domingo, 31 de janeiro de 2010

Dia Da Saudade


Comemorado no dia 30 de janeiro, o dia da saudade pode em um primeiro momento gerar controvérsia, sim, por que podemos nos perguntar, mas por quê? Por que comemorar o que passou? O que traz a dor? Pessoalmente eu não vejo como algo que traz a dor, para mim a saudade é um dos sentimentos mais nobres, que mostra a capacidade humana de se doar, de sentir a falta e perceber que não somos auto-suficientes. O dicionário nos explica:

“SAUDADE: s.f. Recordação suave e melancólica de pessoa ausente, local ou coisa distante, que se deseja voltar a ver ou possuir. / Nostalgia. / Zoologia Pássaro da família dos cotingídeos, encontrado na serra do Marinha / Botânica. Denominação comum a diversas plantas da família das dipsacáceas e a suas flores; perpétua, suspiro. / Botânica. Planta da família das compostas.”
Pois bem, são tantas definições, e uma curiosidade, saudade é uma palavra existente na língua portuguesa que dificilmente encontraremos a tradução exata nos demais idiomas.
Esse sentimento pode ser de perda, nostalgia, lembrança, mas no meu ver remete coisas boas, a saudade é aquilo de bom que passamos ou vivemos e que nos traz boas lembranças, às vezes desejo de voltar no tempo, às vezes não ficando apenas a boa sensação.
Recordar, e todos nós sentimos saudade, seja lá do que for, das histórias do avô ou do bolo da avó, da comida da mãe ou da casa dos pais, da infância ou das festas da adolescência, dos amigos de infância ou das professoras de colégio, do melhor amigo que partiu ou do primeiro amor, de um vestido velho ou de um relógio de bolso, de um boneco do Batman ou da primeira Barbie, daquele encontro ou daquele bolo que te salvou de uma enrascada, de um perfume ou de uma música, de um fim de semana com chuva, filme e pipoca ou de um verão regado a sexo, drogas e rock and roll, dos tempos da faculdade ou dos cursinhos intensivos, de usar aparelho ou óculos, de um amor de verão ou de um casamento, e por ai vai... E é assim mesmo, sempre sentimos saudades de coisas, de pessoas, de momentos, de tudo aquilo que nos fez bem e traz aquela lembrancinha boa, uma coisa confortável, às vezes emociona também, segue o pranto, mas é feliz! Nunca vi ninguém falar que sente saudades de coisas ruins, talvez seja bem por isso que esse dia seja comemorado, afinal quem é que comemora coisas ruins? (quem gosta que me perdoe).
“Das lembranças que eu trago na vida. Você é a saudade que eu gosto de ter. Só assim sinto você bem mais perto de mim outra vez.” Já disse Roberto Carlos na sua canção...
E como é bom sentir saudade, sentir por perto outra vez, seja lá o que for, significa que vivemos, aproveitamos, estamos vivendo, sim, porque o tempo não pára, a vida não pára e as vezes nos obrigamos a deixar coisas e pessoas para trás, e algumas vezes já não podemos retornar ao passado e viver como se foi um dia. Assim, sentir saudade significa que estamos evoluindo e apesar de deixar para trás, ironicamente trazemos conosco, a parte boa da história, o melhor que o outro no ofereceu, e deixamos o melhor que poderíamos oferecer, trazemos a saudade e certamente a deixamos, deixamos e levamos a boa lembrança do que passou.
Acima de tudo sentir saudade é a certeza de que amamos e somos amados. Comemoremos sempre a saudade, comemoremos nossa capacidade de amar e sentir, a delícia de estarmos vivos.

Fontes:
Aurélio on line: http://www.dicionariodoaurelio.com/dicionario.php?P=Saudade


Fernanda Bugai

sábado, 30 de janeiro de 2010

Nervos Em Trânsito


Lembram daquele episódio do desenho do pateta, onde ele se apresenta como um cara distinto, trabalhador, gentil, coisa e tal?
Mas que, em questão de um segundo, ao sentar em frente ao volante ele vira um cara nervoso, um completo irresponsável e sem educação? Pois é, o que será que acontece na cabeça das pessoas quando entram em seus carros e saem insanas por aí passando por cima de tudo? Pressa? Tempo é dinheiro? O que vale a vida pra alguns, que não respeitam pedestres, nem senhorinhas, ciclistas, muito menos o sinal que te diz: PARE!?

Esse desenho já tem tempo, e lá atrás já se entendia essa versão de motorista. Pra alguns, vale tudo. Andar na contramão, furar sinal vermelho, parar em cima da faixa, ultrapassar pela direita, xingar, e ainda, perder a cabeça e apertar o gatilho.
Sabem o que é isso? Agora mesmo estou escrevendo esse texto e lá embaixo uma sequência de buzinas nervosas. E pra que? Neguinho no carro da frente vai andar mais rápido? Não. Vai levantar voo e abrir caminho para sua passagem? Não. Vai adiantar alguma coisa, além de deixar as pessoas sem nenhuma paciência? Não. Não vai.

Pois então. E pedestre, tem vez? Coitado, esse sofre. Fechou sinal, abriu sinal? Se liga, sempre tem motorista atrasadinho querendo se aproveitar. A lei, por mais que esteja do seu lado, pode te deixar com uma perna quebrada, senão pior. Não importa se o sinal está livre pra você, se aquele motorista inconsequente achar que não vai dar nada se ele passar no vermelho "só um pouquinho", a consequência será sempre ruim pra quem está do lado de fora da carcaça de lata.

Ciclista? Acho muito bacana essa atitude que algumas pessoas tem em suas vidas. Sair por aí de bike curtindo um ventinho, fazendo um exercício, hummmm.. BÉÉÉÉ!!! Opa, até ser surpreendido bruscamente por aquela turma que não respeita. Não é assim tão fácil, se não prestar atenção, os motorizados te levam, isso sem falar nos assaltos. Mas esse é outro assunto.
Existem tantos lugares criados para que seus habitantes possam usufruir de mais essa opção, e olha que Curitiba tem a primeira ciclovia do Brasil... poderia ser melhor, mas sei lá, como estamos no Brasil, então não é.

Do que a gente tava falando mesmo? Ah, educação pois é, vou pegar esse gancho. Todos os lugares tem coisas boas e ruins, prós e contras. É inevitável. Alguns problemas são piores, bem piores que os outros, mas o que lamento de verdade é que a maioria dos nossos problemas são os próprios brasileiros que trazem. Que criam. Falta de educação, seja ela onde e como for, atrasa.
Atravanca, estressa. Definitivamente, se as pessoas não pararem só um minutinho pra sacar o que estão fazendo com seus nervos, não vai sobrar nenhum pra contar história. Mesmo assim, a vida vai continuar, coisas irão acontecer...

No final, a fila tem que andar.

