quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Permitido E O Proibido



Desde que acordei hoje, estou pensando no que pode ser escrito sobre o tema que eticamente escolhi... Manja, que tenho dúvidas se ética existe? Vamos falar sério... ética nesse país é mais raro que político honesto. Ahhhh, sim, agora já sei sobre o que escrever.
Não sei, me deu uma luz de repente... Uma luz no fim do túnel, túnel este que deve ter sido construído pelo Maluf e comprado pelo Sarney. Eticamente falando, claro...

Não vou dar muita mídia pra política desse país... nem só de política vive a (rara) ética. Aliás “ética” me lembra “cética”... que me lembra que o permitido e o proibido são antagônicos, gramaticalmente e eticamente, inclusive.

Ok, para você isso tudo parece muito confuso? Eu explico perguntando algo muito simples: quem é você e o que você faz pra se achar totalmente ético? Não é provocação não, é um questionamento que me faço todos os dias. O que você está fazendo pra mudar o que considera errado? Está fazendo sua parte? Está convencido do que pensa antes de querer mudar o pensamento de alguém? E, principalmente, está agindo conforme o que pensa? Às vezes fica caro manter uma opinião, sabe, porque a tentação quando vem é tão sagaz que te mostra só o brilho sem te contar que ele cega e daí você tem que decidir de que lado prefere ficar. Em cima do muro não é opção, ok?

Isso sem falar de questões simples, como devolver aquele troco que veio a mais na compra do mercado... da arte paga e depreciada por temas fúteis, do consumo excessivo, do desmatamento desenfreado da Amazônia, do caos climático, da violência urbana, dos movimentos pró isso e pró aquilo que são no fundo, no fundo, políticos. Opa, voltamos às questões políticas. De política vive o ser humano... ou não?

E o que dizer de quem age conforme sua verdade... isso é ser ético? NÃOOO. Gente, tem pessoas que ateiam fogo em ônibus, abatem helicópteros da polícia, vendem carne vencida a escolas públicas. Acham que eles se preocupam com ética? Às favas com a ética, querem saber o que vão ganhar. Lei do ganha-ganha, do “não dá nada”, do “fica frio”. E o pobre que se exploda, como dizia o personagem do Chico.

É só ter uma oportunidade de se dar bem... teu preço é medido pelo que te satisfaz. Dizem que somos todos corruptíveis, é só saber como pagar. Então, qual teu preço? Ah, não se vende? Trabalha de graça? Não? Então se vende... vende teu serviço, pode não vender tua opinião, mas coloca preço no teu talento. Muito incisiva? Tá bem, você ama? Ama quem? Por amor você seria capaz de...? Se corrompeuuuu. Você é o que você é. Mas não significa que não teve ética, só significa que cedeu a um bem maior e isso não pode ser confundido porque não fez mal a ninguém, no máximo a você mesmo.

Enfim, ética, na minha humilde forma de pensar, se resume em vida digna. Algo como pensar bem antes de plantar uma sementinha do mal. Tua intuição serve para isso, para saber diferenciar o permitido do proibido. Pra te orientar sobre as consequências dos teus atos. Ah, ser politicamente correto é outra questão, ok? Nada a ver com ética.

Quer ver o exemplo disso? Vem desde a Criação a tendência ao lado negro da força, repare:
- Adão, eu queria tanto aquela maçã...
- Não Eva, não dá pra ir lá.
- Mas Adão, olha como ela é bonita, parece tão... suculenta.
- Eva, pára de charminho vai. Você só quer porque sabe que é proibido.
- Ai, Adãozinho, tô com vontade. Pega lá, vaiii.. A Cobra disse que pode.
- Eva, pelo amor do nosso Criador, pára de me encher que não vou lá. Já pensou se Deus descobre? Vai sobrar pra quem, hein?
- Ah, Adão, e o que pode nos acontecer? Só somos eu, você e a Cobra. Ela é de confiança, porque iria querer nos trair? Pega, por favor, pega...
- Ahh, Eva, não sei, não... não, Deus prevê as consequências das coisas. Quem garante que não quer apenas nos tentar ao erro? Mas pensando bem... só uma mordidinha não ia fazer mal, né...
- Adão, larga mão de ser frouxo e pega lá. Senão vai ficar a eternidade sem tocar na sua Evinha.
- Táaa... ah, seja feita a tua vontade.
E foram expulsos do Paraíso.
Precisa dizer mais alguma coisa?


Angélica Carvalho

3 comentários:

Anônimo disse...

Ange, muito salutar o post, todo mundo tem mesmo de refletir no tema. Tem um conceito essencial dos filmes do Roman Polanski que vem um tanto ao encontro (e ao embate) de algumas das suas colocações: ele procura mostrar que, nas situações vivenciadas pelas pessosas que aparecem em suas histórias, qualquer um de nós faria a mesma coisa. É assustador, mas é bem provável que ele tenha razão.
Beijo.

Mario

Karime disse...

Muito bom o post mesmo.
E excelente o comentário, embora não concorde contigo, Mario. Não sei se, dependendo da situação, eu faria a mesma coisa q algumas pessoas.
Eu procuro fazer a minha parte.
Bjos

Anônimo disse...

Não é de mim que você tem de discordar, Ka, e sim do Polanski, foi ele que disse e não eu. Mas entendo bem o que ele quis dizer, se você tivesse outros pais, outro código genético e outra experiência de vida, pode apostar, faria igualzinho.
Beijo.

Mario