quarta-feira, 31 de março de 2010

Natércia E Suas Confissões


Natércia era uma menina travessa e sapeca, daquelas que sempre aprontam e vão parar na diretoria da escola. Ela só diminuiu as suas peripécias no último ano de catequese. Nos últimos quinze dias destas aulas religiosas a catequista preparou a turma para o ritual da confissão. Então no meio da explicação Natércia levantou o dedo e comentou:
- Professora, tenho tantos pecados que temo esquecer de falar todos ao padre.
Deste jeito a mestra explicou:
- Para isto há uma solução:
- Anote todos os pecados que lembrar num caderno e leia as páginas ao vigário na hora.
Após esta aula, a garota foi até uma papelaria e tratou logo de comprar um caderno com cem folhas. Naquele mesmo dia ela tratou de escrever todos os seus delitos neste livreto .
Quando chegou o famoso dia, as crianças fizeram fila para entrar no confessionário. Logo chegou a vez de Natércia que penetrou com o seu caderno na mão.
Assim o padre falou:
- Deus a abençoe, minha filha!
- Fique à vontade para falar sobre os seus pecados.
Deste jeito a garota disse:
- Boa-tarde, seu vigário!
Como tenho muitos pecados anotei todos neste caderno. Agora vou ler:
- Segundo a minha mãe cometi o primeiro pecado ao nascer. Pois chorei e fiz cara a feia aos médicos presentes.
O sacerdote interrompeu:
- Isto não é pecado!
- Pois pecado a gente só comete a partir dos sete anos.
A menina espantou-se:
- Sério?!
- Bem, assim pularei umas vinte páginas do meu caderno e contarei somente os erros que cometi a partir dos meus sete anos de idade:
- Na minha primeira série joguei uma borracha na cabeça do Pedrinho, dei uma “lancheirada” na cabeça da Mariazinha e coloquei um rato dentro da gaveta da professora.
- Nesta mesma época meu padrinho tinha um canário na gaiola. Mas como a minha catequista disse que manter passarinhos na gaiola era um pecado, eu esperei o dono sair de casa, entrei no quintal e soltei a ave da prisão. Porém quando falei o que tinha feito para a professora, ela disse que quem cometeu pecado fui eu.
Bem, a partir daquele momento Natércia contou mais de cem pecados que tinha cometido. Mas pouco a pouco o padre pegou no sono sem a garota perceber, pois ela apenas lia o que havia escrito nas párginas. Quando ela acabou de ler a última folha, olhou para os olhos do padre e exclamou:
- Vigário, eu acabei minha confissão!
- O senhor está dormindo?!
O sacerdote acordou assuntado e explicou:
- Eu não estava dormindo, eu só estava meditando.
- Por favor, reze trinta pais-nossos e trinta ave-marias. Quando alguém carente bater na porta da sua casa não se esqueça de dar esmolas.
- Eu absolvo os seus pecados.
Natércia saiu contente de sua confissão e foi rezar. Assim ela pensou:
- Eu li um caderno inteiro com muitos pecados meus ao pároco e pensei que ele me mandaria rezar mil orações. Porém se a minha penitência é amena, isto é sinal de que não pequei tanto assim.
Oito anos se passaram após este episódio, Natércia transformou-se em uma jovem e durante este longo tempo nunca mais ela confessou os seus pecados. Uma certa noite, ela dormia em seu barraco. Quando, de repente, cinco homens mascarados e armados invadiram a sua casa. Eles colocaram a garota no porta-malas de um carro e a levaram para o meio do mato. Lá eles começaram a bater na pobre e a gritar:
- Confessa!
- Confessa!
- Se quiser parar de apanhar é melhor confessar logo!
A menina gritou:
- Confessar o que?
- Eu nem escrevi um caderno com a minha lista de pecados!
Deste jeito um dos marginais berrou:
- É melhor confessar logo, senão sua boca amanhecerá cheia de formiga.
Desta maneira a moça falou:
- Tudo bem eu confesso:
- Só sei que nada sei!
Assim o outro pistoleiro gritou:
- Que palhaçada é esta?!
A donzela explicou:
- Isto não é palhaçada...
- É Filosofia!
- É Sócrates!
Após falar estas palavras a moça recebeu cinco tiros, morreu e ficou estendida no chão. No dia seguinte um casal de agricultores, que estava passando naquele local, viu o corpo de Natércia estendido no chão. O homem aproximou-se da garota e disse:
- Ela está morta e levou tiros.
A sua esposa comentou:
- Pelo jeito esta tinha um caderno de pecados para confessar.





Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 30 de março de 2010

Confessar faz você...


Como pessoa:
Ser mais verdadeiro
Sentir-se mais leve, pois irá tirar aquele “peso” na cabeça
Engrandecer-se, pois ouvirá conselhos que precisava ouvir
Transparente, pois irá poder expor seus sentimentos e pensamentos de forma mais clara

Como membro da família:
Um filho (a) mais claro, pois suas confissões também podem ser suas opiniões e assim, há mais respeito entre os membros da família em torno daquilo que fazem ou pensam


Perante a sociedade:
Ser alguém mais liberto, pois as pessoas saberão aprender a conviver com você diante de suas confissões, daquilo que faz e naquilo que acredita


Amorosamente:
Alguém mais sincero, pois irá confessar todas as vezes que você está feliz ou quando não está bem na verdade
Alguém mais feliz, pois diante de suas confissões se a pessoa amada mesmo assim quiser continuar com você, com certeza sem omissões o relacionamento torna-se melhor e mais feliz


Sexualmente:
Se sentir mais realizado (a), pois irá confessar ao parceiro aquilo que gosta e não gosta e assim, só fará aquilo que lhe dá prazer
Ser menos ranzinza, pois alguém sexualmente ativo (a) e realizado (a) sente-se mais feliz com seu corpo e com seu humor


Consigo mesma:
Se sentir de bem com a vida, pois quando você confessa a si mesmo suas qualidades como seus defeitos, você avança um passo para a mudança, sentindo-se mais pleno, mais completo, mais você!


Bianca Nascimento

segunda-feira, 29 de março de 2010

Tema da Semana: Tá bom, eu confesso.

Eu confesso que…


Que ja tomei banho de chuva
Tenho medo de me tornar viúva
Tirei coisas do fundo do baú
Viro noites ouvindo Maria Gadu
Não durmo e passo noites acordada
Tomo coisas para ficar o ia todo ligada
Café, cafeína, guaraná, coca-cola...

Já sonhei com alguma utopia
Enquanto lavava meu cabelo numa bacia
Faço as unhas toda semana
Procuro sempre um visual bacana
Diferente, despojado, formal, informal, fashion, retrô...

Ta bom eu confesso que já tive um amor de verão
Que muitos partiram meu coração
Eu dancei ate amanhecer
Sem me preocupar com quem iria conhecer
Bebi até esquecer minha identidade
Fiquei vagando pela cidade
Passei finais de semana na micareta
Tive que colocar os gastos na ponta da caneta
Fiquei sem grana um mês inteiro
Só por não pensar primeiro
Nas prioridades, nas contas, nos estudos, nas viagens, nas festas, na vida...

Confesso que eu sonho em ganhar na mega sena
Não jogo, logo minha chance é pequena
Quero um carro Sport
No momento nem fazendo alguns cortes
Tive crise dos 20 anos
Nesse tempo meu cabelo nunca viu tantos cortes e planos
De mudar, de começar, de recomeçar, se ser, de ter, de viver, mais, mais, mais!

Ta bom eu confesso que já fui orgulhosa e arrogante
Pensei que assim seria interessante
Não passei de mais um bibelô numa estante
Já me aproximei por interesse
Não permiti que nem eu me conhecesse
A humildade veio pela dor
Acredito que o caminho mais fácil seria o amor
Amor de pai, de mãe, de irmão, de amigos, amor próprio...

Confesso por fim que já dei valor a quem não merecia
Fiz aquilo que não podia
Perdi o rumo que queria
Já fiz tudo que eu quis
Me sinto hoje muito mais feliz.



Fernanda Bugai

domingo, 28 de março de 2010

Sashimi Móvel


Há muito tempo, nossos ancestrais distantes se viam frente a um rio cheio de pedras, peixes e, é claro, água. Com um peixe na mão e um pedregulho na outra, alternavam as batidas do peixe na pedra ou pedra no peixe até que ele estivesse morto e pronto para degustação.
Hum, degustação nem tanto, nutrição!
Ontem passei por uma experiência que suplantou todos os limites da criatividade humana: Sashimi Móvel.
Vá ao supermercado às quatro da manhã. Gentilmente, peça ao peixeiro para que limpe dois kg de salmão não congelado. E atenção! Não deixe que ele estrague corte os filés, para não estragar a brincadeira e também, por simples estética.
Agora caminhe lentamente pelos corredores vazios cantando uma canção da sua preferência, deixando claro que cantar uma canção não significa que todos são obrigados a aguentar você, desafinado. Interprete a bela canção e, por favor, gesticule com as mãos para alcançar as escalas que tua voz não alcança. Retome a compostura se por ventura tiver uma viva alma no supermercado às 4 da manhã. Procure o shoyu. E hashi.
No corredor de utensílios domésticos, você vai encontrar uma infinidade de facas. Compre uma básica, daquelas compridas de R$3.90, sabe?
Logo ao lado, escolha três pratos de sua preferência (cor, tamanho, preço) e dirija-se ao caixa, onde há um mini-freezer. Isso é um conselho, compre muita bebida e um garrafão de água.
Agora começa a parte mais delicada do processo. Entre no banco da frente do carro e peça a um colega para que sente ao seu lado. Com as sacolas plásticas poluentes do mercado, forre um caminho do motorista até o co-piloto. Coloque os pratos justapostos nesse caminho. Deixe o outro prato em cima do painel para servir.
Pegue o peixe inteiro, dê uma boa olhada, dependendo da sua empolgação, saia do carro, segure o peixe e tire uma foto.
Em cima dos dois pratinhos, coloque o peixe deitado. Corte-lhe a cabeça e o rabo. Jogue os restos mortais da criatura dentro de uma sacola. De maneira nenhuma jogue na rua, embora seja tentador posicionar a cabeça bem no meio da via e ver algum carro causar uma explosão de miolos... De peixe.
Divida-o ao meio. Agora, com muita delicadeza segure a escama, e, com as mãos mesmo, vá puxando o filé. Pode puxar, não tenha medo não. Puxar não é apertar, salmão não é massinha. Tcharam! Agora você tem dois filézões de salmão.
Corte em fatias, em cubos, em forma de lagosta, dinossauro, estrela, o que você quiser, o céu é o limite! Ressaltando também, que, se você está numa situação como a narrada até então, você só pode estar louco. Aproveite e use a criatividade.
Divida igualmente com seus colegas, taque shoyu e bom apetite. Ou, como se diz em japonês, 食欲 .
Depois de se fartar de comer, use o garrafão de água para limpar os pratos (faça isso numa grama ou num bueiro), mãos, faca e o que mais estiver sujo. Sabe aquela flanela laranja de limpar o vidro? Então, ela vai entrar na dança também. Limpe bem as mãos.
Ao entrar novamente no carro, um cheiro característico de peixe estará impregnado no ambiente causando certo desconforto ou náuseas.
Acenda um cigarro. Dentro do carro.
Talvez seja a primeira vez que um não-fumante irá te implorar para acender um cigarro dentro do carro. E também talvez você não consiga fumar o cigarro inteiro pela proximidade da mão podre perto das narinas.
Já deve ter passado das cinco há muito tempo. Volte pra casa, caro amigo. Tome um chá de boldo e durma com os anjos.



