segunda-feira, 30 de junho de 2008

Tema da Semana: Voyerismo



De voyer todo mundo tem um pouco!

Ahhh lembrei do filme Sex and the City da cena onde a Samantha fica se deliciando com o seu lindo vizinho tirando sua roupinha de neoprene, tomando banho, transando com uma, duas mulheres... ela encarou uma excelente voyer!
Adorei as cenas!

Todo mundo tem o seu lado voyer, não tem?

Lembro quando era adolescente adorava assistir os filmes sensuais...
Clássicos como Delta de Vênus, Lua de Fel... uhhh

Bem o voyerismo me acompanha...
Adoro ficar observando as pessoas, adoro moda e imaginem em 5 segundos consigo fazer um diagnóstico completo rs
Como as pessoas se vestem, como se comportam, corte do cabelo, maquiagem, unhas, sapatos, bolsas... adoro observar tudo!

Mas quando não dá para olhar, também é bom ouvir...
Faz algum tempo estava em um motel e advinha nossos vizinhos estavam fazendo sua festinha particular... que sinfônia... claro que não é uma coisa muito fora do normal em um motel, mas foi uma experiência bem interessante... como não dá pra reclamar entramos no clima e foi um festival inesquecível rsss

De voyer todo mundo tem pouco...
Adoro ver os casais apaixonados... dançando juntinho... ahh que romântico!
Mmas nem sempre o voyer é romântico... tem gente que curte ver e ouvir as brigas dos vizinhos, e aquela crise de ciúme: a garota rodando a bahiana na frente de todo mundo, as brigas de criança... O voyer que adora colar a prova do colega da frente ou do lado... O voyer fofoqueiro...

Nós somos voyer de nós mesmo, que mulher não adora um espelho?
Enfim de voyer todo mundo tem o pouco!


By Aletéia Ferreira (Ale)

domingo, 29 de junho de 2008

Viagem outdoor



Você quer explorar esse mundo velho sem porteira. Então faz o que: compra aquela revista de turismo que ostenta resorts, restaurantes e passeios perfeitinhos demais para ser verdade. Destinos não recomendados, isso não aparece nunca. Então, aqui vai uma relação de viagens indicadas e não indicadas feitas não por quem é jornalista, mas sim por quem esteve de fato nos lugares citados, sem usufruir das regalias do povo da imprensa especializada, como turista e cidadão comum. A lista tem outro ponto importante: ao contrário do período de verão em que todo mundo pensa em viajar sozinho para pegação, no inverno o mais conveniente é ir a dois, sendo esta também a tônica das menções deste post.

Em resumo: algumas leitoras e leitores do blog foram indagadas(os) sobre quais destinos indicariam e não indicariam para uma viagem a dois. Claro que também foi solicitado que expusessem os motivos das indicações. Para cada um dos lugares citados foi adicionado um link que permite obter mais informações e acessar fotos. Agora é prestar atenção às dicas, programar as férias de julho e se cuidar para não amarrar o bode nos logradouros apontados como pouco propícios ao clima de romance. Alguns comentários são engraçados e algumas opiniões certamente gerarão polêmica, mas faz parte do espírito do blog. Eis os mais de 50 destinos citados.

· Indico: Praia do Belo na Ilha do Mel / Paraná
Porque: tem cenário tranqüilo e uma pequena cascata que deságua paixões.
http://www.ilhadomelonline.com.br/
· Não indico: Minas Gerais fora de temporada
Porque: sempre falta pão de queijo.
http://www.idasbrasil.com.br/

Caio Romani, estudante de cinema

...

· Indico: Resorts de Rio Quente / Goiás
Porque: é um lugar maravilhoso e "quente".
http://www.rioquenteresorts.com.br/home/home.asp
· Não indico: Camboriú / Santa Catarina
Porque: lá tem muito argentino.
http://www.secturbc.com.br/

Edna Moura, enfermeira

...

· Indico: Paris / França
Porque: a cidade é linda, tem clima de romance e cultura.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/europa/franca-paris.shtml
· Não indico: Parauapebas / Pará
Porque: o nome é engraçado.
http://www.achetudoeregiao.com.br/pa/parauapebas.htm

Madian Coelho, arquiteta

...

· Indico: Ilha de Itaparica / Bahia
Porque: tem praias desertas lindíssimas.
http://www.itaparica.ba.gov.br/
· Não indico: São Paulo / São Paulo
Porque: poluição demais, trânsito demais, caos demais, romance de menos.
http://www.cidadedesaopaulo.com/

Camila Souza, estudante de jornalismo

...

· Indico: Morretes / Paraná
Porque: tem barreado, Nhundiaquara e um cenário apaixonante.
http://www.morretes.com/
· Não indico: Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Porque: vai que um garoto zona sul surrrfissssta ganha minha mulherrr.
http://www.terra.com.br/turismo/roteiros/2001/10/19/018.htm

Claudio Bettega, poeta e ator

...

· Indico: Ilha de Superagui / Paraná
Porque: é paradisíaca, tem lugares desertos e escondidinhos.
http://www.naventura.com.br/Turismo/PaginasPrincipais/IlhaSuperagui.html
· Não indico: Ipanema / Paraná
Porque: a praia é feia e não tem o que fazer nem de noite nem de dia.
http://www.pontaldoparana.com.br/turismo.htm

Xenia Leinig, atendimento de produtora de desenho animado

...

· Indico: Vale do Colchagua / Chile
Porque: é cheio de vinícolas, pousadas, belas paisagens e clima sensual.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=497367
· Não indico: Disneylândia / EUA
Porque: deve-se esquecer o romance e aproveitar os brinquedos e o Mickey.
http://www.revistaturismo.com.br/passeios/disney.htm

Marcel Talamini, estudante de publicidade e cigano

...

· Indico: Praia de Canoa Quebrada em Fortaleza / Ceará
Porque: tem um mar lindíssimo e dá pra ver do alto toda a obra do Criador.
http://www.portalcanoaquebrada.com.br/
· Não indico: Salvador / Bahia
Porque: comem acarajé e abará mas não jogam os restos no lixo.
http://pt.trekearth.com/gallery/Africa/Ethiopia/

Adriene Rodrigues, auxiliar de contabilidade

...

· Indico: Bombinhas / Santa Catarina
Porque: pouca roupa e lá só tem gente bonita, incluindo eu, claro.
http://www.guiasantacatarina.com.br/bombinhas/
· Não indico: Iguape / São Paulo
Porque: que adianta ter praia se faz tempo ruim? Se for, leve um baralho.
http://www.ferias.tur.br/fotos/9210/iguape-sp.html

Juliana Schmitz, modelo, dançarina e profissional da área de finanças

...

· Indico: São José do Rio Preto / São Paulo
Porque: é aconchegante, perto da natureza e tem uma comida maravilhosa.
http://www.ferias.tur.br/fotos/9659/sao-jose-do-rio-preto-sp.html
· Não indico: Recife / Pernambuco
Porque: é uma zona, tem prostituição infantil e muita fome e miséria
http://www.guiapernambuco.com.br/mapadosite.shtml

Lizie Capello, designer

...

· Indico: Praia da Guarita em Torres / Rio Grande do Sul
Porque: é legal, isolada, cercada de pedras.
http://www.guiatorres.com.br/?url=102
· Não indico: Almirante Tamandaré / Paraná
Porque: é horrível.
http://www.ferias.tur.br/localidade/5746/almirante-tamandare-pr.html

Valéria Gomes, gerente administrativa

...

· Indico: Santiago / Chile
Porque: é tudo lindo, uma viagem diferente.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u5150.shtml
· Não indico: Punta Del Leste / Uruguai
Porque: o lugar é sem graça, nem a praia é bonita.
http://viajeaqui.abril.com.br/indices/boasvindas/mt_boasvindas_cidades_229540.shtml
Luciano Berutti, diretor de empresa de animação

...

· Indico: Poços de Caldas / Minas Gerais
Porque: é gostoso no friozinho e tem um chocolate quente de R$ 20,00.
http://www.viagempocos.hpg.com.br/pocos_de_caldas.htm
· Não indico: Cubatão / São Paulo
Porque: o motivo é óbvio, aquela poluição toda.
http://www.cubatao.sp.gov.br/

César Queiros, motoristas

...

· Indico: Florianópolis / Santa Catarina
Porque: tem gente linda e praias lindas, é apaixonante.
http://www.guiafloripa.com.br/turismo/
· Não indico: Natal / Rio Grande do Norte
Porque: tudo que é romântico, exótico ou belo transformaram em comércio.
http://www.natal-brazil.com/portugues/

Luanna Luna, professora

...

· Indico: Buenos Aires / Argentina
Porque: é elegante, romântica e tem bairros temáticos inesquecíveis.
http://www.revistaturismo.com.br/Dicasdeviagem/buenosaires.html
· Não indico: Foz do Iguaçu / Paraná
Porque: as pessoas só pensam em Paraguai, compras... e daí?!
http://turismo.terra.com.br/ecoturismo/interna/0,,OI198621-EI1737,00.html

Cristiane Machado, consultora de viagens

...

· Indico: Blumenau / Santa Catarina
Porque: tem pousadas com paisagens perfeitas para o frio.
http://www.brasilcontact.com/destinies/santaCatarina/br_blumenau.html
· Não indico: Curitiba (no carnaval) / Paraná
Porque: é um marasmo para quem está à procura de agito.
http://www.viaje.curitiba.pr.gov.br/

Max Olsen, ator e produtor

...

· Indico: Fernando de Noronha / Pernambuco
Porque: o lugar é lindo e dá uma paz de espírito maravilhosa.
http://www.noronha.com.br/turismo.htm
· Não indico: Guaratuba / Paraná
Porque: a praia é uma merda, literalmente.
http://www.explorevale.com.br/litoraldoparana/guaratuba/index.htm

Cristiano Kunitake, ator e karateca

...

· Indico: Timbó / Santa Catarina
Porque: tem um hotelzinho que é o lugar mais romântico em que já fui.
http://www.brasilcontact.com/destinies/santaCatarina/br_timbo.html
· Não indico: Porto Seguro / Bahia
Porque: é muita festa, muita cassação, muita zona mesmo.
http://www.braziltour.com/site/br/cidades/materia.php?estados=5&id_cidade=1056&regioes=4

Luciane Osowski, agente de viagens

...

· Indico: Garopaba / Santa Catarina
Porque: praia linda e próxima a outras, como Ferrugem e Guarda do Embaú.
http://www.sc.gov.br/portalturismo/Default.asp?CodMunicipio=3&Pag=3
· Não indico: Caiobá / Paraná
Porque: a praia é malaria geral, andar acompanhado é se incomodar.
http://www.caioba.com/

Raphael Bittencourt, fotógrafo

...

