "eu sei que você tá querendo".

Palhaço Cachorro: Um clássico da espécie masculina. Praticamente “default”. É aquele palhaço casado, mas que em algum momento precisa sair para dar umas voltinhas, senão enlouquece. Quando digo voltinhas, todo mundo entende que não é ir até esquina, fazer xixi e voltar, né?

Palhaço Cobra no Bolso: Antes fosse o que vocês estão pensando. O palhaço em questão não coça o utensílio da calça porque é pão duro. Muquirana mesmo. Daqueles que te chama para sair e vai logo dizendo que tá sem dinheiro ou que divide a primeira conta até nos centavos ou que come o seu petisco, mas só quer pagar a bebida.

Palhaço Glenn Close: Tipo perigoso. Depois que você termina com ele, o bruto transforma sua vida num inferno. Faz ameaças, liga para sua casa de cinco em cinco minutos, tem crises de ciúme... todos lembram de "Atração Fatal", certo?

Palhaço Janete Clair: Esse é um tipo único na dramaturgia brasileira. Ele olha para você, te azara e logo depois do primeiro beijo já quer casar, ter filhos, comprar uma casa no campo e enchê-la de labradores. Quer sair do bar ou boate direto para o banco e abrir uma conta conjunta. Mas cuidado: esse tipo de palhaço muda depois de uma noite de sono. Contra indicado para meninas de coração fraco.

Palhaço de Monte Cristo: Faz a palhaçada, deixa aquele rastro inacreditável e some. Dias, semanas, meses e até anos depois, reaparece. Às vezes com um novo visual, outras se gabando por estar "disponível" mais uma vez: "ô... se quiser, o bonitão tá aqui." A volta dos que não foram perde, né?

Palhaço Nelson Rodrigues: Tem de dois tipos: aquele que te chama para sair e te convida para “tomar um Chicabon” ou que usa termos como motoca, decalque, serelepe, etc. E também aquele saído diretamente das páginas de “A vida como ela é”. Preserva as instituições familiares: casa com a namoradinha do segundo grau, cumpre suas obrigações como marido, tem uma amante, é funcionário público e acha que sexo com prazer é só com puta. Sair para se divertir com a mulher, nem pensar.

Palhaço Pachecão: Te troca sem culpa, sem remorso e sem arrependimento pelo time de futebol. Em época de Copa do Mundo então… ele se esquece da sua existência e concentra todas as suas forças em outros 22 palhaços correndo atrás de uma bola.

Palhaço Bem de Consumo: Extremamente apegado a bens de consumo duráveis e não-duráveis. No melhor estilo agente do IPEA, presta atenção em quantos DVDs, TVs, ar-condicionados, geladeiras e fogões você tem em casa. E quando ele acha que seu eletrodoméstico está assim... digamos, defasado; não se acanha e critica. Claro, o moço quer estar sempre up-to-date no quesito inovação.

Palhaço Perfil do Consumidor: Não tem assunto. Em geral, acaba de te conhecer e começa com um questionário pseudo-intelectual do tipo: "qual seu escritor preferido?”, “e a sua música?”, “e o seu filme?”. Recomenda-se estar de porre pra aturar palhaços assim.

Palhaço Reprodutor: Este só quer te comer para fins reprodutivos. Quer encher o mundo de palhaçinhos e acha que seu sistema reprodutor merece tal missão. Cuidado: na primeira noite de amor pode interromper o coito com a pérola: “quero um filho seu”. Recomenda-se nesses casos a simulação de uma forte crise renal ou ataque cardíaco.

Palhaço Silvestre: Assim como os animais que habitam as vastas savanas, tundras, cerrados, florestas tropicais e planaltos deste mundão, os palhaços silvestres não gostam de movimentos bruscos. A aproximação é feita aos poucos, com cautela. Uma vez dominado, ou seja, uma vez beijado ou deitado em sua cama, não faça movimentos bruscos ou afoitos. Pegue a sua noz e fique ali... todos os dias alimentando o esquilinho...

Palhaço Cozinheiro: Sua arte é cozinhar... te deixa em banho maria, mas comer que é bom... nada!

Palhaço Mestre Cuca: Primo do palhaço cozinheiro... quase um Chef, exímio na arte de cozinhar... te deixa em banho maria, coloca molho, refoga, assa, frita, mas comer que é bom... nadinha!

Palhaço Professor Pasquale: Também conhecido como palhaço Revisor. Ele está sempre atento ao uso do português correto. Um vigia incessante da crase, concordância e regência. Seu último alvo é o dicionário palhaço. Ele lê atentamente, se identifica, vê os erros, corrige e comenta. E muito.

Palhaço TPM: Seu lema é o mau humor. Reclama das suas roupas, resmunga dos seus posts, acha todas as suas histórias ruins. Reclama do seu cabelo, da sua voz, da cerveja quente no dia do futebol, do calor, do vento, da chuva, de tudo! Costuma encher os blogs de comentários ácidos e azedos. Mas, cuidado: geralmente eles ficam uma gracinha quando zangadinhos. Podem enganar, portanto, fiquem atentas.

Palhaço IBGE: Muito comum em salas de bate-papo e MSN. Suas três primeiras perguntas invariavelmente são: "De onde tecla?", "Como você é?”, "Tem foto?"
- se bem que a moda agora é perguntar: “Você tem cam?”

Palhaço INSS: Conta as palhaçadas por “tempo de serviço”. Geralmente são os palhaços mais velhos, que se gabam de serem mais experientes; e portanto, mais vividos e palhaços que os outros.

Palhaço PSDB: Tal e qual o partido, está sempre em cima do muro. Não sabe se quer, se não quer, quando quer diz que não, quando não quer diz que sim.. não sabe se casa ou se compra uma bicicleta. Resumindo: um chato.

Palhaço Tira o som e deixa a Imagem: Quanto mais tempo calado, melhor.

Haja picadeiro pra tanto palhaço!

E você, caro leitor, acrescentaria mais algum verbete a este dicionário?



Camila Souza

sábado, 28 de novembro de 2009

Reciclar É Viver

Nos dias de hoje ninguém presta atenção, ou pelo menos não a devida atenção, ao que está acontecendo com o nosso mundo. As águas, as plantas, os animais... a natureza como forma completa está perdendo seus pedaços, aos poucos.

O reflexo do comportamento inadequado salta todos os dias aos nossos olhos, cada vez mais, e pior.

Quando eu era criança ninguém falava em aquecimento global ou das consequências desastrosas que a natureza sofreria se não cuidada de uma forma responsável. Mas elas aconteceram, e acontecem. A mídia noticia sem parar o descompasso entre o homem e a natureza. Parte de nós, raça humana, e muitas vezes inconscientes dos atos que cometemos, ajudamos a estragar, ou simplesmente deixamos de colaborar. Mas mal sabemos que com atitudes simples podemos fazer muita coisa pra reverter esse quadro. Um pequeno passo pode ser o início da conscientização da maioria e quem sabe a tempo consigamos deixar um planeta melhor para os que ficarão e virão depois de nós. Vamos reciclar. Separar o lixo que produzimos. Destiná-lo ao lugar certo está ao alcance de muitos e pode, com toda certeza, iniciar uma nova corrente para o futuro.

O assunto está no ar, o acesso à informação e ao conhecimento já é possível a muitos. A notícia tem que ser espalhada e assim ter o valor que merece. Precisamos cuidar de onde vivemos para ter onde viver. A iniciativa existe, tem muitas ideias por aí que envolvem esse assunto, informam, esclarecem, colocam de verdade essa realidade em pauta com o objetivo de conscientizar. É lá do comecinho que se deve entender. Se nos meus tempos de criança houvesse a oportunidade que temos nos tempos de hoje, talvez a humanidade estivesse em melhor situação. Infelizmente não foi assim, mas agora pode ser a hora de mudar a mentalidade das pessoas e melhorar o panorama geral. Basta começar.



Liliana Carvalho
Ensaio Sobre A Maldade




Já vi o mal se manifestar e vocês também vêem todos os dias, quanto mais eu observo as pessoas, mais eu me conscientizo que elas possuem sentimentos ruins dentro de si. Quantas vezes já nos decepcionamos com alguém, quantas vezes fomos vítimas de fofocas e julgamentos, e, o pior justamente, pelas pessoas que amamos, por nossa família, nossos amigos. Nesse sentido, como podemos confiar nos outros, partilhar a nossa vida, se a qualquer momento a mão amiga que acaricia pode ser aquela que te dará um tapa na cara?
Não estou generalizando. Acredito na bondade das pessoas, no entanto, não sou tão ingênua em acreditar que esse sentimento está presente em todos os corações, pelo contrário, existem sim pessoas boas, mas na maioria das vezes, confesso que nem sempre gosto do que vejo.
Num jardim cheio de flores podem estar espalhados os mais diversos tipos de cobras. Convivemos com pessoas diferentes, humores diferentes, concepções diferentes, mas o que eu não me conformo é que os sentimentos de maldade às vezes superam os de bondade.
Existem pessoas que vivem simplesmente para criticar, falar mal, “cuidar” da vida dos outros, fazer calúnias. Elas se aproximam, ficam amigas, tentam fazer parte da sua vida, aí você desabafa, conta seus problemas, expõe sua intimidade e, de repente, é como se sua vida estivesse sendo publicada num jornal, e percebe que virou até noticiário.
Pior são aquelas pessoas que acabam de conhecer alguém, e já vão soltando “flechadas”. Pode ser o novo colega de trabalho, a amiga bonitinha do namorado, a maldade e a inveja aparecem, então o objetivo é buscar uma brecha, um ponto fraco, pode ser a roupa que a pessoa está usando, os gestos, o jeito de falar, a aparência, tudo é minuciosamente analisado e os defeitos são imediatamente contestados.
O fato é que as pessoas tornaram-se individualistas, maldosas, preocupadas consigo mesmas e com a opinião dos outros. Não são mais prestativas, solidárias, sinceras. Infelizmente, muitas vezes, fecham-se em seus mundinhos e escondem dentro de si o que existe de mais especial e belo.
Precisamos ser nós mesmos, amar mais, conversar mais, chegar mais perto do outro, olhar nos olhos, fazer novas amizades, “querer bem”, torcer pelos sonhos do outro. Se começarmos a valorizar demais os espinhos da roseira, esqueceremos de prestar atenção na beleza dos botões, e eles poderão deixar de florescer.
Jamais devemos nos deixar corromper pelo ódio, mau humor, inveja, fofoca, pessimismo. Sei que é quase impossível ficar livre desses tipos de sentimentos, mas a melhor forma de evitá-los é não deixar que eles nos afetem e interfiram na nossa vida e no relacionamento com as pessoas que gostamos. Afinal, ninguém é perfeito.