Larissa Santin

sábado, 27 de março de 2010

Corrente Pra Frente


Você já olhou a sua volta e percebeu que muitas pessoas que hoje participam de verdade da sua vida, de alguma forma já passaram por ela?
Você começa num novo trabalho e descobre que conhece alguém que conhece aquela pessoa e que, nossa, tem tudo a ver. Você sai pra dar uma volta, acaba conhecendo alguém interessante, conversa sobre as coisas que já fez na vida, e se atenta, aquela pessoa passou por todos os mesmos lugares que você, na mesma época, mas nunca se cruzaram.
Alguém que um dia você adicionou no msn, conheceu através de um amigo, e ficou lá, esquecido... um dia aparece, puxa um papinho, pergunta quem você é, demora um pouco, mas lembra. Te convida pra fazer parte de um grupo bacana, você aceita. Ok, dá frutos. Depois um tempo vem à tona, essa pessoa frequentou o mesmo lugar que você durante anos, muitos deles, e nada. Não existe a menor lembrança.

São vários exemplos em que a frase mais comum da conversa acaba sendo: nossa, que mundo pequeno! Pois é, praticamente um funil. É dessa forma que eu entendo essas "coincidências", na verdade não acho coincidência coisa nenhuma. O tempo vai passando, você vai mudando, evoluindo (pelo menos essa era pra ser a ideia), se aproximando de pessoas assim, se afastando de pessoas assado, as coisas parecem que vão fazendo sentido.
Pois se você mesmo não perceber, a vida vai dar um jeito de colocar no seu caminho uma pessoa que vai te deixar bem, te dar coragem, te falar uma ou duas palavras que você precisava pra tomar aquela atitude, mudar aquela situação. Uma pessoa que vai te dizer todas as verdades que você precisa ouvir, que abre seus olhos, que não pensa duas vezes quando o assunto for te dar apoio. Uma pessoa divertida e extrovertida que te faz escolher coisas novas, dar mais risadas, ver tudo mais colorido. Mudar seu visual, ir mais ao cinema, cuidar da saúde, ler um bom livro.

Passamos a pensar diferente, fazer coisas diferentes, que nunca fizemos antes, e descobrimos que adoramos. Agimos de outra forma, e vemos o quanto é bom e leve ser daquele jeito. Conduzir e tratar de assuntos com outra estratégia e perceber que aquilo tudo está facilitando a sua vida. Se um dia foi difícil enxergar, hoje não é mais. E tudo porque foi dada a chance e a devida atenção ao que realmente importa. A pessoa certa, na hora certa.
Tentar entender essa linguagem que a vida usa, nos encurta caminhos, nos dá mais possibilidades. Acabamos percebendo com mais clareza o que vem pra ficar e fazer bem, o que apareceu pra te fazer rir, lembrar, mas que logo vai embora e o que definitivamente não deve fazer parte de sua história.
É tudo meio amarrado, ligado, como corrente. Você pode encontrar quem vai mudar muita coisa pra você e pode ser essa pessoa, que vai mostrar outro ângulo do mundo para alguém. Seja como for, que seja sempre daqui.. pra frente.



Liliana Darolt

sexta-feira, 26 de março de 2010

O Sorvete De Arco-Íris


Assistia à televisão de madrugada, com um enorme pote de sorvete sobre o colo despido, apenas ouvindo o som das vozes desconhecidas que sussurravam em cores coloridas. Era desnecessário abrir os olhos, tão concentrada estava nos pedaços crocantes de chocolate amargo que a surpreendiam a cada garfada.
Sim, comia sorvete com garfo, por algum motivo que mal ela saberia explicar. Só sabia que fisgar pedaços de sorvete derretido era uma das suas maiores diversões. O engraçado é que mesmo depois de tanto tempo praticando a tal façanha e já estando mais do que especialista na modalidade, ela ainda perdia para si mesma, o garfo, ou o sorvete, afinal, aí já não tem como saber. Era só um jogo.
Deitada no sofá, ela comia, comia, comia. Comia porque queria, e porque podia, e também porque devia. Nunca trocaria seu delicioso sorvete por nenhum remédio anti depressivo, calmantes, ansiolíticos ou qualquer coisa que o valha. Ela já tinha achado seu elixir da vida, sua fórmula da felicidade, o jeito de sentir-se completa. Sorvete crocante de chocolate amargo.
O hotel perfeito, na companhia das vozes coloridas perfeitas, com a cama perfeita, e tudo perfeito. “Isso sim é vida”, pensava ela. Dentro do quarto ela sorria ao perceber a quanto tempo não falava com alguém, nem mesmo um funcionário do hotel. Há quanto tempo não engolia um sem gordura trans, enriquecido com isso e aquilo e saúde-na-sua-vida. Viveu na própria pele o cotidiano de um ser saúde e arrependeu-se amargamente por suas frustrações. Simplesmente cansou-se. A vida lá fora não valia a pena, mas ali dentro, sentia-se recompensada pelos anos de tédio e melancolia. Gostava mesmo é de comer sorvete crocante de chocolate amargo.
Quando se lembrava das pessoas que conhecera, da sua família, daquele homem, respirava aliviada por estar hoje em tão completa liberdade e felicidade.
Emocionada, deixa que uma lágrima minúscula deslize rápida e discretamente sobre o seu rosto, indo direto para seus lábios e entrando em sua boca levemente aberta, criando um ponto de luz imperceptível. Não sentiu, nem notou a gota de água, mas tão logo seus olhos marejaram, arreganhou os dentes de uma forma que parecesse um imenso sorriso sincero.

Pegou de dentro da gaveta um comprimido verde dentre tantos outros do seu arco-Íris particular e, sem querer, soltou-o no pote de sorvete. Na primeira garfada, engoliu o seu coquetel molotov, elixir da vida, fórmula da felicidade. Sorvete crocante de chocolate amargo.




Letícia Mueller

quinta-feira, 25 de março de 2010

Qual O Preço Do Seu Sonho?


Terça a noite, happy hour. Na conversa casual surge, em cinco minutos, a resolução para toda a sua vida. Você comenta um desejo, com um certo ar de nostalgia e os olhos brilhantes, tua amiga te questiona a respeito e em seguida surge a pergunta: “Por que não?” E aquilo tudo que você imaginava estar superado e enterrado toma forma novamente.

Com o tempo, o medo tomou conta de você, as decepções e dificuldades desarmaram sua estratégia e imobilizaram suas ações. Perdeu-se o foco, e seu planejamento foi por água a baixo. Aula de DRS emocional? Não. Jogo de pensamentos contrários à maré, eu diria. Você é seu próprio advogado de acusação e de defesa. Aquele seu objetivo ficou esquecido na quarta gaveta do seu armário cerebral – nas três acima estavam sua carreira, sua família e seu amor próprio – logo abaixo, da balburdia de pensamentos empilhados e duvidosos. Você simplesmente esqueceu do seu maior dom: o de ser e fazer alguém feliz.

A sua idealizada liberdade te traz isso também, eu não tinha contado? Oops, foi mal! É reflexo dos calos que acumulou em um ou mais períodos da tua vida e a possibilidade de não ter que pensar sobre um determinado assunto, te acomoda. Até que um estado de presença pleno lança a fagulha que reacende a chama quase apagada pelas gotas contínuas de realidade e explodem todas as emoções guardadas pelo tempo. Retomada a força, não haverá limites se o objetivo estiver visível, palpável, ainda que na tênue linha do horizonte.

Portanto, trace o caminho até lá. É uma reta. Esqueça as pedras, as curvas, as subidas. É uma simples reta, a menor distância entre dois pontos (ou duas almas), que vai diminuindo a cada passo dado. Não são passos largos, nem apressados. São contínuos e bem acompanhados de um olhar altivo e um sorriso freqüente.

Trace a reta e vá até lá. Ainda dá tempo de causar uma boa impressão.







Angelica Carvalho

quarta-feira, 24 de março de 2010

O Começo dos Desejos Virtuais




No ano de 1996 poucas pessoas tinham o acesso à Internet , dentre elas estava Gláucio , um jovem engenheiro em computação casado há um ano com a costureira Tereza . Ele conheceu a sua esposa quando ela estava tirando as medidas da sua mãe para fazer um vestido . Um ano depois ele comprou um computador com acesso à Internet e passava horas em salas de bate – papo e em sites de namoro . A partir da compra do seu computador com acesso à Rede Mundial de Computadores , o casamento de Gláucio com Tereza passou a esfriar . Toda a vez que a mulher tentava fazer um carinho em Gláucio ele estava no computador e sempre dava a desculpa de que estava fazendo uma parte do seu trabalho em casa . A costureira fez amizade com Giordani , o novo estilista de sua firma , era com ele que Tereza desabafava sobre a frieza de seu marido . Uma certa noite , numa sala de bate - papo virtual , Gláucio resolveu marcar encontro com uma moça , Giodarna , com quem já estava conversando há três meses . Os dois trocaram fotos e o engenheiro entrava no blog da moça todas as noites . Então , através de um chat , os dois marcaram um encontro no motel Maçã às 8 : 00 da noite . Mas o que Gláucio não sabia era que o relacionamento entre sua mulher e o estilista estava cada vez mais quente . Naquele mesmo dia , Giodarni passou um bilhete para ser entregue à Tereza através de um office – boy , pois o prédio dos estilistas ficava longe da fábrica de costura . No bilhete estava escrito : - Aguardo você no hotel Maçã às 3 :00 , na suíte presidencial . Porém como estava chovendo , a água molhou a pasta do office – boy e , portanto , molhou o bilhete junto . Então com o efeito molhado da água , o número 3 borrou e virou 8 . Assim a costureira leu : - Aguardo você no hotel Maçã às 8 :00 na suíte presidencial . Desta forma quinze para as oito Tereza entrou na suíte presidencial do hotel Maçã . Já cinco para as oito Gláucio entrou na mesma suíte e ao ver sua esposa perguntou :

- O que você está fazendo aqui ?

Deste jeito Tereza exclamou :

- O que você está fazendo aqui , sou eu quem tem o direito de perguntar !

De repente , naquele mesmo momento entrou Giodarni vestido de homem , que levou um susto ao ver os dois e perguntou indignado :

- O que está acontecendo aqui ?!

Assim , Gláucio , exclamou :

- Giodarna , é você ?! - Você é um homem ?! - Você é transformista ?!

Desta forma Tereza se intrometeu :

- Vocês já se conheciam ? - Que tipo de brincadeira é esta ?!

Então , conversa vai e conversa vem , Gláucio acabou confessando que há meses estava paquerando pela Internet Giordana , que bem naquele instante havia descoberto que era um homem . Assim Tereza confessou que estava a ponto de trair seu marido com o estilista , pois o casamento havia esfriado depois que Gláucio comprou um computador com acesso à Internet . E você , mulher , que tem um marido que passa horas na Internet :

- Você , realmente , sabe o que ele tanto faz na Rede Mundial de Computadores pela madrugada a fio ?





Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 23 de março de 2010

Um Olhar


É estranho pensar e expor este pensamento, mas...tenho que dizer. Tem algo que acho muito estranho no mundo, nas ruas e principalmente, nas pessoas. Já notou que quando acordamos a maioria de nós, geralmente, fica mal humorado, não olha muito para cara de ninguém em casa...quem dirá para o pobre cãozinho que fica a sua espera na porta todos os dias. Aí a maioria sai, ou para estudar ou trabalhar. No caminho rumo ao destino, a mesma coisa: paramos nos sinaleiros, olhamos para o espelho, vasculhamos a bolsa para ver se aquele cartão está lá dentro ou para ver algo no celular. Não olhamos a rua, as pessoas, os enclausurados nos ônibus que param à nossa volta. E os enclausurados são a mesma coisa: não apreciam a paisagem de dentro da lata, nem mesmo olham para o cabelo super produzido daquela senhora acabara de sentar ao seu lado no banco. O único momento que voltamos a olhar para o que está lá fora é quando o sinal abre.

Passam tantas árvores, pássaros, cenas engraçadas, pessoas inusitadas, crianças sorrindo aos montes. Não temos nem tempo de olhar para os cães nas calçadas, os gatinhos nos muros das casas. Mais deixamos pra ver isso em casa, vendo na TV com “aquela pipoquinha”.