· Indico: Porto de Galinhas / Pernambuco
Porque: o lugar é afrodisíaco demais, tem de estar acompanhada.
http://www.porto.de.galinhas.tur.br/turismo/porto_de_galinhas_turismo.htm
· Não indico: Ilha Grande em Angra dos Reis / Rio de Janeiro
Porque: muita coisa pode acontecer se você estiver sozinha...
http://www.braziltour.com/site/br/cidades/materia.php?id_cidade=7277&regioes=1&estados=19

Diana Figura, atriz

...

· Indico: Praia Ponta dos Ganchos em Governador Celso Ramos / Santa Catarina
Porque: tudo é feito para exaltar o romantismo, da paisagem à comida.
http://www.litoraldesantacatarina.com/governadorcelsoramos/fotos-de-governador-celso-ramos.php
· Não indico: Ibiza / Espanha
Porque: tem muita mulher bonita e a concorrência é pesada.
http://www.ci.com.br/site/editorialviagem/guiamundo_especialcidades.php?cidade_id=38524

Fernanda Ribas, jornalista

...

· Indico: Brasília / Distrito Federal
Porque: tem muito gramado pra deitar a dois e apreciar o céu lindo de lá.
http://www.brasiliaturismo.com.br/
· Não indico: Chapecó / Santa Catarina
Porque: porque é um lugar feio da porra, uma merda.
http://www.radarsul.com.br/chapeco/

Ícaro Calafange, elétrica e maquinaria de produções audiovisuais

...

· Indico: Alto Paraíso / Goiás
Porque: é o lugar mais irado que eu conheço, os cristais brotam do chão.
http://www.revistaturismo.com.br/Dicasdeviagem/altoparaiso.htm
· Não indico: Guarapuava / Paraná
Porque: tem muita gente feia e nada pra fazer.
http://www.jornalsur.com/turismo.cfm?id=8021&idestaque=10238

Mari Zanicoti, produtora

...

· Indico: São Joaquim / Santa Catarina

Porque: muita natureza com direito a rodízio de fondue. http://www.sc.gov.br/portalturismo/Default.asp?CodMunicipio=110&Pag=1
· Não indico: Beto Carrero World / Santa Catarina

Porque: tem de ir com criança porque só tem dois brinquedos para adultos. http://www.betocarrero.com.br/betoCarreroWorld/servicos/index.asp

Aletéia Ferreira, consultora de marketing e moda

...

· Indico: Praia do Rosa / Santa Catarina
Porque: tem sol e natureza que afloram nossos instintos.
http://www.praiadorosa.tur.br/baleias/turismoavistamento.htm
· Não indico: Assunção / Paraguai
Porque: é sujo, feio e cheira a capitalismo selvagem.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u4954.shtml

Verônica Pacheco, assessora de imprensa

...

· Indico: Doutor Pedrinho / Santa Catarina
Porque: é um lugar super romântico e bonitinho.
http://doutorpedrinho.sc.gov.br/acidade.php
· Não indico: Saltinho / Paraná
Porque: só tem gente feia e uma água que chega a ser grudenta, que nojo.
Website não localizado

Josy Vieira, professora e jornalista

...

· Indico: Cote D’Azur / França
Porque: se o “a dois” virar “a um” vai ter muita mulher de topless ao redor.
http://pages.prodigy.net/arlete.guto/france.htm
· Não indico: Belém / Pará
Porque: é capital da “bréa”, você encosta na pessoa e o suor gruda vocês.
http://www.colorfotos.com.br/amazonia/belem2.htm

Mario Lopes, roteirista, professor e redator

Quem quiser dar mais dicas de onde ir ou não ir, ou quiser confirmar ou discordar dos destinos apontados, que o faça na área de comentários. Só peguem leve porque dizem que já tem prefeituras querendo caçar o alvará deste blog...


Mario Lopes

sábado, 28 de junho de 2008

Era uma vez..

A história é sobre uma amiga de uma amiga minha que morria de medo de fortes emoções. Num certo dia ela estava trabalhando tediosa quando um amigo ligou e disse: estou indo com uma galera para a Ilha do Mel, vamos?
- Está frio. Quem vai?
- Nossa, uma galera da minha faculdade!! Tem duas meninas que você já viu o resto é tudo homem que faz engenharia comigo. Vais ser divertido e vamos passar o fim de semana em uma pousada bem barata, vamos?
- Ah não sei..não conheço ninguém,nunca fui para a Ilha do Mel pois sempre ouvi que é lugar de drogada e a água é muito gelada.
- ok, se mudar de idéia me avise. Vamos hoje a noite...

E no fim da manhã eu, quer dizer a amiga da minha amiga, decidiu fazer uma loucura. Ela pegou o telefone e discou para o amigo.
- Oi, mudei de idéia. Tem lugar pra mim?
- tem sim!
- Estou indo em casa fazer minha mala pode me pegar no trabalho? Saio às 18h?
- pego sim, até daqui a pouco!!
Eufórica a amiga da minha amiga (rs) foi para casa e montou sua mala. Colocou tudo que podia: vestidos, calça jeans, bermuda, biquíni (dois modelitos), saia, um moletom, chinelo, uma mega e linda sandália de salto 15 e uma botinha básica. A pobre, que não tinha carro na época teve que carregar aquela imensa mala (para um fim de semana) 7 quadras, já que a parada do ônibus era um pouco longe do trabalho.
O dia passou rápido e a moça estava ansiosa para a viagem ao local desconhecido. No horário marcado o amigo aparece na portaria da empresa. A mala, por ser muito pesada, estava na guarita do gentil guarda que trabalhava no local, já que a sala de nossa amiga era no segundo andar. Quando desci..quando ela desceu – a amiga da minha amiga – e cumprimentou o amigo e as outras integrantes do carro (duas mulheres. Ou seja, no carro estavam as 3 únicas mulheres do evento) ela deu uma leve olhada na bagagem das moças. A olhada já fez com que ela descobrisse que estava totalmente fora da casinha e exclamou:
- Nossa, estou com vergonha de mostrar a minha mala. Acho que ela é muito grande!
- uma delas disse: que nada, não pode ser pior que a minha.
Com vergonha ela foi buscar a mala. Quando o amigo viu ele quase deitou no chão de tanto rir e disse: vocês mulheres..duas com uma mega mala de viagem para um fim de semana que nem eu consigo carregar e a outra com uma mala de rodinha! Que bom que a de rodinha não era minha..quer dizer, da nossa personagem.
Com salgadinhos, bolachas e as malas seguimos rumo ao litoral paranaense. Já era noite e nos perdemos pelo caminho. Meu amigo parou num posto da guarda e perguntou qual era o caminho. O policial disse: pode seguir reto mas como não tem mais barca para a Ilha nesta hora aconselho a dormirem numa pousada perto da entrada. Assim que o carro arrancou a moça (que vocês já descobriram que não é uma amiga de amiga minha) desesperada disse: como não tem barca? Vamos dormir onde? O QUE VAI ACONTECER???
Rindo dois tripulantes do carro falaram em coro: relaxe, nós temos como entrar! Você vai ver. Eles não responderam mais nada mas as risadas eram assustadoras...

A CHEGADA

Assim que o carro estacionou uma ligação foi feita. Dentro de alguns minutos falaram: olha lá o nosso meio de transporte! Vi um barco grande e disse é esse? A resposta foi contrária. Não, não e muitos risos..o nosso barco é aquela luzinha lá longe.
Foi desesperador! Quando o negócio parou deu para ver muito bem. Era uma voadeira de pescador, bem pequena e sujinha. Como não tinha volta fui obrigada a sentar naquele negócio. Assim que sentei (é fui eu!) a bunda gelou e ficou suja com uma mistura de barro e peixe podre. ECA!! Pensei que isso ia ser a maior emoção da viagem mas teve outras. Estava completamente escuro e não enxergávamos o mar, parecia que tudo era uma coisa só, o céu. O barquinho fedido ia em alta velocidade e eu estava com tanto medo que finquei minhas unhas na perna do meu amigo. Foi o momento que mais senti medo na vida pois não sei nadar e peixe não precisa de salva-vidas né?
Passado o susto chegamos em terra firme e fomos a pousada dormir. No outro dia, pela manhã, chegou o resto da turma (só de homens). Risadas, música, luau e cervejas embalaram o fim de semana mais emocionante da minha vida. Afinal, foi lá que perdi um pouco do medo de aventuras- depois disso já fiz viagem de 5 horas de moto, conheci muitas cachoeiras e locais totalmente arriscados (rs), fiquei um fim de semana em uma fazenda cheia de enormes bichinhos – e, foi o lugar que conheci o amor da minha vida! Hoje, amo a Ilha do Mel e descobri que lá salto alto não tem vez!

Josiany Vieira

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Viagem indoor
Cocoon Style. Não é de hoje que os marqueteiros, com suas previsões de fundo rentável, vêm antevendo que as pessoas mais e mais vão ficar confinadas em seus lares para vivenciar experiências em segurança, ao invés de se arriscar em uma rodovia esburacada ou em um pub com festa estranha e gente esquisita. Bem-vindo ao cocoon way of life. Com o advento dos home-theatre, das TVs de plasma, dos zilhões de canais digitais e dos disk-pizza, disk-isso, disk-aquilo, vai ficar cada vez mais sedutor tirar o edredon do armário em detrimento de fazer as malas e fugir para aquele destino que pode ser inóspito, oneroso ou sem graça. Se você não pode ou não é a fim de se jogar no mundo, mas curte saber como é caminhar por uma kasbah movimentada ou conhecer o jeito de viver de um cidadão em Kuala Lampur na Malásia, levante as mãos para o céu, empunhe o controle remoto e se atraque naquele telefone sem fio. Sua era chegou.

Aqui estão mais de 50 “destinos” que você pode fazer sem sair de casa. Basta acionar o PC, o DVD player, o aparelho de som, o fogão e a carteirinha da biblioteca (existem serviços para pegar e devolver seu livro por moto-boy). Sim, é possível girar o mundo entre quatro paredes. Sente na poltrona, afrouxe o cinto e boa viagem.

Filmes

Road-movie é o perfeito espírito da viagem (por motivos óbvios) e a metáfora absoluta da existência humana. Portanto, aqui vai uma lista com aqueles que são provavelmente os dez mais importantes filmes de estrada de todos os tempos.