Elaine Souza

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Encantos e Desencantos – Parte 2



Meu primeiro primeiro dia de aula, após quase 5 primaveras completas, foi amavelmente registrado por minha mãe. Na foto, uma menininha de 1,15 metro de altura, de cabelos presos em um rabo de cavalo alto, exibia um sorriso dentuço de ansiedade e grandes joelhos ossudos parcialmente cobertos por um uniforme azul piscina. Ao seu lado, um menino de 10 anos segura forçadamente a mão da irmã e não consegue esconder o ciúme totalmente a mostra no seu bico de birrento, enquanto sua mãe, com a câmera na mão, não pára de dar recomendações de poses para o seu casalzinho.
Sorte que o ritual só veio a se repetir algumas semanas depois, quando eu, ainda menininha de 5 primaveras e 1,15 metro de altura, tive que ir à aula fantasiada para um dia de brincadeiras. De pernas finas a mostra em um vestido de Pedrita, eu balançava meu cabelo de um lado para o outro para ver se a tiara em forma de ossinho iria cair. Não caiu.
As fotos eu tenho até hoje e muito dos outros bons momentos que não foram fotografados, estão registrados em minha mente com a mesma verossimilhança que um filme de alta resolução.
A imagem de minha professora mais querida, por exemplo, vive intacta na minha memória como se ela fosse minha vizinha e eu continuasse a vê-la todo dia, passeando em frente de casa com seu cachorro e me dando bom dia com voz costumeira.
Até hoje, quando conheço alguém homônimo a ela, lembro-me de uma mulher altíssima, de pernas longas e esguias, cabelos compridos e lisos, e o mais marcante: um enorme topete adornando seu belo rosto delicado. Idolatrava aquela professora a tal ponto que deixava o meu cabelo crescer para ficar igual ao dela, e pedia, diariamente, para que minha mãe fizesse um topete tão lindo quanto o da Ana Claudia.
E esse carinho era recíproco. Desde o início das aulas, a professora encantou-se com meu jeito alegre e desinibido de criança. Além de educada, eu era prestativa e inteligente, não chorava de saudades de casa e obedecia a qualquer pedido. A criança perfeita.
Um dia, estávamos na sala de aula pintando desenhos com giz de cera, quando a professora Ana Claudia falou pra arrumarmos nossos materiais porque iríamos assistir a um filme no anfiteatro. Contente com a notícia, guardei minhas coisas com tanta pressa que a metade dos gizes caiu ao chão. Agachei-me para pegar tudo e, quando voltei, a sala já estava vazia.
Fiquei duas horas trancada na sala, já sem mais nenhuma reação nova para inventar. Já havia chorado, tentado dormir, gritado por ajuda, e nada. Só me restava esperar.
Não sei se por falta de criança ou por peso na consciência pelo ocorrido, ela, alguns meses depois, me escolheu para ser daminha de casamento juntamente com um outro colega de classe.
Senti-me honrada, e me divertia com os preparativos para a cerimônia. Adorava os ensaios, cuidava para decorar todas as instruções e, a cada dia que passava e o dia da festa se aproximava, eu ficava mais e mais nervosa.
Até que o dia chegou.
De unhas feitas, cabelo arrumado com um enorme arranjo prendendo o topete – ainda diferente do de Ana Cláudia, pulseirinhas e brincos de ouro, eu desfilava pela igreja disfarçando o nervosismo. O sapatinho, apertado em meus pés, e o vestido de babados pinicando cada centímetro quadrado da minha pele, não me desanimavam e me deixavam ainda mais concentrada no meu objetivo de, por nada no mundo, deixar as alianças caírem, tropeçar, cair, ou fazer qualquer outra coisa vergonhosa.
Como eu já estava preparada para entrar na igreja a qualquer instante, o momento em que a cerimônia foi iniciada aliviou minha tensão. Não andei nem tão rápido e nem tão devagar, como o ensaiado. Não esqueci de sorrir em nenhum momento e não houve nenhuma ameaça de tropeços ou tombos. Tudo havia ocorrido como o esperado.
Já no altar, eu estava isenta de preocupações. Meu único papel, a partir daquele instante, era esperar bem quietinha até que a cerimônia chegasse ao fim. E eu havia jurado pra mim mesma que faria isso com maestria.
No começo, eu prestava atenção a todas as palavras do padre, até que essas começaram a se misturar com alguns sons vindos dos convidados, e eu já não conseguia prestar atenção em nada. Meus pés, transbordando dentro dos sapatos novos, latejavam sincronicamente enquanto eu me apoiava cada vez em uma perna. Discretamente, óbvio. O vestido parecia estar recheado de pulguinhas me dando mordiscadas incessantes e minha cabeça doía repuxada por aquele arranjo tentando formar um pseudo topete.
Porém, até ali, as torturas estavam controláveis, mas a situação passou a ficar crítica quando minha bexiga começou a pedir por banheiro. Começou pedindo mansinha, bem baixinho, mas, como que braba por eu não estar atendendo seu pedido, ela passou a levantar a voz e partir para a ignorância. Chutava minha barriga com ódio, gritando: Deixa eu me esvaziaaaaar! Eu era obrigada a fingir que não a escutava. Não poderia sair do altar, sob o olhar de mais de 200 pessoas, nem sob risco de morte.
Mais do que nunca, eu queria calar a boca daquele padre. Meus pés, minha pele, minha cabeça, minha bexiga. Ah! Mas eu não tinha absolutamente nada a fazer, a não ser esperar até que a missa acabasse.
E nada de a missa acabar. Desesperada, cogitei algumas vezes em pedir licença e sair, mas a minha consciência falou mais alto. Minha mente guerreava contra meu corpo sob a paisagem de uma igreja e ao som de um sermão, e eu supostamente, deveria agir como juíza durante essa batalha.
Como eu havia ficado em cima do muro, sem declarar nenhum veredicto, os dois inimigos decidiram a luta sozinhos. Repentinamente, já sem forças para nada, senti um calor descer sob minhas pernas e molhar minha meia-calça até entrar sob os sapatos apertados. O líquido descia sem cessar, ao mesmo tempo em que aliviava minha barriga, e corava minhas bochechas.
Quando o líquido parou de escorrer, as lágrimas desceram sob meus olhos e o padre anunciou o encerramento da missa.
Minha vergonha era tanta, que não saí do lugar temendo que alguém visse a poça deixada para trás.
Logicamente, minha mãe não aceitou meu pedido de total sigilo sob o ocorrido, e contou tudo a Ana Claudia. Alguns meses depois, não sei se por educação ou por peso na consciência pelo ocorrido, ela aceitou o pedido da família em ser minha madrinha.
Ana Claudia, casada, deixou de dar aulas no meu colégio e, talvez por falta de problemas ou situações inusitadas a que se desculpar, não me ofereceu mais honra alguma.
Perdi a professora e a madrinha, mas hoje eu tenho certeza que meu topete é infinitamente mais bonito que o dela.