Chegamos ao destino. Mais uma vez entramos e sequer nos lembramos do porteiro do prédio ou de quem está na porta de onde trabalhamos e estudamos. “Não tenho tempo, não é por mal”, pensamos, como se um sorriso durasse meia hora.

No elevador, nem fale...melhor nem citar o que acontece. Saindo da lata, corremos direto para a cadeira cotidiana e lá nos “fincamos”, nos escondemos e vivemos boa parte do dia. “Não tenho tempo nem de olhar o pássaro voando da janela”, pensam os atarefados. Damos “oi” pra colegas do trabalho, fazemos as mesmas piadas, temos as mesmas conversas.

Chega a hora do almoço, trocamos de cadeira. O tempo é curto...uma hora para comer, ir no banco, na farmácia se der. “Ou eu como ou eu converso”, é o que alguns pensam ao passar o horário de almoço com colegas ou com a família. Não conseguimos nem enxergar o pobre na esquina comendo o que lhe resta, o cão virando o lixo pra ver se algo tem pra ele.

E assim, passamos nosso dia. Sem tempo, sem tempo de olhar, sem tempo de ver. Não enxergamos as crianças, os pássaros, os cães, as árvores, os jardins, os sorrisos, os olhares. Não enxergamos o dia. Voltamos, dormimos. Afinal... “Você acha que não faço nada? Ás vezes nem tempo de dormir eu tenho!”. E mais uma vez fechamos os olhos.


Bianca Nascimento

segunda-feira, 22 de março de 2010

Semana de tema livre

Hoje é dia de estreia no blog. Larissa Santin é geminiana com ascedente em leão. Impaciente, orgulhosa e volátil, ela pinta, toca violão e estuda cinema. Fã de Mozart e Bjork, adora banho de chuva e abraço de vó. Apaixonada por Al Pacino e Charlotte Gainsbourg. É viciada em curtir a vida, o que fica claro em textos como o que vem logo abaixo (não que seja auto-biográfico, que fique claro). Bem-vinda, Larissa.

Por Um Punhado De Cloro


Cheguei ao bar. Encontrei meia dúzia de amigas que não via há mais de quatro dias. Para um grupo como o nosso, tão “conciso”, quatro dias era tempo demais. Era tempo para que Verônica traísse o namorado, rompesse e voltasse.
Era tempo para que Aline encontrasse o amor de sua vida, entregar-se e chorar ao fim do quarto dia. Era tempo de Bárbara ligar para oito outras pessoas começando seu discurso com “olha, não é que eu queira contar, mas...”.
Era tempo de Diana chegando dez minutos atrasada e falando como uma matraca sobre suas árduas tarefas no trabalho. Era tempo de Michele repetir três vezes o nome da cor do seu esmalte “vermelho Madonna, inspirado na Madonna”, dizia ela.
Era tempo de Carmem olhar-se no espelho frente à mesa em busca de aprovação. Era tempo de mim, no bar, entediada. Era tempo de mudar.
Só não era tempo de chegar o fim de noite sem nenhuma história para orgulhar meu ego de aspirante a femme fatale. Eu já tinha passado da fase de postulante a pin up, não que trocasse o estilo ninfeta por vestidos justos pretos e uma cigarrilha com piteira equilibrada por finos dedos revestidos por luvas brancas esticadas até os cotovelos. Meu figurino sempre foi discreto, mas eu acreditava que a postura poderia me adaptar à persona que eu bem quisesse sem ter de me travestir. Aquela poderia ser uma noite despretensiosa, sem ambicionar o amor platônico da Aline, os adereços triviais da Michele, as histórias bombásticas da Bárbara, os adultérios de Verônica (mesmo porque eu nem teria a quem chifrar), mas aquela madrugada chegava com clamor de libido e aventura. “Pego cedo amanhã, vou embora”, “eu também”, “eu também”, “idem” e pronto, era a coreografia do vamos-todas-juntas-já. Nem adiantaria negociar uma hora a mais, meia horinha, só uns minutinhos, o que fosse.
Esperando o elevador, passei a reparar no porteiro, Waldomiro, devia ter uns 45 anos, aliança no dedo. Evangélico... Plim! Chega o elevador. Ficar ou subir. Se ficar, o que usar de isca ou de desculpa para puxar conversa com um homem para o qual eu só dirigia a palavra para indagar se haviam deixado algo no meu escaninho. Subi.
No apartamento, mal acendi a luz e já saí caçando a cartela de Rivotril que deixei na gaveta do banheiro.
Abri a cartela e saquei uma pílula. Antes e ingeri-la, cometi o grave pecado de me olhar no espelho. Eu sei o que vi. Eu sei o que gostaria de ver e nesse embalo do fascínio por mim mesma, joguei a pílula ralo abaixo. O que mais além de mim eu precisaria para seduzir Waldomiro?
Joguei os cabelos para trás, de modo natural e abri a porta de frente. Plim! Chegou o elevador e nós vamos para baixo. Cheguei à portaria e dei dois toquinhos na porta. Um, dois. E Waldomiro a abriu prontamente preocupado com a minha visita. “Waldomiro, me diz uma coisa. Que horas fecha a piscina?”
“Às dez horas, se é em tempo de férias, às onze”; “Que horas são Waldomiro?”; “São duas e trinta”; “ Será que teria problema se eu entrasse na piscina a essa hora? Te juro que não faço barulho”; “Olha, eu não sei...”; “Não, o senhor não terá que se preocupar com nada”; eu disse, medindo aquele homem de cima abaixo cheia de intenções. “A senhora está bem?”; E eu disse que sim, caminhando lentamente até o portão de entrada da piscina. Waldomiro olha tudo de longe sem saber o que fazer e entra na portaria, senta-se e observa as câmeras de segurança do prédio. Quando cheguei à beira da piscina, tirei os sapatos e coloquei um dos pés na água, verificando a temperatura. Comecei a tirar o casaco. Seu Waldomiro assiste a tudo pela câmera de vídeo. Foi quando ele apareceu, meio apressado, colocando as duas mãos na cabeça ao me ver sem a blusa; “Meu Deus, dona Fernanda! Não faça isso!”; “Não, eu só vou dar um mergulho, é coisa rápida. Cinco minutos”; “Não, a senhora não pode fazer uma coisa dessas. Essa hora, num dá! Se o síndico pega, cai pra cima de mim. Por favor, por favor, dona Fernanda... a senhora bebeu?”; Ri e fui em direção à piscina. “Não, dona Fernanda! Isso vai dar problema” disse Waldomiro me puxando pelo braço. “Problema pra quem?”; “ Dona Fernanda, o síndico mora logo aqui no primeiro andar, vai sobrar pra mim. Por favor, por favor. Eu lhe levo até o elevador. Vamos, dona Fernanda, vamos”. Andamos até a porta do hall e Waldomiro continuava me segurando pelo braço, sem motivo aparente. Ele queria me tocar, ou pelo menos era o sinal do seu corpo. Chegamos à frente do elevador e somente a luz vermelha do botão denunciava o que passava pela minha cabeça.
Quando um clarão de luz surgiu, Waldomiro me disse: “Pronto, dona Fernanda. Pode subir agora”; “ah é? Pode?”; falei empurrando-o contra a parede e colocando a mão entre suas pernas. “Escute aqui. Eu vou subir, colocar o biquíni, descer e mergulhar. Depois disso, a gente vai conversar de pertinho... tá certo, Waldomiro?” Entrei no elevador, a porta se fechou com a imagem dele, atônito.
Entrei em casa, voltei ao banheiro e novamente me vi no espelho. Lavei o rosto, abri a gaveta, saquei outra pílula e fui me deitar.



Larissa Santin

domingo, 21 de março de 2010

Quando A Demissão É Uma Benção


Todo mundo tem algum ranço com seu emprego. Ou é um motivo clássico, como chefe mal humorado, ou é um que está classificado na lista dos específicos, como uma dada função que você é capaz de dar todo o seu salário para um terceiro executar. Mas há atividades profissionais, que, convenhamos, ninguém merece. Não entraremos nas mais óbvias, como vigia noturno, mas sim naquelas um tanto insuspeitas e que causam tormento tanto para quem executa quanto para os parceiros e até para os “beneficiados”. Levante as mãos para os céus e admita que seu trabalho é minimamente suportável.

Ativista ecológico
Você está lá no seu navio, pescando umas baleiazinhas quando, de repente, seu binóculo aponta um patético objeto laranja singrando as águas turbulentas e geladas do Índico: lá vem uma tropa de ecochatos. Umas quatro ou cinco criaturas trajadas em roupas de mergulho, num bote inflável a motor e todo remendado de silver tape, com uma bandeirinha fincada na popa e um cidadão em pé berrando palavras de ordem num megafone. Claro que aquela pulguinha no oceano não tem como ser ouvida, então, nada mais natural do que o seu gigante dos mares passar por cima. Ops, tchibum!

Atração de abertura de mega star
Se você é um ídolo que possui milhões de fãs ardorosos que o idolatram mais que a própria mãe, não vai querer decepcioná-los quando for dar o ar de sua graça em um estádio no qual pagaram o salário do mês para entrar, não é mesmo? Mas também não vai querer deixá-los entediados esperando por horas a sua entrada triunfal em cena. Então, você escala uma banda ou músico mais ou menos famoso para abrir seu imponente espetáculo. A atração tem de ser meia-boca, senão estraga seu show. O som tem de estar bem mais baixo que o seu. E a iluminação e os efeitos têm de ser mínimos ou precários. Claro, o público estabelecerá uma relação comparativa direta entre quem abriu seu show e você. Ou seja, depois de suportarem uma hora da tal “atração”, você passará a ser catapultado da categoria de semi-Deus para ser o próprio. Enfim, a banda coadjuvante toca sabendo que praticamente ninguém naquele estádio lotado pagou para vê-la. O que foi Richard Ashcroft abrindo para Madonna no Brasil, um cara que além de adotar um estilo muitíssimo diferente do da “musa” faz uma carreira solo que lembra Paulo Ricardo pós-RPM e pouco sustenta de seu brilho dos tempos de The Verve... O fato é que nenhum superstar, de U2 a Beyonce, quer pagar o mico pelo qual passou certa vez Chuck Berry, que viu Jerry Lee Lewis arrasar na abertura e o deixou em situação embaraçosa diante de uma plateia que queria mais do pianista ensandecido. Na minúscula lista dos que recusaram ganhar uma baba e a “honra” de abrir para uma mega banda estão os Stone Roses dos bons tempos – rechaçando a proposta de Mick Jagger para que abrissem sua turnê nos Estados Unidos, o vocalista Ian Brown argumentou: “eles é que tem de abrir pra gente”. Sentiu?

Vendedor de enciclopédia
Acredite, ainda existe. Claro que os volumes agora vem em um multimídia para rodar no PC, mas essa atividade em extinção está mesmo com os dias contados. Dizem que a associação está planejando um atentado contra o criador do Wikipedia.

Atendente de telemarketing
Nem vamos estar explicando.

Palhaço de rodeio
Olha só: um cara esmaga os testículos de um bovino, monta no pobre, espora-o até sangrar fazendo o animal dar pinotes de dor, faz pose de herói em cima do bicho e cai glorioso no chão de serragem para os aplausos de uma plateia alcoolizada e de escabroso gosto musical, que o ovaciona como um Hércules contemporâneo. Claro que o pobre do touro quer ir à forra, mas aí é que surge a figura do palhaço de rodeio, que protege o valentão enquanto ele sai de cena para pegar seu cheque de 200 mil e a chave de sua pick-up zero quilômetro pelo feito de bravura que protagonizou na arena. Ou seja, quem na verdade mais corre risco é o trouxa do palhaço, que vai voltar pra casa de busão na madrugada, não recebe aplauso nem prêmio e, ainda por cima, protege um Jeca que pensa ser pop star. Ou seja, é um palhaço mesmo.