Sem Destino
Clássico, pioneiro. Praticamente o ponto de partida dos road-movies (não foi o primeiro, mas foi o mais marcante). Dirigido por Dennis Hopper, é um libelo da cultura beatnik.
http://www.cineplayers.com/filme.php?id=470

Paris Texas
Pai e filho voltando às suas origens, no sentido literal e no figurado. Harry Dean Stanton buscando Nastassja Kinski ao som da guitarra melancólica de Ry Cooder. Inebriante.
http://blog.uncovering.org/archives/2005/05/os_filmes_da_mi_1.html

Thelma & Louise
Um panfletário e libertário manifesto feminista. Deu a Callie Khouri o Oscar de Melhor Roteiro. Um Thunderbird 1966, duas mulheres e o mundo a (re)conquistar.
http://www.adorocinema.com/filmes/thelma-e-louise/thelma-e-louise.asp

Coração Selvagem
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Nicolas Cage viola sua condicional e pega a estrada com muito rock, bizarrices e... O Mágico De Oz. É de esfolar o coração no asfalto.
http://museudocinema.blogspot.com/2006/08/corao-selvagem.html

Transamérica
Transexualidade tratada de uma forma humana como nunca se viu no cinema. Relações familiares e falsa moral pegam carona. É para quem quer viajar nos próprios conceitos.
http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/cadernog/conteudo.phtml?id=582996

A Encruzilhada
Ralph Macchio cruza os States com um guru do blues em busca da sonoridade perfeita. Chega ao inferno e trava com Steve Vai o maior duelo de guitarras do cinema. De pedir bis.
http://www.youtube.com/watch?v=3Jjo9icfcMw

Estrada Para Perdição
Uma história de gangsters e paternidade baseada em uma HQ. Sensível e ao mesmo tempo visceral. O destino reserva um dos finais mais angustiantes já vistos na telona.
http://www.moviemago.com/home/filmes_view.php?id=2979

Sideways
Não se sabe se o filme beneficiou a indústria automobilística, mas as vinícolas se deram bem. Oscar de Roteiro Adaptado. Aqui, volante e bebida se misturam.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/noticias/ult338u4940.shtml

Duets
Vários artistas amadores indo para um concurso de karaokê. Acredite, vale mais que show de muito rock star por aí. A trilha é cantada pelos próprios atores, e matam a pau.
http://www.mp3mp4mp5players.net/portal/trilha-sonora-do-filme-duets.html

Central Do Brasil
Nosso representante brazuca. Fernanda Montenegro tão vigorosa e emblemática que chegou a concorrer ao Oscar. Uma viagem pelo Brasil que o Brasil não gosta de ver.
http://www.centraldobrasil.com.br/abertu_p.htm


Livros

OK que aquele lance de que "ler é a maior viagem" é o maior clichê. Mas não deixa de ser verdade. Portanto, aqui vão títulos que levam o leitor a destinos distantes e epopéias no universo da imaginação, sendo misturadas aqui obras de ficção e não-ficção.

100 Cidades Que Mudaram A História Do Mundo
(Christianne Beckner)
Para quem quer mais história do que paisagens, onde você pode ver juntas Teerã e Nova York sem nenhum conflito.
http://www.sebodomessias.com.br/loja/(S(cu1t2k2sr32chnybrg1lc4ee))/detalheproduto.aspx?idItem=42823

On The Road
(Jack Kerouak)
Praticamente um diário de bordo, relatando como era ser um “sem destino” nos Estados Unidos da contra-cultura.
http://www.lendo.org/on-the-road-jack-kerouac-pe-na-estrada/

Viaje na Viagem
(Ricardo Freire)
Um guia bem humorado de um cara que diz que torrou sua grana ganha na publicidade em viagens.
http://www.viajenaviagem.com.br/amostra.html

Mil Lugares Para Conhecer Antes De Morrer
(Patrícia Schultz)
Ficou semanas na lista dos mais vendidos do New York Times e é considerado guia imprescindível.
http://viagem.uol.com.br/ultnot/2006/10/19/ult2445u2729.jhtm

O Pêndulo De Foucault
(Umberto Eco)
A trip aqui é em torno do misticismo e de enigmas perturbadores e insondáveis, coisas de um autor genial.
http://livrosparatodos.net/livros-downloads/o-pendulo-de-foucault.html

2001, Uma Odisséia No Espaço
(Arthur C. Clarke)
Uma viagem ao espaço, ao conhecimento e à grande saga da raça humana no cosmos.
http://www.livrosparatodos.net/livros-downloads/2001-odisseia-no-espaco.html

Operação Cavalo De Tróia
(J. J. Benítez)
Provavelmente a mais famosa obra de viagem no tempo de todos os tempos.
http://pt.shvoong.com/books/4296-operação-cavalo-tróia/

A Volta Ao Mundo Em 80 Dias
(Julio Verne)
“20 mil Léguas Submarinas”, “Viagem Ao Centro Da Terra”, “Viagem Ao Redor Da Lua”... Verne não conhecia fronteiras.
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/voltamundo.html

O Turista Acidental
(Anne Tyler)
O filme é mais conhecido, e a obra é ideal para aqueles que não gostam de sair de casa: vão se identificar, e aprender.
http://livrosdamaria.wordpress.com/1990/01/01/o-turista-acidental/

Se A Vida É Um Jogo, Estas São As Regras
(Chérie Carter – Scott)
Uma espécie de guia de bordo para a maior de todas as viagens: a própria vida.
http://www.editoras.com/rocco/022317.htm


Músicas

Aqui estão reunidos músicos e compositores que souberam jogar na coqueteleira o swing de diversas partes do globo. Ou melhor, estão aqui os mais bem sucedidos, porque esta química não é das mais fáceis. Viaje nas ondas sonoras.

Mano Negra
Talvez o grupo musical mais cosmopolita já criado, misturando rock e ritmos do mundo todo, cantados em inglês, francês, árabe, espanhol e até catalão.
http://www.lastfm.com.br/music/Mano+Negra

Air
Dupla francesa intimista e sutil em suas referências, incursionando por vocais soturnos e sussurrados – uma boa amostra é “Universal Traveler”.
http://musica.uol.com.br/pulso/2004/02/13/ult703u90.jhtm

Deep Forest
Novamente dois músicos franceses (isso sim é país inspirador) que misturam world music a eletrônica, em arranjos comerciais mas mesmo assim estimulantes.
http://www.lastfm.pt/music/Deep+Forest

Thievery Corporation
Incrível como em um grupo onde ninguém se considera músico o som é tão bem elaborado e eclético, multicultural e ao mesmo tempo familiar para ouvidos de bom repertório.
http://217.69.40.171/portuguese/events/faithless-thieverycorporation/

Paul Simon
Com “Graceland”, o ex-dupla de Art Garfunkel provou que não era apenas bom compositor como também um corajoso explorador sonoro, mergulhando nas raízes africanas.
http://www.millarch.org/ler.php?id=3168

Amadou et Marian
O casal de Mali descoberto por Manu Chao: são cegos mas têm um ouvido que compensa todos os demais sentidos, e conseguem ser vibrantes e ritmados com estilo contagiante.
http://sacundinbenblog.blogspot.com/2007/09/dom-salvador-dom-salvador.html

Vangelis
O compositor instrumental grego que ficou famoso pelas trilhas de “Carruagens De Fogo” e “Blade Runner”, sendo também o maior baluarte da new age.
http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=vangelis&cat=music

Moby
Antes dele, Djs eram vistos como usurpadores do talento alheio; mas pesquisando a sério sonoridades e canções, Moby tornou dançantes até composições folclóricas.
http://cotonete.clix.pt/ouvir/entrevistas/body.aspx?id=1436&type=8

Sting
Cosmopolita na arte e fora dela, quando saiu do Police defendeu nossos índios e cantou em português e espanhol, flertando com o jazz e com ritmos do mundo todo.
http://portalamazonia.globo.com/amazonasfm/index.php?idN=6885

Brian Eno
Respeitadíssimo e um dos mais influentes produtores musicais de todos os tempos, tendo já trabalhado com David Bowie, John Cale, Laurie Anderson e vários outros.
http://cotonete.clix.pt/quiosque/artistas/home.aspx?id=4399


Culinária

A melhor forma gustativa de viajar é através da carta de vinhos. Mas a grande abrangência de safras, origens, estilos de uvas e etc tornam um top 10 algo que beira o impossível. Então, lá vai a lista de sites para as cozinhas típicas mais famosas dos quatro cantos do planeta.

Francesa
De patês a fondues
http://www.livrodereceitas.com/interna/franca/index.html

Japonesa
Já ouviu falar de sushi de toro?
http://www.portaldosushi.com.br/receita.htm

Portuguesa
Tem até receitas com cabeça de bacalhau
http://www.gastronomias.com/receitas/index.htm

Indiana
Kofta, Jeera e outros nomes esquisitos
http://www.webbusca.com.br/culinaria/cozinha_indiana.htm

Espanhola
Cozidos, flambados e congêneres
http://www.rudgesbc.com.br/culinaria/cozinha_internacional/cozinha_espanhola/cozinha_espanhola.html
Tailandesa
Exotismo light
http://www.muitomaisreceitas.com.br/cozinhas/tailandesa/

Alemã
Joelho de porco e outras partes
http://www.muitomaisreceitas.com.br/cozinhas/alema/

Italiana
Ma Che!
http://www.queroaitalia.com/receitas_de_cozinha_italiana.asp

Chinesa
Nada de cachorro ou escorpião
http://www.muitomaisreceitas.com.br/cozinhas/chinesa/

Vegana
Para quem quer preservar o mundo animal
http://www.eurooscar.com/RECEITAS_VEGETARIANAS_EUROOSCAR/receitas_vegetarianas_eurooscar173.htm

Clips

Essa é para quem quer viagem de tiro curto (leia-se: nada de passar horas vendo filmes, lendo livros ou cozinhando). Em cinco minutinhos dá pra cruzar fronteiras em imagem e som. Ou ainda pirar nas ego trips dos astros.

Virtual Insanity
(Jamiroquai)
Como dizia o nome do álbum, “Tavelling without moviment”
http://www.youtube.com/watch?v=YMMQqE9x6i4

Coffee And TV
(Blur)
A viagem de uma simpatica caixinha de leite
http://www.youtube.com/watch?v=kWUil383us4

Karma Police
(Radiohead)
Pegue carona em um carro sem motorista e piedade
http://www.youtube.com/watch?v=5LeLAELIxKY

Perfect Drug
(Nine Inch Nails)
Uma autêntica bad trip (mas viciante)
http://www.youtube.com/watch?v=5LeLAELIxKY

Tonight, Tonight
(Smashing Pumpkins)
Embarque nesta viagem à lua
http://www.youtube.com/watch?v=EsZYqaSc4cU

The Sweetest Thing
(U2)
Passeie com o Bono enquanto ele se reconcilia com a amada
http://www.youtube.com/watch?v=1wfv3lJs5qE

Dirty Little Thing
(Velvet Revolver)
Pelos trilhos no trem mais insano do rock
http://br.youtube.com/watch?v=9ECT_DFU0lg

Thinking About You
(Norah Jones)
Isso sim é viajar nas idéias
http://br.youtube.com/watch?v=rPvj3pOQpoA

20-19
(Gorilaz)
O bug mais animado do pedaço
http://www.youtube.com/watch?v=j0V72lJdI14

Everybody Wants To Rule The World
(Tears For Fears)
Clássico das “tias fofinhas” com título auto-explicativo
http://www.youtube.com/watch?v=FOA4ixV-3jU


Mas se bater aquela vontade de botar o pé no mundo, entre no site http://www.supersitesdaweb.com/dicas_de_viagens.htm e desça pela barra de rolagem: você encontrará um guia com alguns dos melhores portais da net sobre turismo. Aproveite, porque você já está fazendo uma viagem, apenas ainda não se deu conta de que seu corpo é o veículo.