Liliana Darolt

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Como Desejar


Em um imenso salão de festas, inteiro enfeitado com rosas brancas e vermelhas e contrastado por bonecos de personagens da Disney, quem reinava era Maitê. De todos os convidados elegantes que bailavam em seus vestidos bordados e ternos de risca sobre a gigantesca pista de dança, Maitê, em seu pequenino conjunto branco cheio de babados e sapato envernizado, era irrevogavelmente a mais bela presente. Todas as atenções voltavam-se para ela, desde sempre tão bajulada até por pessoas que a viam pela primeira vez. Seus pais, representantes mor da sociality, como faziam questão de que Maitê já fosse apresentada a sociedade desde cedo e não tivesse que esperar até seus 15 anos para debutar, prometeram a si mesmos que em todos os aniversários da filha seria dada a festa mais linda já vista, que só seria arrebatada no outro ano, quando a menina completasse mais um ano de vida.
Com apenas dois anos de idade, Maitê, com toda sua simpatia e graciosidade, já construíra sua reputação e se tornou a nora dos sonhos de muitos pais jovens, afinal, o que mais um pai poderia querer para seu filho além de uma bela moça com boas condições de vida? É claro que ainda havia muito a se descobrir sobre sua personalidade, mas todos achavam que bondade e inteligência seriam apenas mais um bônus para uma menina que por si só, e pelos pais, já era perfeita.
Porém, obviamente a aniversariante mantinha-se alheia a todos a sua volta, vivendo seus dois anos de idade da melhor forma que podia, pondo na boca tudo que via pela frente, mordendo os braços dos coleguinhas, coitados, que mal podiam reclamar para seus pais, e divertindo-se com sua coleção de bonecas. Durante sua festa, enquanto era passada de braço em braço e tinha suas bochechas rechonchudas apertadas por gente que nunca antes vista, Maitê apenas gargalhava e batia palmas para todo aquele pessoal engraçado.
A hora do parabéns era a sua preferida. As dezenas de luzinhas sobre o enorme bolo de chocolate iluminando todo o ambiente e a euforia daquelas pessoas batendo palmas e sorrindo para ela, deixavam Maitê extasiada. E depois da cantoria, vinha a melhor parte da festa. Não que não gostasse dos deliciosos brigadeiros ou dos cajuzinhos, ou de ter sua visão ofuscada no momento da foto e ser beijada e receber cócegas dos que vinham lhe dar parabéns, mas nada se comparava a sensação de chegar bem pertinho do bolo, sentir o maravilhoso cheiro de chocolate misturado à fragrância quente das velas, encher todo seu pulmãozinho com ar até ficar vermelha e... FÚÚÚÚÚ! Ver todas as velinhas sendo apagadas, algumas mais facilmente, outras nem tanto, exigindo até 4 assopradas. Depois disso, Maitê sentia que poderia ir dormir, pois seu aniversário fora concretizado. Pronto, já fiz 2 anos, e já está na hora de eu ir para a cama. Mas onde estão meus pais?
O pai e a mãe custavam a notar o cansaço e o sono da filha, então ela sempre acabava dormindo sobre algum sofá e acordava no outro dia em sua cama.
Todos os aniversários seguintes foram assim, um sempre infinitamente mais belo que o passado, mas infinitamente menos belo que o seguinte. Porém, houve um aniversário em específico que marcou e mudou a vida de Maitê para sempre.
Quando completou 7 anos e chegou o momento tão esperado de assoprar as velas do bolo de chocolate, alguma voz irreconhecível gritou de algum lugar, enquanto ela já estava de pulmões preparados:
- Faça um pedido! Não esqueça de fazer um pedido!
Maitê, ao ouvir isso, sentiu que tudo ao seu redor desaparecera. Não haviam mais convidados, pai e mãe, coleguinhas para morder, personagens escolhidos para a ocasião, música ou docinhos. Havia sobrado apenas ela e o enorme bolo de chocolate exibindo seus de pontos brilhantes cheirando a cera queimada. Fazer um pedido? Foi isso o que realmente ouvira? Sabia que sim, mas o que aquilo significava? Que se no momento em que soprasse as velas mentalizasse algum desejo ele viria a se realizar? Poderia ser apenas uma superstição, iguais as outras que ouvia e das quais já havia tentado algumas, como a de deixar o guarda chuva aberto em casa para fazer com que a mãe desaparecesse. Mas a sua mãe estava ali o tempo todo, e a única vez em que sumiu por mais de algumas horas foi quando teve que viajar para fora do país a negócios. Também já havia quebrado vários espelhos e pelo menos por duas vezes um gato preto passou a sua frente, e nada de mal veio a lhe acontecer. Mas, sem saber bem o porquê, Maitê arrepiou-se ao ouvir “Faça um pedido”.
Aos poucos, foi saindo de seu transe à medida em que os convidados foram ficando impacientes com sua demora e teve que decidir logo o que fazer. Fazer um pedido parecia perigoso, mas deixar de fazê-lo parecia desperdício. E Maitê, como era uma menina nem um pouco covarde, pôs-se a pensar em algo para pedir. Olha para toda aquela gente e aqueles doces, e sem hesitar, fecha os olhos e pede para que, durante todos os outros dias do ano, tenha um bolo de chocolate igualzinho ao que está vendo em sua escrivaninha ao acordar. Soprou as velas com tanta força que chegou a engasgar, achando talvez que a chance de seu pedido se realizar era igualmente proporcional à força com que apagasse as velas.
Tendo sido pela voracidade com que apagou as chamas ou não, o seu desejo foi realizado. Todos os dias, ao abrir os olhos, havia um grande bolo esperando por ela. Maitê, apesar de maravilhada, sentia que aquilo deveria ser um segredo e sempre depois que comia algumas fatias, escondia-o embaixo da cama para tê-lo a mão assim que sentisse fome. Desde o dia depois de seu aniversário, seu café da manhã e lanches permaneceram os mesmos, o que obviamente fez com que Maitê engordasse consideravelmente, a ponto de a mãe ter que levá-la a um médico para ver o que estava acontecendo. O acompanhamento médico de sua alimentação não surtiu efeitos e a menina engordava cada vez mais.
Como o seu aniversário já estava chegando, os pais preocupados com a saúde da filha, decidiram realizar uma festa inovadora, com um menu à base de frutos do mar, alimentos orgânicos e doces lights de frutas.
Maitê ansiava o momento do parabéns para fazer mais um pedido, apesar de não fazer idéia do que pediria. Pensava e repensava em hipóteses para seu pedido. Talvez uma nova boneca? Mas isso seu pai lhe daria no mesmo instante em que pedisse. Fazer com que aquele menino lindo da oitava série se apaixonasse por ela? Não, sabia que logo enjoaria dele. Sem conseguir pensar nada, achou melhor tomar a decisão na hora exata.
E no exato instante em que esse momento chegou, sob os olhares reprovadores daqueles que a olhavam em frente ao bolo, Maitê pediu com veemência: Quero voltar a ser magra como antes.
No outro dia, acordou esbelta e aliviada por não ter mais de ouvir as repressões de sua mãe, ao mesmo tempo em que se preocupava que seu segredo fosse descoberto. Como aceitariam o fato de ela ter ido dormir gorda e ter acordado magra?
Mas, para sua surpresa, ninguém parecia ter notado nenhuma diferença. Era como se as manhãs e as madrugadas comendo fatias e mais fatias de bolo nunca tivessem existido. Inclusive, os bolos de chocolate sobre a sua escrivaninha não voltaram mais a aparecer, o que para ela foi um sinal de que os seus pedidos traziam consequências concretas: Se queria voltar a ser magra como antes, teria que parar de comer como antes. E assim fez, até que mais um ano se passou e lá estava ela novamente em frente ao bolo, tentando pensar em algo para pedir.
Já sem muito ânimo e sem criatividade, Maitê pediu o que talvez, muitas meninas de sua idade pediriam: Eu quero ser adulta.
No dia seguinte, a menina acordou mulher de 30 anos, deitada ao lado de seu marido e com seus dois filhos, um de 3 anos e outro de 9, pulando sobre os travesseiros e pedindo para que a mãe acordasse para levá-los para passear no parque como havia prometido.
Maitê havia se tornado uma advogada de sucesso, casada com um médico cirurgião e morava em uma belíssima mansão, comprada à vista. Levava uma vida tão corrida e atarefada que mesmo nos fins de semana, levava processos para casa e não dava a atenção necessária a seus filhos.
Durante esse ano, poucas coisas mudaram e Maitê, um dia foi pega de surpresa pelos filhos cantando parabéns para ela às 6 horas da manhã. Nem havia se lembrado de que era seu aniversário. O seu marido veio logo atrás com um bolo de chocolate nas mãos e duas velas indicando que fazia 31 anos. Ao olhar as duas velas, ela percebeu que havia dormido durante esses anos todos, pois não sentira o tempo passar. Chorou como se sua vida tivesse se perdido em alguma curva, e ela já não soubesse o caminho de volta. Seu marido, ao ver as lágrimas em seu rosto, tirou as duas velas do bolo e as inverteu:
-Meu bem, parabéns. Não há motivos para chorar. Você sabe que o que realmente conta é a idade que se tem aqui, (apontou para sua cabeça) e aqui, (e apontou para seu coração) não é?
Deu um beijo carinhoso em Maitê, e falou para as crianças:
- Meninos, dêem os parabéns à sua mãe, pois hoje ela faz 13 anos de idade!
As crianças riram com a piada e falaram para a mãe apagar logo as velas, pois elas estavam famintas.
Maitê olhou o bolo, e mal seu marido falou para ela fazer um pedido, as velas já estavam indiferentemente apagadas, tal qual ela a um ano atrás.



Letícia Mueller

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Um Pulo No Inferno



Textos de Boteco apresenta: Cara, eu quero ser advogado do diabo!
Onde eu trabalho? Eu trabalho em lugar nenhum! Acho que seria ótimo trabalhar no inferno. É, vocês leram bem: no inferno. Por que? Ora, pergunta retórica se me conhecessem. Mas como não me conhecem vou lhes explicar a minha lógica funcional.
Trabalhar no inferno seria hiper, ultra, mega legal. Lá não existem regras, podemos passar a perna em quem quisermos, usar palavras que ninguém mais entende confundindo todos, causando balburdia, além da possibilidade de culpar os outros por algo que nos caberia executar e ainda por cima sermos canalhas sem nos sentirmos culpados. Quer coisa melhor?
Outra coisa legal é a comida do inferno! Veja que deleite:
O cardápio local é bem “massa”: os petit fours de hipocrisia são servidos no café da manhã, regados a sucos de sacanagens do tipo “culpe o outro pelo seu erro” ou então “se errou, esconda todas as provas”. Ao meio dia o “arrego” é maior: no almoço, como entrada, uma sopa de avareza acompanhada pelo pão da inveja. Costeletas de cordeiro, que nos lembrariam todos a quem ferramos e enganamos, aqueles por cima de quem passamos o tempo todo, acompanhadas de batatas sauté de maldades e regada ao molho de alfinetadas. Para finalizar este banquete, a sobremesa: manjar dos diabos, docemente elaborado com luxúria e maus pensamentos. Para o coffee-break bombocados de egoísmo, beijinhos de traição, brigadeiros de fuxicos com chás de apelidos e comentários maldosos, além do café de defeitos alheios. Para o jantar a gula imperaria, e estando a maldição presente a mesa, não poderia faltar a galinha cabidela da ira, o churrasco da soberba, a salada da preguiça e o vinho da vaidade. Ufa! Acabou.
Ah! Em algum ponto eu mencionei trabalho, bem vejamos: Surpresa! Não existiria horário de trabalho, penduraríamos o paletó na cadeira e iríamos para a sala de reuniões beber champanhe no gargalo e dançar na mesa do chefe.
Bem, deixe-me lembrar: o que me levou a tudo isso mesmo? Ah, sim, claro o papel de advogado do diabo cujas palavras não perderíamos a oportunidade de utilização sem nenhum óbice, causando desarrazoamento e aduzindo as pessoas com denegação. Pugnando em prol da desavença e da maldade com esbulho. Laborando maneiras de causar uma litispendência junto a irmãos, nuncupativando aos quatro ventos as desavenças, preclusando o litisconsorte inocente e desavisado. Oficiando-se junto ao egrégio, causando ao impetrante com sua substancialidade e insurgência o acostamento da coatora dos atos de maldade, instaurados com sucesso e grande fulcro. Gostou? Ser advogado do diabo é “the best”, é fashion, causa status e está com tudo.
Aliás, uma das minhas amigas que é advogada já está lendo a Bíblia para, como “boa” advogada que é, achar brechas na Lei Divina! Assim, poderemos cometer deslizes e dizer o que realmente queremos dizer sem dizer o que realmente queremos!

Texto: Kate Jones
Revisão: Angelica Carvalho

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Impeachman



Conhecemos o superman ...
Mais forte que um trem !
Ele só fica com alma aflita ...
Quando vê a criptonita !

Há o batman , o homem-morcego ...
Um herói que , de nada , tem medo !
Há o speardman , o homem – aranha ...
Que voa pelos prédios com façanha !

Mas estes heróis que tiram o terror ...
São todos vindos do exterior !
Porém há um herói brasileiro ,
Faceiro e muito verdadeiro :

É o impeachman que deseja justiça ...
Esta é a sua única premissa !
Ele tira os maus políticos das cadeiras ...
Sem armas tristes e traiçoeiras !

Sua arma é uma pizza saborosa ,
Gostosa e misteriosa !
Esta pizza com raios duros ...
Matam os bandidos obscuros ...

De indigestão dentro de um banheiro ...
Pois a vida é um grande picadeiro .



Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A dieta do sexo


Vivemos em um mundo que passou por transformações estéticas e conceitos de beleza de tempos e tempos. Hoje, sabemos que mulher com peitão e bundão e barriga definida e o homem com barriga de tanquinho, de belos músculos e peitoral sarado são os ícones de um ser humano belo. E é exatamente por isso, que vemos muitas mulheres hoje totalmente desesperadas, buscando os centros de estéticas, SPA, massagens linfáticas ou mesmo aquelas dietas milagrosas, tudo em nome do novo conceito mundial de beleza. Aquela mulher que não tem os “padrões atuais” pintados por aí, geralmente são as que sofrem ou se sentem infelizes por não serem como acham que deveriam ser.( um grande engano visto que beleza é algo que varia pra cada um). O problema é quando a mulher surta por isso, entra em depressão e faz aquelas dietas malucas, deixando de comer e não aproveitando o melhor da vida. Mas eu digo que há uma solução eficaz para todas aquelas que buscam a dieta perfeita para um corpo saudável e devidamente exercitado: a dieta do sexo! Isso, exatamente isso que você leu. O sexo é a receita perfeita, recomendada por todos médicos e terapeutas, desde que feito com consciência e realmente se sinta prazer. Segundo uma matéria do portal Terra, em uma reação sexual o indivíduo pode queimar até 560 calorias. Também é um exercício que envolve todos os músculos, relaxa a tensão pois comprime os vasos sanguíneos cerebrais e alivia as dores de cabeça (pra quem tem enxaqueca, essa desculpa não vale mais para não se fazer sexo, afinal, ele pode ser a cura deste mal!), além de deixar a pessoa mais disposta para seu dia a dia. Outro fator é que ao fazer sexo, a mulher produz o dobro de quantidade de estrógenos, que é responsável por manter a pele macia e os cabelos brilhosos. O ato também retarda o processo da osteoporose e protege contra hipertensão. O suor que emitimos quase inevitavelmente durante o sexo é saudável também para a pele pois contribui para a limpeza dos poros, elimina possíveis dermatites, erupções e manchas cutâneas. Também ajuda a prevenir as celulites pois ativa a circulação dos fluídos linfáticos. A prática do sexo protege contra os problemas digestivos (é claro, também não me vá comer um leitão a pururuca e depois transar!) e alivia dores de artrite, melhorando também a circulação do sangue. Ou seja, sexo melhora o condicionamento físico, além de trazer muitas vantagens estéticas e mentais. Sim, mentais. Fazer sexo ajuda a curar depressões leves pois faz circular a endorfina, aumentando assim seu humor e euforia, tornando-o um indivíduo mais feliz e garantindo sua auto-estima. É um santo remédio contra a insônia, uma vez que durante o ato sexual ocorrem mudanças bioquímicas que fazem o corpo relaxar e entrar em um estado de sono profundo. O sexo também libera a adrenalina, fazendo com que a pessoa sinta-se mais viva, agitada, mais animada (e não aquela pessoa rancinza, chata e encruada!). Um corpo sexualmente ativo agrega maiores quantidades de feromônios, os hormônios da atração. E não só o sexo em si, mais os beijos também dados com frequencia faz com que melhore a forma,cor e aparência dos lábios. Ou seja, tudo isso mostra que pode ser fácil emagrecer e se sentir melhor corporalmente e mentalmente sem ter que pensar tanto só nas academias e centros de estéticas. Há muitos recursos naturais como o sexo que pode garantir isso tudo em você. Eu já passei a receita, agora só falta ir atrás. É um tratamento que não se paga, pode ser feito a qualquer momento, de várias formas, e o tempo que quiser, além de ser um tipo de remédio que não tem gosto ruim, mas sim dá muito prazer (e seu vício, se associado sempre ao prazer em ambos parceiros, pode ser o melhor vício que existe). Portanto, colegas, nada de se desesperar, busque seus recursos naturais que nossos próprios corpos nos oferecem. A receita tá aí...procure ser médico particular e inicie já seu tratamento, porque esse, minha cara, é mundialmente recomendado!
Fontes: Portal Terra
Paraná Online