Estátua humana
Esse sim é um expediente que, ao longo de um mês, fará o “profissional” da área gastar todos os seu rendimentos com um ortopedista. Ficar na mesma pose, pintado com uma tinta que tapa todos os seus poros, e só se movimentando quando algum transeunte deixa cair na caixinha uma moeda de R$ 0,50, é realmente de doer até os ossos. Isso que nem falamos daqueles momentos em que baixa uma coceirinha insuportável...

Ascensorista de elevador
O dia todo subindo e descendo. O dia todo aquele fudunzão de gente suada se acotovelando. O dia todo confinado num espaço ínfimo. E o mais bizarro, o dia todo ouvindo histórias pela metade: “ah, menina, daí sabe o que eu disse pra ele?...” (plim!), “bom, prima, vou te contar um segredo de como ganhar na mega sena, é assim... (plim!), “saca só, pra conquistar as mulheres é preciso apenas um truque...” (plim!). Além disso, você tem de encarar os moradores ou trabalhadores do edifício fulos com a conta do condomínio e se indagando por que estão pagando alguém para fazer algo que eles próprios poderiam executar sem qualquer dificuldade. Na verdade, os ascensoristas deveriam todos... (plim!).

Maquiador de cadáver
No ano passado, uma produção cinematográfica japonesa ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro exibindo a vida de um cara pago pra deixar quem morreu mais bonitinho. Só mesmo a sétima arte pra tornar estimulante essa profissão, porque na vida real ela é, no mínimo, bizarra. Seu trabalho só vai ser “apreciado” por algumas poucas horas, e vamos combinar que passar base e blush em uma carne em estado de putrefação (ainda mais humana) não é uma rotina das mais desejáveis. A favor da atividade existem os bons rendimentos, o atendimento a clientes que nunca reclamarão da qualidade do seu trabalho e o fato de você praticamente não ter concorrência. Afinal, quem se habilita?...

Desentupidor de fossa
Você vai nas casas dos outros para dar um jeito na merda alheia. Ganha mal, as pessoas têm receio de cumprimentá-lo, o olham com pena e acham que você está sempre fedendo, mesmo se encharcando de L’Acqua di Giorgio Armani. Enquanto para as outras pessoas “entrar na maior fossa” é sinal de depressão, para você é ganha-pão. Chega a justificar a eutanásia por motivos profissionais.

Claque de programa de humor da TV
Já imaginou ser pago para rir histericamente das piadas brilhantes do Paulo Silvino e de outros gênios da comédia televisiva? “Cara, crachá, cara, crachá”, e você: “HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!”; “Ai, como ela é grande”, e você: “HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!”. Pois é, talvez seja a única profissão em que, mesmo rindo, você tem vontade de se matar.

A lista vai longe. Na verdade, a profissão eleita como a mais insuportável do mundo foi a de masturbador de animais. Sim, há gente paga em certos zoológicos para recolher o sêmen da bicharada, incluindo dos leões (ai do cara se não caprichar...). Apesar de esta atividade envolver alto risco, uma outra foi apontada como a mais perigosa: escovador de dentes de tubarões. Inacreditável, né? Mas existe. Já no hall das mais estressantes estão: jornalista (terceiro lugar), médico cirurgião (segundo) e motorista de ônibus urbano (líder absoluto, sendo que em dias de jogo de futebol o nível de stress é equivalente ao de um jornalista fazendo uma cirurgia). Mas tem ideia de qual é a profissão que mais causa suicídios? Dentista. Se você acha estranho, então imagine o que é passar seu dia em um espaço de 5x5, debruçado sobre bocas, encarando mal hálito e tártaro, sabendo que ninguém foi até você porque quer, e, durante o jantar, ter para contar à esposa que seu momento mais emocionante do dia foi um tratamento de canal na boca de um lutador de vale-tudo que era muito sensível. Masturbar um hipopótamo agora já não parece algo tão ruim assim, não é?


Mario Lopes

sábado, 20 de março de 2010

Hoje tem Desaforada aniversariando. A Fernanda Bugai, colunista do blog nos finais de semana. Parabéns de todas as Desaforadas, Fer, e que você continue mandando bem nos textos e na vida!

Quanto Mais Eu Rezo... Mais Eu Tenho Que Rezar

Minmin era filho de chineses que moravam no Brasil. Menino dedicado queria ser alguém na vida, mas aquela vida atrapalhada não colaborava com o pobre Minmin.
Primeiro porque sempre chamavam Minmin de japonês, ele sempre pensava:
- Ah Deus quem me dera ser um super japonês inteligente...
Além do nome que brasileiro nenhum pronunciava direito e caiam sempre na gargalhada, baixinho e magrelo, não fazia sucesso algum com as garotinhas do colégio, elas sempre estavam encantadas com os fortões de olhos azuis, para ajudar Minmin usava óculos e aparelho. Vivia caindo nos escorregadios corredores da escada com o peso dos vários livros que estudava, ou caia por atrapalhado mesmo, era a diversão dos colegas. Seu sonho, ser astronauta. Minmin passou a infância e adolescência sendo o baixinho do grupo que não pegava nada, mas ainda assim era muito querido por todos, Minmin tinha muitos amigos, um bom coração, muito crente em suas orações e sempre ajudou todos na vila onde moravam principalmente seus pais na barraquinha de pastel. E sempre pensava:
-Ah meu Deus, quem me dera ser fortão e bonito, ter uma bela namorada e ajudar meus pais a melhorar sua vida.
Passaram-se os anos e Minmin pegou 02 ou 03 garotas, tirou o aparelho, trocou os óculos pelas lentes, ganhou massa, mas continuava com cara de japonês para os mais desinformados. Mas tudo bem, Minmin se formou na faculdade pública de engenharia, aonde teve muitos colegas japoneses de verdade, teve uma namorada, conseguiu um bom estágio e depois foi efetivado. Logo pensava:
- Ah meu Deus, como é bom e generoso comigo. Muito obrigado.
Minmin não se tornou astronauta, continuou caindo e derrubando coisas, teve uma namorada com quem se casou, construiu uma boa casa para seus pais e também uma pastelaria, continuou fazendo academia, criou filhos e netos, encontrou alguns percalços, continuou com muitos amigos encontrou inimigos, teve uma vida cômoda e estável, manteve seu bom coração e continuou sempre crente em Deus.
Nos finais de semana cuidava dos netos, contava histórias, os levava em parques e circos, incentivava os estudos e o trabalho, se tornou sábio e respeitado, pelo que obteve a admiração dos filhos e netos.
Um dia ao final de uma tarde de outono, na varanda de casa sua neta Nuo que se tornou astronauta questionou Minmin:
- Porque o senhor quando as pessoas fazem piadas desagradáveis, te chamam de japonês ou até mesmo quando a vida apresentou dificuldades, nunca diz nada nem se mostra irritado ou nervoso, apenas olha para o alto e dá um leve sorriso? Pergunto isso, porque já se passaram 40 anos e nunca o vi tomar uma atitude distinta.
-Querida Nuo faço isso porque são nestes momentos que estou rezando. Não me cabe julgar o alheio. E quanto mais eu rezo, mais eu tenho que rezar...


Fernanda Bugai

sexta-feira, 19 de março de 2010

Quanto Mais Eu Rezo, Mais Eu Leso


- ... está aí. O inimigo está sempre presente, querendo nos afastar de Deus, irmãos! Temos que orar e entregar nossa alma a Deus! A Deus que a tudo pode, Deus que te salva, que te livra das tentações, e te salva do diabo, irmão! Deus é tudo o que você precisa, é sua vida, é seu amor! Se entregue pra Deus irmão, vai...se entregue... e seja livre!
Paola chorava no colo da mãe. Odiava aquele homem que passava horas gritando coisas horríveis, esbravejando, urrando, suando na frente de um monte de pessoas que iam lá só para ouvi-lo falar. A sua mãe, por exemplo, além de não faltar um só sábado, fizesse o frio ou o calor que fosse, fazia questão de arrastar toda a família junto. José, ainda novinho, mal entendia o que o pastor falava, então se limitava a ficar no colo de Joaquina, sua mãe, e raramente abria os olhos, só para ter certeza de que estava tudo ok. Joaquim, seu segundo irmão, até que gostava de ir a igreja, mas só quando não tinha nenhum programa marcado. Se surgia algo para fazer, ele corria para a mãe implorando para que pudesse sair, fazia promessas de que iria a igreja todos os dias da próxima semana para compensar a falta. Jurava ajudar nos afazeres da casa, tirar notas altas, manter as tarefas escolares em dia. Mas não, não adiantava.
- Dia de í na Igreja, é dia de í na Igreja. Se você esquece Dele, ele esquece de você. E aí já viu.Vem o diabo e te agarra, rouba tua alma, te carrega para o inferno. Você qué í pro inferno, Joaquim?
Temerosa, a criança se encolhe:
- Quero não, manhê!
- Então se veste que nóis já ta indo. E rápido. Se demorará pra se arrumá, eu te deixo em casa, e aí já viu né. Vem o diabo, e ...
Joaquim, quase chorando, sai correndo para seu quarto, já sem as meias e com os botões da calça abertos, tamanha era a sua pressa.
E lá ia novamente toda a família para a igreja, orar para Deus e para o Diabo, com exceção de Paola, que aproveitava o culto para esvaziar seus sacos lacrimais.
O pastor Amarildo conhecia muito bem a família Silva Carvalho: o salário, onde moravam, o que comiam, seus medos e inseguranças, e suas alegrias e esperanças. Mas para ele, o que realmente interessava era o bolso. Não se importava com as lágrimas e o medo de Paola, desde que sua mãe continuasse a contribuir semanalmente com a igreja. Ah, e freqüentá-la também, obviamente.
Adorava José. Era o mais bacana de todos, com exceção de Joaquina. Parecia um anjinho quietinho no colo da mãe, sem abrir a boca, pedir bênçãos ou conselhos. Queria que todos fossem assim, inclusive os mais velhos, mas que continuassem a ter as almas salvas pelo dízimo. Ah! o dízimo.
Sem dúvida, a melhor invenção de Deus com o homem. Além de garantir que os fiéis fossem para o paraíso, faziam com que a vida do pastor fosse uma maravilha. Ele, como já vivia em um paraíso, nem se incomodava em pagar dízimos ou fazer doações. Já tinha seu lugar garantido no Jardim de Éden. Ali na terra mesmo. Na verdade, bem pertinho da sua cama... no seu quintal, logo ali.
Pastor Amarildo, grande homem. Um dos mais fortes e comoventes testemunhos já ouvidos pelos fiéis da Igreja. Começara a vida como ladrãozinho. Roubava a carteira da mãe, dos amiguinhos da escola. Coisa pouca, no máximo R$ 10,00. Só uma vez que, já mais crescidinho, precisava de dinheiro para suprir as necessidades carnais da namoradinha e pegou R$ 50,00 do caixa onde trabalhava. Mas foi só uma vez. Um dos seus colegas de trabalho foi acusado pelo roubo e acabou demitido. Só que ele nem gostava do emprego. Afinal, até que foi um favor.
Depois, movido pela ambição, cadeiras de rodas, dinheiro, bonés, camisetas e cestas básicas, virou político. Graças ao seu povo, o povo de Deus.
Até que se deu bem. Tinha boas idéias, era carismático, articuloso, espertíssimo, dissimulado, e (louvado seja o Senhor), muito discreto. Poucos sabiam onde morava, para onde sua família viajava (casar foi uma benção) ou suas compras de fim de semana. É claro que cada uma dessas regalias era merecida e fruto de muito suor do seu trabalho, de segunda a quinta, das 14:00 às 17:00. De vez em quando até as 17:06, 17:08. E por aí vai.
Mas Amarildo queria mais. Ganhava bem, porém ainda não era o suficiente. Então, em um dia belíssimo acordou com uma luz divina iluminando suas idéias. Porque não tornar-se pastor, hãm? Sabia conversar, aconselhar, abraçar, chorar, atuar. Orar não sabia muito bem, mas bastava um curso on-line na Internet para resolver o problema.
Foi a uma igreja e descobriu que entrar para trupe era tão simples como todas as outras coisas que queria. Com dinheiro, não existe burocracia.
Assistiu alguns cultos, observou os crentes e suas doações e dízimos, contabilizou o lucro e resolveu investir. Expulsou o pastor vigente e começou a ministrar e arrecadar.
Assombrou-se tanto com o lucro que até se converteu para o evangelismo. Isso é que é pastor bom.
Foi fácil conquistar os fiéis com o seu testemunho sincerotiroso. Disse que, depois de muito roubar, mentir, judiar de sua família, iludir mulheres e ceder aos prazeres da carne, literalmente escutou a voz de Deus e acordou para a realidade. Passou a ir a uma pequena e humilde igreja na periferia da cidade, perto de sua casa, e, quando começou a sentir o prazer de ajudar à Casa do Senhor e aos necessitados, dividindo o pouco que tinha com o próximo, é que notou que podia e deveria fazer mais. Estudou para tornar-se pastor, e quando finalmente estava apto para ministrar e subiu ao púlpito, é que descobriu sua verdadeira vocação.
Ah como era bom chegar em casa todos os dias com o bolso cheio de dinheiro, como recompensa do Senhor por alertar aos crentes da existência do inimigo, o temido diabo.
Como era gratificante olhar todas aquelas famílias reunidas, clamando ajuda e entregando sua alma e seu salário ao mestre. Deus.
Como era bom ver os adolescentes presentes, alguns um pouco emburrados, trazidos por seus pais que queriam garantir o amor de Cristo.
Como era bom José novinho quietinho no colo da mãe. A mãe sempre de envelope na mão, fazendo cara feia para os que se faziam de mãos e bolsos vazios para louvar a Deus. “Coitado do pastor Amarildo, tadinho, desse jeito ele morre de fome. É um absurdo um irmão como ele, tão bondoso com todos, não ter o dinheiro e as regalias que um ladrão de um político tem”. Assim pregava Joaquina.
Amarildo era (louvado seja o Senhor) homem discreto. Graças a Deus.