Letícia Mueller

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Plantando Meu Jardim


Comércio que daria certo nessa vida seria a produção de Sementes de Integridade. Um jardim com vários canteiros, plantações setorizadas de coisinhas simples que deveriam ser obrigatórias no kit que sai da fábrica de humanos, mas que por algum desvio na linha de produção, faltam a alguns, sobram a outros.
Poderiam existir caixinhas de caráter, de sobriedade, de comprometimento. Venderíamos ampolas com doses de sutileza, de organização, de carinho. Ou doses mais fortes de educação, inteligência emocional, respeito. As pessoas mais egoístas tomariam chás de amor ao próximo; as ambiciosas, pílulas de humildade; as larápias, injeções bem doídas de vergonha na cara.
Mas, esse jardim possível à mente é utópico ao frágil plano terrestre. E o que nos resta é simplesmente agir conforme o plano que nos é traçado. Parece triste, não é? Quantas vezes ficamos nos perguntando sobre algo que insistíamos em que não fosse dessa ou daquela maneira. Um amigo que perdemos, um amor que não volta mais, um trabalho que não pudemos concluir. A boa notícia é que não precisa ser triste, não, e que “planos traçados” são tão utópicos quanto aquele jardim. Explico...
Casualmente, descobri que se insistirmos em permanecer em uma etapa já terminada, perdemos a alegria e o sentido das etapas que poderíamos estar vivendo. E passamos a nos preocupar com o que não nos acontece e com o que acontece aos outros... Desviamos nosso propósito de vida. E aí vem a decisão que você tem que tomar: pode ficar lá parado, se recusando a dar um passo num luto eterno pelo que não tem mais, ou simplesmente reagir. “A vida é um eterno recomeço”, é a frase que tenho tatuada nas minhas costas, até que lembrei que fixá-la na mente importa mais.
Tudo passa e se desligar do que aprendeu é o primeiro passo para continuar a aprender. Abstrai, se foca em coisas novas, abre teu coração para novas experiências, novos trabalhos, novos desafios, novos amores. Eu escolho o que planto no meu jardim... se escolho espinhos, então terei um deserto árido para colher. Mas escolho regar as sementinhas que vieram no meu kit pra que floresçam de novo e desembolar os nós que se formaram no crescimento das minhas plantas mais antigas. Isso é um resgate ao que se chama ter amor próprio.
Mude... recicle sua vida, sua casa, suas roupas, seus amigos, seu modo de pensar... não deixe nada inacabado, finalize sem medo. Não espere que te entendam, que te reconheçam, que te ajudem, que te façam alguma coisa. Fim. Ponto. E comece outra história, outro jardim mais bonito ainda...
Ah, não é conselho não, não dou mais conselhos. Estou dividindo algo que estou aprendendo.
Não é fácil... mas quem disse que ia ser? E que graça teria?
Por fim: “Conhece-te a ti mesmo”, não tem que ser só uma frase do filósofo Sócrates. Experimente colocá-la entre suas Sementes da Integridade.


Angélica Carvalho

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Descubra o Seu Demônio


Vários estudiosos esotéricos descobriram que o anjo bom de cada pessoa está ligado ao mês em que ela nasceu. Porém, o que muita gente não sabe é que para cada ser existe um anjo contrário, um tipo de demônio que tende a atrapalhar a vida. Por incrível que pareça, existe um tipo de diabo para cada mês. Descubra o seu e saiba como combatê-los através desta lista.

Nascidos de 22 de dezembro a 21 de janeiro:
Nome do demônio: Súcubus. Descrição: era o gênio feminino que perturbava os homens em sonhos. Quando aparece: através da soberba e da ira.

Nascidos de 22 de janeiro a 21 de fevereiro:
Nome do demônio: Judas. Descrição: foi o apóstolo que traiu Jesus. Quando surge: por meio de deslealdade e fofocas.

Nascidos de 22 de fevereiro a 21 de março:
Nome do diabo: Fenrir . Descrição: é o demônio da preguiça em forma de lobo. Quando surge: através da preguiça e da fuga excessiva da realidade.

Nascidos de 22 de março a 21 de abril:
Nome do demônio: Leviatan. Descrição: é um dos príncipes do inferno. Quando aparece: através do orgulho, da vaidade excessiva e da auto-piedade.

Nascidos de 22 de abril a 21 de maio:
Nome do diabo: Pwcca. Descrição: é um demônio brincalhão. Quando surge : através do sarcasmo e da ironia.

Nascidos de 22 de maio a 21 de junho:
Nome do demônio: Belial. Descrição: é o demônio da vingança. Quando aparece: pela sede de vingança e excesso de ingenuidade.

Nascidos de 22 de junho a 21 de julho:
Nome do diabo: Abigor. Descrição: é o diabo da violência. Quando surge: nos momentos de ira e nas atitudes impensadas.

Nascidos do dia 22 de julho a 21 de agosto:
Nome do demônio: Asmodeus. Descrição: é o demônio que se acha no poder de julgar as outras criaturas. Quando aparece: nas horas de intolerância e preconceito.

Nascidos do dia 22 de agosto até 21 de setembro:
Nome do diabo: Archiri. Descrição: é o diabo com aparência de uma menininha. Quando aparece: nos momentos de medo, quando falta fé e na hora em que se cobiça o que é dos outros.

Nascidos do dia 22 de setembro até 21 de outubro:
Nome do demônio: Lilith. Descrição: é o demônio da sedução e beleza. Quando surge: nos momentos de vaidade, prazer e luxúria.

Nascidos do dia 22 de outubro até 21 de novembro:
Nome do diabo: Belzebu. Descrição: comandava os oráculos. Quando aparece: nos momentos de ambição e desonestidade.

Nascidos do dia 22 de novembro até 21 de dezembro:
Nome do diabo: Jezebth: é o demônio das falsidades. Quando surge: na intolerância e na preguiça.

Já descobriu o seu?
Então ligue-se com Deus, seu anjo protetor e com as forças do bem para combatê-lo .



Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Segredos contidos


Toda mulher, sem exceção, tem um desejo sexual guardado no íntimo. Algumas têm um medo mórbido de expô-lo, com receio de o que os outros irão pensar. Outras não: já assumem, liberam , extravasam sem o menor pudor. E ainda há aquelas que liberam sempre com certa discrição. O problema é que os homens normalmente são vistos como os “garanhões” e “predadores”, o que não deixa de ter um fundo de verdade, afinal, o homem, em sua maioria, precisa e tem a necessidade de prevalecer sexualmente perante os demais machos e também perante nós, fêmeas. Porém, o que não enxergamos é que nós, mulheres, somos iguaizinhas, mas cada uma a seu modo. As mulheres também sentem desejos, possuem algumas “taras”, fantasias, pensamentos, vontades. Somos feitas de carne, osso, desejo físico e químico igual aos machos. Mulher não é feita somente para propiciar prazer, mas também pra ter... e garanto que uma mulher que sente prazer com seu parceiro, devolve em dobro!
Portanto, não tenham medo de libertar os desejos contidos em seus pensamentos. Busquem, inventem, experimentem. Conversem umas com as outras sobre o que pensam, o que querem, o que sentem e o mesmo com os seus parceiros. Intimidade com cumplicidade é fundamental!
Conte seus segredos a você mesma e realize-os. Uma mulher realizada vale por duas... para si mesma... e para o parceiro.


Bianca Nascimento

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Semana de tema livre

Quem Tem Medo Do Lobo Mau?




Qual a última lembrança que tu tens da tua avó?
O gostinho de doce caseiro feito com carinho especialmente para ti? O almoço de domingo com a família reunida ao redor da mesa? O cafuné com a mão macia, enquanto tu olhavas televisão deitado no colo dela? As histórias que ela contava enquanto te mostrava as fotos do passado? Aaah, ela está viva ainda e faz tudo isso? Permita-me te invejar.
Uma amiga, que já foi coadjuvante de vários textos aqui, foi morar no Ceará após formar-se no curso técnico de curtimento de couros há muitos anos. Estava estagiando em uma cidadezinha tão fim de mundo que lá não existia Coca-Cola. É. Comentou com a família essa “tragédia” e, quando voltou do estágio, em uma visita à casa de sua avozinha, uma garrafa de dois litros de Coca-Cola estava esperando por ela. Que amor, não?
Tenho boas lembranças como as que eu mencionei acima, mas de minha bisavó, que morreu em 2004 aos noventa e tantos anos. Ela sim, fazia um bolo de uva fofinho que ficava todo manchado do suco da fruta, uma delícia. Arroz doce, ambrosia, doce de abóbora, licor... Cuidava de mim e da minha irmã quando meus pais precisavam viajar ou quando minha mãe ficava sem empregada e precisava de alguém em tempo integral para cuidar de nós, pois trabalhava o dia inteiro até tarde da noite. Ia de ônibus de Porto Alegre até Novo Hamburgo bem feliz e faceira para cuidar da gente. Tinha mania de assustar eu e minha irmã fazendo “buuu!”. Um dia, ela estava cozinhando, apareci por trás dela e fiz “buuu!” . Minha bisa estava com uma frigideira na mão (vazia, graças a Deus), virou-se num susto e deu com a frigideira na minha cabeça. Ao invés de chorar, quase morri de tanto de rir.
Quando ela nos visitava, às vezes dormia no quarto comigo e com minha irmã. À noite, durante o sono, “tomava chá” com amigas de juventude que já eram falecidas. Falava com as “meninas”, perguntava a elas quantas colherinhas de açúcar elas queriam no chá e se o bolo de cenoura estava bom.
Não conheci minha avó paterna e meu avô paterno morreu quando eu tinha nove anos. Dele tenho boas lembranças. Mas conheci meus avós maternos, pérolas do relacionamento familiar e prato cheio para seções e seções de terapia freudiana.
Lembro de uma das poucas visitas que minha avó fez à nossa casa com meu avô quando ele ainda estava vivo. Fui recebê-los na porta e perguntei: “Tudo bem, dinda?” (sim, minha querida mãe fez o favor de nomeá-la minha madrinha, ainda por cima). Ela respondeu: “Estou com dor de garganta.” Perguntei novamente: “Ué... por que será?”, “De carregar esta mala pesada”, ela respondeu.
Quando era adolescente, meus pais viajaram e ela e meu avô passaram uns dias comigo e com minha irmã. Nossa empregada fez uma nega-maluca maravilhosa para lancharmos à tarde. Convidei meu namoradinho na época para passar a tarde conosco e em um dado momento, peguei-a comentando baixinho com meu avô que o fulaninho já tinha comido três pedaços de nega-maluca! Vejam só que crime horrendo.
Meu avô também não era um expert em relacionamento, mas não o culpo considerando a mulher que tinha... Em um dos aniversários da minha bisavó, levamos uma torta e quitutes para passar a tarde com eles. Colocamos a mesa, os quitutes e fomos tomar um gostoso café da tarde. Chamei meu avô para sentar conosco, quando ouço da minha avó: “Não... ele come depois, não precisa sentar agora.” Nossa! Fiquei muito p da vida e fiz um banzé. Lógico que ele sentaria conosco, onde já se viu? Quando ele adoeceu de câncer, negou-se a fazer quimoterapia e morreu um ou dois anos depois.
Quando meu tio era criança, ganhou um chinelo de couro do padrinho. Está certo que um chinelo de couro não é exatamente o presente que uma criança gostaria de ganhar... Mas minha avó mandou meu tio devolver o presente porque “aquilo não era presente que se desse pra um afilhado”. Desnecessário dizer que meu tio e o padrinho ficaram sem se falar por muitos anos.
Recentemente, em um almoço com meus pais, honrados com a presença generosa da minha avó, ela nos revelou que tinha colocado fora todas as fotos do casamento com meu avô juntamente com todas as outras fotos da família, logo depois que ele morreu. Meu pai, enlouqueceu e perguntou qual o motivo da atitude dela, pois afinal de contas ela tinha se desfeito de todo o registro da história da própria família. “Ocupava muito espaço!”, ela respondeu.
Quando minha bisavó adoeceu, perguntei para ela: “Dinda, quando a bisa morrer, tu vais fazer doce para nós, né?” Ela respondeu amorosamente: “Ah, eu não. Peçam pra mãe de vocês fazer ou peçam pra bisa ensinar”.
Dos filhos do meu tio, ela não sabe o nome até hoje. Meu primo tem 25 anos e minha prima 20. Minha sobrinha que nasceu recentemente, ela não tem a menor idéia de como se chama. Meu nome e da minha irmã, ela confunde até hoje.
Ééé... não é mole, gente.
Estes dias, meu tio veio almoçar conosco. Sentou-se na sacada do apartamento dos meus pais para fumar. Minha avó estava na cozinha, fazendo companhia para minha mãe. Em um dado momento, minha mãe sugeriu: “Mamãe, por que tu não vais sentar com teu filho lá na sacada e conversar um pouco com ele ? Faz muito tempo que vocês não se vêem.” Resposta carinhosa de mãe dedicada que não vê o filho há meses: “Conversar o que com ele?”, O que mais ela poderia ter respondido?
Sabe a história da Chapeuzinho Vermelho e do Lobo Mau? Pois é. Digamos que se eu fosse a Chapeuzinho, não pediria socorro para o lenhador, deixaria a vovozinha dentro da barriga do Lobo Mau e daria uma boa grana a ele para que a “mantivesse lá dentro” por muito tempo.