Bianca Nascimento

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Rock’n’roll e Champagne


Não há homens no mercado.
Esta é a afirmação mais comum entre mulheres solteiras, acima de 30 anos.
A gente passa a vida inteira idealizando a pessoa ideal, o príncipe encantado, nos relacionamos, nos separamos, e tentamos novamente. E além de continuarmos idealizando a pessoa perfeita, nos tornamos mais exigentes, acrescentando cada vez mais atributos em uma lista praticamente impossível de existir.
Estes dias estava comentando com um amigo meu do Rio de Janeiro, que o homem ideal para mim, seria a mistura de quatro homens que eu conhecia. Ele riu na minha cara e disse: “Sua horrorosa... isso seria praticamente fabricar um homem só prá você.”
Confesso que curti a idéia. Seria divertido.
O problema em idealizar a pessoa perfeita e continuar acrescentando qualidades nesta lista maluca, é que nos esquecemos de olhar para os lados e conhecer pessoas “normais”, que podem nos fazer felizes, ou até, mais felizes ainda do que o tal príncipe encantado. Mas o pior de tudo isso, é que esquecemos de olhar para nós mesmas.
Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas.
Estética é importante sim, e a maneira com a qual nos apresentamos aos outros, também importa. Mas seguidamente ouço amigos comentarem que a guria com quem estavam saindo era linda, tinha corpão, peitão, mas era fútil e chata. Homens também gostam de mulheres divertidas, inteligentes, simpáticas e gentis e não gostam de mulheres pessimistas, que se queixam de todos os programas que fazem, falam mal de outras pessoas e principalmente, nas quais não podem confiar.
Encontrar alguém legal exige pró-atividade, mas não através de uma imagem projetada em outra pessoa, e sim, através de quem somos e o que fazemos.
Gosto de uma frase de Ericson Luna que diz: “só se desilude, quem se ilude.”
E mulheres devem aprender que nem sempre aquele quarentão rico, moreno, alto, forte e gostosão, é a combinação perfeita para completar atributos como inteligência, cultura, gentileza e maturidade.
É perda de tempo ficar sonhando com homens que não podemos ter.
Muitas vezes, aquele baixinho, magrinho, que gosta de rock’n’roll, é o cara maduro, inteligente e gentil, que vai te fazer rir por horas e te dar a atenção que tanto desejas. Sem falar que ele pode te surpreender com uma noite de sexo sensacional, com direito a café da manhã no Plaza e passeio de barco no domingo ensolarado.
Já pensou nisso? Olhe pro lado....


Karime Abrão

domingo, 24 de janeiro de 2010

Evolução Nonsense


Nasci, cresci
Aprendi a andar, aprendi a cair
Anos se passaram e continuei a cair
No ballet, na bicicleta ou no skate
Tombos que causaram feridas expostas
Nada que houvesse me preparado para os anos que vieram
Primeiro, beijo, primeira ficada, primeiro namoro, primeira decepção
E outras vezes estes ciclos se repetiriam
Adolescência e as grandes quedas chegaram
Trazendo cicatrizes invisíveis e mais danosas
Separações, mudanças fazendo parte do cotidiano
Introdução ao mundo dos excessos e brincadeiras com o perigo
Na universidade vieram as novas amizades
Novos e velhos interesses se misturam
Novos namoros e novas loucuras
E com elas as novas brincadeiras e quedas bem mais perigosas
Matérias que não estão na grade de nenhum curso
Pois esta é a evolução da vida.



Daniela M. Braga

sábado, 23 de janeiro de 2010

Sonhos de um vegetal


Comer para matar a fome,
Comer para suprir as necessidades físicas,
Comer para viver,
Mas nunca como um vegetal.

Coma um vegetal com o sabor da terra, com sabor da vida
Sempre penso sobre isto:
Minha mãe fazia sonho
Do prato de feijão com arroz
Então de sonho se matava a fome
O sabor a gente vivia
E sem fome se ia

A comida corre rápido no estômago
A lei da sobrevivência tem nome: fome
Então mato a fome que a vida me dá
E saboreio o sabor que a vida me dou
A fome é física
O sabor é química
A mistura do ácido tomate e o cheiro verde faz-se a química do molho.

A goiabada do meu sonho se derrete
Do vegetal que gerou goiaba
Da goiaba com o vegetal açúcar
Goiabada do meu sonho
Do sonho que trago em minhas lembranças de criança...

Entupo o meu estômago
Uma garfada cheia
Engulo sem sentir o sabor
Que sabor tem a vida?

A necessidade física se cumpriu
Não tenho fome
A necessidade química
Ficou entalada na garganta
O sabor virou sonho
Do sonho da minha criança
Então comi, como um vegetal

Às vezes é tão simples se pegar vegetando
Deixar tudo entalado
Viver com fome química
Viver como um vegetal

Não quero deixar de viver o sabor
Quero comer além da fome
Quero matar a fome dos meus sonhos
Saborear a goiaba derretida dos meus sonhos
Nunca como um vegetal


Andreia Kaláboa

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

In Conveniência


Turco miserável. Desde que entrei aqui com meu mais recente novíssimo marido, ele não pára de nos olhar. Fica ali, sentado atrás do balcão, disfarçando seus olhares furtivos com um jornal aberto. Que absurdo!
Imagine se eu, ex Cristina Batista e a mais nova integrante da família Hauer, portanto Cristina Hauer, mereço ser julgada e olhada dos pés a cabeça como se fosse não apenas uma mera cliente, mas uma ladra. Justamente eu, com uma ótima formação, que casei na melhor igreja e fiz a mais linda festa do ano no melhor salão de Curitiba.
Ah se esse turco soubesse disso, não estaria me olhando como uma vigarista, mas me admirando e até quem sabe me desejando.
Ah se ele soubesse que estou em lua de mel, com quem estou casada, aonde moro e qual é o carro que eu tenho na garagem, não só no Brasil, mas aqui mesmo, em Miami. O Roberto não só tem bom gosto para carros, mas tem dinheiro para bancar seus desejos de consumo. O seu único problema é que às vezes ele não quer esbanjar. Hoje, por exemplo, quis sair a pé do nosso hotel 6 estrelas, enquanto nosso Porsche conversível ficou mofando na garagem só porque o sol brilhava lá fora e essa loja de conveniências fica a apenas duas quadras. Mas hoje ele aprende, mesmo porque aqui eu não volto mais.
Turco miserável, está me medindo dos pés a cabeça. Parece que tudo que eu estou colocando no carrinho ele está anotando mentalmente. De propósito, vou pegar o que há de mais caro aqui só pra ver a sua reação. Aquele vinho ali de 60 dólares, que eu e o Roberto poderíamos tomar todo dia no lanche da tarde, vou colocar no carrinho.
Pego o vinho na prateleira, ergo-o na altura de meus olhos, e quando estou prestes a colocá-lo no carrinho, Roberto tira-o da minha mão e fala:
- Pra que isso meu amor? Sessenta dólares é muito dinheiro. E você não tinha dito que aqui só tomaria Cherry Coke pra não se esquecer do gosto?
Olho para o turco e sinto um leve riso de sarcasmo em seu rosto debochado.
Como ele não entendeu nada do que Roberto falava, agi com inteligência e falei no tom mais amável possível e de um jeito que até uma alienígena entendesse o que eu dizia mesmo sem saber falar nenhuma língua humana.
-Meu amor ,é claro que vou tomar muitas Cherry Cokes. Mas vamos levar esse vinho para hoje a noite – tiro o vinho de suas mãos e coloco-o no carrinho.
Roberto me olha com cara de espanto e mal começa a falar, eu dou uma risada alta e um longo beijo em sua boca, pego em sua mão e continuamos as compras. O turco continua nos olhando e coçando a barba com ar de confuso.
Enquanto eu estou comprando algumas bolachinhas importadas, entram na loja dois rapazes de péssima aparência. Seus Cabelos sujos, barba por fazer, camiseta rasgada e chinelos puídos me dão a certeza de que, finalmente, o foco do meu mais novo inimigo vai se deslocar para o verdadeiro perigo. Chego quase a desejar que eles realmente tentem alguma coisa com a loja, só para que eu os impeça e surpreenda o Turco. Até imaginei ele, com todo aquele tamanho e aquele turbante na cabeça, se ajoelhando, me pedindo perdão e agradecendo a Alá por eu ter aparecido para salvá-lo. Olho para meu mais novo inimigo, imaginando que finalmente ele desviara a sua preocupação, e vejo que estou totalmente enganada. Ele não só não se incomodava com os mal vestidos, mas até gostava de suas presenças. Quando eles foram pagar, conversaram como velhos amigos, e o pior, pareciam que falavam de nós. Os dois maltrapilhos nos olharam e falaram algo em uma língua estranha, provavelmente árabe, e saíram da loja desconfiados.
A minha ira aumentou ainda mais quando vi que Roberto não notava nada do que estava acontecendo e até parecia gostar daquela lojinha e de seu dono.
Eis que do nada, Roberto, extremamente calmo e distraído, comenta sobre a variedade dos produtos e a decoração simpática do lugar. Eu não me contenho e falo aos berros:
- Roberto, você é cego? Essa espelunca aqui não vale nada! Ou você ainda não viu aquele turco FDP que não pára de nos olhar achando que somos líderes de uma gangue assaltante de lojinhas furreba? Enquanto você fica aí, apreciando tudo como um turista indefeso, ele fica sentado atrás do balcão te medindo com os olhos, provavelmente só esperando a polícia chegar.
Roberto, corado, me pega pelos ombros e implora pra eu falar mais baixo.
- Falar mais baixo? A única língua que esse MERDA deve saber falar é a do país dele. Quer ver só? Seu F&$^* DA @$&*, M$@* A DO %A@#LH*, IMBECIL, IDIOTA, RETARDADO.
Roberto espera eu me acalmar e vamos pagar para acabar logo com tudo.
O turco empacota nossas compras com extrema tranquilidade, nos dá o troco, e eu falo, arrogante e com sotaque:
Thank you!
Ao puxarmos a porta para irmos embora, ouvimos:
- De nada!
Primeira lição aprendida durante nossa lua de mel:
Sempre tem um turco que fala português.