Letícia Mueller

quinta-feira, 18 de março de 2010

Quanto Mais Eu Rezo... Mais Diversão Me Enlouquece


Houve um tempo em que tudo o que eu sentia era culpa.
Culpada por não ter dado certo o namoro.
Culpada por não ter tempo pros filhos.
Culpada por me atrasar pro médico.
Culpada por me achar culpada.

Não conseguia enxergar qual mais seria meu objetivo naquele momento que não fosse meu sonho de ter encontrado o homem da minha vida, que ele pensasse do mesmo modo sobre mim, que eu fosse perfeita pra ele e que fôssemos plenamente felizes. Porém não deu certo. Sinto-me fracassada quando não consigo atuar eficientemente sobre meus objetivos e isso interfere em todo o resto. Lidar com desprezo me traz um gosto amargo. Enfim, quanto mais eu rezo...

Felizmente um dia a gente acorda e percebe que a vida não precisa de tormento. E aqui eu defino, em poucas palavras, a intensidade de alguns anos redundantemente vividos. Quem complica a vida somos nós, seres intelectualmente evoluídos que não sabemos dominar nossas emoções que, casualmente, são controladas por nosso cérebro. E quando usamos o cérebro, notamos que existem muitas saídas e não só aquele caminho estreitinho e apertado. Basta darmos a volta. Dá trabalho, é um pouco mais longo, você tem que voltar do início, às vezes, mas vale a pena.

Nessa maravilhosa jornada, uma das coisas que você redescobre é o quanto é bom ser dono de si mesmo. Não ser mandado, não ser tolido, não ser adulterado, não perder sua identidade. Sair quando quer, ficar em casa quando quer, beijar quando quiser, se divertir, cansar, rir e chorar à vontade. Sem medo de errar. Acho que deva ser assim, afinal os seres humanos buscam o prazer da companhia de pessoas que façam bem a ele. Mas... o prazer do corpo também pode preencher alguns vazios que os pensamentos desordenados deixam.

I´m sorry for you, not sorry for me! Vou ser feliz!! Se eu sentir vontade de alguém, não me sentirei culpada de novo. Enquanto isso, irei aos shows que gosto, tomarei os drinks coloridos que gosto, farei as tatuagens que desejo, fumarei mais um daqueles cigarros de menta. Não esquecerei de correr na rua, andar de bike, sair com as crianças, pular no rio. Meu Amor, meu Deus, meu Equilíbrio !!

Better, a broken heart provides to spark for my determination. Inside someone like you now, palavras ditas nas músicas que ouvi nesse fim de semana de Guns perfeito, à propósito !!!


Angelica Carvalho

quarta-feira, 17 de março de 2010

Charlise e os Monstros


Era uma vez uma menina chamada Charlise que morava num planeta chamado Mundo Perigoso, numa cidade batizada de Agora. Seu pai, Charles, era um ex-seminarista que transformou-se em pintor de paredes e a sua mãe, Lise, era uma ex-garota de programa que virou costureira. Charlise era ingênua, disciplinada, religiosa e seu maior sonho era ser santa. Ela foi criada com muito rigor por Abigail, sua rígida avó paterna. Aos quatro anos de idade a menina viu sua vovó retirando-se do oratório e exclamando:
- Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece!
Naquele instante a criança pensou:
- Vovó reza tanto para ter a proteção de Deus...
- Então, por que ela vê tantas assombrações?
- Já sei: um dia serei santa para descobrir tudo isto!
A partir daquele instante o objetivo de alcançar a santidade nunca mais saiu da cabeça da garota. Ela assistia as missas todos os domingos, ia às novenas todas as quartas, participava das festas religiosas, procissões e ajudava na limpeza da igreja. Aos sete anos ingressou na catequese e não via a hora de fazer a primeira comunhão. Nesta idade ela passou a rezar seis vezes por dia: ao acordar de manhã, ao tomar café, no momento do almoço, na hora da ave-maria, no jantar e antes de dormir. Um certo dia, Charlise estava voltando da escola e viu um quadro colocado bem na lixeira da sua casa. Assim ela pensou:
- Quem deixou este quadro tão bonito no lixo?!
A mocinha pegou a gravura nas mãos e refletiu:
- Bem, como esta obra de arte encontrava-se na lixeira da minha residência é porque alguém não quis mais e deixou o objeto neste lugar. Portanto: se eu levar esta gravura para minha casa, este ato não pode ser considerado roubo.
- Deste jeito acho que posso levar esta pintura de menino chorando para meu quarto.
A menina colocou o retrato, num prego de parede, que estava ao lado de sua cama. Com o passar do tempo ela notou que a cada dia o garoto do quadro estava com uma fisionomia diferente: um dia ele estava mais gordo, na manhã seguinte o menino voltava a emagrecer e de noite ele estava mais pálido. Três meses depois Charlise voltou do colégio, olhou para a obra de arte e viu que o menino da gravura estava com fios vermelhos no rosto, como se estivesse sangrando. Então a garota exclamou:
- Meu Deus, por favor, retire todo o mal que há neste quadro!
- Para isto, agora farei várias orações!
A garota passou a rezar vários Pai-Nossos e muitas Ave-Marias. Deste jeito conforme as orações iam aumentando o quadro voltava ao normal. A menina ficou com medo de contar sobre esta experiência sobrenatural aos seus parentes. Mas decidiu ir até a casa da catequista falar com ela. Ao chegar na casa da professora, Charlise gritou:
- Dona Tereza!
A mulher abriu a porta e perguntou:
- O que houve?
A pequena explicou:
- Eu tinha um quadro de criança chorando...
A professora interrompeu:
- Você tinha este retrato?!
- Jogue fora porque este quadro é maldito!
- Reza a lenda que na Europa existia um pintor muito talentoso, mas que não conseguia vender quadro nenhum. Então para melhorar de vida ele entrou numa seita satânica e fez pacto com o diabo que prometeu transformar o moço num pintor muito rico. Porém para isto o artista deveria matar crianças e retrata-las nas obras de arte depois. Infelizmente, foi isto mesmo que o pintor fez.
Charlise gritou:
- Por favor, Dona Tereza me ajude a livrar-me deste quadro!
A catequista explicou:
- Eu ajudarei você, minha doce criança!
- Para isto chamarei meus dois filhos adolescentes: Pedro e Paulo.
- Rapazes, venham!
Os jovens foram até o quarto de Charlise, lá eles colocaram a pintura para fora e após vários chutes, quebraram a obra de arte maldita. Após isto jogaram os pedaços do retrato em água corrente, num rio.
Quando anoiteceu a avó de Charlise chegou em casa e a neta indagou:
- Vovó, lembra daquele dia que a senhora falou que quanto mais rezava mais assombração aparecia?!
- O que a senhora queria dizer com aquilo?
Abigail explicou:
- Sim, eu lembro.
- Minha neta, tem coisas nesta vida que não têm explicação lógica. Pois os momentos místicos a gente precisa sentir com as emoções. Os santos faziam jejum e rezavam muito. Mas o demônio sempre tentava apavora-los para testar a fé deles. Portanto, ás vezes, quanto mais orações eles faziam mais monstros eles precisavam enfrentar. Porém como os santos tinham fé e esperanças sempre acabavam vencendo. Por exemplo: São Miguel Arcanjo lutou contra o tinhoso e São Jorge lutou, na Lua, contra o Dragão.
A criança comentou:
- Então, para ser santo é preciso lutar contra as assombrações do mal?
A avó respondeu:
- Sim, é isto mesmo!
A menina deu pulos de alegria e exclamou:
- Oba!
- Lutei contra o quadro amaldiçoado, isto significa que um dia serei santa de verdade!
Alguns anos se passaram, Charlise estava com dez anos de idade e já tinha feito a primeira comunhão, porém ainda mantinha sempre a fé nas suas orações diárias. Um certo dia ela estava voltando da escola. Quando, de repente, avistou um palhaço com uma bailarina parados em frente a uma “Kombi”. O rapaz perguntou à garota:
- Menina, quer um pacote de balas?
Charlise respondeu:
- Quero sim!
A dançarina deu os doces para a garota que colocou as guloseimas na boca e desmaiou. Desta maneira os bandidos colocaram o corpo de Charlise dentro do automóvel.
Quando a criança acordou, ela estava deitada no chão de uma casa estranha, com o palhaço tentando sufoca-la. Naquele instante ela pensou em seu anjo da guarda, olhou para a esquerda e viu um abajur de vidro. De repente ela pegou a luminária e quebrou na cabeça do palhaço que desmaiou.
A pequena saiu correndo gritando por socorro e no meio do caminho avistou um posto policial. Deste jeito ela contou a história para os guardas que chamaram uma ambulância para levar a menina e depois foram verificar o que havia no endereço suspeito.
Charlise passou por exames e foi constatado que estava tudo bem com o seu físico. Dona Abigail chegou após os exames e abraçou a neta. Naquele instante um dos guardas chegou e falou em voz alta:
- Achamos o bandido que estava vestido de palhaço. Ele é o principal suspeito de matar trinta crianças para o tráfico de órgãos.
- Mas quando chegamos lá o marginal já estava morto.
Ao ouvir aquilo a garota gritou:
- Nãoooooo!
- Eu matei um homem!
- Por isto não vou para o céu!
- Justamente eu, que sempre sonhei em ser santa!
Após isto a criança saiu correndo, foi até ao almoxarifado e pegou uma gilete. Porém no momento em que iria cortar os pulsos, o policial chegou, tomou o objeto da mão da mocinha e explicou:
- Pare com isto!
- O meliante não morreu por causa do lustre que você jogou na cabeça dele. Ele faleceu porque teve um ataque do coração.
Após destas palavras, a menina abraçou o guarda e disse:
- Pois, é...
- Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece.
Algum tempo se passou, Charlise completou quinze anos e, nesta idade onde as tentações são mais fortes, a sua fé aumentava cada vez mais. Numa linda tarde de verão, esta donzela foi à igreja para se confessar. Então ela sentou-se no tradicional confessionário de madeira. De uma forma suave ela falou:
- Bom dia, padre!
- Estou aqui para confessar os meus...
De repente um barulho tomou conta do templo e Charlise caiu ensangüentada no chão. O sacerdote abriu a porta do confessionário e reparou que o corpo da adolescente estava manchado de sangue. Desta forma o vigário telefonou para a ambulância, explicou a situação com os detalhes e os socorristas chegaram logo. Uma enfermeira examinou a moça e explicou:
- Infelizmente, ela faleceu. Provavelmente por causa de uma bala perdida.
Desta maneira o padre comentou:
- Quanto mais eu rezo mais monstros aparecerem!
- A bala perdida é a assombração que causa medo em todas as cidades.
A partir daquele dias, algumas pessoas afirmaram que viram o fantasma de Charlise andando de madrugada na porta da igreja. Já outros seres pediram graças ao espírito desta menina e foram atendidos.





Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 16 de março de 2010





Havia épocas, desde os primórdios, em que as pessoas não sabiam mais o que fazer. Tantas desgraças, tiranias e maldades. Da època medieval até o nazismo e as guerras mundiais. E como se já não bastasse, èpocas como a ditadura. Outras em que tudo aumentou. Aumento da violência, da criminalidade, de mortes, doenças e novos vírus. E, um tanto quase inevitável, aumentou-se o gás carbônico na camada de ozônio, os problemas ambientais, o consumo exagerado.E desde todos estes momentos, aumentou-se também a esperança, a busca, a caridade e a fé. Sim. Pois foi quando as pessoas mais aumentavam sua fé e suas orações, mais aumentavam e aumentam as chances de sobrevivência da humanidade.





Bianca Nascimento

segunda-feira, 15 de março de 2010

Tema da semana: Quanto Mais Eu Rezo...

Teoria do Sapato

- Mulher, tô te dizendo que funciona... É pelo sapato.
- Mas de onde tu tirou isso?
- Da Playboy.
- Como é que é? Tudo bem que na nossa faixa etária tá difícil de encontrar homem solteiro, mas apelar prá Playboy, amiga?
- Guria, a Playboy tem muito mais do que mulheres photoshopadas, tem excelentes reportagens.
- Sim, e agora, aqui no boteco, tu me vens com esta teoria, que a gente conhece o homem pelo tipo de sapato que ele usa...
- E dá certo. Quer ver? Olha aquele cara ali, despojado na maneira de se vestir, mas de extremo bom gosto. Olha o cinto, relógio de marca. E olha o sapato. Couro, com estampa em listras, design italiano. Se beber cerveja, vai pedir a melhor. Ou whisky...
- Guria, para de ficar olhando. Ele percebeu... Xi... tá comentando com o amigo.
- Hahahaha! Olha a bebida que ele pediu. Eu te falei! Deve ser bom de cama.
- Pronto. Satisfeita? Eles estão vindo para cá. Quero ver...
- Garanto que eles têm bom papo. Ai, guriaaa... rezei tanto prá aparecer um cara assim na minha vida: de bom gosto,bom papo, boa companhia.
- Então agarra com unhas e dentes, porque o amigo dele, não sei, não. Usa All Star e bebe cerveja comum, não deve ser bom papo e tá olhando prá mim. Me ferrei.

Rafaela engatou uma conversa animada com o carinha do sapato de design italiano, Jorge, e Fabiola, com o do All Star, Miguel. Depois de duas horas, Rafaela já sabia de todas as viagens que Jorge tinha feito, sabia que ele já tinha vivido no Canadá, Tibet, França e que hoje era consultor financeiro e tinha uma vida confortável. Fabíola conversava devagar com Miguel, professor e música na universidade federal, e baixista de uma banda que tocava nos barzinhos da cidade. Não via muito futuro no desenvolvimento do papo, mas já que a amiga estava empolgada com o sapato italiano do rapaz, nada restava a ela, além de garimpar algo de interessante no All Star de couro do amigo.

- Amiga, tu te importas se eu for embora com o Jorge? Ele me convidou para conhecer o loft dele e já que hoje tu és a motorista, achei que tu não ias te importar.
- Claro que não, mulher. Vai tranqüila. Falamos amanhã.

E lá se foi Rafaela, crente que a teoria do sapato do cara daria certo e vidrada no relógio de marca do novo affair. Fabíola resolveu apostar mais um pouco no papo com Miguel, que nos últimos minutos tinha se revelado gentil, culto e muito divertido.

Rafaela ficou deslumbrada com o bom gosto do apartamento de Jorge e com a educação do rapaz em abrir um espumante para os dois, acomodá-la confortavelmente no sofá da sala e escolher uma música agradável para ouvirem, enquanto continuavam o papo.

Como toda historinha clichê de final de noite, obviamente que Rafaela e Jorge ficaram juntos e transaram. Mas o príncipe encantando que apareceu montado em um sapato italiano revelou-se um fracasso como amante. Atrapalhado, o galã transou de relógio e meias. Pretas. Nadou, nadou, nadou e morreu na praia. É, todo o bom gosto, viagens e francês fluente, não ajudaram no desempenho sexual do sujeito. Trauma total. Tanto Rafaela rezou para que aparecesse um cara assim em sua vida e quando apareceu, puft! Em algumas horas ele se transforma em sapo e frustra a princesa.

Disfarçou um pouco, vestiu-se, inventou que tinha compromisso cedo na manhã seguinte e saiu à francesa da casa de Jorge. Ele queria levá-la para casa, mas ela disse que morava muito longe, quase em outra cidade e que não fazia sentido ele sair da casa dele para levá-la.

Chamou um táxi e se mandou. Já a caminho de casa, mandou um torpedo para Fabíola: “Guriaaa, quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. A teoria da Playboy é a maior roubada. Estou indo para casa, depois de ver um par de meias pretas, de ponta cabeça.”

Depois de vinte minutos, Fabíola responde: “Amiga, tens razão. A teoria da Playboy não tá com nada. All Stars escondem companhias maravilhosas e inteligentíssimas. Vou começar a assinar a Exame. Estou apaixonada. Falamos amanhã. Beijos.”


Karime Abrão

domingo, 14 de março de 2010

Comer Ou Não Comer?


Já sei que religião política e futebol não se discutem, no entanto, me peguei a pensar na época do calendário que estamos vivendo, a Quaresma, e antes das criticas já aviso aqui que apesar de respeitar todas as religiões que até hoje conheci, ainda não tenho rótulos dessa ou daquela entidade religiosa, mesmo porque não sou adepta do Catolicismo, nem mesmo das Neo-Pentecostais dentre outras religiões, tampouco sou cética e pretendo atacar, pelo contrario, foi apenas um fato curioso percebido.
Esclarecimentos feitos vamos desenvolver...
Estamos na Quaresma, respeitada pelo Cristianismo, são 40 dias de penitencia, quarentena para purificação de corpo e alma através da oração. Corresponde ao tempo que Jesus Cristo esteve no deserto sofrendo tentações do demônio, e, antecedem a festa máxima do cristianismo que é a morte e ressurreição de Cristo celebrados na Sexta Feira da Paixão e Páscoa respectivamente.
A quaresma inicia na Quarta-Feira de cinzas após o carnaval e se estende até a Quinta-Feira do Senhor quando da inicio as celebrações da paixão e ressurreição.
Antigamente se usava respeitar todas as restrições impostas pela igreja nesse tempo de reserva e oração, hoje em dia a tradição perdeu-se m pouco e nem todas as pessoas ainda que católicas costumam respeitar ou penitenciar. Principais preceitos pregados durante a Quaresma:

Tempo de oração e reflexão
As igrejas católicas mantêm suas imagens cobertas por panos roxos
Fazer jejum
Não cortar unhas e cabelos
Não participar de festas
Não cortar unhas e cabelos
Não participar de festas
Não comer carne
Fazer sacrifícios
Abster-se dos pecados

Apesar de todos esses costumes, a Quaresma tem perdido seus simbolismo e seu real significado que é o encontro do homem com Deus e a busca de seu perdão. Isso porque na maioria dos casos (o meu inclusive) as pessoas não se lembram da Quaresma e quando lembram é logo da Páscoa e da festa com ovos e chocolates. Ainda existem aqueles que pregam o jejum e evitam comer isso ou aquilo.
E pensar que seja fazendo abstinência ou esperando pelo chocolate, as pessoas insistem em por pra fora da boca o que querem, falam sem pensar julgam sem se julgar, esquecendo que o importante mesmo é aquilo que sai da nossa boca e não o que entra nela.

Rezar o terço.






Fernanda Bugai

sábado, 13 de março de 2010

À morte, À Loucura e À Doença


Ela é um mistério
Mas não tenho pressa de desvendá-la
Assusta, amedronta
Parece que depois acalma
Pra alguns céu, pra outros inferno
Pra mim, onde tiver paz
É aquele lance de vida eterna?
Espero que não seja monótono
Uma passagem, uma ponte
Para o além
Quem sabe dizer?
Ninguém voltou pra esclarecer
À morte
A hora certa

Ouse fazer
O que ela quer dizer?
Pode não ser convencional
Mas que graça tem ser normal?
Uma pitada de emoção e aventura
E de repente tudo muda de figura
O preto e branco fica colorido
O silêncio se transforma em música
Quem está parado sai correndo
Ou fica ali, no mesmo lugar
Vale o que é diferente
Arrisque, invente
Torne mais intenso
Movimente, vá mais fundo
À Loucura
Um empurrãzinho

Dor de cabeça
Preocupação sem saída
Pergunta sem reposta
A dor, o cheiro, a dúvida
Pode afastar, mas pode aproximar
Buscar solução
Se torna a única opção
Se pergunte, porque?
Porque é assim que tem que ser
Vá atrás da corgem, da força
Ou se entregue, desacreditado
Quais as chances de vitória?
As mesmas, para os dois lados
Se está escrito quem vence, não sei
Mas enquanto respirar, tem que lutar
À doença
A cura

Paras todas elas juntas, A Vida.