Mario Lopes

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Viagem para dentro



Pragmática, objetiva, ansiosa, imediatista e racional. Esta é a desaforada que vos fala. Como toda boa atleta, não tenho ginga e sim ritmo. Movimentos matematicamente calculados. Por isso, acredito que a vida me educou sem muita sensibilidade. E hoje sinto falta disso. Cresci apenas dentro do esporte e fiquei assim, seca. Nunca deixei espaço para a arte entrar em mim. E agora, graças às Desaforadas, estou me soltando, me deixando viver. Falo e escrevo palavrões. Falo, faço e escrevo putarias. Afinal existem muito mais coisas a se fazer além de pagar contas. O “viver” é palavra nova no meu dicionário. Há pouco tempo, havia apenas o “sobreviver”.
Fui muito caxias na minha graduação e por isso deixei de fazer amigos. Acreditava na existência do príncipe encantado, por isso deixei muitas boas “comidinhas” passarem batido. Quando adolescente, queria trabalhar em um local que usasse minha cabeça e deixei de aprender a lidar com o público e de ganhar grana em empregos braçais que me surgiram.
Na vida há época para tudo. Pra brincar, jogar truco e sinuca com os colegas de facul. Pra transar enlouquecidamente. Pra trabalhar ralando de baixo. E isso eu só enxergo hoje. Pena! Mas como ainda não inventaram a máquina do tempo, não vou ficar aqui me lamentando com vocês as desventuras que não tenho mais como reverter. Penso que pra frente é que se anda e é nisso que eu devo me ater.
Quando viajo para dentro de mim, tento imaginar o que faço hoje e que daqui a alguns anos poderei me arrepender. E sinto que o importante é fazer, é viver. Por isso, hoje tento rir mais, gozar e sentir o outro como um ser humano na sua essência. Tento usar mais meu tempo com as pessoas queridas que amo, com a natureza, com o deixa disso. Dou-me o direito de, em um dia qualquer, não pensar em nada. E para as responsabilidades que podem ser postergadas, digo: - Passa amanhã.
É difícil! Você não acredita como isso me violenta vez ou outra. É complicado rasgar em mim algo que está inerente. Que me pertence. Algo que hoje eu ignoro, rejeito, descarto, mas que mesmo assim ainda faz parte de mim.
A observação constante das atitudes, dos gestos, das palavras, dos olhares, dos conceitos pode homeopaticamente ser revista e mudada, fazendo com que, em uma nova viagem que futuramente poderei fazer pra dentro, certamente diferente da de hoje, poderei ter orgulho dos momentos que compartilho com os que me cercam.

Verônica Pacheco

quarta-feira, 25 de junho de 2008

As viagens da minha vida



Oh, don't you want to find? Can't you hear this beauty in life? The roads, the highs, breaking up your life Can't you hear this beauty in life? (one day - the verve)

Segundo contam minhas fontes originais, também conhecidos como meus pais..rs meu gosto por viagens deve ter iniciado quando eles foram passar uma temporada no Uruguai e minha mãe estava com 4 ou 5 meses de gravidez dessa que aqui bloga. Mas é fato que viajar sempre fez parte do meu imaginário tanto quanto das minhas práticas.

A primeira delas sempre foi a viagem existencial que as páginas escritas me proporcionavam: jornais, revistas e acima de tudo os livros me ensinavam muito sobre uma variada gama de assuntos que eu só fui vivenciar bem mais adiante, pois é comecei a ler com pouco mais de dois anos e meio e a leitura me tomou de tal forma que modelou e mediou toda minha visão de mundo a partir dai. Além de viajar para lugares desconhecidos a leitura me proporcionava um mergulho em mim mesma, ainda em fase de constituição identitária que tentava compreender o mundo.

A música e o cinema também proporcionaram grandes viagens. Jamais vou esquecer das tardes chuvosas em que me trancava em meu quarto ouvindo o vinil disintegration do the cure e tentando analisar cada letra, esmiuçar cada sonoridade e melodia. Na adolescência temos o tempo e a dimensão exatas para cada viagem. E existem os amigos para garantir que a viagem seja ainda mais atribulada e quase sempre divertida. Os amigos, a música, a literatura e claro, algumas substâncias lícitas e tb as ilícitas, que de alguma forma contribuem para determinadas viagens por paraísos artificiais ou submarinos amarelos. No meu caso, mais especificamente aos melancólicos recantos soturnos de uma alma dilaceradamente romântica submersa em uma capa de frieza e racionalismo quase cartesiano.

Life´s a journey not a destination....

Entre muitos caminhos e estradas sempre cruzamos com pessoas interessantes, e dessas pessoas levamos um pouquinho a frente, afinal o que vale é a jornada e não o ponto final. Em uma de minhas viagens musicais de puro flânerie emocional, ainda muito jovem, encontrei um moço que pensava em termos tão estreitamente parecidos com os meus - um mundo de notas infinitas e possibilidades de acordes - que a convivência parecia impossível, afinal almas assim só existem na ficção. Por medo abandonei o caminho sem nem dar a partida. Mais adiante nos desencontramos e re-encontramos entre viagens e desconexões reais, móveis ou no ciberespaço. A viagem que nunca foi talvez fosse das mais intrigantes... mas não sei e jamais saberei pois acho que joguei a passagem fora...rs

Um pouco mais velha, numa roadtrip à praia detonei um coração puro que me encantava e conheci o fogo de uma paixão alucinante que me deixou sozinha a contemplar o horizonte... Em um outro momento, parecia ter encontrado estrada de tijolos amarelos, aquela que reluzia no mágico de oz e do qual elton john se despede em goodbye yellow brick road. No caso, o arco-íris ao final não me conduzia ao pote de ouro com os leprechauns mas sim à um mês de puro romance em Paris, a capital do amor e das luzes em uma viagem de pseudo-lua-de-mel de um casamento que nunca chegou a acontecer. Juras de amor entre o Pére Lachaise e a Sacre Couer.... E houveram mais e mais viagens animadas assim por mais de quatro anos, just like a heaven, uma hora eu estava em são paulo, outra em gramado, outra anywhere.... Mas fui feliz apesar dos pesares e, dessas viagens restam traços materiais que corroboram a memória fotográfica, quando ainda tínhamos o hábito de revelá-las e não de armazená-las ad infinitum na visibilidades hedonistas dos fóruns digitais.

E porque nem todas as viagens são felizes e perfeitas que anos depois disso me embrenhei amargando uma depressão a uma terra de barro vermelho na qual minha memória se esforça para lembrar algo além da tristeza, da saudade e do excesso de álcool e remédios que preenchiam minha alma naqueles tempos desoladores nos quais esqueci até meu nome e conspirei contra pessoas "de bem". Quando se erra na escolha de um determinado destino ou quando se foge de um "destino" não devemos viajar. Essa é uma máxima que carrego nas minhas malas desde então.

Depois destes tempos sombrios, flanei em viagens ansiosamente filosóficas, curiosidades histórico-políticas e pré-disposições ainda juvenis "I want it to be perfect like before" me lembrava bob smith. Em uma de minhas incursões, a idéia de que talvez eu não precisasse me deslocar tão longe para viver o que eu precisava, mas apenas deveria me despir de pré-conceitos e noções consensuais que ainda teimavam em me incomodar.. foi assim que embarquei na viagem do relacionamento estável, um país que eu ainda não vislumbrara até aquele momento.

Depois desse tempo, somente viagens pré-estabelecidas e metódicas, mas não menos enriquecedoras como sete meses de mergulho e vivência na cultura alternativa da nova inglaterra no qual vivi a potência do meu próprio ser, andanças pela espanha medieval e fronteiriça e os eternos nightclubs paulistanos.

E hoje? Muitas viagens ou deslocamentos de trabalho e pouco ou quase nada de tempo para viagens existenciais, exceto em poucos momentos psicanalíticos ou na companhia de alguns dos meus melhores amigos. Por sinal, um deles e que egoistamente assumo, me faz muita falta, deixou os vagões dessa viagem carnal que é a vida mesma, há quase três anos, mesmo assim ainda mantenho o assento VIP na primeira classe pra ele.

Recentemente precisei fazer uma viagem que todo mundo sabe que terá que fazer mas não a deseja mesmo assim: retornei à terra natal para o velório de meu irmão do meio. O trajeto de quase uma hora do avião foi tomado por imagens, sons, cheiros de uma infância familiar e tradicionalmente suburbana, mas que me causou uma espécie de comoção e reflexão que há anos eu não fazia.

E agora, provavelmente enquanto vocês lêem esse texto, encontro-me em algum ponto entre dois aeroportos para mais uma jornada de trabalho, mas meu olhar de flanêur certamente indicará excertos textuais para outros posts.

Lady A.

Desaforadas dão entrevista na Rádio Educativa
As desaforadas convidam seus leitores para ouvirem e interagirem com a gente. Hoje, quarta, 25/06, das 13h30 às 14h30 na Rádio Educativa - Programa Rota 630 (AM), escutem as Desaforadas em uma entrevista exclusiva. Quem não mora em Curitiba pode escutar pela web em http://www.pr.gov.br/rtve/
Boa sorte às desaforadas em mais essa investida. Infelizmente como falei no post estarei viajando a trabalho, mas depois quero saber tudo :)

terça-feira, 24 de junho de 2008

VIAGENS MENSAIS Tá tudo escuro, tá tudo confuso, tá tudo baralhado.
Não, não quero sair, não quero me mexer, não quero pensar.
Me deixem em paz! Sinto que estou morrendo, me matando, me esquecendo.
Quero me perder na imensidão do vazio espacial. Especial? Quem? Você? Você é só uma faísca no incêndio universal. Não precisamos de vc!
Aaaaiii, que bicho nojento, tira ele, tira ele do meu corpo! Tiraaaa!!!!
Um braço forte me empurra pra baixo, me atacha.
Ânsia, regurgitação, estômago abarrotado, VAZIO! Tristeza, Angústia.
Pena de mim, Pena de ganso ou de pato. Pena, não. Pêlos por todo canto. Lixo.
Tantas coisas a fazer, tantas opções, mas o corpo não se mexe. Preguiça de pensar, de escolher.
O corpo é o alvo da degradação, do boicote, da violência, da morte. Esta a chama, mas o amor àqueles que a amam, tira sua coragem de seguir. Quando eles forem banidos desta vivência docemente através de seus sonhos, aí... não haverá desculpa.
Lúcifer reina no lóbulo esquerdo, inquieto e vibrante. Sua face foi vista com diversos nomes, uns reconhecidos pela história outros apenas esquecidos. Ele é cruel. Mas sua crueldade fica obscurecida numa personalidade bondosa do seu melhor amigo, do seu irmão.
Traição? Tudo tem 2 lados, não dá pra comprar apaixonadamente um. Não somos culpados inteiramente. Sim, culpado e responsável por si, por essa doença fabricada, por essa incapacidade de ser feliz; por essa dificuldade em se apaixonar por alguém ou por alguma coisa. Necessidade de resgate de si mesmo. Me procura, me liga, me tira daqui, não me deixa sozinha! A hora está chegando, o tempo é implacável, o arrependimento vai chegar e aí, o sofrimento vai ser verdadeiro e com causas reais.