Letícia Mueller

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Dito Pelo Não Dito



Textos de Boteco apresenta: Palavras não-ditas, palavras ben-ditas, palavras mal-ditas.

Você pode estar achando estranha esta forma de escrever as palavras acima, mas não eu não estou tendo um problema de separação silábica, o intuito é este mesmo provocar o desconforto e repensar as posições (Hum! Isto me lembra algo! uuhuhuhuhuhuhuhu).


Palavras não-ditas
Quantas coisas desejamos dizer e não dizemos?! Palavras que desejamos proferir e não o fazemos?! Milhares, milhões de palavras não ditas que ficam nas entrelinhas, logo abaixo do contexto, entre parênteses, sob os lençóis, que são muito importantes, eu diria até primordiais, a qualquer relacionamento ou diálogo realmente verdadeiro. Algumas pessoas consideram as palavras não ditas como forma de poupar “frágeis” criaturas de um possível confronto com o real. Mas no fundo, bem fundo é claro, pois isto é não-dito, desejaríamos ter a coragem de dizermos o que realmente pensamos ou sentimos. Podemos até odiar aquela pessoa que tem a coragem de dizer “na lata” o que realmente deseja, mas realmente, o que nós gostaríamos era sermos “cruéis e verdadeiros” iguais a ela. Mas, nos escondemos sob as máscaras da boa convivência e somos o tempo todo hipócritas, não declarados.

Palavras ben-ditas
Dizer palavras bonitas não é suficiente hoje em dia, o importante mesmo é dizer palavras ben-ditas, pois não basta ser, você tem que parecer que é! Palavras difíceis estão na moda e as esdrúxulas também, quando inventadas por personagens não menos esdrúxulos, como por exemplo o Lulês. No mundo de aparências em que vivemos as palavras proferidas de maneira correta, adequada e dentro de um contexto interessante, para não dizer no mínimo puxa-saco, é primordial. Pois o lema é: errado não é puxar o saco, é puxar o saco errado. Palavras bem-ditas podem abrir muitas portas e até transformar a figura que as pronuncia em pessoa de grande eloqüência, versado nas letras! Pois no final o que importa mesmo é parecer que é!

Palavras mal-ditas
O que dizer das palavras mal-ditas se elas são malditas? Como dizer coisas que queremos ou precisamos dizer sem dizê-las de forma rude, imprópria ou ofensiva? As palavras malditas abrem enormes brechas, pra não dizer crateras nos relacionamentos e deixam tudo subentendido, mal explicado, mal resolvido. Transforma amigos em candidatos a inimigos, marca um “X” na sua testa para com o chefe e ainda te dá fama de ser um “bruto” e não ter o mínimo tato. Usando um chavão bem batido: “um palavra mal-dita é igual a uma flecha lançada, você sabe de onde vem, mas não sabe aonde ou em quem vai parar”. Como fugir das palavras malditas? Pois todo mundo vez por outra escorrega e maldiz uma palavra ou pior uma frase completa. Uma palavra mal-dita tem o poder de te derrubar ou levantar, basta saber que lado você deseja enxergar. Palavras malditas podem sim ser benditas, basta dizê-las sinonimamente.

Texto: Kate Jones
Revisão: Angelica Carvalho

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carolina Aprendeu Tarde Demais Na Escola Da Vida


Carolina era uma menina comportada e nascida numa família muito rígida, que escolheu este nome em homenagem a uma música homônima de Chico Buarque, cujo refrão era: “O tempo passou na janela, só Carolina não viu”. O pai, Pedro, sempre dava o valor à leitura e à Educação. Por isto ele falava para a filha que a riqueza verdadeira só vinha para quem tinha bastante estudo. Por causa desta filosofia, este homem contava para a pequena, antes de dormir, fábulas como: A Cigarra e a Formiga; O Coelho e a Tartaruga, e, o Patinho Feio. Além disto, toda a vez que a criança errava na lição ou tirava nota baixa Pedro batia nela com surras de chinelo e cinta. Quando esta garota entrou na adolescência viu que suas amigas passaram a freqüentar festas e a namorar. Mas seu pai era o único homem da cidade que não deixava a filha fazer estas atividades típicas da juventude. Toda a vez que a menina pedia a ele para ir às baladas, ela era espancada. Assim, sem poder divertir-se a jovem dedicou-se, totalmente, aos estudos e passava até altas horas da madrugada em cima dos livros. Ela notava que suas colegas namoradeiras e festeiras eram muito felizes. Porém sempre pensava:
- Hoje elas se divertem enquanto eu me mato de estudar. Porém, no futuro, terei mais dinheiro do que estas farristas.
Mesmo assim a estudiosa tinha uma ponta de inveja das festeiras. Principalmente de Alexandra, filha de um empresário que nem ligava para a escola e vivia reprovando. Esta farrista sabia aproveitar o melhor da vida. Pois: trocava de namorado sempre que aparecia um novo pretendente, freqüentava festas todos os finais de semana, viajava sem ligar para o calendário estudantil, era fera em todos os esportes e sempre participava de campeonatos.
Certa vez Carolina perguntou à Alexandra:
- Nunca vejo você estudando e nem sequer falar do colégio. Então me responda: Como pretende garantir um futuro, se nem liga para a escola?
A festeira respondeu:
- O único colégio que faço questão de frequentar é a escola da vida. Afinal, é como diz a minha avó: mais vale a prática do que a Gramática.
A estudiosa refletiu:
- O que é esta tal escola da vida? Não consigo ver um excelente futuro sem os estudos.
Vinte anos se passaram e Carolina se decepcionou porque, apesar do seu esforço, conseguiu um emprego simples. Enquanto suas amigas, que na adolescência eram festeiras e namoradeiras, casaram-se com homens ricos, que deram vidas de princesas para elas. Sem falar de Alexandra, que primeiro engravidou de um pagodeiro famoso e casou-se com ele. Mas separou-se, depois de um ano e recebeu muito dinheiro de pensão. Depois Alexandra contraiu matrimônio com um idoso milionário e filho único, que faleceu e deixou tudo para ela.
Assim Carolina aprendeu na escola da vida que o mundo é injusto e que estudo nem sempre traz dinheiro. Hoje ela sofre de depressão, fobia social, toma remédios de caixa preta e faz psicanálise três vezes por semana. Afinal a mulher arrependeu-se de ter estudado demais na juventude. Pois hoje está velha e continua pobre. O pior é que, atualmente, ela sente-se sozinha e infeliz debruçada na janela vendo a vida passar. Tudo porque ela ficou tão impressionada com as fábulas dos livros, que ignorou as lições da escola da vida.





Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Livro Da Vida


Aprendi
Que você deve confiar somente em si mesmo
Que nem sempre o que a maioria diz é a verdade absoluta
Que nem tudo que todo mundo gosta, é bom
Que às vezes você se decepciona com quem jamais imaginava
e às vezes se decepciona consigo mesmo
Que alguns mitos podem ser a mais pura verdade
Que nem sempre a verdade é mais conveniente
mas que na verdade, não há uma verdade única e sim uma verdade diferente para cada um
Que sofrer é necessário pois nos deixa medicados para novos sofrimentos
Que há males que realmente vem para o bem
Que seus pais são os seus únicos melhores amigos
Que o verdadeiro amor não é aquele que você pensa que tem tudo pra dar certo, mas aquele que você nem sonhava em ter
Que o diálogo é a base de tudo para qualquer tipo de relacionamento
Que amar a Deus não é ir na igreja e sim amar o seu próximo
Que muita gente pode ajudar o mundo mas nem todos querem
Que a natureza é a única paisagem perfeita deste planeta
e que o único animal irracional é o próprio homem
Que nem sempre aquilo que acham que é o melhor para você, é o melhor para você
Que no seu pouco conhecimento você pode ensinar muita coisa a alguém que julga saber de tudo
Que qualquer um pode renascer de corpo, mente e alma, se assim quiser
Que sou eu que moldo minha vida mas que ainda assim preciso de Deus para sobreviver
Que você deve rir mais e se importar menos
Que devemos dar atenção para as coisas que realmente nos dizem respeito e nos fazem diferença
E aprendi
que para aprender a viver, basta estar vivo!


Bianca Nascimento

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tema da semana: Aprendi na escola da vida

Pegada premente




- Tati, posso perguntar uma coisa prá você?
- Claro, Will...
- Beijar sua boca é tão bom quanto eu imagino que seja?

Há duas semanas, William jamais imaginaria que faria esta pergunta à Tatiana, sua colega de mestrado. Achava-a arrogante e meio metida à sabe-tudo. Tratava-a bem, somente por uma questão de educação, e chegou a comentar com um amigo: “Ela é bem legalzinha, mas não é o tipo de pessoa a quem eu convidaria para fazer um happy hour, em um barzinho.”
Mordeu a língua, segundo suas próprias palavras. A companhia da colega estava tão agradável, que surpreendentemente, o happy hour após a aula de “Estratégias de Rede de Negócios”, acabou se estendendo até altas horas da noite. O tempo passou voando... Oito horas pareciam oito minutos e, repentinamente, no meio do papo acadêmico, ele teve uma vontade louca de beijá-la. Surpreendeu-se com seu desejo e com o fato de estar se sentindo tão à vontade em sua companhia.

- O quê ? – Tati estava chocada com a declaração escrachada do colega.
- É que eu imagino que sua boca seja muito gostosa de beijar.
- Hahahaha! Não, Will... Não é. É muito melhor do que você imagina.

Tati nunca se interessou pelo colega. Ao contrário dele, não tinha nenhuma imagem negativa a seu respeito, mas sabia que ele tinha restrições a respeito dela. Ela sentia. Sexto sentido feminino, sabe como é. Achava-o espirituoso, inteligente e divertido. Ele fazia o gênero mal-humorado, mas quando as aulas ingressavam em alguma discussão mais inflamada, era Will quem apaziguava o clima na turma. Mas era só isso, não tinha nenhum tipo de atração física por ele e jamais imaginaria que ele pudesse fazer uma pergunta tão ousada, em meio a um papo tão sério.
Para evitar um constrangimento maior, resolveu responder ao colega em tom de brincadeira, que ele não poderia imaginar o gosto de sua boca. O efeito foi totalmente o oposto: ao invés de quebrar o clima, colocou lenha na fogueira. O barzinho escolhido possuía um terraço super agradável, de onde podiam enxergar as árvores de um parque e onde sentiam a brisa característica dos finais de tarde de verão.
Sem sucesso nenhum, tentaram retomar o assunto a respeito das aulas, a tese no final do ano, a experiência dos professores; mas volta e meia, a vontade voltava.
Há duas semanas, um não era “o número” do outro, não se curtiam, não tinham absolutamente nada em comum. Agora, no happy hour que durava oito horas, descobriam que tinha muito mais coisas em comum do que imaginavam.
Decidiram ir embora. “Já estava ficando tarde”, justificou Tatiana.
Pagaram a conta e Will acompanhou-a até o carro.