Liliana Darolt

sexta-feira, 12 de março de 2010

Caiu Do Céu


Caiu do céu, literalmente. Distraída, divagando tranquila pela rua, sem compromisso algum, uma idéia arrebatadora bateu em alta velocidade na cabeça de Geórgia. Caiu, acertou, doeu.
Ela olhou para cima, tentando achar o engraçadinho que havia feito a traquinagem, mas ele foi mais rápido que ela. Todas as janelas dos prédios ao redor estavam, ou fechadas, ou totalmente desabitadas.
Geórgia foi obrigada a parar para se recuperar do baque. Sua cabeça doía e ela mal conseguia olhar para a idéia caída no chão, inteira, sem um arranhão. Os olhos ameaçavam embaçar, as pernas desfaleciam, a respiração ficou difícil, mas, a curiosidade falou mais alto. Com muito esforço, ela conseguiu chegar perto do objeto celeste, afinal ela tinha que saber quanto pesava aquela idéia que quase a matara.
Passado o susto, Geórgia até que se animou com o acidente. No outro dia, ligaria para a patroa explicando tudo TIM-tim por TIM-tim, pedindo desculpas por não poder ir trabalhar e servir couverts na reunião de trabalho do patrão, realizada todas as sextas-feiras. Que pena.
Ah, sem contar que teria assunto para tricotar por até uma semana. Infelizmente, passados esses 7 dias, ficaria chato contar a história pois outra notícia já a teria substituído. Que pena.
Pensando bem, até que Geórgia ficou feliz com o acidente, considerando-se super sortuda. Poxa, não é toda quinta que uma idéia cai do céu justo na sua cabeça. Bem na sua cabeça! Dentre bilhões de cabeças espalhadas pelo mundo, caiu justamente na sua, véspera de sexta-feira, dia de sair. Ela estava indignada com sua sorte. Olhava para o céu e agradecia ao que quer que fosse que tivesse lhe dado esse magnífico presente: uma folga de sexta e babadoscalientesprazodevalidade7dias.
Resolveu até parar numa lotérica no caminho para casa. Apostou no coelho. Amanhã é sexta-feira.
Ainda pensando no que ocorrera, Geórgia começou a refletir se esse acaso não tinha alguma ligação com os astros, o alinhamento dos planetas, a lua, um eclipse, algo assim... Então, passou na banquinha e comprou uma revistinha que lia de vez em quando no salão.
O horóscopo estava simplesmente impressionante. Parecia que alguém passara uma semana ao seu lado e escrevera o artigo somente para ela, dizendo frases como:
“Fase produtiva.Aproveite o tempo livre para cuidar de assuntos mal resolvidos. Fique atenta a pequenos acidentes do cotidiano e tome cuidado com os novos amores”.
Incrível. Tudo a ver. Provavelmente a mulher que escreveu o artigo é uma vidente e visualizou meu rosto em uma bola de cristal. Estupefata com as semelhanças, Geórgia refletia também sobre a junção de todas as frases, tentando mostrar algum esquema que a guiasse durante o restante do mês. Primeiro, concluiu que deveria estar sempre alerta na rua, para evitar que mais idéias caíssem sobre sua cabeça e fizessem algum estrago maior.
Pequenos acidentes do cotidiano, ok.
Segundo, assistir mais televisão, anotar todas as boas receitas (sem preguiça) e testá-las uma a uma. Impreterivelmente.
Fase produtiva, ok.
Terceiro, ir amanhã à “Black House” com as suas amigas, e no fim de semana, se sobrar dinheiro, experimentar todas as boas baladas que ainda não teve a oportunidade de conhecer, o que era vergonhoso. Porém, tentar não se envolver seriamente com os caras que ficasse. Levar para casa, dormir com ele, tudo bem, mas sem trocas de telefone, MSN e Orkut. E ai do cara se adicioná-la mesmo sem ela ter passado o endereço ou nome do seu perfil. Isso seria um caso sério de perseguição, de polícia. Melhor prevenir.
Aproveitar tempo livre para cuidar de assuntos mal resolvidos e cuidar com novos amores, ok,ok.
Com tudo planejado, Geórgia estava quase chegando em casa, quando lembrou que deixara a idéia do céu na rua, inteirinha e sem nenhum arranhão.
Como havia sido burra! Não sabia como andavam as chuvas de idéias, mas tinha certeza que uma assim tão grande e resistente não caía há algum tempo, aproximadamente uns 150 anos. Ouvira isso no rádio. Um locutor com uma belíssima voz grossa falando que não se faz mais arte como antigamente, na época dos grandes clássicos e coisas do gênero. Aí ele falou alguma coisa sobre arte e idéia, mas Geórgia não vai saber explicar direito.
Enfim, tendo consciência da idiotice que fez em deixar a idéia lá, de ter chego a pegá-la na mão, ter reparado que ainda estava intacta mesmo com a queda, ela voltou a passos largos e rápidos para o local do “acidente”.
Para sua surpresa, a idéia continuava ali, exatamente no mesmo lugar, estirada na calçada, intacta e perfeita. Os pedestres que passavam por ela pareciam nem notá-la, não fosse o fato de desviarem-na, ainda que indiferentes.
Geórgia estranhou a cena e até mesmo encontrar a idéia ainda ali. Na verdade, pensando bem, ela tinha voltado não pela idéia em si, mas sim para adquirir a “prova do crime”, caso alguém não acreditasse nela.
Será que a levava para a casa? Depois de uma semana, ela já não teria valor algum, a não ser que soubesse tirar algum proveito da idéia como idéia, propriamente dita. Mas, ela não ia saber fazer isso. Deixaria-a guardada na estante, ocupando espaço, e seria como todas as outras idéias que teve durante a vida (obviamente que essas não caíram do céu).
Não sabia o que fazer. E ainda tinha mais a preguiça, a falta de tempo, a falta de vontade. Será? Poderia ao menos tentar durante essa semana que ela seria realmente usada.
Isso! Levaria a idéia para a casa.
Geórgia, saindo de seus pensamentos e voltando à realidade, virou-se para pegar a idéia, no mesmo instante em que um homem, já nos seus 50 anos, trajando um suéter e calças de veludo, óculos e cabelos levemente desgrenhados, passou pela idéia e, sem hesitar, levou-a consigo. Contente e entusiasmado. Até parecia andar mais rápido, de tão ansioso.
E Geórgia ficou ali, paralisada, vendo sua idéia ir embora nos braços de outra pessoa que talvez a concretizasse.
Se ela ficou triste?
É claro que ficou, mas não é porque esse tal de objeto celeste caiu justo na sua cabeça que a idéia lhe pertence, certo?
É... certo.


Letícia Mueller

quinta-feira, 11 de março de 2010

Todos Os Dias, Todas As Horas.


Nesse 8 de março, comemoramos mais um Dia Internacional da Mulher. E como diria o grande filósofo alemão Friedrich Nietzsche, “na vingança e no amor a mulher é mais bárbara que o homem”.

Lutamos, reivindicamos e conquistamos o poder sobre nossas próprias vidas, para fazermos o que até então somente homens estavam “aptos” a fazer: manter a independência. Independência financeira, intelectual, moral, social, psicológica. Mas uma coisa precisa ser lembrada e valorizada. A mulher não precisa mais, hoje, ser “feminista” e sim feminina. Não precisa se masculinizar para ser respeitada. É da fragilidade e sensibilidade que tira a força que precisa.

A mulher é mãe, amiga, companheira, dona de casa, profissional... Não deve encarar tudo isso nem como fardo, nem como glória, afinal fomos programadas para isso. Ousaria dizer que a mulher é a importante peça que conecta o homem ao seu presente, seu futuro e seu passado e que a verdadeira vocação da mulher é inspirar os homens ao cuidado, ao carinho.

Não meçam força, não enfrentem, a força da mulher deve ser delicada e única. Um provérbio judaico bem diz: "Cuida-te quando fazes chorar, uma mulher, pois Deus conta as suas lágrimas... A mulher foi feita da costela do homem e não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior... E sim do lado para ser igual, debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada!”.

Sabe muito bem o significado do amor, pois a mulher é vida e gera a vida. Tem que, portanto, ser forte sim, mas sem gritar; tudo ou quase tudo pode ser feito com uma voz doce e suave. Não deve exigir; com seu jeitinho todo especial, consegue o que quer. Não precisa ter medo de perder; recuar faz parte da estratégia para avançar com mais força.

Por isso, Viva a Mulher, não só no dia 8 de março, ou no Dia das Mães, ou no Dia das Avós. Viva e não esqueça de viver, porque mulher é mulher todos os dias, todas as horas.

"Existem três coisas que os homens podem fazer com as mulheres: amá-las, sofrer por elas, ou torná-las literatura." ( Stephen Stills )




Angelica Carvalho

quarta-feira, 10 de março de 2010

Lenda De Que Comunista Come Criancinha



Era maio de 1979 , eu tinha cinco anos de idade e estava voltando da escola de ônibus com o meu tio Miguel , quando vi uma senhora falando para o seu filho :

- Cuidado com comunista . - Porque comunista come criancinha !

Ao escutar estas palavras me assustei . Então perguntei para o meu tio :

- Comunista e o homem do saco são as mesmas coisas ?

Assim meu tio respondeu :

- São , sim . - A diferença é que os sacos dos comunistas são vermelhos e feitos da mais pura seda.Já , o saco do velho saco é pobre e feio . - Ah , e não se esqueça : - Comunistas vestem vermelho , dizem que todos somos iguais , fingem que gostam de distribuir presentes e a maioria é composta por idosos .

Após ouvir isto , logo pensei :

- Será que o Papai – Noel é comunista ?! - Afinal , ele é idoso , veste vermelho , tem saco e possui aquele discurso de que somos todos iguais ... - Bem , é melhor se precaver . A partir de hoje nunca mais sentarei em colo de Papai – Noel nenhum .

O tempo passou , chegou o ano de 1987 e a professora de História estava dando aula sobre Comunismo , quando abriu o livro numa página onde havia um idoso e exclamou :

- Este é Karl Marx , o pai do comunismo científico !

Então , assustada , logo comentei :

- Nossa ! - Este Karl Marx é a cara de um velho mendigo , que passava na minha rua e todos diziam que era o homem do saco que comia criancinhas . - Será que é por causa dele que existe aquela lenda que diz que comunista come criancinha ?

Desta forma a mestra explicou :

- Não é , não . - Na verdade , os comunistas nunca comeram crianças . - Esta lenda surgiu na época do assassinato do Tzar Nicolau . Naquele período a Rússia era o país mais pobre do mundo . Por isto os boateiros falam que , naquele tempo , a crise estava tão braba que os russos , logo que o sistema comunista conseguiu o poder , estavam comendo carne humana de crianças mortas que morriam de fome pelas ruas .

Após esta aula , fui para casa , liguei o rádio e o locutor disse :

- Na minha época diziam que comunista comia criancinha . - Mas só agora descobri que o Michael Jackson é comunista !

Depois que ouvi este comentário caí na gargalhada , pois em 1987 começaram a aparecer os escândalos envolvendo este cantor .





Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 9 de março de 2010

Heroínas Do Novo Século


Eva, Cleópatra, Rainha de Sabá, Rainha Elisabeth, Joana D’arc e tantas outras que marcaram a história. Hoje, somos nós. As mulheres do século XXI, que fazem a história da mulher moderna e a mulher do futuro.
Mas como toda mulher, temos nossos medos, sonhos e desejos. E estas mulheres do passado, o que pensavam, como sentiam? Se formos pensar, hoje temos muito mais liberdade, muito mais direitos. Mas quais são nossos problemas, os problemas da mulher moderna?
Hoje, a mulher moderna reclama só por ser mulher. Tem mania de dizer que sofre todo mês com dores que o homem nem sonha como seria. Sofremos e sofremos por longos dias, com dores e confusões hormonais de nossos organismos. Mas no fundo, sabemos e sentimos que toda a dor nada mais é que o processo natural e divino que temos de gerar dentro de nós e dar vida a um novo ser humano no mundo.
Outras vezes sentimos e reclamamos pelo "macho" sentir prazer muito mais facilmente que nós. Mas sabemos que por mais difícil que seja chegar ao tal prazer tão facilmente como os homens, quando acontece é mágico e podemos sentir a mesma coisa em poucos instantes, sem ter que espera para isso.
Também não gostamos do jeito do homem ser e ficamos com raiva ,julgando-os todos iguais, ou seja, não podem ver um rabo de saia. Mas somos espertas suficientemente para saber que hoje temos direitos iguais e podemos tranquilamente apreciar um bíceps e uma coxa passando na rua ou aproveitar com vários, se assim quisermos. Os homens machistas podem até pensar que somo qualquer uma tomando tal atitude, mas os homens espertos e inteligentes vão aproveitar a mulher mais ousada e com atitude dos novos tempos.
Criamos alguns dilemas desnecessários em torno da mulher hoje, mas se olharmos pra trás, veremos o quanto nossas antepassadas sofreram tantos outros dilemas e ainda enfrentaram seus dilemas internos, sem absorvente, sem pílulas, sem anestesia para parir, sem casamento por amor.
Vamos deixar de pensar que a mulher de hoje tem problemas e sim enfrentarmos e aproveitarmos o ser que hoje conseguimos ser. Não temos que preocupar excessivamente com aparência, com a pele, com gorduras que não vão nos transformar mais ou menos bonitas. Devemos sim sermos suficientemente capazes e autênticas, não importa quem somos ou como somos. A mulher de hoje é a mulher do futuro, a geração autêntica, original e autônoma.
Hoje e sempre nós somos as heroínas da nossa história!