Karime Abrão

domingo, 22 de novembro de 2009

Bed Songs



Criança não tem divisões claras sobre o que é infantil e o que é adulto, mesmo porque burocracia é um “privilégio” de gente crescida e ordeira. Sendo assim, de tempos em tempos, alguma canção de marmanjos acaba caindo no hit parade da petizada. E como as canções populares estão cada vez mais infantilóides na musicalidade (para não dizer imbecis) e adultas nas letras (para não dizer infames), tem ocorrido um fenômeno curioso (para não dizer repugnante). Acompanhe esse top hit com os maiores clássicos adultos que fizeram sucesso com crianças em cada década e não será preciso dizer (ou cantar) mais nada.


Anos 50
Hoje eu quero paz de criança dormindo
E o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem.
Quero a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem.


Anos 60
Ana Maria entrou na cabine e foi vestir um biquini legal
Mas era tão pequenino o biquini que Ana Maria sentiu-se mal.
Ai, ai, ai, mas ficou sensacional.
Era um biquini de bolinha amarelinha tão pequeninho
Mal cabia na Ana Maria
Biquini de bolinha amarelinha tão pequenininho
Que na palma da mão se escondia


Anos 70
Que tal nós dois numa banheira de espuma
El cuerpo caliente, num dolce farniente sem culpa nenhuma.
Fazendo massagem, relaxando a tensão
Em plena vagabundagem, com toda disposição
Falando muita bobagem, esfregando com água e sabão...


Anos 80
Aí blábláblábláblábláblábláblá
Tititititititititi
Você diz pra ela:
Tá tudo muito bom, boooom.
Tá tudo muito bem, beeeem.
Mas rrrealmente, mas rrrealmente,
Eu preferia que você estivesse
Nuaaaaaaaaaaaaa...


Anos 90
Fui convidado pr'uma tal suruba,
Não pude ir, Maria foi no meu lugar
Depois de uma semana ela voltou pra casa,
Toda arregaçada não podia nem sentar.
Quando vi aquilo fiquei assustado,
Maria chorando começou a me explicar.
Daí então eu fiquei aliviado
E dei graças a Deus que ela foi no meu lugar.


Anos 00
Crééééééuuuuuuuu!!! Crééééééuuuuuuuu!!! Crééééééuuuuuuuu!!!
Créu! Créu! Créu! Créu! Créu! Créu! Créu! Créu! Créu! Créu!
Crééééééuuuuuuuu!!! Crééééééuuuuuuuu!!! Crééééééuuuuuuuu!!!



Mario Lopes

sábado, 21 de novembro de 2009

Puro Som, Som Puro.



O feto adormece embalado pela suave cantiga de ninar que sua mãe entoa, tão suave quanto carinhosamente. E por onde ela passa, ele ouve sons dos mais diversos. Alguns agradáveis, outros, nem tanto. E assim, desde os primórdios, o ser humano habitua-se a ouvir e a selecionar o que mais lhe agrada (ou não).
Ao jogar-se destemido pelo mundo, ouve uma melodia que fatalmente o acompanhará dias afora: o choro, o som da própria voz. E enquanto cronos impiedosamente passa, a criança cresce e aprende a usar outras manifestações artísticas, amantes e acompanhantes da voz: dança, pula, movimenta-se, interpreta. Aprende a usar a própria voz como instrumento musical.

Na infância, os gostos começam a aprimorar-se. A socialização na escola abre novos horizontes, incrementa a veia musical. Conscientemente então, a música passa a lhes envolver, a lhes pertencer. É a fase em que docemente, inocentemente, cantarolam: “A dona aranha subiu pela parede...”. E a doce inocência nos remete à nossa própria infância e nos lembramos dos sons que nos embalaram. Da cantiga de ninar, inteiramente pessoal, às músicas da cultura de massa, que encantaram gerações. Assim, as felizes crianças da década de 1980 cantavam e se encantavam com a “Turma do Balão Mágico”, “Os Abelhudos”, o “Trem da Alegria”, os “Menudos” (a primeira paixão de muitas adolescentes), ou o Toquinho, cantando: “Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo”... Acompanhada da propaganda da Faber Castel, com os desenhos ganhando vida.
Então, quase sem querer, nos reportamos ao passado, época em que não tínhamos que cumprir horários, que não precisávamos preservar nossa imagem, ou zelar pelas nossas responsabilidades. Época em que ganhávamos o colo dos pais impunemente e que recebíamos beijos maternos em nossas feridas. Época em que as brigas com nossos irmãos eram travadas com a mesma intensidade com que os abraçávamos alguns minutos mais tarde. Época em que as brincadeiras eram embaladas com as músicas que decorávamos, cantando-as até a exaustão. A música nos liga ao mundo onírico da infância. É a ponte que percorremos, corremos, então. Atiramo-nos extasiados e sem fôlego, entregamo-nos às lembranças, com um sorriso bobo, feliz e sincero nos lábios. Lábios com gosto de chocolate, de sorvete e de inúmeras guloseimas. Lábios que cantam, encantados.
E, nesse momento, despertamos de nossos devaneios e nos apiedamos das novas gerações que embalam-se ao som nada sutil dos Calipso's da vida, ou a mais-nova-fankeira-barraqueira-da-hora. Com versos paupérrimos e apelativos seduzem os pequeninos. E muitos pais incentivam – seja por comodismo, falta de cultura ou indiferença – a desmoralização musical a que os filhos estão submetidos.
De que sentirão saudades? Que relíquias tirarão de sua memória musical?
Mas, parafraseando Russo, quando tudo está perdido, sempre existe um caminho. Deixemos nossas expectativas, esperanças e frustrações de lado e ouçamos o que nossas crianças ouvem. Afinal, sempre é bom ouvirmos, sentirmos e olharmos o mundo com os olhos puros de uma criança.



Rubia Carneiro
Music is very porreta


Que Xuxa, que nada. Angélica, Mara Maravilha ou Eliana... tampouco. Balão Mágico, Trem da Alegria?... aff, nem lembro direito deles.
Nunca fui chegada nas músicas, programas e artistas que marcaram a vida de tantas pessoas da minha geração. Em matéria de música, relembro de algo que marcou a minha transição infância/adolescência.
Era 1995. Tinha 10 anos. No meu Walkman (afinal de contas, na época não existia MP3 player) o repertório que predominava era o de uma banda que, na época, era a sensação do momento.
Com destaque nos principais programas de TV, os Mamonas Assassinas conquistaram todo tipo de público. Em apenas seis meses, venderam mais de 2,5 milhões de CDs. Considerado o maior sucesso da música pop do país, até hoje não houve quem conseguisse igualar ou superar este recorde de vendagem.
Quem não se lembra do hit “Pelados em Santos”? Estava na boca de todo mundo.
“Mina, seus cabelo é da hora / Seu corpo é um violão / Meu docinho de coco / Tá me deixando louco / Minha Brasília amarela / Tá de portas abertas / Pra mode a gente se amar / Pelados em Santos.”

