quarta-feira, 3 de março de 2010

Ângela E Os Chatos


Ângela era uma jovem órfã pobre, que era obesa e tinha os cabelos enrolados. Ela morava com sua tia Janice, que era muito rígida com os serviços domésticos. Toda a vez que a sobrinha limpava algo, a tia não ficava satisfeita e mandava a garota repetir. A pobre achava tudo isto muito chato. Mesmo assim ela executava as ordens calada e não reclamava, apenas pensava consigo mesma:
- Tia Janice, sua chata, dane-se!
Ao completar dezoito anos Ângela arrumou o seu primeiro emprego numa loja de roupas onde suas outras colegas tinham mais de quarenta anos de idade. Já na primeira semana de serviço as demais funcionárias passaram a fazer perguntas pessoais para a nova contratada, que dava as informações de boa vontade. Ângela era uma empregada dedicada, esforçada e pontual. Mesmo assim quinze dias depois, de sua contratação, as colegas de Ângela passaram a perturbar a pobre. Pois sempre perto da moça, elas davam as seguintes indiretas:
- Tem gente que é solteira aqui e tem a vida boa. Pois quando chega em casa não tem marido chato para perturbar.
- Há pessoas que sempre vestem a mesma roupa para trabalhar.
- Existem garotas que não sabem que já inventaram a escova progressiva e remédios para emagrecer.
Ângela sempre sofria com as implicâncias das suas colegas de trabalho. Sem falar, que quando a jovem saía, as outras mulheres aproveitavam para falar mal dela ao dono da loja, com a intenção de que ele despedisse a garota. Uma vez Ângela chegou do almoço e pegou as outras funcionárias tendo esta atitude. A pobre achava toda esta situação muito chata. Porém ela agüentava tudo calada e dentro de si mesma ela dizia:
- Colegas de trabalho chatas, danem-se!
Um ano se passou e, finalmente, Ângela ganhou férias. Para aproveitar a sua folga ela alugou uma casa na praia, mas antes contou a novidade para todos os seus parentes. Assim a donzela chegou ao imóvel de veraneio. Porém quando ela estava colocando a casa em ordem a sua prima Charlote passou, no local, para fazer uma visita. Como ela ficou até tarde da noite, Ângela convidou a moça para pousar no local. Charlote não só aceitou o convite como afirmou que desejava permanecer naquela casa do litoral junto com Ângela que, por educação, aceitou a proposta. Porém, dia após dia, ela passou a conhecer o lado chato de sua prima. Pois a intrusa pegava seus biquínis, toalhas e cosméticos emprestados sem pedir licença. Além disto, Charlote saía todas as noites para as baladas, chegava de madrugada bêbada sempre acompanhada por um homem diferente e fazendo muito escândalo. Ângela achava tudo isto muito chato e por isto não via o momento das suas férias acabarem. A única frase que a donzela falava para ela mesma era:
- Prima Charlote, sua chata, dane-se!
Quando seu período de folga cessou, a jovem voltou para a cidade. Mas percebeu que algo estava estranho com o seu corpo, pois sentia muita coceira nos pêlos pubianos. Por isto ela resolveu consultar uma ginecologista. Esta médica constatou que a donzela estava com uma infestação causada por um inseto da família do piolho chamado Phtirus Púbis, mais conhecido na linguagem popular como Bicho-Chato, ou, Pediculose Pubiana. A doutora, também, afirmou que isto aconteceu porque ela dividiu toalhas e biquínis com sua prima. Então para curar este problema, a médica receitou um remédio e pomadas para Ângela, que achou esta situação muito chata. Assim toda a vez que ela usava os remédios receitados pela ginecologista, a moça pensava:
- Phtirus Púbis, seu chato, dane-se!
Alguns dias depois, quando Ângela saía para seu trabalho, um pássaro atacou a pobre, bicando seu corpo violentamente e no final da briga a ave caiu morta no chão. Mas, Ângela apenas desmaiou. Os vizinhos, que viram tudo, chamaram a ambulância e quando a donzela acordou no hospital, o médico afirmou que ela foi atacada por uma ave chamada bicho-chato-de-orelha-preta. Desta vez ela não agüentou e exclamou:
- Bicho-chato-de-orelha-preta, dane-se!
Até hoje Ângela convive com chatos de todas as espécies: tia rígida, colegas de trabalho, primas intrometidas, Phtirus Púbis e até com o bicho-chato-de-orelha-preta que fez um ninho numa árvore no pomar de sua residência.





Luciana do Rocio Mallon

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