- Curti pacas tua companhia esta noite e estou muito feliz de ter podido te conhecer melhor.
- Eu também, Will. Me diverti muito ao teu lado e espero que a partir de agora, possamos ser bons amigos.
- É. Também espero.
Encostado no carro da nova amiga, Will agarrou Tati pela cintura, puxou-a contra seu corpo e beijou-a.
Aquele beijo gostoso, com gosto de final de tarde no parque, que deixa a gente mais leve e nos ensina que nem sempre a primeira impressão é a que fica.


Karime Abrão

domingo, 17 de janeiro de 2010

Justiça?...


Acredito que todas as pessoas já tenham ouvido falar nesses casos de acidentes no trânsito, crimes de trânsitos, da Lei seca e tal... Pois bem, nesta quinta-feira, na cidade de Guarapuava-PR ocorreu o julgamento de Diego, um menino de 22 anos que, no ano de 2008, dirigindo em alta velocidade pela cidade e alcoolizado gerou um acidente de trânsito que culminou na morte de seu melhor amigo e de mais uma moça que dirigia uma moto.
Diego foi preso em flagrante, não foi para o hospital muito menos para UTI, não é de família rica, muito menos poderosa e influente, talvez por isso, ou por ironia do destino, ou até mesmo seu karma, não sei, mas foram várias as tentativas frustradas da família para que ele respondesse ao processo em liberdade e nada, e se passou um ano e nove meses de gastos com advogados e tudo mais, até que em 30 de dezembro passado ele conseguiu liberdade provisória até o julgamento de quinta-feira ( 14/01/2010).
Um caso muito parecido ocorreu em 4 de maio do ano passado, quando o ex-deputado Carli Filho também dirigindo embriagado ocasionou um acidente de transito na cidade de Curitiba que também culminou na morte de dois jovens. Diferentemente de Diego, o ex-deputado não foi preso e aguarda seu julgamento na mais plena liberdade, como mostrou a Rede Globo de comunicação há alguns meses. Talvez seja sorte, ironia do destino ou karma, não sei, mas é essa a realidade.
Além deste caso, muitos outros casos ocorrem diariamente no Brasil, não são divulgados, é claro, porque as pessoas envolvidas são famosas ou influentes. O próprio caso de Diego teve grande repercussão por se tratar de cidade pequena do interior e pela póstuma valia do mesmo. Mas o fato ocorre sempre, diariamente, e as situações idênticas são tratadas de formas diferentes, alguns por influência, sorte, destino ou karma, não sei. Continuam nas ruas, muitas vezes aptos ao replay, já outros mofam em presídios públicos alimentando a falsa esperança de um dia voltar a ver o sol nascer redondo. Ocorre que, não importa se é fulano ou beltrano, se é amigo ou estranho, pessoas morrem e vidas não podem estar sujeitas à delinquência alheia, não importa se a vítima é rica ou pobre, se o culpado é rico ou pobre, o que importa são vidas roubadas, temos de lembrar qual é nosso bem maior.
Segundo a especulação da mídia, o caso de Diego, por se tratar de pessoas da mesma cidade do ex-deputado e coisas do gênero, pode ser utilizado como analogia ao julgamento de Carli Filho e de tantos outros que ainda virão. A coincidência é que Diego conseguiu um dos melhores advogados da cidade como patrono de sua causa e, como assistente deste, o ex-procurador do município, e mais coincidentemente ainda primo do ex-deputado. Nessas horas lembro-me do que minha mãe sempre me disse: “Deus escreve certo por linhas tortas”, eu acredito muito em destino e vejam como é... Foi necessária a desgraça de uns para que alguém lembrasse que havia um garoto preso há um ano e nove meses já sem expectativas, e de repetente tudo se clareia na vida de Diego e possivelmente da sua família claro.
O julgamento durou cerca de nove horas. As coincidências entre o Caso Diego e o Caso Carli Filho foram trazidas à tona pelos próprios advogados durante o julgamento e pelo promotor. A defesa pediu a desqualificação dos crimes de dolosos para culposos com culpa consciente, a acusação manteve o pedido de crime doloso afirmando haver provas mais que suficientes. O pedido da defesa não foi aceito pelo Júri. Diego foi condenado a 16,4 anos de reclusão e saiu da Sala do Júri direto para a Penitenciaria da cidade. Justiça feita. Na cidadezinha o alvoroço formou-se, há quem diga que é muito tempo, quem ache muito pouco, torcida contra e a favor.
Agora, leitores, peguem suas fichas e façam suas apostas, haverá mais casos parecidos por serem julgados e vejamos se a justiça, influência, sorte, destino ou karma, o que falará mais alto...


Fernanda Bugai

sábado, 16 de janeiro de 2010

Bela Bobagem, Brasil


E pela décima vez, grande parte dos brasileiros param na frente da TV para assistir ao Big Brother.
Uma pancada de gente que deixa pra lá a vida real pra se mostrar fazendo tudo. Ou quase tudo.
Uns buscam a grana, outros a fama. Muitos não conseguem nem um, nem outro.
Passam uma boa porção de tempo isolados do mundo, fazendo nada e entrando em paranóia.
Deve ser um tédio que só. No início é tudo lindo, todo mundo se adora, é tudo novidade.
Aí começam os perrengues e a volta à realidade começa a se fazer necessária.
Sim, porque a vida é aqui fora. É aqui que tudo acontece e realmente tem sentido.
É aqui que temos pessoas pra cuidar, conquistar, conviver.
Temos trabalho, conhecimento, relacionamento. Vemos os problemas e buscamos a solução.
Não sei o que é pior, quem vê e aplaude, quem participa e acha que está contribuindo ou quem proporciona,
usando o poder que tem nas mãos para emburrecer o povo apresentando pouca qualidade de conteúdo.

O ser humano tem uma capacidade enorme de absorver conhecimento, no entanto, acha mais prático sentar
sua bunda no sofá, tomar o refrigerante que vendem no programa e consumir todo aquele mundo de fantasia
que é mostrado com tanto glamour.
Julgar e apontar as atitudes que as pessoas tem lá dentro parece mais interessante que ler um livro, ver um
filme ou curtir a natureza, boa companhia. Uma boa conversa. Bah!
Aquilo é de mentira, quem pode saber ou avaliar se as pessoas agem de forma sincera? Como podem servir
de referência boa ou ruim? Na vida de verdade, fariam ou diriam a mesma coisa?
Bobagem, tem muito dinheiro envolvido nisso tudo e me parece ser o que fala mais alto. Comércio.

Enquanto isso tudo acontece nesse mundo paralelo criado pra enganar, o mundo real padece.
Ausente de bons exemplos, viramos reféns do sistema, onde dizem o que vamos comer, vestir, falar ou saber.
O povo parece ter se acostumado com o que é colocado em sua frente sem questionar, ou contestar, esquecendo
que se trata dele mesmo. Dar permissão para entrar em sua casa, pôr em sua mesa em sua cabeça não pode
ser tão automático. Podemos e devemos escolher. Às vezes, pode não estar na nossa frente, mas nem por isso
tem que ser menos interessante. Mudar o ritmo, a rotina, a forma de ver e viver depende diretamente do que queremos
pra nós. Não o que "eles" querem que sejamos ou tenhamos, ou ainda, representemos.

Pessoas que querem fazer a diferença tem outras opções.
Tem que buscar outros caminhos. Que ainda bem, ainda existem.
É só espiar ao seu redor...


Liliana Darolt
Hoje é dia de estreia de Desaforada X. Andréia Kaláboa é produtora e diretora de cinema. Administra a GP7, uma das melhores agências de atores de Curitiba. Seu mais recente trabalho é o filme "O Casamento De Dalila" - último filme da Revista RPC em 2009 (programa exibido depois do Fantástico e que já tem outros trabalhos de Andréia programados para os próximos meses). Orgulhosa de suas raízes, essa descendente de ucranianos tem em seus olhos verdes uma percepção sagaz da realidade e da poesia que a rodeia, aliás, percepção essa que a acompanha o tempo todo, até debaixo do chuveiro como bem poderá ser percebido no texto abaixo. A propósito, ele traz uma feliz coincidência com o post de ontem, leia e entenda. Há aqui também uma co-estréia, a da atriz Juliana Biancato, responsável pela revisão do texto de Andréia.


Sobre Xampu


Nunca compro um xampu pelo cheiro
Meu cabelo é liso
Nunca compro um xampu que dê maciez
Meu cabelo é oleoso
Nunca compro um xampu pela cor
Meus cabelos são loiros e brilham
E os meus olhos são claros e ardem.

Toda vez que vou ao mercado
Compro um xampu de flor
Que não tem o meu cheiro
Que não deixa o meu cabelo macio
Que não muda a minha cor
Mas é o que me foi recomendado

Saio de cabeça limpa
Meu cabelo não está oleoso
O liso não está escorrido
O loiro continua loiro
Você também é a mesma
Tudo ainda faz sentido
No vermelho do meu olho.

Tem um indicado para reparar as pontas duplas
Sempre quis comprar esse xampu de tampa verde
A moça sorridente jura que ele não é pro meu cabelo
Mas ele me deixa de madeixas molhadas. Quase um apelo.
Pelo cheiro bom de chuva e beijo de uva embalado na rede.

Este meu xampu tão recomendado
Para outros dá caspas
Para uns deixa o cabelo armado
Tem quem use até sabonete
Bem contente, entre aspas
Qualquer um, de 69 centavos

O banho alheio é tão estranho,
A modelo dizendo de cabelo molhado:
Olha, meu xampu é o melhor do mercado
Deixa o meu cabelo macio e cheiroso.
Fala até da fórmula que muda o tom
E o tom da voz também fica sedoso.

Porque eu não posso usar o xampu de tampa verde?
Não é a fórmula que foi estudada para o meu tipo de cabelo?
Mas também não é minha cor, não é meu cheiro.
Que já estou quase esquecendo, quase perdendo.
Mesmo que deixe meu cabelo melhor.
Que seja uma fórmula mágica
De contos de fadas que Rapunzel usava
Não quero seguir um rótulo qualquer nenhum

Eu quero uma fórmula para meu tipo, meu estilo, minha vida.
Então o meu xampu se torna alheio, vulgar, comum...
A autenticidade então me foi roubada!
A autenticidade minha foi vendida!
A minha autenticidade foi criada!
E eu com isso não ganho nada e ainda me dou por vencida
Comprando a autenticidade que me foi roubada, criada e vendida.

