quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Um Pulo No Inferno



Textos de Boteco apresenta: Cara, eu quero ser advogado do diabo!
Onde eu trabalho? Eu trabalho em lugar nenhum! Acho que seria ótimo trabalhar no inferno. É, vocês leram bem: no inferno. Por que? Ora, pergunta retórica se me conhecessem. Mas como não me conhecem vou lhes explicar a minha lógica funcional.
Trabalhar no inferno seria hiper, ultra, mega legal. Lá não existem regras, podemos passar a perna em quem quisermos, usar palavras que ninguém mais entende confundindo todos, causando balburdia, além da possibilidade de culpar os outros por algo que nos caberia executar e ainda por cima sermos canalhas sem nos sentirmos culpados. Quer coisa melhor?
Outra coisa legal é a comida do inferno! Veja que deleite:
O cardápio local é bem “massa”: os petit fours de hipocrisia são servidos no café da manhã, regados a sucos de sacanagens do tipo “culpe o outro pelo seu erro” ou então “se errou, esconda todas as provas”. Ao meio dia o “arrego” é maior: no almoço, como entrada, uma sopa de avareza acompanhada pelo pão da inveja. Costeletas de cordeiro, que nos lembrariam todos a quem ferramos e enganamos, aqueles por cima de quem passamos o tempo todo, acompanhadas de batatas sauté de maldades e regada ao molho de alfinetadas. Para finalizar este banquete, a sobremesa: manjar dos diabos, docemente elaborado com luxúria e maus pensamentos. Para o coffee-break bombocados de egoísmo, beijinhos de traição, brigadeiros de fuxicos com chás de apelidos e comentários maldosos, além do café de defeitos alheios. Para o jantar a gula imperaria, e estando a maldição presente a mesa, não poderia faltar a galinha cabidela da ira, o churrasco da soberba, a salada da preguiça e o vinho da vaidade. Ufa! Acabou.
Ah! Em algum ponto eu mencionei trabalho, bem vejamos: Surpresa! Não existiria horário de trabalho, penduraríamos o paletó na cadeira e iríamos para a sala de reuniões beber champanhe no gargalo e dançar na mesa do chefe.
Bem, deixe-me lembrar: o que me levou a tudo isso mesmo? Ah, sim, claro o papel de advogado do diabo cujas palavras não perderíamos a oportunidade de utilização sem nenhum óbice, causando desarrazoamento e aduzindo as pessoas com denegação. Pugnando em prol da desavença e da maldade com esbulho. Laborando maneiras de causar uma litispendência junto a irmãos, nuncupativando aos quatro ventos as desavenças, preclusando o litisconsorte inocente e desavisado. Oficiando-se junto ao egrégio, causando ao impetrante com sua substancialidade e insurgência o acostamento da coatora dos atos de maldade, instaurados com sucesso e grande fulcro. Gostou? Ser advogado do diabo é “the best”, é fashion, causa status e está com tudo.
Aliás, uma das minhas amigas que é advogada já está lendo a Bíblia para, como “boa” advogada que é, achar brechas na Lei Divina! Assim, poderemos cometer deslizes e dizer o que realmente queremos dizer sem dizer o que realmente queremos!

Texto: Kate Jones
Revisão: Angelica Carvalho

3 comentários:

Karime disse...

"Litispendência"? "Nuncupativando" ? "Litisconsorte" ? Mas tu tem puxou, hein, bisca!!
Me gusta la idea de beber champas no gargalo e dançar na mesa do chefe!
Ai, que delícia! hahahahaha
Tu é muito louca ! Cacete!
Chega logo!ki
Beijos!

absolutsubzero disse...

kate

você ia se decepcionar muito com a visão de inferno do Sin Noticias de Dios de Agustín Díaz Yanes. Tudo bem que o chefão diabo é Gael Garcia Bernal, mas o inferno é totalmente moldado para ser um local para se arrepender dos seus pecados aqui. se na terra você era um gangster, no inferno você vai ser uma mulher gostosa que serve na cafeteria e tem que ouvir as cantadas de sujeitos que se parecem mais caminhoneiros e um quase estupro.

a descrição que você deu do inferno me lembra muito mais a nossa Brasília ;). e te gente que acha aquilo um paraíso para se morar. credo.

texto divertido

beijos
daniela

Anônimo disse...

Meninas, adorei seus comentários. Olha Karime não foi facil reunir todas estas palavras advocatícias mas foi muito legal.
Daniela não imaginei Brasilia nesta descrição mais achei, agora que vc mencionou, muito parecida. Bjs meninas... Kate