Ou então, o Vira Vira com aquela letra indecente. Dançava batendo os pés.
“Roda, roda e vira, solta a roda e vem / Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém / Roda, roda e vira, solta a roda e vem / Neste raio de suruba, já me passaram a mão na bunda / E ainda não comi ninguém!”

E o sotaque português, então...


Gostava do jeito extravagante e das letras escrachadas; como também da alegria, criatividade (tem que ser muito criativo mesmo para mesclar tão bem o inglês com os termos regionais do Brasil) e presença no palco. Tudo era motivo de piada. OK, sempre aparecia um ou outro criticando; que achava o estilo brega, as letras toscas, repleta de palavrões, etc. Ainda assim, curtia essa contrariação aos “repertórios certinhos” da música brasileira. Acho que sempre fui meio “do contra”, em tudo.
E o Sabão Cra Crá? Putz, como eu era inocente quando cantava essa música!
“Sabão crá-crá, sabão crá-crá / Não deixa os cabelos do saco enrolar / Sabão cré-cré, sabão cré-cré / Não deixa os cabelos do saco de pé / Sabão cri-cri, sabão cri-cri / Não deixa os cabelos do saco cair / Sabão cró-cró, sabão cró-cró / Não deixa os cabelos do saco dar nó / Sabão cru-cru, sabão cru-cru / Não deixa os cabelos do sacoooooooooo / Enrolar com os do cú!”


A linha tênue entre inocência e malícia foi provavelmente o que fez do público infantil os maiores fãs do grupo. Infelizmente, uma trajetória que prometia foi interrompida de forma tão violenta e dolorosa. Lembro até hoje do dia em que soube da morte deles. Era um dia levemente frio e cinzento. Mal havia chegado na escola e o comentário era geral: “Você tá sabendo? Os Mamonas Assassinas morreram!”, “O avião onde eles estavam caiu no não sei onde, no meio do mato”, “Parece que o avião bateu numa montanha e nenhum deles sobreviveu”. A princípio, achei que pudesse ser mais uma notícia falsa (e mal apurada) lançada na imprensa.
Cheguei em casa correndo e liguei a TV. Não demorou muito para surgir na tela o plantão da Globo (com aquela música horrenda), confirmando o que achei que pudesse ser apenas uma brincadeira de mau gosto. “O avião dos Mamonas Assassinas cai na Serra da Cantareira.” Em seguida, as imagens dos destroços...
Chorei. Chorei muito. Só me lembro de ter chorado assim quando o Renato Russo se foi.


Hoje, 13 anos depois, os Mamonas ainda estão na memória de muita gente. Sua história já rendeu livros e até um documentário. Até hoje ouço as suas músicas. Para mim eles nunca morreram, pois sua arte (sim, por que não?) ficará para sempre viva na minha mente...

Dinho, Bento, Júlio, Sérgio e Samuel. Saudades!

Camila Souza

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Divino Silêncio


Tomas era um belo rapaz que aprendera, a muito custo, viver sua vida prazerosamente.
Durante sua gestação, Márcia, sua mãe, sentia que carregava em seu ventre o que haveria de mais valioso em sua vida e na de seu marido. Aproveitaram juntos cada segundo dos nove meses tão esperados. A ausência de náuseas e dores de cabeça, o pouco inchaço e os chutes delicados do bebê foram para o casal como que os prelúdios de uma vida serena.
O bebê nasceu lindo e extremante saudável. Perfeito, como o esperado.
Dormia noites inteiras, mamava sempre nos mesmos horários e raramente chorava. Simpático, sorria no colo de qualquer um e não se importava em ficar longe da mãe como outra criança.
Era espertíssimo e curioso. Tudo o interessava.
Tomas aprendeu cedo a andar e, antes de completar um ano, já corria pela casa extasiante. Porém, Márcia e o marido percebiam que, apesar de sua esperteza, havia algo de errado com o garoto. Ele não esboçava reação a ruídos e não “atendia” quando o chamavam. Não reagia aos chamados da mãe. Não parava muito tempo em frente à TV e os seus brinquedos que emitiam sons não o entretiam.
Tomas já fazia de tudo, mas ainda não falava.
Quando fez um ano, e ainda não tinha emitido uma palavra, seus pais o levaram no médico, já preocupados com o diagnóstico quase óbvio. Mesmo estando preparados para a má notícia, não contiveram o susto ao ouvir da boca de um médico que seu filho tinha um problema. Seu primeiro e único filho, que nascera tão lindo e aparentemente saudável, escondia um defeito triste que o privaria de sentir uma das cinco maiores delicias que o corpo humano oferece.
A mãe chorava ao pensar que o filho nunca saberia o que é sentir o som aveludado de um violino, ou o drama de um violoncelo. Que nunca ouviria o canto dos pássaros e o frescor do barulho das águas. Tomas não entenderia o que é som. Talvez até nem sentisse falta, tão acostumado estaria com sua vida silenciosa, mas ao crescer sentiria o fardo de ser diferente. Se ele não tivesse que se relacionar, ir para a escola e fazer amigos, talvez nem percebesse que não era como os outros. Porém, caso se privasse de tudo, não teria uma vida propriamente dita e estaria sendo enganado para o resto da vida.
O casal conversou com um psicólogo especialista e concluíram que, para o melhor desenvolvimento do menino, a escola normal seria mais conveniente que a especial.
Foi assim que, aos cinco anos de idade, ele foi pela primeira vez para a escola e passou a interagir efetivamente com outras crianças. No início, a adaptação foi difícil, mas com o tempo e a colaboração das professoras, Tomas passou a ser visto como um bom amiguinho, pois era participativo e sociável. O tempo passou e Tomas continuou a estudar em escolas normais sem grandes dificuldades.
Já adolescente, o garoto passou a, timidamente, mostrar interesse por meninas, em especial por sua velha amiga, Beatriz, que o acompanhou desde o jardim de infância. Eram inseparáveis em todas as atividades escolares, passavam o recreio juntos e de quando em vez visitavam-se nos fins de semana. Porém, Tomas percebeu que a amizade havia se tornado um sentimento mais forte, do qual ele não poderia escapar. Temia que ao expor seu verdadeiro amor, não fosse correspondido e perdesse a valiosa amizade que havia conquistado ao longo dos anos.
Tomas sentia algo tão inexplicável e forte pela menina, que, durante as aulas de canto, em que Beatriz se destacava pelo talento, acreditava piamente ouvir sua voz aveludada ecoando em sua mente. Era tão bom ouvir aquela voz, que pensava ser capaz de passar o resto da vida, deitado sobre a grama de olhos fechados, apreciando.
Como era gostoso se deleitar com tanta doçura. Som divino, inexplicável, único, ainda mais para alguém que nunca ouvira um ruído sequer. O paraíso em ondas sonoras.
Tomas a ouvia em silêncio, pois tinha medo de que, por mais que explicasse exatamente qual era a sensação de ouvir, o chamassem de mentiroso, afinal nascera surdo e vivia surdo. Às vezes, pensava estar enlouquecendo por não ouvi-la falando, mas apenas cantando. Ela mal acabava o canto, reinava o silêncio.
Morria de curiosidade em saber como seria a sonoridade daquela voz que tanto o encantava. Imaginava como seu nome ou um “eu te amo” seria pronunciado naquele tom angelical acima da compreensão humana.
Porém, o destino não quis que ele continuasse a se deleitar com aquele canto e levou Beatriz para longe de sua vida. Tomas sabia que ela sempre fora intocável, assim como sua voz, e que aparecera para lhe dar a maior dádiva que poderia ganhar. Como um anjo, Beatriz se fora e deixara todo o caminho iluminado.
A cada momento, quando o silêncio dominava seu coração, uma voz no seu âmago cantava o som divino, inexplicável e único. O som dado a ele por Beatriz, a beata que partira sem saber ter feito um milagre.
O som que já não era presente, e sim apenas e tão somente, uma lembrança inaudível.