Texto de Andreia Kaláboa
Revisão e formatação poética: Juliana Biancato

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Reflexões Capilares


Pela primeira vez, divago em reflexões sobre a cor do cabelo das mulheres. Me surpreendi ao pensar em como eu ainda não havia relacionado as matizes de uma madeixa com sua dona, pois se for bem analisada, a cor de um cabelo diz muito não só sobre o gosto e as preferências da moça, mas até um pouco de uma personalidade misteriosa, desconhecida por ela mesma.
Não me refiro às adolescentes que fazem dos seus cabelos verdadeiros holofotes fosforescentes apenas para se enquadrar em algum grupinho da moda e muito menos as adultas que fingem ter esquecido fazer o tempo passar, e vivem num carnaval eterno, mesmo sabendo, bem no fundo, que já amadureceram há muito.
Falo das mulheres “normais”. Falo do cabelo das mulheres normais.
Afinal, por que ser loira é o sonho de quase toda mulher? E se não for seu desejo agora, acredite, um dia será.
“Quem nunca quis ser loira, que atire a primeira pedra.” Se o mundo fosse habitado apenas por mulheres, e as guerras fossem a base de pedradas, essa frase daria início a um estopim.
Pondo de lado qualquer preconceito histórico ou cultural, só nos resta pensar na cor em sua essência. Pensemos no loiro como cor clara, ligada ao branco.
Aaah, o branco! Cor da paz, da harmonia, da serenidade. Nunca vou me esquecer da aula em que aprendi que o branco é a cor que reflete todas as outras, portanto, é a ausência desta.
Então, ao relacionarmos o branco com a paz, não estaríamos relacionando-o com a “ausência”, o “vazio”?
E do que mais o ignorante é feito além da ausência do saber?
Além do vazio do conhecimento?
É, não saber não gera conflitos. O saber incomoda. O vazio é preferível, traz paz.
Não pense que o meu intuito foi escrever tudo isso para justificar o chavão: “loira é burra”, mesmo porque eu sou um exemplar desse modelo, mas sim o de mostrar que a grande maioria prefere o vazio e a verdade superficial.
Preferem a ignorância, a falsa paz e a comodidade.
E isso lhes toma a cabeça, literalmente.




Letícia Mueller

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A Estreia De Kate Jones



Kate Jones prefere não se identificar. Usa esse pseudônimo para escrever sobre as insanidades que surgem em sua cabeça. Sempre cheia de opinião, prefere mesmo o anonimato, mas hoje e pelas próximas três semanas, resolvi ceder um espaço no meu dia para ela, visto que estou de férias. As três histórias das próximas semanas surgiram em mesa de boteco. Claro, porque pessoas que escrevem têm que ter tido algum tipo de ideia em mesa de boteco pelo menos uma vezinha. Eu assino junto somente como revisora, então, aproveitem as loucurinhas dessa cabeça cheia de opinião MESMO. Beijos e até a volta. Angélica.

Textos de Boteco apresenta: Jonas e sua “quentinha”

Era noite de sábado. Início de verão, clima quente, baladas fervendo.

Jonas era um cara pacato, sério, despojado, cheio de charme, descontraído, curtia ler e escrever, era chegado em cinema, ioga, educado. Não dispensava boas companhias e o melhor tinha cérebro e o usava. Sua arte era a paz!
Um belo dia foi convidado por uma de suas amigas para comemorar o aniversário dela em lugar badalado da city. Até então nada de anormal, mas por um acaso da vida ou sexto sentido, chame como quiser, aquela noite prometia ser especial, e Jonas foi compelido a querer mais. Caprichou no visual: colocou sua camiseta do Felini, entrou em seu belo carrão possante, todo charmoso, perfumado, estilo pegador.
Vislumbre a cena: o rapagão chega com óculos escuros do tipo lançador de olhar 43, cabelo com gel cuidadosamente desgrenhado (segundo as revistas da moda é um charme), botas de couro legítimo com esporas de platina (metal da moda), roupa de marca e... sua bela marmita! Dãããããããããã.
Pasmem garotas (imaginem a cena com o belo espécime): Jonas é um cara prevenido, lembrando sempre dos dizeres da mamãe, “não saia de casa sem levar um lanchinho”, o leva, de fato, debaixo do braço. A famosa “quentinha”. Pensou que, afinal, nunca se sabe se vai “rolar” comes e bebes nestas festas.
Como bom menino que é ele não desobedece a sábia mamãe. Coloca seu “lanchinho” em um local reservado da mesa e vai dançar a rodo. Lá pelas tantas, a fome dá as “caras” e ele é flagrado (temos fotos para comprovar) degustando a sua maravilhosa quentinha.
É Jonas, de belo príncipe encantado você se transformou no “homem da quentinha”. Mas meninas, pensem: ele é o cara que leva “sanduíche em festa”, ou seria, “quentinha em festas”?


Texto: Kate Jones
Revisão: Angelica Carvalho

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Separatismo Sulista X Bullying


Devido a profissão do meu pai, tive a oportunidade de morar em diversos estados brasileiros.
Em 1989, eu tinha 15 anos e minha família foi transferida da região Centro-Oeste para uma cidade do interior da região Sul. Neste novo lugar, quando me dirigi para fazer matrícula na escola, fui muito bem recebida pela secretária que foi simpática e atenciosa. Ela pediu para que eu preenchesse uma ficha com meus dados pessoais onde constava: endereço, série em que desejava estudar e cidade onde nasci. Naquele mesmo instante, um professor, com calça rasgada e muitas tatuagens, entrou na recepção e disse para a secretária:
- Quero ver as fichas dos alunos novos! Quem não for aqui do Sul se lascará comigo!
Quando este mestre saiu, a moça fez uma cara de reprovação e continuou o seu trabalho.
Já no primeiro dia naquele colégio descobri que teria aulas com o estranho professor. Os meses se passaram, tudo estava indo bem até que um dia este mestre encarou-me e exclamou em voz alta:
- Pessoas de outros estados não prestam! Por isto o Sul deveria se separar do resto do Brasil!
Neste instante fiquei quieta e não levei como provocação pessoal. Porém, de repente, ele me apontou e disse:
- Vejam o caso desta menina aqui! Ela é gorda, peluda e lésbica porque veio de outro estado! É a laranja podre que contaminará as outras!
Após escutar estas palavras, saí correndo e fui direto para a sala da coordenadora com o objetivo de reclamar sobre esta atitude do professor “skin head”.
Realmente, a ação dele foi um ato incorreto que destacou o seu grau de intolerância. Não podemos aceitar este tipo de comportamento, principalmente vindo de um educador. Pois se este tipo de ideologia se proliferar em nosso país, o Brasil corre o risco de sofrer atentados de grupos separatistas, como o do ETA na Espanha.



Luciana do Rocio Mallon

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Amantes virtuais




MORENO25cm diz: E aí, pronta para uma aventura noturna?

Sim, eu estava pronta. Como nunca estivera antes.

Ué,cada louco com suas manias, gostos, preferências e "taras". Eu adorava tocar naqueles "botões da felicidade" todo dia de noite. Eram eles que me transportavam a um mundo virtual e picante, para depois ser a vez de acionar meus outros botões secretos e mais íntimos, que me levavam a um mundo mais delirante ainda.

Desde que fui "apresentada" àquele mundo virtual, meu lap top virou um amante perfeito!Discreto, fácil de manusear, calado, sem deixar rastros e pistas e com uma vantagem: me dava prazer a hora que eu quizesse. Estava ali a solução para todas as mulheres casadas cujos maridos não lhes dão importância (para não dizer que não dão mais no tranco!).

PANTERA diz: Sim...e esses 25 cm....veja só o que farei com cada centímetro!

E aí começavam as minhas diversas loucuras noturnas. Ora, não podia fazer nada se meu marido apenas cumpria o contrato. Trancado naquele escritório todo dia a noite, parecia sempre estar com outras preocupações e prioridades. Mas eu queria mais, ninguém mandou não alimentar a Pantera que existia dentro de mim.

Quando ele ia dormir, eu pegava meu amante, ia até a sala de tv e me trancava lá também (se ele assim fazia, eu também podia, não?). Assim, era um por noite com quem falava e fazia tudo o que queria, dos quais ouvia as maiores e mais gostosas sacanagens que, é claro, não ouvia na minha cama real. Eram tantos os meus amantes virtuais que me perdia nas noites com o "ANJOCOMEDOR", o "HOMEMCASADO32", "LOIROTESUDO", "FAÇO GOSTOSO" e por aí adiante. Bom, mas sabem como mulher é um bicho burro quando quer. Mesmo querendo ser liberal, falar e fazer sacanagens, transar por transar com qualquer um, se apega ou ao menos se encanta por aqueles que a tratam diferente e melhor. E sempre que "ele" entrava online, sentia um tremor, uma coisa diferente, um tesão e uma vontade enorme de explorá-lo muito mais que ali naquele mundo virtual.

"DONJUAN" diz: Olá, Pantera. Como você está?

Confesso que no começo achei aquilo inusitado em uma sala na qual os homens já "chegam chegando", mas me sintia bem, como toda mulher se sentiria, quando ele me perguntava como eu estava e o que eu sentia. Além de fazer e falar, é claro, as melhores sacanagens comigo. Mas naquele dia saí com sede e desejo de mais. Queria poder sentí-lo, mas não chegaria ao ponto de conhecê-lo, pois aí sairia totalmente do caminho que eu mesma tinha proposto para mim. Eu amava meu marido, apesar das coisas serem como eram, eu só estava "brincando" ali. Fui e deitei-me em minha cama, ainda com sensações e desejos que queriam ser saciados no real. Meu marido entrou no quarto , suspirou ao sentar na cama, como se sentisse cansado, só não sei se era de dormir comigo ou do seu trabalho. A luz se apagou. Sentia seus suspiros, sua respiração. Levemente, senti um toque diferente em minhas costas, que vinham da minha coluna até a nuca, com aquelas mãos grossas de toque suave. Dali me apertavam, me pegavam, apalpando com vontade meus seios. De repente senti seu corpo fortemente ligado ao meu, como jamais sentira antes. E ali foram momentos de prazer, de gemidos, de posições e sacanagens nunca ditas antes. Minha sede inicial ia sendo saciada com a transa mais inesquecível que já tivemos."Vai, faz, assim", eu dizia entre gemidos altos, abafados e prazerosos. E quando estava no ápice da relação, no momento que teria a sensação mais gostosa da minha vida, ele me pediu com o maior tesão possível que um homem pode ter: "Isso, vai, faz tudo que quiser com o seu seu DON JUAN". E ali gozei com gosto.

Esta história foi criada por mim e é inteiramente fictícia, sem fatos reais.