-Ei, hellooo, o que acontece? Ah é, minha menstruação tá vindo. Ufa, deve ser isso. Já posso dormir...
by Mazé Portugal




segunda-feira, 23 de junho de 2008

Tema da Semana : Viagem com as Desaforadas!
Viagem ao paraíso!

Viajar é tuuudo de bom!
Economizar o ano todo e poder curtir uma viagem e ainda mais com o seu love!

Vou contar a histórinha do casal Johny e Mary... no começo do namoro foram para o paraíso nacional Fernando de Noronha (FN)... tudo muito lindo!
Tudo azul, praia, golfinhos, sollll, protetor solar e claro, muito love pra dar e vender...
FN é repleto de natureza é completamente afrodisíaco...
Johny acordava às 6h da manhã sorrindo e de ótimo humorrrr.
Se Mary pudesse mudava para FN e viveria de peixe, sol, água de côco e muito love!

Bem, um dia foram passear em uma praia deserta que não lembra o nome, são inúmeras praias na ilha... mas se alguém for vai se lembrar desta história...

A praia era repleta de largatixinhas... sim aqueles bichinhos simpáticos que mudam de cor e se você cortar o rabinho cresce de novo... bem os bichinhos adoram ficar nas pedras.

O casal caminhou, caminhou e encontraram umas pedras gigantes no caminho... estavam cansados e pararam para descansar... e como já disse FN é afrodisíaco, Johny ficou bem empolgado e armou a barraca o guarda-sol e Mary não deixou ele sozinho e foi curtir a sombra.
O sol estava tão quente que se empolgaram esqueceram das largatixas e de que estavam perto do mar e no meio de pedras.... bem aproveitaram bastante a natureza, do nada de repente avistaram um barco, sim um barco cheio de turistas, como estavam brincando com o guarda sol, não deram bola para o barco e a brincadeira continuou.... malabarismo, contorcionismo, muita festa e pensaram “não dá para ver nada do barco”... se esbaldaram sol, pedras, a areia encomoda um pouco, mas na hora o que importa é a emoção, o tesão, o sangue fervendo ahahhahha

Resumindo no outro dia quem estava no barco era o casal apreciando a festa dos golfinhos saltitantes e passaram perto das pedras, sim as mesmas pedras onde eles fizeram a festa e viram que para ver tudo!!!! Se olharam com aquele olhar mega cúmplice e caíram na garagalhada!

A sorte deles que FN não tem patrulha na praia, as largatixas não falam, passaram bastante protetor solar e a fase da paixão é linnnnda!!!

FN é lindo e lugar para armar a barraca, guarda sol não faltae do nada você pode ser voyeur ahhah mas esse será o tema da próxima semana...

Bjks Aletéia Ferreira (ALE).

sábado, 21 de junho de 2008

Achados e Perdidos
- Não pára! Não pára! Não pára! Não pára! Não pára! Não pára!
Parou. Com a mão cobrindo a boca de Solange e arregalando os olhos como se isso o ajudasse a ouvir melhor. Poderia jurar que escutou um carro freando. E agora, ali, imóvel embaixo dos lençóis e sentindo a musculatura rija do corpo todo, mais do que do próprio falo dentro da amante, poderia jurar que estava ouvindo passos. Foi quando desejou trocar o poder jurar pelo poder sumir. Pulou para fora da cama, juntou as roupas no chão, fisgou os dois sapatos com as pontas dos dedos médio e indicador, jogou tudo no guarda-roupa e pulou para dentro do móvel, fechando-se no breu, no silêncio e no aroma de naftalina. Não acreditava estar dentro de um clichê. Mas estava. Começou a ter certeza disso quando ouviu o ranger da porta do quarto sendo aberta.
- Oi, amor, chegou antes do previsto, hein.
A frase não deixou nenhuma dúvida a Gerson: ele estava mesmo dentro de um clichê. Tanto que ficou antecipando em sua mente o “não é nada disso que você está pensando” se o marido abrisse o guarda-roupa. Ficou imaginando Solange toda despenteada e nua sustentando um sorriso de concreto na face, enquanto o cônjuge afrouxava a gravata resmungando sobre o dia difícil. Gerson, totalmente desconfortável em meio a vestidos pendurados e sapatos femininos lhe incomodando as solas dos pés, tentava manter o máximo silêncio, querendo sentar-se mas pedindo paciência aos músculos das pernas, pois temia mexer ou derrubar algo ao fazer um movimento, por mínimo que fosse. O escuro absoluto e a contenção paranóica de toda e qualquer manifestação sonora, incluindo a própria respiração, faziam com que Gerson inevitavelmente prestasse atenção a tudo que se passava do lado de fora, até as meias sendo desleixadamente jogadas no carpet ele conseguiu distinguir.
- Tava me esperando peladinha, é?
- Lógico, esquentei a cama pra nós dois.
Pelo tom da conversa, e pela habilidade de Solange em usar o charme para despistar, Gerson conseguiu antever o que viria em seguida. Os beijos estalados, as lambidas, os gemidos, tudo aumentando em volume e intensidade. O que poderia ser pior do que o amante ouvir a amada se consumindo em prazeres nos braços do marido? “O marido ouvir a amada se consumindo em prazeres nos braços do amante”, respondeu para si mesmo. E pior ainda seria ver. Num impulso masoquista, sentiu-se tentado em abrir uma fresta da porta do guarda-roupa para constatar a performance do arqui-rival, mas preferiu prezar pela própria pele, que estava mais vulnerável e a prêmio do que nunca.
O sexo não parava e Gerson começou a se aborrecer. Como a gemeção era muita, resolveu tentar agachar-se, seguro de que dificilmente seria ouvido, mesmo que disparasse um “creck” daquele doloroso melisco do joelho esquerdo. Ficou de cócoras, agasalhando o pinto dentro de uma bota acolchoada cano médio que parecia esperá-lo aberta para a acoplagem. Começou então a ouvir, do outro lado, o macho-alfa narrar a própria transa.
- Isso, chupa.
A porta do guarda-roupa não conseguia sufocar os “schleps” da boca de Solange em ação. Depois de alguns minutos de vigorosa felação, o narrador resolveu mudar os planos.
- Agora de quatro.
Gerson tremia, não sabia se de frio, de medo ou de ódio. Solange havia dito que Juarez só chegaria na manhã do dia seguinte. O amante sabia que não poderia confiar. Agora era tarde.
- Isso, assim.
“Só falta ela estar fazendo coisas que se nega a praticar comigo”, pensou o homem nu no guarda-roupa. Se a narração do sexo antes o incomodava, agora era quase uma necessidade. Gerson torcia por ela, para saber o que de fato estava acontecendo naquela pouca-vergonha.
- Cadê minha cadelinha?
- Aqui.
Ah, não. Isso não. Quando Gerson a chamou uma única vez de safada recebeu um tapa estalado. E na orelha, rendendo um zumbido de horas.
- Agora: quitute.
O que ele queria dizer com “quitute”? Gerson não sabia, mas pôs-se a imaginar quando ouviu Solange abrir a gaveta do criado mudo.
- Achou, gostosa?
- Ahãn.
Os sons então passaram a ser um tanto indefinidos, mínimos porém sugestivos. A princípio, parecia uma bisnaga sendo espremida. Depois, veio um gemido agudo, seguido por um roçar de carnes íntimas e algo que parecia a salivação em um beijo longo.
- Maciozinho?
- Maciozinho, maciozinho.
Gerson não chegou a nenhuma conclusão, apenas a suspeitas. Só teve a certeza de que da próxima vez exigiria para ele também o “quitute”.
- Tudo?
- Tudinho.
As panturrilhas de Gerson começaram a formigar. Como agora não era mais gemeção e sim gritos e grunhidos vindos do lado de fora, sentiu-se à vontade para sentar-se sobre os calçados de Solange. E assim o fez, recostando-se naquilo que parecia ser uma mala de viagem, com a bunda sobre uma pantufa macia e as pernas encolhidas para caber no pequeno espaço, com suas roupas emboladas próximas a seus calcanhares.
O sexo perdurou por mais um bom tempo, sempre com o narrador antecipando a próxima etapa: “abre”, “senta”, “empina”, “dobra”, “engole”, "cavalga", etc.
- Não pára! Não pára! Não pára! Não pára! Não pára! Não pára!
Finalmente. Gerson já tinha ouvido aquilo antes. E sentiu agora um desejo contraditório: queria que seu rival a fizesse gozar, para acabar de vez com aquela agonia. Teve ainda de suportar os berros de Solange, como se estivesse sendo morta ao invés de gozando. Chegou a assustá-lo: por um momento, Gerson cogitou de abrir a porta para se certificar de que realmente estava tudo bem. Mas os últimos suspiros lhe deram certeza de que estava. Bem até demais.
Alguns beijos. Corpos se acomodando ao leito. Suspiros profundos. Silêncio.
Gerson passou a imaginar como iria conseguir atravessar a noite naquele espaço ínfimo, no escuro e nu. Com extrema cautela levantou meio corpo, apoiando as costas na parede do guarda-roupa, e tirou do cabide um vestido de tecido felpudo para usar como cobertor. Sentiu-se mais aquecido, mas ainda entediado. Temor já não havia mais, pois ouvia os roncos que partiam da cama e Solange o informou certa vez que o marido tinha sono pesado. Sentiu-se tentado a fugir na ponta dos pés, mas não queria contar com a sorte. Por mais paquidérmico que fosse o sono de Juarez. Resolveu ficar e esperar até o dia seguinte ou uma situação oportuna. Mas dificilmente iria conseguir dormir naquela posição e circunstância. De repente se deu conta: seus pés estavam apoiados em algo que parecia ser um pequeno baú, mas que na verdade era o estojo de maquiagem de Solange. Lembrou de tê-lo visto em uma viagem com a amante: era uma caixa prateada e retangular com alça no topo, tal qual as solas de seus pés agora desenhavam em sua mente. Com movimentos estudados precipitou o corpo em direção ao objeto, pegou-o cuidadosamente com as duas mãos e o depositou em seu colo. Lembrava que Solange tinha um espelho com uma pequena lâmpada para iluminar a face, permitindo apreciar seus poros e início de rugas com nitidez. Abriu o estojo, explorando-o delicadamente, até seus dedos encontrarem, em meio a batons e tubos de creme, o tão desejado objeto, que passaria a fazer papel de lanterna improvisada. Gerson tateou pela haste flexível do espelho até encontrar o botão de ligar. Por um instante ficou com medo de o aparelho funcionar a eletricidade. Clic. Não, era a pilha. Passou a conseguir ver tudo ao seu redor: um céu de vestidos de todas as cores e modelos, um chão de sapatos dos mais variados e, às suas costas, estava escorado não em uma mala, conforme havia pensado, mas sim em um pequeno gaveteiro que despertou sua curiosidade. Virou-se para ele e abriu bem lentamente as três gavetas: na primeira, apenas manuais de secadores e eletrodomésticos; na segunda, bijouterias; e, na terceira, pequenos álbuns de fotografia. Antes de pegá-los, depositou novamente o estojo de maquiagem a seus pés. Agora sim, estava com o colo desocupado para receber os álbuns e passar o tempo distraindo-se com as imagens iluminadas pela luz do espelho portátil.
Abriu o primeiro álbum. Eram fotos do casamento de Solange com Juarez. Ela com aquele vestido de uma imensa flor branca ao lado do peito que quase o fez rir quando a amante usou para ele no motel. Depois, imagens da lua de mel em Porto de Galinhas (Solange queria evitar o local porque não gostava do nome, mas era o pacote mais em conta e ela acabou gostando das fotos no catálogo da operadora de turismo). Gerson ficou orgulhoso ao constatar nas fotos de biquíni o quanto sua amada era gostosa.
O segundo álbum já era das fotos da chamada “vidinha de casada”. Algumas imagens de festas de aniversário, brincadeiras caseiras com colegas de truco e churrascadas no quintal. Mais adiante, a casa comprada com a união do FGTS dos dois, ainda virgem: sem a pintura do portão na parte externa nem as grades nas janelas. Aquele descuido havia rendido a invasão por assaltantes quando viajaram para o litoral no final do ano retrasado. Gerson conheceu Solange pouco antes da ocasião. Mas duraram muito tempo como simples colegas de trabalho. Sentiu que tinha afeição por ela (além do tesão) quando soube que Solange não iria trabalhar porque “limparam” sua casa. Queria ajudar mas sem saber como. Foi também esse incidente que gerou sua aproximação, com um tímido “tudo bem?” na volta da moça ao trabalho.
O terceiro álbum demonstrava um incômodo sutil: Solange parecia mais entusiasmada, só que isso escondia sua nova fase, agora com Gerson como amante. Revoltada e assustada com o roubo de todo o patrimônio adquirido com os presentes de casamento, Solange aparecia em fotos de quando começou a praticar artes marciais (com um professor cujo bíceps dava dois do de Gerson, num feixe de músculos que ele invejava e temia). Ela também já demonstrava os primeiros traços de desgaste na relação matrimonial, tentando recuperar o tônus afetivo através de aulas de dança de salão com o marido, mas surgindo afastada dele nas churrascadas e festas de final de ano. Havia ali ainda imagens de um Gerson escondido: fotos de locais para os quais Solange viajava com o marido, nas quais ele ia logo em seguida, ficando em um hotel próximo para se encontrarem quando fosse oportuno.
O quarto álbum tinha imagens bem mais recentes. Uma fase que já começava a preocupar Gerson, pois ela o desencorajava a fazer viagens que os deixassem próximos, alegando temer ser descoberta. A melancolia causada pela ausência de Solange naqueles dias fazia Gerson pensar se não a estava amando de verdade. Suspirou baixinho para não ser flagrado. Continuou a folhear o álbum, agora com imagens melhores que os demais, devido à compra da nova impressora que Juarez trouxe de sua viagem a Foz do Iguaçu (num final de semana inteiro para Gerson e Solange). As fotos sugeriam tentativas pífias de retomar o romance na relação com Juarez: jantares domésticos com mesa a luz de velas e situações forçosamente descontraídas na cozinha, viagens de tiro curto ao litoral, reuniões familiares (não se conformou ao vê-la abraçada toda sorridente com a sogra que afirmava fazê-la chorar toda vez que viajava a Campo Mourão) e outros acontecimentos que pareciam acenar com uma tentativa de reconciliação, já que Solange desabafava constantemente suas frustrações na cama e fora dela. Só que mais adiante as fotos não tinham nem o marido nem o amante escondido. Eram de situações do trabalho (como a festa de amigo secreto, quando Gerson não compareceu por ter pego conjuntivite) e viagens que passou a fazer sozinha: excursão com as ex-colegas de faculdade, viagem de compras a São Paulo e seminários com os companheiros de tatame. Gerson achava graça, porque não conseguia imaginar aquela moça magérrima batendo em alguém. Era segurar naqueles longos cabelos ruivos e pronto, fim de combate. Mas as fotos indicavam que ela estava se empenhando, pois Gerson já chegava a três, quatro, cinco imagens de encontros diferentes com os colegas de luta. Foi quando teve uma estranha suspeita: ele se deu conta de que quem poderia estar na cama não era Juarez.
Abriu a porta do guarda-roupa bem lentamente para não fazer barulho. Viu então Solange deitada em posição fetal, tendo sobre seu dorso o bíceps formado por aquele conhecido feixe de músculos que Gerson invejava e temia. Solange, de olhos arregalados, então apontou para o dono do braço, que dormia às suas costas, e, sem emitir som, articulou exageradamente os movimentos labiais para a leitura de Gerson:
- So-no-le-ve.