Letícia Mueller

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Pout pourri



Se eu fosse contar uma história com as letras das músicas que fizeram parte da minha infância, sairia um livro. Mas, de alguns trechos que lembro, alguma coisa pode ser dita mais ou menos assim:
Sou rato de prestigio que vai dar o que falar e estou aqui só pra te contar que a infância, a doce infância, não se esquece. Não existe nada mais antigo do que cowboy que dá cem tiros de uma vez, mas não empurre não force, estamos de patins.
Eu quero mais é ver pipoca pular, pular, sou criança, sou amigo, eu estou com vocês. Agora é hora de voltar ao meu princípio, ao meu começo e vou de táxi, você sabe, porque eu tava morrendo de saudade. Tome o lugar no seu assento que o caminho agora é a favor do vento e é tão bom, brincar é tão bom, é tudo que a gente sonhou. Sou feliz por isso estou aqui, sou eu que vou ser seu amigo, vou lhe dar abrigo se você quiser. Marmelada de banana, bananada de goiaba, goiabada de marmelo, um, dois, três, comer, comer, é o melhor para poder crescer.
Todo menino é um rei, eu também já fui rei, oh, coisinha tão bonitinha do pai. O bom menino não faz pipi na cama, o bom menino não faz malcriação, então te pergunto “que cocê foi fazê no mato, Maria Chiquinha"? Alô criançada, o Bozo chegou, me senti engraçadão agora, mas foi só uma piadinha, se acalmem, ou dêem uma cambalhota, duas cambalhotas... Bravo, bravo.
O meu primeiro amor também surgiu na infância e tive a certeza que doce, doce, doce, a vida é um doce e que há um mundo bem melhor, todo feito pra você. Fui chegando de mansinho e perguntei: Como vai, como vai, como vai, tudo bem, tudo bem, bem, bem? E foi minha primeira decepção também porque ela me respondeu: Você vai ser muito feliz, é só na vida acreditar. O pato pateta pisou no caneco. Amor assim, pra que?
Tenho uma amiga que me conta do seu primeiro amor. Dizia que ele tomava sopa de jiló e que o conheceu na mesma praça, no mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Disse que tem bigode de foca, nariz de tamanduá, mas sabe como é, coração sonhando, momento bate, bate, tic tic tac o amor. Até se casaram e foram morar numa casa muito engraçada, não tinha teto não tinha nada. Isso é que é amor, tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado. Torce, retorce, procuro mas não vejo onde está o meu amor?
Meu ursinho Blau Blau de brinquedo, vou contar pra você um segredo: Ela não liga, ela não liga, ela não liga pra mim. Gatinhos e gatinhas se divertindo, um histerismo louco, isso é tremendo e eu aqui, aqui sozinho. Oh, cupido, vê se me deixa em paz, meu coração já não aguenta mais. O que ela gosta é de namorados descartáveis. Minha amiga me contou que ela lhe pediu um favor: “Por Greyskull, She-ra, me apresenta pro He-man! Sim, somos dois, dois apaixonados”.
Mas a vida é bonita e é bonita. É tão bom, bom, bom, bom estar contigo no meu coração, companheiro, companheiro vem, vem no balanço do mar. Não se reprima, não se reprima, dança, canta, sobe, desce, viva a vida como eu. Hollywood fica aqui bem perto, só não vê quem tem o olho aberto. Vem, pega carona nessa cauda de cometa, pela Via Láctea, estrada tão bonita.
Criança feliz, feliz a cantar, alegre a embalar, seu sonho infantil, ó meu bom Jesus, que a todos conduz, olhai as crianças do nosso Brasil...


Nem tudo eu gostava, mas que fizeram parte da infância, fizeram, entre outros: Domingo no Parque, Xuxa, Muppets Show, Guto Franco, Arrelia, Carequinha, As Patotinhas, Balão Mágico, Castrinho, Trem da Alegria, Luis Miguel, Abelhudos, Jairzinho e Simony, Aretha, Patrícia, Sandy e Junior, Gilberto Gil, Daniel Azulay, Bozo, Vovó Mafalda, Topo Gigio, Angélica, Paquitas, Mara Maravilha, Armação Ilimitada, Os Trapalhões, A Praça é Nossa, Toquinho e Vinícius, Gilliard, Raul Seixas, Gengis Khan, Lucinha Lins, Elis Regina, Boca Livre, MPB4, Djavan, Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Roberto Carlos, Guilherme Arantes, Fevers, Joe, Absyntho, Nahim, Dr. Silvana e Cia., Menudo, Tremendo, Dominó, Cyclone...





Angelica Carvalho

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Minha Amiga


Pesquisas confirmam que, quando uma criança cresce ao redor de músicas com melodias agradáveis e letras positivas, sua saúde melhora e estas canções ficam marcadas em seu cérebro. Em 1977, aos três anos de idade, recordo-me que entrei no quarto da minha tia e na sua prateleira repleta de perfumes avistei uma caixa dourada. Peguei este objeto e ele caiu no chão. Porém, de dentro dele, saiu uma bailarina e um som melodioso que ficou marcado para sempre na minha memória.
De repente, a tia chegou e perguntei-lhe :
- O que é isto?
Então ela respondeu :
- É uma caixinha de música que também serve como porta-bijuteria...
Nunca mais me esqueci do som daquela melodia. Até que alguns meses depois descobri uma outra caixinha: a televisão. Um certo dia, eu liguei a TV e ouvi aquela mesma melodia da caixinha de música, só que na tela a canção vinha acompanhada de um lindo balé. No final do espetáculo, o locutor disse:
- Esta foi a apresentação do Lago dos Cines de Tchaikovsky .
Alguns anos depois fui para a escola. Nas férias de verão, do ano de 1983 para o ano de 1984, uma música que me marcou foi "Amigo e Companheiro", cantada pela banda Balão Mágico. Esta canção fala de dois colegas que se encontram na escola depois das férias de verão. Esta letra marcou a minha infância, pois naquela época não existia Internet nas residências e as escolas em bairros eram raras. Por isto os estudantes tinham que pegar um ônibus escolar ou andar quilômetros para chegarem até ao colégio. A letra desta canção, composta pelos músicos Teddy Jauren, Tulio De Rose e Carlos Pedro, é a seguinte:

"AmigoCompanheiro de colégio

Hoje eu canto de alegria

Por de novo te encontrar

Nas férias, eu brincava todo dia

Mas no fundo o que eu queria

Era mesmo estar aqui

Uma pipa no céu todo azul

É tão linda de se ver

E brincar de boneca pra mim

Fez meu tempo não correr

Mas a escola é a luz

Que ilumina o caminho da gente

E é por isso amiguinho

Que hoje eu estou tão contente

Toda volta pra escola é assim

Tanta história pra contar

Todo mundo querendo se ver

Todo mundo querendo falar

A escola é a luz

Que ilumina o caminho da gente

E é por isso amiguinha

Que hoje eu estou tão contente “


Já uma música que marcou a minha passagem da infância para a adolescência foi "Dona Felicidade" cantada pelo grupo Trem da Alegria, composta por Michael Sullivan e Paulo Massadas, pois a letra fala da constante busca do ser humano pela felicidade. Esta discussão é importante na formação de qualquer criança, pois a corrida pela satisfação começa na infância e parece não ter fim, o que pode causar sintomas depressivos na fase adulta. Na letra desta canção este conflito é bem explicado, como leremos abaixo:

"Lua lá no céu,

Queijo pão de mel

Na ponta do pincel,

Mostra no papel aonde encontrar

A tal da dona felicidade

Perguntei pro céu

Perguntei pro mar, pro mágico chinês

Mas parece ninguem sabe, aonde a felicidade

Resolveu de vez morar

Até que um anjo me disse, que ela existe

Que é tão fácil encontrar

Bem lá no fundo do peito o amor é feito

É só você se entregar

E você vai ser muito feliz,

É só na vida acreditar

E você vai ser muito feliz,

É só na vida acreditar

Lua lá no céu...”

A letra acima fez tanto sucesso que esta música foi regravada por vários artistas depois, como por exemplo: Angélica, Eliana e Ivete Sangalo, com quem sempre faz sucesso nos carnavais da Bahia.
Outra canção que me encantou na infância e ainda me fascina é "Minha Amiga", da cantora romântica Bianca. Toda a mulher que escutou esta música, em sua meninice, já se identificou com ela. Pois a canção fala de uma moça que teve uma melhor amiga na infância. Mas as duas se separaram e a colega virou uma pessoa totalmente diferente.
Ora, isto aconteceu comigo na vida real. Eu tinha uma “super-amiga” na infância, mas minha família mudou-se de cidade e, alguns anos depois, através do Orkut, vi que a garota ficou rica, virou madame e nem sequer lembrava de mim. A letra da canção é esta:


“Minha Amiga

Olha estou contente de lhe ver de novo...
Nossa!
Como você mudou!
Ares de madame ,
De pessoa,
Sei lá eu não sei bem como explicar!
Você se lembra nós duas, amigas, gostos iguais
Mil loucuras, a vida era demais!
As amigas que tenho, não se comparam a você...
Acho que nunca vou poder lhe esquecer !
Como você vê, eu continuo a mesma
Procurando os meus ideais
Eu hoje penso assim
Amanhã, posso mudar...
Sei lá, a saudade faz recordar....
Você se lembra de nós duas, amigas, gostos iguais...
Mil loucuras, a vida era demais!
As amigas que tenho, não se comparam a você...
Acho que nunca vou poder lhe esquecer“.

E você, leitor...
Quais foram as músicas que marcaram a sua infância ?




Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Elas Ficam Em Nós


“Souuuuuuuu felizzzzzzzz, por isso estou aquiiii, também quero viajar nesse balãõoooãooooo”

Só de escrever este trecho da música já me vem a sessão nostalgia. E eu adoro isso! Uma porque como não podemos mais voltar no passado, somente as lembranças de momentos que vivemos nos permitem voltar “no tempo” e matar aquela saudade gostosa de quando éramos crianças. Outra porque as músicas marcam nossa vida, principalmente quando somos pequeninos. Há canções que ficarão marcadas para sempre.

Não “peguei” a época do Balão Mágico no início nem a Xuxa, mas eles foram os que marcaram minha infância, pois escutava mesmo as músicas antigas que rodavam na vitrola de casa como lançamento naquela época. E eu curtia muito aquilo.