Bianca Nascimento

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dividindo os lençóis


Diferentemente da geração da minha mãe, fui criada por meus pais para ser uma mulher independente, em cuja vida os homens seriam uma questão de opção e não de necessidade. Minha mãe foi (e ainda é) uma mulher independente e forte. E eu cresci decidida, corajosa, com atitude, energia e sede de trabalho. Efetivamente me tornei uma mulher independente e hoje homens realmente são uma opção na minha vida. Tenho orgulho do que me tornei, mas às vezes isso dificulta minha vida pessoal.
Uma amiga perguntou à sua terapeuta, certo dia: “Sou uma mulher bonita, inteligente, independente, querida e divertida. Não pego no pé, não cobro satisfações. Tudo o que um homem deseja. Por que ainda estou sozinha?” A terapeuta respondeu: “O problema é que tu és muito tudo: muito alta, muito bonita, muito independente, muito divertida, muito inteligente, muito querida. E os homens não estão preparados para mulheres ‘tudo’.”
É absurdo, mas parece ser verdade. Quatro amigos já me disseram que de uma forma geral, os homens não estão preparados para mulheres com as quais eles não precisam preocupar-se ou sobre as quais eles não precisam reclamar. Mulheres decididas e independentes os fazem tremer nas bases e perder o controle da situação. Mulheres que não pegam no pé, não cobram satisfações, não ligam a cada cinco minutos, ou que falam abertamente sobre sexo, fazem com que eles sintam-se inseguros.
Outro amigo meu disse que tudo isso era papo furado, que homens curtem sim, mulheres assim; mas, até hoje, ele não conseguiu me provar isso.
Sei que homens não gostam de mulheres desesperadas ou inseguras, gostam de mulheres divertidas, que mostrem desejo por eles. Mas o certo é que estes seres de outro planeta precisam entender que mulheres modernas são sensíveis e vulneráveis, sim. Gostam de ser cuidadas, mimadas e protegidas. Gostam que os homens escolham sua bebida durante um jantar, que abram a porta do carro para elas entrarem, que paguem a conta, que façam programas inusitados de última hora, que as surpreendam, que as encantem.
E na falta de homens que nos encantem, preferimos ficar sozinhas a estar mal acompanhadas. Li em um livro, uma citação de Lya Luft: “Afobados, amamos mal.” E é este realmente o problema.
Quantas mulheres conhecemos que se envolvem com homens que não valem a pena, muitas vezes uns “cafajas”, somente porque não aguentam ficar sozinhas? Deixam de ser elas mesmas, esquecem de si, idealizando uma relação que não existe, e ficam presas a ela por um bom tempo (às vezes para sempre), com medo de acabarem sozinhas novamente. Ser ou estar feliz, nem sempre significa estar com alguém; e sim, conquistarmos o que realmente desejamos para nós mesmos.
É deprimente ver em barzinhos ou restaurantes casais que sentam um de frete para o outro e passam o tempo todo sem dar uma palavra sequer. Não conversam, não têm nada a dizer um para o outro, não se divertem juntos. Quando vejo isso, lamento por eles e vejo que mesmo juntos, como casal, eles estão mais sozinhos que eu, que estou solteira.
A mulher que se desespera por estar sozinha transforma-se numa neurótica, ingressa numa busca incessante e cansativa do par perfeito e esquece que ele não existe; e, portanto, a pessoa que pode fazê-la feliz talvez esteja ao seu lado e ela é, naquele momento, incapaz de enxergá-la.
Ter alguém ao seu lado não significa obrigatoriamente que o casal deva viver junto sob o mesmo teto e, em contrapartida, viver junto sob o mesmo teto não é sinônimo de felicidade ou garantia de que o casal está junto de corpo e alma. Li em uma reportagem há tempos uma frase que resume tudo: “fidelidade não é algo que se exige de alguém, e sim, que se oferece para alguém”.
Fidelidade é uma decisão e não uma imposição.
Há algum tempo, comprei um quarto novo para mim. Com ele, uma cama nova, alta e espaçosa. Meu pai, em uma visita à minha casa, disse:
- Mas filha, para que uma cama tão grande, se tu dormes sozinha?
- Paizinho... é esse o objetivo, usufruir da cama nova acompanhada.
Sei que não sou a única a ir para a cama desacompanhada em 95% das noites do ano e isso não me deixa deprimida. É somente uma questão de escolher com quem eu vou dividir o espaço da minha camona e meu edredom. E, infelizmente, nem todos os homens que apareceram até agora na minha vida, nos últimos três anos de solteirice, fizeram jus a isso.


Karime Abrão

domingo, 10 de janeiro de 2010

Que Tudo Se Realize


“Adeus ano velho... Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer...”
E todos nós cantamos ou lembramos-nos da música a cada ano que se passa. E pensamos, e prometemos, e decidimos: este ano será diferente, este ano não faço aquilo, mas farei aquele outro... A história se repete ano a ano! Por um lado isso é muito bom, é sinal de que os corações estão repletos de esperança, que apesar do mundo que vemos lá fora todos os dias, ainda existe um homem bom dentro de cada um de nós e que queremos mudar! Todavia por outros nos vemos obrigados a fazer promessas já que todas as pessoas esperam isso da gente.

E 2010 não será diferente, já não foi... Existem os supersticiosos, aqueles que em nada acreditam, os que negam a crença, quem acredita de leve, essa mistura de gostos e desgostos, mas que todos querem um ano melhor que o anterior é fato...
2010 é o ano do tigre na mitologia chinesa, um ano delicado, do tudo ou nada, onde as coisas serão grandiosas, grandiosas bonanças ou grandiosas tempestades...
2010 será um ano de paciência e persistência pelo baralho cigano, onde a comunicação será de total importância em todos os aspectos, um ano em que haverá necessidade de aceitar os processos da vida como ações naturais, sair da rotina, um ano de mudanças...
2010 é ano regido pelo planeta Vênus, a astrologia prevê o ano do amor, da beleza, da vaidade, do equilíbrio emocional que favorece o equilíbrio exterior.
2010 será representado pelo arcano III do tarô, a Imperatriz, qual seja a prosperidade, crescimento, comunicação... Pede que as atitudes sejam positivas, que exista ação, iniciativa e principalmente a verdade e o respeito.

E de mitologia em mitologia, crendo em credo, vamos organizando e equilibrando nossos desejos para o ano novo. Aqueles que não acreditam, vêem apenas mais um ano que inicia, onde assim como em todos os demais vai necessitar de muito trabalho, de força de vontade para se realizar os desejos.

Independente disso, o importante é sabermos que seja 2010 ou 2025 o que mais contará é nossa paz interior, nossa força de vontade, acreditarmos em nós mesmos, amarmos a nós e ao próximo, termos boas atitudes, levarmos sempre algo bom que possa melhorar nosso interior através daqueles que passam em nossas vidas, darmos o melhor de nós mesmos, se entregar sem esperar recompensas, não se encher de promessas e boas intenções, mas viver apenas e viver, da maneira que te fizer melhor. Afinal, somos melhores para os outros somente quando estamos de bem com nós mesmos, e não adianta darmos pipoca aos pombos e levar brinquedos nos orfanatos se estamos reclamando do dinheiro gasto para tanto, tudo que vivemos e fazemos só vale a pena quando parte do coração, da real vontade. E cada qual se esforça para ser neste ano melhor à sua maneira, pode ser que os olhos alheios não enxerguem as mudanças, também pode ser que mudanças grandiosas e bem vistas não sejam de coração, mas por outros interesses... Assim é o ser humano, as promessas na maioria dos casos duram até o carnaval, e as atitudes mais nobres talvez não sejam programadas, claro que existem exceções, somos seres distintos e essa é a magia da coisa: a diferença! E essa diferença nos torna imperceptivelmente melhores, aprendemos ao longo de toda nossa vida conviver com pessoas diferentes e isso já é um grande crescimento, respeitamos o espaço alheio com maiores e menores intensidades, mas respeitamos os espaços, os credos, as filosofias, as sociedades e tudo mais.

Então, o importante não é querer se martirizar e realizar grandes conquistas para os outros, mas vamos realizar conquistas ainda que pequenas dentro de nós, pois é de grão em grão que a galinha enche o papo, e é aos poucos que as mudanças ocorrem solidificadas e refletem no mundo exterior.

Vamos em 2010 respeitar, amar, entregar-se, viver, ser feliz! Que o resto é consequência até dezembro, quando as famílias se reúnem cantando “Adeus ano velho... Feliz ano novo! Que tudo se realize no ano que vai nascer...”.



Fernanda Bugai
Hoje é dia de estreia de Desaforada X. Isadora de Almeida é um goiana de extremos. Considera-se uma leonia típica, mas não acredita em zodíaco. Elemento fogo, adora tomar diversos banhos por dia e nadar na piscina à noite. Ateia, acredita que depois da morte se vê um belo vale verde banhado por água límpida. Acha que honestidade em excesso é defeito, e que insensibilidade pode ser virtude. Gosta de filmes adultos cáusticos como "Closer" e de produções infanto-juvenis como "Harry Potter". Vai do "Pequeno Príncipe" de Exupéry ao grande "Príncipe" de Maquiavel. Fã da visceralidade do Led Zeppelin e da psicodelia do Pink Floyd, é romântica e não bebe álcool. Gosta de Carpe Diem como perfume, mas não como lema. Adora cachorros e odeia crianças. Tem medo de cobra mas não de sair sozinha à noite. Conheça mais dessa garota contraditória, ou paradoxal, através de seus posts, começando pelo que estreia hoje.

É Ano Novo, Mas Ainda É Tempo De Pensar


Este ano eu quero... que as pessoas sejam mais realistas, que parem de dissimular a rotina de suas vidas, simplesmente assumindo-a; qual o problema em admitir que “a minha vida é a mesma, ano após ano”?
Ao meu ver, ano novo é como dieta; sempre dizemos que vamos mudar tudo, mas na verdade nunca deixamos de lado os velhos hábitos.
É dia 31 de dezembro, as pessoas se arrumam e felicitam as outras pelo novo ano, pensam em como tudo vai ser diferente, porém não conseguem ver que até as saudações são as mesmas do último dia 31 de dezembro.
Então qual é a diferença do ano novo? Acordamos do mesmo lado da cama, usamos aquele jeans velho, dizemos as mesmas cosias; qual a importância de tudo isso?
A esperança. O consolo daqueles que não possuem tanta realidade em suas mentes; que precisam depositar seus desejos nos outros para que estes se realizem, para que a sua vida seja menos infeliz, e para que eles possam continuar a viver nesse mundo paranóico sem enlouquecer.
Em 2010 desejo a vocês mais honestidade consigo mesmos, ao invés de gastar dinheiro com ceias, se empanturrando (tchau dieta!), no próximo ano tentem parar e pensar dos seus desejos, quais estão ao seu alcance em 2011.
Seja sincero e encare as coisas com realidade, existe tanta coisa ao nosso alcance que ainda não foi descoberta; mas tente de fato alcançar esses objetivos. Não entregue suas ambições para coisas tão abstratas; tudo depende só de você, faça acontecer.

Isadora de Almeida

sábado, 9 de janeiro de 2010

Os Sonhos De Ano Novo



Esse ano não vou roer as unhas, não vou engordar, não vou reclamar, não vou ver tanta tv.

Vou manter a calma, fazer exercícios, vou entender mais, ver mais filmes.

Não vou beber muito, nem comer tanto, não vou dormir tão tarde, nem usar o carro demais.

Matar a sede com água, cuidar mais da alimentação, descansar pra acordar disposta, caminhar e curtir mais a natureza.

Não vou falar mal dos outros, não serei ansiosa, não quero ver defeitos onde não tem, não vou gastar dinheiro à toa.

Verei por outro ângulo, terei paciência, aceitarei melhor as coisas, vou investir com consciência.

Esse ano não vou sentir saudade, não vou passar vontade, não terei pressa, não terei preguiça.

Quero contato, vou aproveitar, vou relaxar, vou fazer acontecer.

Não vou esquecer, não vou deixar pra lá, não vou julgar, não vou falar.

Vou me organizar, vou resolver, vou me colocar no lugar, calar.

Não vou guardar rancor, não vou me atrasar, não vou me estressar, não vou chorar.

Vou perdoar, vou me antecipar, vou deixar rolar, vou gargalhar.

São todos sonhos que podem se tornar realidade.

Se está ao nosso alcance ou é utopia, quem pode dizer?

Temos mesmo que prometer?Mas, e se eu me trair? Quem vai me punir?

Ninguém!

O que precisamos é ter dentro de nós o necessário para que nossos dias nos façam bem e tenham sentido, sem dependerda mudança de ano pra isso. Não há nada melhor que deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila.

Portanto, bons sonhos, boa realidade!