Mario Lopes
O mundo do crime fashion

Aninha, 17 anos, apaixonada por aventuras fez uma aposta com a amiga Fabi, da mesma idade. A aposta era que a heroína conseguiria ultrapassar a fortaleza dos Rivers e possuir o mais belo perfume! (ou seja, pular a cerca da casa dos Rivers e colher as flores mais lindas da rua) e ainda ganhar R$5!
Aninha estava animada coma aventura, mas um pouco temerosa, afinal a casa da família Rivers era rodeada por uma enorme cerca elétrica. Pensando em como iria ultrapassar a muralha ela lembrou que 90% das casas que possuem o mecanismo elétrico o tem por causa de ladrões.
O imaginário da adolescente foi a mil! Ela começou a bolar estratégias para burlar o sistema e se sentiu como Catherine Zeta-Jones, no filme A Armadilha em que a personagem é uma bela agente de seguros escalada para descobrir se o velho e charmoso ladrão Robert MacDougal (Sean Connery) foi o responsável pelo roubo de valiosa obra de arte. Mas os dois acabam se unindo para aplicar um ousado e bilionário golpe no mercado financeiro internacional, considerado o maior golpe da transição do século XX para o século XXI.
Durante dias ela pensou no plano perfeito e levantou alguns questionamentos:

- A cerca elétrica deve conter eletricidade. Então o que não contêm?
Hum... pedra, borracha e plástico não conduzem eletricidade!
Com isso ela lembrou dos personagens do Quarteto Fantástico. Como seria difícil ela adquirir super poderes como os deles; e nenhum meteoro caiu na Terra como aconteceu com a personagem do filme “Minha super ex-namorada”, um outro filme surgiu em sua cabeça. O de uma família que criava super trajes. Então ela começou a pensar no modelito perfeito.
- botas brancas de plástico (nada de galochas),
- luvas de lavar louça (desde que não estejam molhadas)
- macacão de PVC
- máscara de plástico bolha para não ser identificada.

Com isso o traje estava pronto! Não levaria choque e estaria na moda. No dia do “crime”, às 18h, ela estava na frente da poderosa cerca. Antes de pular viu que o portão estava aberto. Entrou discretamente por ele, pegou as flores e levou a amiga. Ganhou a aposta e deixou a roupa de ladra guardada para um crime, quer dizer, uma cerca ainda maior!

Josiany Vieira

sexta-feira, 20 de junho de 2008




AS PULADAS DE CERCA
DA MINHA VIDA...

Traição é um assunto muito complicado pra mim. Já passei por tantas situações de pular a tal cerca e de namorados que pularam que, com o passar do tempo, fui elaborando diferentes teorias. Vou tentar aqui colocar um pouco de cada dessas fases, mas, sem chegar a conclusão nenhuma. E convido você, caro(a) leitor(a), a me ajudar a concluir essa tese com a sua opinião. O que acha?

Sempre fui namoradeira (risos). Comecei cedo, com uns 14 anos. Nessa época namorei um menino da escola, super ciumento. Eu era uma santa, só tinha olhos pra ele, que tocava na noite e comia todas as menininhas. Enquanto isso, eu dormia em casa, já que meu pai raramente me deixava sair por causa da idade. No final do namoro, quando eu tinha 16 anos, descobri que ele me traiu com um monte de meninotas, e pior: uma mais feia e burra que a outra. Lembro de uma japonesa feia, bem gordinha, com a cara cheia de espinha. Eu, modéstia à parte, era linda. Essa foi a minha primeira experiência com as “cercas” da vida. Nessa época, achava que as pessoas só traiam por que não gostavam do parceiro (ilusão romântica de uma adolescente).

A segunda experiência foi lá pelos 16 e poucos anos. Uma paixão avassaladora tomou conta de mim. O nome dele era Eduardo. Como a música... Eduardo e Mônica... Mas, ele namorava fazia alguns anos. Fui a outra, pela primeira vez na minha vida. Ele dizia que gostava de mim, mas, não terminava com ela porque eu era livre demais e ele sabia que eu nunca seria só dele. Um meninote super machista que queria exclusividade quando não fazia o mesmo por mim. Pode? Conclusão, quando ele largou dela pra ficar comigo, me apaixonei por outro.

Meu terceiro relacionamento talvez tenha sido o que mais me fez aprender e amadurecer. Era louca por ele, começamos a namorar quando tinha acabado de fazer 18 anos, e ficamos juntos por sete anos. Fomos noivos e chegamos a comprar um apartamento juntos. No começo ele me traiu com uma ex-namorada e talvez tenha sido a pior traição da minha vida, algo que me machucou tanto que até hoje lembro com riqueza de detalhes. Afinal, foi na minha frente (aff!). Mas foi aí que aprendi a perdoar. Depois de uns quatro anos de namoro, percebi que mesmo amando podia sentir atração por outros caras. Isso foi um balde de água fria na minha cabeça. Algo que não soube lidar. Resumindo, traí o meu noivo. Com um cara do escritório, por pura curiosidade, pra ver como era e por vaidade também, claro. Pior foi manter a história com essa pessoa por alguns meses, não porque gostava dele, mas porque gostava das coisas que ele me escrevia por e-mail (sim, sou louca, tenho total consciência disso). Sei que não conseguia me perdoar por causa disso, o que levou meu namoro a esfriar de tal forma... que fui obrigada a acabar com o noivado. Saí dessa relação com o pensamento de que somos seres bígamos por natureza e que não podemos querer ter somente uma pessoa, que relações monogâmicas são uma imposição sócio-cultural, coisa que incutem em nossas mentes e que é pura hipocrisia nossa achar que somos capazes de manter um “casamento” aos moldes da igreja.

Em seguida me envolvi com um menino bem mais novo que eu. Com esse pensamento, de que éramos seres livres e que cada um tinha a sua vida, que não queria exclusividade. Mas, ele era um menino lindo e acabei presenciando outros relacionamentos que ele tinha, o que me deixou super confusa sobre minhas idéias libertárias. Apesar de querer aquilo, comecei a achar utopia conseguir ser tão livre assim, e tão desapegada das pessoas.