E aquela:

“Plunct, plact, zummmm....não vai a lugar nenhummmm”.

Realmente a gente nem ia a lugar nenhum quando tocava estas músicas. Éramos capazes de ficar dançando sem sentido achando tudo tão bonito, legal, ficando tonto e caindo no chão.

E mais tarde, veio uma que marcou muito minha saída de criança e entrada para pré- adolescente:

“Tudo pode ser... Se quiser será... O sonho sempre vem, Pra quem sonhar...
Tudo pode ser... Só basta acreditar... Tudo que tiver que ser, será...”

E foi.
A gente cresce, aparece e continua querendo voltar a ser criança, no tempo inocente, no tempo feliz. Mas quando lembro de todas músicas que marcaram minha infância como estas, não poderia deixar de lembrar de canções que não foram músicas de artistas mas eram um vício cantá-las sem parar. Eu amaaaaava, e amo até hoje.
Lembra do Castelo Ra-tim-bum? Então aí vai!

“Meu péééé, meu queridoooooooo péé, que me aguenta o dia inteiro-ooo
E o meu nariz, meu pescoço, meu tórax
O meu bumbum e também o fazedor de xixi... Iééé
Lavalava, lalalalavalava, lalalavalavalava, lalalavalavalava
Hummmmmmm.... ainda não acabou não, vem cá vem, vemmmmm...
Uma enxugadinha,
uma coçadinha ali
Faz a volta e põe a roupa de enfaixar, ah!
Banho é bommm, banho é bomm, banho é muito bom, agora acabou... Tchau!”





Bianca Nascimento

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tema da Semana: Músicas da Infância


Johnny, Jacky & Caymmi



Minha jangada vai sair pro mar
Vou trabalhar, meu bem querer
Se Deus quiser, quando eu voltar do mar
Um peixe bom eu vou trazer
Meus companheiros também vão voltar
E a Deus do céu vamos agradecer

Adeus, adeus
Pescador não esqueça de mim
Vou rezar pra ter bom tempo meu nego
Pra não ter tempo ruim
Vou fazer sua caminha macia, perfumada de alecrim

Lembro do meu pai, sentado à beira da minha cama, balançando minha bundinha de criança e me fazendo dormir ao som de Dorival Caymmi. Eu achava a letra triste. Não sei porque, mas eu imaginava o homem e os amigos perdidos em alto mar em uma tempestade. Na casa simples de madeira, a mulher cozinhando no fogão a lenha e o aroma de comida caseira no ar. Logo ao lado, no quarto, uma cama também de madeira, arrumada com lençóis brancos e raminhos de alecrim por cima... Eu chorava silenciosamente, até adormecer.

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know dear, how much I love you
Please don't take my sunshine away
I'll always love you and make you happy,
If you will only say the same.
But if you leave me to love another, You'll regret it all some day:
You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know dear, how much I love you
So please don't take my sunshine away
The other night dear, as I lay sleeping
I dreamed I held you in my arms
When I awoke, dear, I was mistaken
So I hung my head and I cried.
You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know dear, how much I love you
So please don't take my sunshine away
You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know dear, how much I love you
Please don't take my sunshine away
So please don't take my sunshine away

Gostava desta música e, mesmo não entendendo inglês quando criança, eu cantava, repetindo a mesma pronúncia do inglês do meu pai. Cantava esta música na escola para meus coleguinhas e, quando eles perguntavam o que dizia, eu só sabia explicar o significado da estrofe. “Ah, ele diz pra ela que ela é o brilho do sol e que faz ele feliz quando o céu tá cinza. Tá entendendo ? Quando ele está triste. Que ela nunca vai ter ideia do quanto ele a ama...É.”

Doce lembrança da minha infância. Tive (e tenho ainda, graças a Deus) um pai muito amoroso.
Tão amoroso que até pouco tempo atrás (pouco mesmo), apertava minhas bochechas e dizia: “Lupi-lupi do papai”, quando me encontrava em locais públicos. Não riam... passei um “aperto” até meus dez anos. Para dormir, eu tinha que sacudir “a bundinha” até pegar no sono.




Karime Abrão

domingo, 15 de novembro de 2009

Estreia de Desaforada X: Karla de Oliveira é formada em Ciência Política e Sociologia, com ênfase em Sociologia do Cinema. Está fazendo sua terceira graduação, em Multimídias Digitais, e também estuda Cinema. E é justamente por tanta experiência acadêmica com a sétima arte que ela desenvolveu um post tão curioso e engraçado como o que você lerá abaixo, divirta-se.

Filmes para "machos" - Mas que toda mulher deveria ver




A intenção desta lista é arrancar sorrisos amarelos e gerar comentários sobre os filmes. Vamos lá.



Carga Explosiva
Martin é ex-soldado do exército norte-americano, que agora trabalha transportando cargas e segue à risca seu lema de nunca saber o que está transportando nem para quem é a carga, a fim de evitar problemas. Durante um transporte, o pneu de seu carro fura, então ele percebe que a carga que transporta está se mexendo. Passando por cima de suas regras, ele abre o porta-malas e descobre que está transportando uma garota.
Por que as mulheres devem assistir? Para saber que por trás de todo brutamontes pode existir um bom coração. Além disso, o filme tem umas cenas muito bonitas na costa da França, a casa onde Martin mora parece ficar num lugar super romântico.

Duro de Matar
John McClane é um detetive de Nova York que vai a Los Angeles para encontrar sua esposa. Porém, ao chegar no prédio onde ela trabalha, percebe que o edifício está sendo assaltado por um bando de terroristas e decide atrapalhar seus planos para resgatar sua mulher.
Por que as mulheres devem assistir? Se um cara enfrenta um bando de terroristas para salvar a mulher e mais um bando de gente, ele já merece atenção. Se o cara faz isso descalço, com os pés machucados e praticamente com um braço amarrado nas costas, amiga leva pra casa, cuida dos pesinhos, dá sopinha, muito carinho, esquece as mágoas do passado e não deixa esse homem fugir: tá mais do que provado que ele te ama e é capaz de enfrentar um exército para ficar contigo.

007: qualquer um deles
Afinal o enredo varia muito pouco: agente secreto a serviço da rainha, com licença para matar, luta contra um vilão que só pensa em dominar o mundo. Para isso, o agente secreto conta com a ajuda de uma mulher linda e sexy, com quem se envolve.
Por que as mulheres devem assistir? Muito simples: James Bond é um cafajeste. Mas ele não é um cafajeste qualquer. Ele é bonito, é divertido, tem bom gosto, dirige carros legais, é inteligente, enfim ele é um cafajeste tudo de bom que acaba arrastando a mulherada para aquela aventura que todas sonham em fazer, mas poucas têm coragem de encarar. Vale a pena assistir para saber identificar um cafajeste, quem sabe até aproveitar uma aventura com ele e depois chorar uma semana porquê não retorna as ligações.

O Falcão Maltês
Uma jóia valiosa em forma de falcão é o objeto de desejo de inúmeros ladrões. O Falcão Maltês é uma obra prima do cinema, é considerado o primeiro filme Noir da história. Na minha humilde opinião - mas não muito humilde - assistir esse filme é obrigatório para qualquer um que goste de cinema. O filme é curtinho, não se arrasta, tem a primeira femme fatale do cinema, um vilão afeminado e um desfecho incrível.
Por que as mulheres devem assistir? Primeiro para aprender com Mary Astor como ser dissimulada (para aquelas que ainda não são e para aquelas que já são vale como aperfeiçoamento). Segundo, porquê, Humphrey Bogart é o protótipo do macho de respeito: ele é durão, ele é sedutor e sempre consegue o que quer. Ele é quase um 007, mas não tão cafajeste.

Vale a pena ver também:
Shrek: um ogro que consegue casar com a princesa. Afinal tudo o que uma garota quer é ser feliz com o ogro que ela escolheu.
Os Intocáveis: Kevin Costner , Sean Connery e Andy Garcia, no mesmo filme! Precisa de mais motivos?
Rambo: Nós mulheres precisamos entender que embora eles não tenham TPM, tem dias que são uma droga e parece que tudo dá errado. Então só o que eles precisam é de uma M60, para tentar consertar as coisas.
O bom, o mal e o feio: É filme de machão, não é ruim e até tem umas coisas engraçadas. Assim como eles assistem filmes de mulherzinha conosco, não custa assistir essa pérola com eles...