Bianca Nascimento

segunda-feira, 8 de março de 2010

Semana de tema livre

Cabelo É Tudo


Lembro da minha adolescência, quando minhas amigas gastavam fortunas com xampus cheios de promessas nos rótulos, alisantes, encrespantes, na esperança de ficar com o cabelo dos sonhos; e eu, com um cabelo liso, brilhoso e comprido, até a cintura. E o melhor: sem gastar picas. Fazia de tudo com meu cabelo: pintava de preto azulado, vermelho beterraba (uma ocasião ele ficou laranja cenoura), passava henna, água oxigenada, pintava de vermelho de novo, fazia luzes... E sempre ficava o máximo.
Há quatro anos não fazia nada diferente no meu cabelo, até que este final de semana fiz um corte novo nele e pintei novamente.
Fiz umas luzes meio diferentes, aloiradas nas pontas, ficou maravilhoso, sem ficar vulgar. Deu um up, sabe como é? Depois de duas longas horas, saí me sentindo uma diva, como definiu a Micheli Carvalho, minha hair stylist.
Cabelo bonito emoldura o rosto, dá leveza, deixa a gente com uma imagem mais alegre e tem um papel importante no nosso look. E a cada dia que passa, os cortes de cabelo estão mais ousados e sofisticados.
Cortar o cabelo traz benefícios para os fios, porque as partes mais danificadas do seu cabelo sugam as proteínas do restante do fio. Ao retirá-las, com o corte, tu equilibras novamente o ciclo de alimentação do fio. Legal, não?
Seguem abaixo, algumas dicas simples para vocês cuidarem dos cabelos:
Para desembaraçar os cabelos, divida-o em mechas e vá desembaraçando mecha por mecha, do meio ao final, depois junto à raiz. Não desembarace o cabelo no chuveiro, porque molhado, ele é mais frágil.
O xampu abre os poros do cabelo, portanto, cabelos lisos e oleosos também precisam de condicionador, que é o responsável por fechar os poros do fio. O importante é escolher o condicionador ideal para seu tipo de cabelo.
Para aumentar o volume do cabelo, use henna neutra, e para diminuir, prenda o cabelo ainda úmido com uma toca caseira, feita de meia de nylon; ou então, use óleo de silicone, nas pontas.
Escovas arredondadas dão forma aos cabelos, as de diâmetro maior, alisam e as mais estreitas, dão volume. Escovas com cerdas mais unidas devem ser utilizadas em cabelos lisos, e escovas com cerdas separadas, para cabelos crespos. Escolha a escova certa para seu cabelo!
Faça escova com os cabelos úmidos e não secos.
Corte as pontas dos cabelos uma vez por mês. Se você quiser deixar o cabelo crescer, corte-o de três em três meses.
Gurias, vou dar a senha para vocês: para o outono-inverno, a tendência são as cores beges e douradas nos cabelos. A raiz pode aparecer, mas raiz mal retocada dá uma aparência de desleixo no visu; então, cuidado para não perder a suavidade do look.
Consulte seu cabeleireiro ou hair stylist (agora está na moda este nome) e veja qual a cor que combina melhor com seu tom de pele. Tons de pele mais amarelados, podem usar cores mais frias e foscas, as chamadas acromáticas; tons de pele mais branca e rosada, podem usar qualquer cor.
Outra dica legal são as mechas flashes, tom sobre tom; intercalando loiro claríssimo, castanho médio ou claro e um tom mais escuro na raiz.
Então, amiga, corre lá! Aproveita que hoje é o nosso dia e vai dar um up no look, uma iluminada no visu e já entra aquecida na estação nova com energia renovada!
Feliz Dia Internacional da Mulher!


Karime Abrão

domingo, 7 de março de 2010

Como Ser A Pessoa Mais Chata Do Mundo


Rafael aparentemente era um cara legal, gente bacana. Ah mas isso era só aparência, ninguém sabia que por trás daquele cara extrovertido existia um chato de galochas.
Isso porque Rafael nunca aceitou ser quem era nunca conviveu bem com as decisões que ele mesmo tomou, nunca aceitou as pessoas a sua volta, sempre quis mudar o mundo.
Os amiguinhos de colégio, nenhum era bom para ele. Passou por todas as igrejas da cidade, mas não gostou de nenhuma. Morava numa cidade pequena, deixou os pais e foi para uma maior. Tinha um bom emprego, queria um melhor. Fazia a faculdade que sempre quis, deixou de lado porque não era aquilo que queria. Os amores, nunca lhe eram suficientes.
Para Rafael o problema sempre estava com os outros, um tinha tal defeito, aquele tinha aquele outro. Deixava dos amores para se converter à igreja, deixava da igreja para se converter aos amores. Especulou a concorrência, perdeu o emprego, reclamou da faculdade perdeu a bolsa, quis voltar para a cidade natal, mas não foi bem-vindo, e o defeito continuou sendo alheio.
Na verdade Rafael nunca quis parar para pensar que na verdade, ele não estava bem com ele mesmo, não sabia o que queria da vida, não tinha escolhas bem definidas, e as que aparentemente eram bem definidas com o tempo para ele apresentavam defeitos.
E nessas idas e vindas passou a vida de Rafael, de repente 50 anos! 50 anos e 30 empregos, 50 anos e 8 faculdades, 50 anos e muitos “amores”, 50 anos e 50 religiões, tudo mal acabado, tudo mal resolvido.
E agora Rafael? Ninguém gostava dele, era a inconsistência em pessoa, era a complexidade na forma humana, chegou aos 50 sem amigos, sem família, sem irmãos, sem emprego, sem faculdade, sem religião. Chegou aos 50 anos da mesma maneira que saiu da cidadezinha quando tinha 18, com tudo e sem nada.
Pagou 2 anos de terapia, colocou defeito no terapeuta e o resultado final não seria diferente: Rafael, você teve 50 anos de experiência e por 50 anos você pode se transformar numa pessoa chata e mal resolvida. O tempo não pára Rafael, os anos passaram, as pessoas se foram e oportunidades cessaram.
Rafael cabisbaixo sai do consultório refletindo, só então percebeu que se ferrou a vida inteira, por ser uma pessoa chata, mal-resolvida que apenas via defeitos alheios e nunca se encarou verdadeiramente em frente ao espelho.



Fernanda Bugai

sábado, 6 de março de 2010

Cantadas Ensinadas Por Revistas Femininas



Meu nome é Luciana do Rocio , moro em Curitiba ,cidade onde o clima é frio e os homens são mais gelados ainda . Por isto , nunca tive um namoro sério . Na verdade , sempre tive dificuldade para lidar com os homens e , principalmente , para se aproximar deles . Por isto , sempre recorri aos conselhos dos manuais de paqueras das revistas femininas . Mas , o problema é que na prática , estes conselhos são decepcionantes , pois , para mim , nunca deram certo e ainda por cima me fizeram pagar muitos micos . Citarei alguns exemplos abaixo :



Numa revista estava escrito , que para iniciar uma conversa com um homem , o melhor método é perguntar as horas . Então um belo dia , me aproximei de um homem , que estava no ponto de ônibus e perguntei :

- Por favor , você tem horas ?

Assim , ele fez uma cara de bravo e falou :

- Você está me achando com cara de relógio ? Deste jeito , eu fiquei quieta .



Numa outra revista estava escrito que , num restaurante , o melhor método para paquerar é ficar sentada com o seu grupo de amigas , ao lado do banheiro masculino e sempre demonstrar alegria . Então , numa lanchonete , eu e minhas amigas , sentamos próximas ao toalhete dos homens . Mas , como tenho problemas de visão e estava sem os óculos , eu sempre arrastava a mesa cada vez mais próxima ao banheiro masculino , para ver os homens passarem com mais nitidez . Só que exagerei sem querer , então , um rapaz que queria usar o toalhete , falou :

- Esta mesa está atrapalhando a passagem do banheiro . Além disto , vocês estão dando risadas demais .

Após isto , ficamos quietas .



Num outro manual de paquera , eu li que quando a mulher deseja puxar conversa com um homem desconhecido , ela deve chama – lo por um nome qualquer e inventar que ele é parecido com um velho conhecido dela , que ela não vê a muito tempo . Por exemplo : a moça vê um homem bonito num shopping . Então , ela pode se aproximar falando :

- Boa – tarde , Henrique !

Assim , o rapaz poderá falar :

- Não sou Henrique .

Mas , a moça deverá insistir :

- Você é muito parecido com um Henrique que estudou no meu colégio ...

A revista falou que , desta maneira , a mulher poderá engatar uma conversa produtiva com um homem desconhecido . Porém , tentei experimentar este método de paquera na prática e foi um fiasco . Eu estava num shopping , vi um homem bonito e falei :

- Boa – tarde , Henrique !
Então , o homem respondeu deste jeito :

- Sua louca , vê se eu tenho cara de Henrique !

Deste jeito , saí de fininho .



Numa outra revista , estava escrito que a mulher ao paquerar no ônibus deve encarar o homem pelo qual está interessada . Porém , na minha época de colégio , eu sempre pegava o mesmo ônibus e tinha um menino que achava bonito . Então , um dia eu resolvi seguir o conselho da revista e passei a viagem inteira encarando o moço . Mas , após ao descer no mesmo ponto , o rapaz veio conversar comigo , deste jeito :

- Por que você estava me encarando ?

Assim , eu respondi :

- Eu não estava encarando a sua pessoa , deve ser impressão sua .

Porém , o rapaz perguntou :

- Por acaso eu estou com a roupa suja ? - Por acaso tem doce na minha cara ?

Então , sem graça , eu falei :

- Desculpa .



Num outro manual de paquera , estava escrito : - Muitas vezes é a mulher que precisa tomar a iniciativa ... Então , uma vez , eu estava na rua e de repente um menino deu um panfleto para mim . Ao olhar para este rapaz , achei ele muito interessante . Deste jeito , eu passei várias vezes na mesma rua , para pegar o seu panfleto e principalmente para ver se ele puxava conversa comigo . Passei cinco vezes , no mesmo local , mas na sexta vez , ele me disse :

- Você não está passando demais nesta rua não ? - Você não acha que está pegando muitos panfletos meus ? - Acho melhor você não pegar mais os meus papéis , pois , as outras pessoas também precisam ler as minhas propagandas .

Aqui , precisei sair de fininho outra vez . Numa outra revista , estava escrito que os melhores ambientes para paquerar eram os “ cibers café “ e as livrarias . Então , seguindo o conselho desta revista , fui tentar alguma coisa nestes lugares . No “ ciber café “ resolvi me sentar numa fileira , onde ao meu lado , havia um rapaz numa sala de bate – papo – virtual . Como achei o moço interessante , tentei ver em que “ chat “ virtual ele se encontrava e que pseudônimo ele usava . Assim , descobri que ele estava no chat de amizades e que seu “ nick “ era Grilo Falante . Então , naquela fileira , liguei o computador do “ ciber café “ , acessei a Internet daquele local e entrei na conversa virtual , com o pseudônimo de Vidente , jogando esta conversa , na tela daquele moço : “ Vidente entra na sala virtual ... Vidente fala para Grilo Falante :

- Boa – tarde !

Grilo Falante responde para Vidente :

- Boa – tarde !

Vidente diz para Grilo Falante :

- Eu sei que você está num “ Ciber Café “ , vestindo uma calça jeans , uma camiseta vermelha e um tênis estilo Gonga .

Grilo Falante fala :

- Isto deve ser uma brincadeira .

Vidente continua :

- Você é moreno , tem cabelo comprido e usa uma mochila preta , que está no chão neste momento .

Grilo Falante diz :

- Aposto que você é algum homossexual psicopata .

Vidente responde : - Sou mulher .

Grilo Falante pergunta :

- Onde você está , neste Ciber Café ?

Vidente responde :

- Estou bem do seu lado .

“ Então , naquele momento eu vi na tela , a seguinte mensagem :

“ Grilo Falante sai da sala ... “

Após isto , o rapaz pegou sua mochila , foi até o caixa pagar pelo uso do micro e saiu correndo pela rua . Bem , após estas péssimas experiências , algumas dúvidas passam pela minha cabeça :

- Será que as cantadas de revistas femininas , realmente , não dão certo ?

- Será que eu sou feia demais ?

- Será que os curitibanos são frios muito além da conta ?

- E , com você leitor , já aconteceu algo semelhante ?







Luciana do Rocio Mallon