Liliana Darolt

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Um Viva Aos Recomeços E Às Divertidas Listas De Ano Novo


Toda virada de ano chega cheia de promessas, expectativas e das famosas listinhas. Parar, mudar, ser viram verbos mágicos nas bocas das pessoas. Como se de um dia para o outro festejar sendo sapos e depois da meia-noite viramos super ultra glamourosos, com uma vida fantástica digna de filmes hollywoodianos. Não que a nossa vida seja horrível, mas sempre queremos algo a mais, aquele toque mágico que um dia nos fará felizes todos os dias de nossa vida. Bom a não ser que se tome uma droga especial, não conheço ninguém que possa ser feliz durante 24 horas e 7 dias da semana.

Voltando a noite mágica das mudanças, para mim não foi nada mais que uma noite normal, agradecendo por poder compartilhar a passagem de ano com a família, todos um pouco mais altos que deveriam como sempre. A minha revolução, o meu recomeço, a minha reviravolta interna tinha começado muito antes da virada do ano. Foi por volta do meu aniversário, quando fiz os balanços positivos e negativos de minha vida. E dá-lhe mais listas no caderninho de confissões e idéias. Resolvi dizer um FODA-SE a tudo que um dia me causou profundo estresse e irritação, ficar mais calma, mas principalmente ajustar o foco da vida para mim. E retornei há um passatempo que há muito eu há muito não tinha tempo de fazer. Leitura.

Noites e noites insones, mais comuns do que gostaria, comecei a ler na internet sobre os planos e mudanças que pessoas como eu faziam neste período, afinal sempre parece que depois de se empanturrar horrores na ceia e almoço natalino, muitos humanos passam a entrar em estado de meditação sobre suas vidas. Isto dura até o dia em que mulheres e homens se rendem a simpatias populares para tentar mudar sua sorte na virada de ano. As simpatias são engraçadas, mas definitivamente não há nada mais engraçado e que nós nos identificamos em muitos aspectos que é famosa lista da virada. Li diversos posts de como tornar mais objetivos seus sonhos e como realizá-los em 2010. Mas nenhum post foi mais divertido que este que me fez virar fã do site Papo de Homem. Ok, é da virada de 2008 para 2009, mas toda a virada são as mesmas promessas mesmo. E não deixem de passar pelo link completo das As 8 resoluções de ano novo mais comuns, e como fazer para realmente cumprí-las e morrer de rir com as fotos que acompanham esta lista. Como diria o autor deste post aqui vai uns trechos ‘crackeados’ da listinha:

‘‘Parar de beber
- Motivo: Você está incomodando a sua família, prejudicando sua saúde (ou o seu bolso) e virando sensação na internet.
- Como suceder: Se afaste de amigos e situações em que normalmente você beberia. Se isso não der certo, fique grávido(a). (N.E.: Eu consegui parar de beber. Depois de amanhã faz 48hs.) ’’ Nota da Desaforada – o famoso verbo parar. Parabéns 48 horas é uma vida em parar de beber. Vejo pelo meu vizinho que vive com uma lata de cerveja na mão. Já eu estou desde o ano-novo sem uma gota de álcool. Neste quesito consegui manter minhas metas.

E esta outra que óbvio faz parte da lista de muitos brasileiros a minha com certeza. ‘‘Viajar
- Motivo: Você quer ver se o mundo é como aparece na Globo.
- Como suceder: A principal razão pela qual as pessoas não viajam é porque já assumiram outros compromissos na vida. Trabalho, família, etc. Mude suas prioridades e mova “viajar” para o topo da lista. Essa dica funciona melhor se você conseguir combiná-la com um hobby, tal como mergulho, fotografia ou dormir com mulheres casadas. ’’ Mais uma nota desaforada: esta última sugestão só é aconselhada para homem que não tem noção de perigo.

Depois de ler uma porção de listas uma coisa devo acrescentar na lista pessoal – somente ler listas divertidas e dizer um FODA-SE as lições chatas de consultores, com nomes pseudo-inovadores, que pipocam em janeiro na Internerd.

E um desafio às leitores e leitores. 8 dias de 2010 e quem conseguiu até o momento ser persistente com a lista de objetivos para este ano?

Um ótimo desaforado 2010



Daniela M. Braga

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Este Ano Eu Quero


Eu bem que poderia começar o ano, cheia de boas intenções. Mas pensei bem e resolvi começar o ano apenas com intenções. Nada de promessas, nada de premissas. Apenas, o novo.
A energia boa é aquela que te traz tranqüilidade, plenitude. Por vezes pensei que este dia não chegaria. Aliás, em 365 dias, normalmente pensamos, em pelo menos 1/3 deles, que este momento não vai chegar nunca. Muito trabalho, correria, estresse, filhos, carreira, marido, enfim, tudo. Nos colocamos em segundo lugar nos nossos próprios objetivos, já perceberam? Está cheio de trabalho, mas dói o dente; deixa o dentista pra semana que vem. Precisa de roupas novas pra trabalhar; fica pro mês que vem. Você ia comprar o best-seller que tanto queria, só que chegou a época do material escolar da criançada; lá se foi o livro de cabeceira. Impressionante como a gente se sabota, não acham?
E não me venham com o papo de que não têm filhos, nem namorada (o), nem compromisso. Você deve ter um cão, um trabalho, uma tia gente fina que joga paciência com você, então certamente tem algo que tira a atenção de si mesmo. E bora pra auto-sabotagem. Tá... não vou ser tão rigorosa. Você não está se sabotando. Você está só caminhado para uma vida vazia e sem conhecimento próprio. Sério. Vai chegar um momento em que você vai ver o tempo que perdeu. Não porque se dedicou a outras coisas, mas só porque esqueceu de colocar você no centro disso tudo. Você vai até esquecer qual o tecido das meias que mais gostava... rsrsr, engraçado? Nãooo, sériooo. Que tipos de meia você gosta de usar? Ou vai qualquer uma, daquelas que você compra no 1,99? Han?
Já parou pra se descrever? Para uma autocrítica? Já pensou no que você REALMENTE quer pra sua vida? Ah, eu quero saúde, amor e paz. Porra, que belo plano. Suuuper objetivo. Meu, se foca. Se quer saúde, trabalha e paga um plano de saúde caro pra ter tudo que tem direito. Se quer amor, vê se cuida do cabelo, das unhas e dos dentes, eles serão necessários, sabe. Se quer paz... meu, vai rezar. Primeiro o que você acredita, depois o mundo. Nada vai cair do céu, nada do que você pedir vai ser se você não acreditar no que quer. E acreditar significa encontrar-se e ir atrás do que tanto deseja. Se tanto faz o que quer, realmente, você vai conseguir tudo o que deseja. Parabéns... e só lamento.
Mas se o que te faz diferença na vida, é algo maior... viva, delicadamente, cada segundo. Digo com propriedade, de alguém que passou por uma fase negra. Uma fase em que o futuro estava acima de tudo, uma fase em que a ansiedade e as frustrações andaram de mãos dadas; alguém que não soube se dedicar a si mesma e perdeu momentos raros em busca de outra realidade. A realidade de outras pessoas e não a sua.
A vida é muito mais do que resoluções de ano novo. “De boas intenções o inferno está cheio”. Kkkk, esta, é o maior bordão, mas é a real. Pra que se discriminar? Hipocrisia pra que? Meu bem, tem vontade de fumar? Fume, sem excessos. Tem vontade de sair e encher a cara? Faça, desde que não todo dia. Tem vontade de beijar? Meu, beije excessivamenteee. Rssss. Todos têm uma razão especial pra estar na Terra. É só saber reconhecer a sua! Vocação todo mundo tem, pra alguma coisa.
O EQUILÍBRIO é minha palavra para este ano. Seja bom em uma coisa, ame muito alguma pessoa e faça o melhor por você mesmo, todos os dias, um dia de cada vez. Só. E lembre-se, porque eu me lembro sempre e divido aqui: quem acha que é bom em muita coisa, na verdade é meia-boca em tudo, quem diz que não ama, não sabe o que quer e quem não se cuida não saberá cuidar de mais ninguém.
Se ame, se cuide, VIVA!


Angelica Carvalho

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desabafo do Ano Novo Aos Leitores Brasileiros




Prezados Leitores:

Aqui quem escreve é uma criatura muito popular. Sempre quando chego para as vidas dos humanos, eles pensam que tenho a forma de um bebê. Mas isto é errado, pois no início tenho o corpo de um idoso sábio, tudo porque os seres vivos me recebem com fé e esperança, características das pessoas sapientes. Porém a cada mês que se passa vou ficando jovial até tornar-me um neném para dar passagem a outro velhinho, que será meu substituto.

Em janeiro as pessoas acariciam minha cabeça através dos seus pensamentos positivos. Umas vão para a praia e renovam suas promessas na boa energia no mar. Já, outras, trabalham com entusiasmo esperando uma promoção.

No mês de fevereiro alguns humanos pulam Carnaval brindando à alegria .Enquanto outros vão aos retiros em busca de comunhão espiritual. Por incrível que pareça fico feliz com as duas atitudes.

Em março as criaturas vão perdendo o ânimo assim como o Sol vai se cansando das tardes e por isto esconde-se no horizonte cada vez mais cedo. No outono elas esquecem-se das promessas pouco a pouco e o bruxo do mau-humor vai tomando conta dos seus espíritos. É nesta época que deixo de ser um idoso sábio para ser um adulto cheio de preocupações.

No mês de abril chega a Páscoa e a luz volta a brilhar nos olhos da maioria dos seres. Este é um dos momentos onde um sorriso sai dos meus lábios. Mas, na segunda-feira após a comemoração da ressurreição de Jesus, os sujeitos voltam às suas rotinas e com elas vem uma pitada de tristeza. É, justamente, neste período que tenho crises de depressão.

Quando chega maio, me animo um pouco. Pois é o mês das noivas e das mães. Nesta época vários noivos casam-se e cumprem algumas promessas que fizeram na minha entrada em suas vidas. Também, neste período, as criaturas presenteiam as suas mães. Por isto eu ofereço regalos a minha genitora que chama-se Esperança.

Já em junho e em julho chegam as festas juninas trazendo um pouco de felicidade para minha alma. Porém esta alegria é destruída pelo inverno que mata muita gente.

No momento em que agosto aparece, sinto que os humanos possuem um certo preconceito com este mês. Assim entro em depressão novamente.

Quando setembro aproxima-se vejo que as flores desabrocham e a magia do romance baila no ar. Por um instante minha tristeza desaparece e volto a sorrir. Desta maneira me transformo em um adolescente na primavera da vida.

De repente chega outubro acompanhado do Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida. Deste jeito dou pulos de emoção.

Já em novembro vem o Dia de Finados com seus momentos de reflexões profundas, que me fazem sentir no céu ao lado dos anjos. Então transformo-me num menino rezando pelos seus entes queridos.

No mês de dezembro o Natal e o verão surgem abraçados. Um clima de confraternização enfeita a atmosfera. Por isto viro um bebê recém nascido prestes a dar o meu lugar a um ano novo com o corpo de um idoso vivido e experiente, que vai mês a mês ficando cada vez mais jovem até virar um neném e entrar no útero das lembranças dos humanos ajudando a elaborar idéias e reflexões.

Atenciosamente,

Senhor Ano Novo.



Luciana do Rocio Mallon