Karla de Oliveira

sábado, 14 de novembro de 2009

Primeiros Passos



O que diria uma mãe a um filho que tem receio de dar os primeiros passos? "Vamos querido... não tenha medo, mamãe está aqui para te proteger". E o filho iniciaria a aventura de andar com seus próprios pezinhos, com aquele lindo sorriso no rosto, os braços abertos, de encontro ao novo. A experiência seria encarada como uma brincadeira, as pedras no meio do caminho, chutadas para longe. As dificuldades vencidas, os objetivos alcançados com facilidade.
E agora que a criança cresceu? O “levantar” e o “caminhar” tornaram-se uma grande dificuldade, o que o adulto vê à sua frente: somente obstáculos, o caminho já não aparenta mais ser tão seguro. Muitas vezes não encontramos mais os olhos e o sorriso de nossos pais, anjos tranquilizadores do medo, mão amiga a conduzir com segurança. Em certos momentos, é como se estivéssemos sozinhos e vendados, à nossa frente uma negra escuridão, o desconhecido.
E sentimos medo, medo do longo caminho a percorrer, medo das pedras e precipícios que talvez teremos que encontrar. E paramos no mesmo lugar. Os pés presos ao chão. A indecisão. A lágrima a escorregar pela face. A sensação de impotência.
O que às vezes não percebemos e o que deveríamos levar em conta é que o caminho continua sendo o mesmo, aquele que avistávamos e encarávamos com um sorriso na nossa infância. As atitudes e o que faremos para chegar lá são os fatores que realmente farão a diferença e determinarão a nossa vitória.
Contornar os obstáculos, ou simplesmente passar por cima deles, é uma escolha que dependerá e sempre dependeu somente de nós e da coragem que nos levou a dar o primeiro passo, depois o outro e o outro...
Muitas vezes as pessoas têm o hábito de culpar os outros por uma escolha errada, pela infelicidade que sentem, por um objetivo ou sonho que não alcançaram, culpam os pais, o cônjuge, os filhos, os amigos, o chefe. Mas a verdadeira culpa está no “insight” que nos impulsionou, aquele momento de raciocínio que nos levou a tomar a decisão.
Pudera ainda tivéssemos a mesma alegria, espontaneidade e coragem que tínhamos quando crianças, aquela vontade determinada e curiosa, que mantinha nossa mente e olhos fixos no infinito, um tempo em que nossos pés dançavam e corriam sem medo em busca de novos ideais.
Sonhos existem para serem alcançados, caminhos para serem desvendados. Lágrimas, sorrisos, flores e espinhos sempre existirão neste percurso de descoberta da vida, nem sempre realizaremos todas as expectativas, muitas vezes estaremos sozinhos, mas o importante é nunca desistir e encarar os obstáculos com mais tranquilidade e otimismo.


Elaine Souza

Príncipes E Sapos



Quando príncipes se tornam reais, eles perdem o encanto.
Uma amiga me lembrou: “Nos apaixonamos pelos príncipes e eles se transformam em sapos...”
Mas este príncipe não se transformou em sapo.
Ele perdeu o encanto mesmo antes do auge da história.
Então valos lá...

Quando brincava com suas bonecas de pano, Sara sonhava com um belo príncipe de olhos azuis, que aparecia em suas fantasias montado em um belo cavalo branco. Como ela nunca ganho bonecos, suas bonecas sempre tinham um príncipe fictício, eles juravam amor eterno e eram felizes para sempre.

Ela cresceu, como muitas meninas procurando príncipes. Encontrou muitos sapos pelo caminho, em alguns até investiu, pois a esperança é a única que morre e, no fundo, ela nutria a expectativa que ele poderia se transformar em seu esperado príncipe, mesmo que os olhos não fossem azuis.

Um dia ela viu um príncipe real, inacessível, mas de carne e osso, e passou a sonhar que ele um dia ao menos pudesse olhá-la, saber que ela existia. Era um ser utópico, de beleza única e presença inconfundível. Mas muito distante de sua realidade, muito fora de seu alcance, ela assim julgava.

Mas Sara amadureceu, viu que homens são homens e príncipes tinham que se ater aos contos de fada. Mesmo assim, às vezes se permitia sonhar com seu ser utópico. Mas a vida dá muitas viradas, umas ginadas surpreendentes - quando ela percebeu, em uma dessas viradas, ela passou a conviver com o tão admirado príncipe.

O que podia ser um conto de fadas virou uma decepção. Os olhos azuis escondiam uma personalidade nada digna de um nobre, pelo contrario ela percebeu que a aparência de príncipe escondia um ser repugnante.

Sonhar é bom e os contos de fada nos fazem, desde crianças, pensarmos que precisamos de um homem másculo, de olhos azuis e sorriso apaixonante para sermos felizes. Isso não é verdade. Sara me mostrou mais uma vez que os contos de fada devem ser reinventados, que as histórias que nos doutrinam desde crianças não dizem a verdade.

Homens são homens, sapos são sapos e príncipes simplesmente não existem.


Heloísa Garrett

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Encantos E Desencantos – Parte 1


Lembro-me bem da minha primeira Polly. Ganhei-a no Natal, embrulhada em um papel de presente florido com uma fita vermelha. O cheiro das roupinhas de plástico, minúsculas, e o rabo de cavalo daquela boneca de dez centímetros. O tamanquinho rosa salmão de salto alto, já pequeno em minha mãozinha de oito anos. A brincadeira de desfile, com apenas uma modelo e milhares de expectadores imaginários aplaudindo ávidos por aquela bonequinha mulher guiada e vestida aos gostos de uma menininha contente com seu brinquedo.
Lembro-me bem também da minha segunda Polly, porém não com tanta clareza quanto da primeira. Os diálogos ingênuos, cujo conteúdo era focado em fofocas sobre as outras amigas imaginárias e marcando encontros para ir ao shopping. Com o tempo, ganhei o shopping e também as amigas, e o que antes era fantasiado, se concretizou.
Recordo-me bem em como, gradativamente, fui perdendo o encanto pela brincadeira. Olhar todas aquelas bonecas e já não saber o que fazer com elas. Talvez fosse a complexidade de criar novas situações com mais pessoas, a quebra da expectativa em ver o imaginário se tornar real, ou o início de um consumismo compulsivo crônico e consciente. Criança que era, eu sentia falta de ter apenas uma boneca e pensava nos motivos que me levaram àquele desencanto. E ganhava cada vez mais brinquedos como aquele.
Quando percebi, eu era uma criança frustrada com Pollys, que brincava com elas tentando forçar as situações tais quais eram no início: uma boneca nas mãos e outras na imaginação.
Também me lembro do início do mês de novembro, que trazia as expectativas para que logo chegasse o dia de enfeitar a casa com guirlandas, anjinhos e papais noéis.
Diariamente, lembrava minha mãe de que já estava na hora, pois os shoppings já exibiam enormes pinheiros natalinos iluminados e as ruas ostentavam árvores com luzinhas encantadas que em minha mente sincronizavam com músicas típicas, as quais eu havia aprendido a tocar na flauta em minhas aulas da escola.
Lembro-me da euforia do momento em que minha mãe, finalmente, anunciava o dia tão esperado, e me chamava no quarto para ajudá-la a descer os enfeites que aguardavam um ano inteiro para novamente recriarem a magia inexplicável do Natal. O cheiro adocicado dos enfeites, misturado com cravo e canela. O som dos imãs de lareira sendo tirados da caixa junto com as pinhas e as bomboniéres mamães noelas. O quebra-cabeça para harmoniosamente montar a árvore com luzinhas, bolas enormes e filetes prateados. E a alegria incontida em ver tudo pronto, ainda que um pouco melancólica por saber que aquela uma hora só se repetiria dali a um ano.
A casa devidamente enfeitada, só faltava admirá-la, e isso eu sabia fazer como ninguém. Acendia todas as luzes, da árvore e da lareira, ligava o Papai Noel dançarino, colocava a bandinha da família Disney pra tocar, e procurava o melhor lugar para me sentar. Apoiada sob os joelhos, e alguns centímetros mais alta, eu tinha a visão mais linda que uma criança poderia ter. Era tanta beleza que não cabia em meus olhos de menininha e, volta e meia, eu sentia lágrimas em meus olhos escorrerem sem razão. Minhas primeiras emoções.
O caminhão da Coca-Cola que se transformava em uma pista de trenó do urso polar era muito mais do que um brinquedo, era o mundo perfeito em que eu vivia por dias a fio, até que chegasse o dia de Reis. Uma tristeza.
Nesse dia em que meus sonhos voltavam para o armário, eu pedia à minha mãe um minuto a sós com os papai noéis, os anjinhos e a árvore de Natal para me despedir e deixar bem claro que esperaria ansiosa até o fim do ano, quando novamente nos veríamos e os dias seriam mágicos de novo.
Não ajudava a por os enfeites para descansar. Era triste demais. A sala perdia a vida, como uma árvore de roseira que morre no outono e perde a sua graça.
Mas, assim como o roseiral, o Natal também voltava, e junto com ele, florescia a minha alegria.
Assim foi por alguns anos, até que um dezembro veio com cheiro diferente. A euforia, o som e a harmonia continuavam vivos como antes, mas havia algo de estranho que eu não queria aceitar. Arrumei os enfeites assim como fazia antigamente, relembrando o entusiasmo de outrora e tentando reanimá-lo. Liguei as luzes, o Papai Noel e a bandinha, escolhi o melhor lugar, e sentei-me sob os joelhos, esperando o encanto. Fixei-me no meu antigo “lar”, mas não vi nada mais do que um brinquedo e um urso polar de plástico. As luzes já não passavam de pontos brilhantes e as músicas soavam como meras melodias natalinas sem a antiga alegria. Meus joelhos doíam. Eu já não precisava e nem aguentava sentar-me sob eles para olhar a sala. Levantei-me, triste e frustrada, e fui para o meu quarto assistir TV.
O Natal virou pra mim o enfeite guardado que nunca mais sairia do armário. Não com o cheiro adocicado e o som harmonioso do roçar dos enfeites. Não com o encanto e a euforia que antes me dava ao ver tudo pronto para o 25 de dezembro.
Meu desejo, a partir daquele ano, é que todo o Natal fosse o Natal passado, pois aquele fora feito apenas de pollys concretizadas e encantos desencantados.




Letícia Mueller