segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Tema da semana: Aprendi na escola da vida

Pegada premente




- Tati, posso perguntar uma coisa prá você?
- Claro, Will...
- Beijar sua boca é tão bom quanto eu imagino que seja?

Há duas semanas, William jamais imaginaria que faria esta pergunta à Tatiana, sua colega de mestrado. Achava-a arrogante e meio metida à sabe-tudo. Tratava-a bem, somente por uma questão de educação, e chegou a comentar com um amigo: “Ela é bem legalzinha, mas não é o tipo de pessoa a quem eu convidaria para fazer um happy hour, em um barzinho.”
Mordeu a língua, segundo suas próprias palavras. A companhia da colega estava tão agradável, que surpreendentemente, o happy hour após a aula de “Estratégias de Rede de Negócios”, acabou se estendendo até altas horas da noite. O tempo passou voando... Oito horas pareciam oito minutos e, repentinamente, no meio do papo acadêmico, ele teve uma vontade louca de beijá-la. Surpreendeu-se com seu desejo e com o fato de estar se sentindo tão à vontade em sua companhia.

- O quê ? – Tati estava chocada com a declaração escrachada do colega.
- É que eu imagino que sua boca seja muito gostosa de beijar.
- Hahahaha! Não, Will... Não é. É muito melhor do que você imagina.

Tati nunca se interessou pelo colega. Ao contrário dele, não tinha nenhuma imagem negativa a seu respeito, mas sabia que ele tinha restrições a respeito dela. Ela sentia. Sexto sentido feminino, sabe como é. Achava-o espirituoso, inteligente e divertido. Ele fazia o gênero mal-humorado, mas quando as aulas ingressavam em alguma discussão mais inflamada, era Will quem apaziguava o clima na turma. Mas era só isso, não tinha nenhum tipo de atração física por ele e jamais imaginaria que ele pudesse fazer uma pergunta tão ousada, em meio a um papo tão sério.
Para evitar um constrangimento maior, resolveu responder ao colega em tom de brincadeira, que ele não poderia imaginar o gosto de sua boca. O efeito foi totalmente o oposto: ao invés de quebrar o clima, colocou lenha na fogueira. O barzinho escolhido possuía um terraço super agradável, de onde podiam enxergar as árvores de um parque e onde sentiam a brisa característica dos finais de tarde de verão.
Sem sucesso nenhum, tentaram retomar o assunto a respeito das aulas, a tese no final do ano, a experiência dos professores; mas volta e meia, a vontade voltava.
Há duas semanas, um não era “o número” do outro, não se curtiam, não tinham absolutamente nada em comum. Agora, no happy hour que durava oito horas, descobriam que tinha muito mais coisas em comum do que imaginavam.
Decidiram ir embora. “Já estava ficando tarde”, justificou Tatiana.
Pagaram a conta e Will acompanhou-a até o carro.

- Curti pacas tua companhia esta noite e estou muito feliz de ter podido te conhecer melhor.
- Eu também, Will. Me diverti muito ao teu lado e espero que a partir de agora, possamos ser bons amigos.
- É. Também espero.
Encostado no carro da nova amiga, Will agarrou Tati pela cintura, puxou-a contra seu corpo e beijou-a.
Aquele beijo gostoso, com gosto de final de tarde no parque, que deixa a gente mais leve e nos ensina que nem sempre a primeira impressão é a que fica.


Karime Abrão

6 comentários:

Anônimo disse...

Eu costumo dizer é que "a primeira impressão é a que engana". ;-)
Mas a lição é essa mesmo, bem fez o cara.
Beijo, Ka.

Mario

Karime disse...

Pois é, Mario... às vezes é preciso mais tempo para conhecer as pessoas como elas realmente são. O que vale é dar o braço a torcer, admitir o pré-julgamento e se permitir conhecer as pessoas a fundo.
Beijo

PS: ao contrário da maior parte dos meus textos, essa eu não vivi.Infelizmente.

Bugai Jr. disse...

Muito bom Ka!!
Rsrs concordo com o Mario, "a primeira impressão é a que engana"...
Acho que o ser humano tem o dom de nos surpreender ;)e o tempo revela pessoas mesmo!

Beijos

Anônimo disse...

Ká,

Todos nós temos essa mania de ficar somente com a primeira impressão, às vezes não nos permitimos! A partir do momento que deixamos acontecer a gente conhece a pessoa além daquilo que imaginanos que seria. E é assim que a gente aprende a fazer novas descobertas!E descobrir algo novo...é MUITO BOMM!


Beijos

Bia!

Karime disse...

Gurias, beijo, beijo!
Obrigada pela participação...

Anônimo disse...

Muito bacana,

Este cara deve ser muito interessante....
Primeiro porque soube assumir o erro sem medo, depois pela atitude de se expor desta forma tambem sem medo....

Bacana ver como algumas pessoas agem sem se preocupar com o tal "juizo"...
Deviamos todos ser um pouco assim ...

Otima historia, Parabens