Sei que depois que terminei esse namoro (de sete anos) não queria namorar com ninguém, tinha um medo terrível de me envolver demais. Não queria essa exclusividade, essa coisa da pós-modernidade, sabe? Que é tudo superficial demais, que manter algo duradouro é difícil demais e requer muito esforço. Não estava preparada pra tais “envolvimentos”.

Enfim, tenho três livros que ajudaram a formar meus pensamentos no decorrer das minhas experiências amorosas, o primeiro: “Ame e dê Vexame”, um clássico do Roberto Freire que fala sobre como amar em uma sociedade capitalista, que engrandece o consumo, fazendo com que o autoritarismo da sociedade nos aprisione de tal forma que não nos permitamos viver o amor na forma mais livre e em sua totalidade. O segundo livro (por ordem de leitura) foi “O demônio e a senhorita Prym” (sim, gente, eu já li Paulo Coelho, risos). Mesmo não gostando dos outros livros do autor e da forma pedante com que ele trata alguns assuntos, gostei muito do enredo desse livro. A história, em resumo, fala sobre a cobiça, o medo e a ganância através da história de um estrangeiro que chega a uma pequena cidade que vive sem violência há muito tempo. Segundo uma moradora, o tal estrangeiro é o demônio. Enfim, demônio ou não, ele faz uma proposta à senhorita Prym (outra moradora): oferece barras de ouro à pequena comunidade se algum morador cometer um assassinato. O estrangeiro quer, com isso, conhecer a resposta para sua eterna pergunta: o homem é, na sua essência, bom ou mau? Sei que a mensagem final do livro é que tudo é uma questão de escolha e de controle. Por último, e talvez o mais perfeito de todos, em minha opinião, é “O Amor Líquido”, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. O livro fala sobre a fragilidade dos laços humanos. “É preciso deixar claro que Bauman não se propõe a indicar ao leitor fórmulas de como obter sucesso nas conquistas amorosas, nem como mantê-las atraentes ao longo do tempo, muito menos como preservá-las dos possíveis, e às vezes inevitáveis, desgastes no decorrer da vida a dois. Não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas, nunca houve. Quem vende propostas de baixo risco são comerciantes de mercadorias falsificadas. A área de estudo principal de Bauman é a sociologia, o campo do pensamento que vai ser o ponto de partida e o foco fundamental do retrato sobre a urgência de viver um relacionamento plenamente satisfatório dos cidadãos pós-modernos. Digamos que as dificuldades vividas por um casal refletem o estilo que uma comunidade mais ampla estabelece como padrão aceitável de relacionamento entre seus vizinhos, entre os que habitam um espaço comum. Bauman é realista. Sabe que “nenhuma união de corpos pode, por mais que se tente, escapar à moldura social e cortar todas as conexões com outras facetas da existência social”. Portanto, partindo do seu campo específico de estudo, ele faz uma radiografia das agruras sofridas pelos homens e mulheres que têm que estabelecer suas parcerias.”

Esses três livros me fizeram refletir sobre muitas coisas, e, de certa, forma me “influenciaram” em distintas fases da vida. Hoje, estou namorando (há nove meses - pela primeira vez, desde o fim do namoro de sete anos) acreditando que fiz uma escolha (como o livro da Senhorita Prym), por que amo alguém e, sendo assim, tenho que ter controle para manter aquilo que escolhi. Acho que, com o tempo, talvez apareçam algumas “tentações”, mas tanto eu quando ele teremos que ter controle e não deixar que a vaidade e a luxúria nos levem a cometer uma traição, já que geralmente elas são tão efêmeras e sem significado. Meu pensamento de hoje tem muito a ver com a teoria de Baumam, sou realista a ponto de saber que não consigo escapar à moldura social, e que não há como assegurar conforto num encontro de amor, nem garantias de invulnerabilidade diante das apostas perdidas. Acho que o que é possível é manter uma relação de amor, respeito e lealdade. Sei que manter tudo isso tem um preço, que hora é bom e hora é ruim. Mas, que tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Não é mesmo?

Esse é o meu pensamento hoje sobre traição. Não sei se isso é imutável, acredito que não. Que outras experiências, mescladas a leituras, me farão mudar de idéia, só sei que todo esse papo de amor e relacionamento é bastante complexo. E que isso é uma delícia: me permitir mudar de idéia e de ponto de vista.

Agora é a sua vez, de dar sua opinião, através dos comentários. Que tal um debate, sobre esse tema tão polêmico? Adoraria ouví-los.



Mônica Wojciechowski

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Troca de desejo



Morta viva, assim podemos classificar Samanta. Mas o mundo da voltas e quando ela menos esperava...
Uma cliente que ela estava prospectando a chamou para irem juntas em um evento da GM. Boa oportunidade para estreitar laços. Só assim mesmo para tirá-la de casa.
Após algumas micagens de sua quase cliente, Patrícia não satisfeita a convida para jantar no Taj. Barzinho da moda da capital paranaense.
Mais de quarenta anos, separada e com filho pequeno, pensa Samanta: - É deve ser difícil de ela ter companhia e uma oportunidade de badalar. Ok, não me custa nada. Vou acompanhá-la. Após comerem um belíssimo prato japonês, Patrícia sugeriu que elas fossem ao barzinho para a azaração. Lá chegando olhares, dúvidas, sorrisos e Patrícia não se conteve e impulsivamente dirigiu-se até o charmosos desconhecido, para saber de onde o conhecia. Pois tinha certeza que ele tinha sido seu advogado.
- Agora esta ficando de mais. Mico atrás de mico, assim não dá pensou Samanta, sem saber onde colocar a cara com a atitude da amiga em plena noite Curitibana.
Dois segundos depois Patrícia chama a Samanta para apresentar os rapazes e ela se dá conta que conhecia o amigo de Cláudio. Júlio tinha sido muito gentil com ela em um comércio não fazia uma semana.
Tudo favorável para uma noite agradável. Os quatro conversaram regados por uma garrafa de gin. O clima é que, a cada olhar parecia mais pesado. Patrícia enlouquecida, não media esforços para se atirar em Cláudio. Cláudio nas brechas que tinha discretamente declarava-se a Samanta. E o tempo ia esquentando no passar das horas. Noite a dentro, o quarteto não se largava. Hora de tirar o carro da garagem, Cláudio levantou-se para ir buscá-lo e Patrícia se ofereceu par ir junto.
- Melhor não. Esta frio lá fora e você esta de salto, se eu for sozinho irei mais rápido. Incisivo Claúdio se livrou do bote.
Ele mal deu as costas e Patrícia encheu Júlio de perguntas sobre a ficha completa de amigo.
- Cala a boca Patrícia. O Júlio é amigo dele, vai contar tudo. Seja discreta ao menos uma vez. Mas nada segurava Patrícia.
Torpedos apaixonados eram enviados a Samanta. A noite passava e Cláudio nem dava bola a Patrícia, pois seu objetivo estava bem ao lado. Samanta era sua presa.
Situação constrangedora essa. Patrícia desejava Cláudio que desejava Samanta que queria prestar serviço a Patrícia.
O bar fecha e os recém amigos eram obrigados a procurar outro lugar para continuarem suas tentativas de conquistas.
Babilônia foi o destino. Bar 24h, refúgio dos boêmios curitibanos.
Patrícia grudada em Cláudio que insistia para que Samanta ficasse a seu lado. E de tanta insistência,na força que fazia para mostrar seus dotes, Samanta foi caindo em seu encanto e olhando-o com uma percepção mais apurada.
- É até que ele é gatinho. Inteligente, trabalhador, gostosão, bem de vida... E assim sucessivamente Cláudio conseguiu despertar desejo em Samanta. A situação do proibido, do não poder magoar a colega que claramente desejava o mesmo que ela, que era desejada por ele, mas que respeitava o desejo de Patrícia e pior, que queria sua conta é que era o "X" da questão.
Por que não amanhã? Pensou Samanta. Era uma solução viável, assim os dois matariam suas vontades e não precisariam magoar Patrícia, que claramente estava sobrando ali.
Papo vai, vinho para dentro e os raios de sol começavam a brilhar. Hora de ir embora. Cláudio discretamente diz a Samanta para ela não dormir que ele iria buscá-la logo que deixasse Júlio em casa.
Samanta fervia por dentro. Uma sensação de proibido sem traição. Uma bagunça de sentimentos a envolvia até que, o ok foi sinalizado para Cláudio.
Patrícia levou-a embora reclamando que estava voltando para casa sem dar um beijo na boca. Samanta só pensava no banho que ia ter tempo de tomar e na roupa que iria colocar. O invernos curitibano não ajuda muitos nestas horas de paquera.
Trinta minutos depois Cláudio liga para Samanta descer que ele a espera. Beijos ardentes os levaram ao motel. Sono, cansaço, trabalho, reuniões e responsabilidades não existia no dicionário do casal ardente de paixão, que não dormiu e nem trabalahou para satisfazer o seu desejo.
Samanta nunca pensou em se tolir da forma como fez a noite toda em respeito ao sentimento de uma conhecida. Nunca imaginou que poderia se sentir pulando uma cerca sem ter culpa no cartório.

Verônica Pacheco

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A cerca imaginária



Olhar é trair? O homem que aprecia os biquínis na praia está pulando a cerca moral de seu matrimônio? E se a espiadela for pela Internet? E se for pela janela? E ser vista é trair?
Nossa Desaforada X, Juju Schmitz (que está fazendo uma participação especial neste post), promoveu pelo msn um encontro quente: um legítimo voyeur entrevistando uma típica exibicionista. A idéia inicial foi levantar uma pesquisa sobre os impulsos que levam alguém a querer ver e alguém a querer ser vista. Estariam ambos praticando algum tipo de sexo à distância? O conteúdo está aqui, sem correções de digitação, conforme transcorreu numa madrugada de poucos dias atrás. A entrevista acabou saindo de controle e tomando outros rumos, o que não deixou de ser divertido. O resultado é uma conversa que não tem como você não dar uma espiada. Confira.

Voyeur diz:
Tá prontinha, ou quer tomar uns tragos pra se descontrair antes de começar?
Exibicionista diz:
hahahaaaaaaaaaaaa.. to bem assim..
Voyeur diz:
Prepara um drink, eu espero.
Exibicionista diz:
vai com calma.. se naum, naum respondoooooooo.. rs
Voyeur diz:
Não me chama pelo nome, agora eu sou o Sr. Voyeur.
Exibicionista diz:
hahahaaaaaaaaaa.. tah bem.. sorry, Sr. Voyeur
Voyeur diz:
No problem. Isso, tem que fazer biquinho quando fala.
Exibicionista diz:
eu sei.. rs
Voyeur diz:
Repete.
Exibicionista diz:
Sr. Voyeur
Voyeur diz:
Isso, très bien.
Exibicionista diz:
vai logoo.. to nervosa jah.. tu sempre vem com bombas pra gnt
Voyeur diz:
Primeiramente, desde quando você é uma exibicionista?
Exibicionista diz:
Hum, acho que desde sempre! Não sei bem ao certo.
Voyeur diz:
Já nasceu assim? Peladinha pra todo mundo ver?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Sim.
Voyeur diz:
Droga, e eu não tava lá... Continuando: por que você gosta de se exibir?
Exibicionista diz:
Rsrs. É como eu disse no início, não sei ao certo o pq.. mas eu gosto. Se nos achamos atraentes, gostamos de nos exibir. Certo?!
Voyeur diz:
Sim, tipo a Preta Gil, né? Continuando: você prefere se exibir pelo buraco da fechadura para aquele seu primo cheio de espinhas ou pela janela para aquele seu vizinho de mão peluda?
Exibicionista diz:
Rsrsrsrs. Huuuuuum, difícil! Mas acho que pelo buraco da fehcadura, mas não pro meu primo, ele é horrível! Rsrsrs. Talvez, pra você!
Voyeur diz:
Olha só. Que droga, você acredita que aqui no meu apartamento só tem buraco de fechadura daqueles bem estreitinhos, que não passa nem agulha. Você trás o buraco quando vier aqui?
Exibicionista diz:
Pode ser. Aqui em casa são fechaduras graaaaaandes. Rsrs.
Voyeur diz:
Tá bom, eu vou aí. Ou você prefere que eu dê uma sova naquele seu vizinho de mão peluda e vá até a janela dele?
Exibicionista diz:
Rs, pode ser! Mas eu adoraria "não" saber que vc está na janela do meu vizinho da frente.
Voyeur diz:
E como você saberia que eu "não" estava na janela do seu vizinho de mão peluda?
Exibicionista diz:
Rsrs. Tipo, se eu "não" soubesse que vc estivesse lá, eu com certeza estaria mais a vontade em minha casa, assim, iria me exibir pra vc. Certo?!
Voyeur diz:
Certo. Mas como você "não" saberia que eu "não" estava lá?
Exibicionista diz:
Bem, aí não sei. Mas se eu saberia, não me exibiria. É complicado isso! Rsrsrsrs.
Voyeur diz:
Tipo, eu teria de te ligar para avisar: "oi, eu 'não' estou aqui na janela do seu vizinho de mão peluda vendo você andando pela casa de calcinha dos ursinhos carinhosos”?
Exibicionista diz:
Rsrsrsrs. Pode ser! Rsrsrsrs. Vc está me confundindo!
Voyeur diz:
Hmmm... Eu acho que "não" estou te confundindo, isso "não" é comigo. Aliás, preciso parar de escrever "não" entre aspas.
Voyeur diz:
Mas "não" consigo.
Exibicionista diz:
Rsrsrsrs.
Voyeur diz:
Bem, continuando: que parte do seu corpo você mais gosta de exibir?
Exibicionista diz:
Costas, boca, olhos, pernas. Mas ainda prefiro minhas costas, são lindas! E eu, humilde. Rsrsrsrsrs.
Voyeur diz:
Ou seja, você fica feliz quando alguém quer te ver pelas costas?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Sim.
Voyeur diz:
E o que elas têm de tão especial? A coluna é que tem vértebras perfeitas ou as omoplatas é que ostentam um design uniforme?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Nooooooossa! Ah, minha pele, sei lá, é macia, não sei explicar.. acho que só tocando mesmo. Toca!
Voyeur diz:
Toco sim, só que vai ser difícil passar a mão pelo buraco da fechadura.
Exibicionista diz:
Rsrsrss.
Exibicionista diz:
Sacana vc hein!!!
Voyeur diz:
Sacana, não. Voyeur. Pra você, Sr. Voyeur.
Voyeur diz:
Repete, fazendo biquinho.
Exibicionista diz:
Rsrsrsrs. Ok. Me desculpe Sr. Voyeur.
Voyeur diz:
OK, melhorou.
Voyeur diz:
Você gosta de se exibir pra judiar do vizinho de mão peluda ou porquê isso te excita mesmo?
Exibicionista diz:
Sim. Gosto muito disso, me dá prazer, tanto me exibir qto judiar do meu vizinho. ele não tem mãos peludas.
Voyeur diz:
Você que nunca reparou, porque ele sempre está com as mãos baixas quando te olha pela janela.
Exibicionista diz:
Ok.
Voyeur diz:
Você se prepara com roupas especiais quando percebe que tem gente que vai dar uma espiada? Tipo veste a melhor calcinha? Capricha na combinação com o sutiã? Bota uma música no som pra dançar? Instala um cano no meio do quarto pra rodar nele durante o striptease?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Não! Não preciso disso, ninguém vai ficar olhando pra minha calcinha.. rsrs.. maaaaaas, vale a pena sim, principalmente se tratando se calcinha, acho que os homens adoram calcinhas, mas não qualquer calcinha, tem que ser "aqueeeeeeeeela" calcinha. Vc é homem, me entende. Música sim, a música dá um certo "up" saca?! E fica mais divertido ainda.
Voyeur diz:
Saco. Digo, saquei. E como é "aqueeeeeeeeeela" calcinha? (acho que botei um "e" a mais)
Exibicionista diz:
Rsrs. Ah, qto menor, melhor. Eu acho pelo menos. Mas dependo do homem. Há homens que preferem renda, outros fio dental, outros vermelha, outros branca, pq marca mais, outros transparente, enfim, há inúmeros modelos de calcinhas, mas como eu disse, depende do homem. Nós mulheres notamos isso.
Voyeur diz:
Certo, e como você faz com o vizinho da mão peluda? Grita pela janela: "ei, que calcinha você quer hoje"?
Exibicionista diz:
Não! Já disse, sabemos, simplesmente sabemos qual é o estilo de cada homem. Vc, por exemplo, acho que gosta daquelas calcinhas beeeeeeem pequenas, de dar lacinhos nas laterais. Qto mais fácil, melhor! Rsrs.. Acertei?
Voyeur diz:
Acertou. Principalmente para puxar o lacinho lateral com os dentes... Ops, mas voltando ao nosso assunto: você se exibe fazendo outras coisas que não só tirando a roupa? Por exemplo: se enxugando, colocando OB, palitando os dentes?
Exibicionista diz:
Me enxugando não, mas só de roupão sim. Isso é muito bom, sempre ficam kerendo saber o que tem de baixo dele. Bem, colocando OB sem possibilidades né. Rsrsrs, palitando os dentes também não.
Voyeur diz:
Você cria situações para dar seu show? Tipo deixa a porta semi-aberta, a janela sem fechar as cortinas, a parte de cima do biquini frouxa pra cair com aquela ondinha da praia mansa de Caiobá?
Exibicionista diz:
Sim. Sempre. Me divirto pq os olhares estão em vc, isso me deixa muito "cheia", entende.. Sr. Voyeur?!
Voyeur diz:
Cheia como? "Hidratada"?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Não! Tipo, realizada, feliz.. feliz por saber que estou sendo notada, que os olhares são pra mim agora, que este momento é meu e que tenho que aproveitar o mááááximo dele. Entendeu agora?
Voyeur diz:
Claro, entendi. E você se sente lisonjeada quando o tal espião acaba te homenageando?
Exibicionista diz:
Homenageando como?
Exibicionista diz:
???
Voyeur diz:
Assim: cinco contra um. Entendeu a homenagem?
Exibicionista diz:
Sim, entendi sim. Bem, não se alguém já fez isso por mim, mas ficaria sim. Vc já fez isso pra alguém Sr. Voyeur?
Voyeur diz:
Sim, claro. E posso fazer de novo se você quiser, quer?
Exibicionista diz:
Rs. Hum. Sem resposta. Sorry!
Voyeur diz:
OK. E quando você quer se exibir e não tem ninguém para ser voyeur, o que você faz? Agenda uma consulta urgente no ginecologista?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Não. Aí nesse caso, não me exibo. Assim não tem graça. Gosto que tenha alguém me notando.
Voyeur diz:
E se o vizinho da mão peluda chamar o seu primo cheio de espinhas para também ver seu espetáculo, isso te incomoda?
Exibicionista diz:
Não! De maneira nenhuma, qto mais, melhor.
Voyeur diz:
É mesmo? Ele pode convocar uma reunião dos condôminos? Armar uma feijoada para te apreciarem enquanto provam o toicinho? Alugar binóculos sem te pagar royalties?
Exibicionista diz:
Tbm não né. Mas é sim, se tiver mais gente olhando, não vou me importar não.
Voyeur diz:
E você se exibe em poses ginecológicas? Tipo se agachando para pegar o chinelo beeeem no fundo da cama?
Exibicionista diz:
Sim, assim mesmo. Me lembra uma certa posição, mas isso não vem ao saco agora. Mas é isso que faço. Ajoelho, abaixo, pego algo no alto. rsrs..
Voyeur diz:
E você gosta também de ser vista transando ou detesta concorrência?
Exibicionista diz:
Não. Acho que isso é particular demais né. Tipo, vc se auto filmar e se ver depois com o parceiro é uma coisa, agora, fazer o inverso, é estranho. Eu não faria não!
Voyeur diz:
Você já se filmou transando então?
Exibicionista diz:
Sim. Apenas uma vez, mas não sabia. Aí, qdo descobri fiquei mto brava, mas aí assisti ao vídeo e ficou por isso mesmo. Mas eu não faria denovo não, não gostei de me ver transando. Rsrs.
Voyeur diz:
Por quê? Você não fez direito? Cuspiu?
Exibicionista diz:
Hahahahahahahahahaha. Não, não é isso. Eu grito demais, sou muito escandalosa. Hahahahahahaha. Que pergunta hein Se. Voyeur!!!!!!!!!!!!
Voyeur diz:
Eu sei que você grita. Hehe
Voyeur diz:
Por que você não se mostra na cam?
Exibicionista diz:
Não acho isso interessante. Vc acha?
Fazendo uma Conversa com Vídeo para Exibicionista ...
Desligar (Alt+Q)
Exibicionista não responde.
Voyeur diz:
Não vai aceitar não?
Exibicionista diz:
naum tah dandoooo..
Voyeur diz:
Por quê?
Exibicionista diz:
to aceitando, mas tah dando q naum foi possivel..
Voyeur diz:
Então, manda você o convite.
Exibicionista diz:
tah..
Exibicionista diz:
aceita ntaum..
Voyeur diz:
Não tá aparecendo nada aqui.
Exibicionista diz:
tah, volta pras perguntas vai.
Voyeur diz:
Você grita quando transa. Grita quando se exibe também?
Exibicionista diz:
Não. Só quando transo mesmo. Rsrsrs.
Voyeur diz:
Você já levou uma vaia se exibindo?
Exibicionista diz:
Não sei. Nunca pensei nisso.. hahahaaa..
Voyeur diz:
E já foi aplaudida?
Exibicionista diz:
Tbm não sei.
Voyeur diz:
Já aconteceu do voyeur virar exibicionista? Tipo você olhar pro lado e ele te mostrar o pau?
Exibicionista diz:
Huuuuuuuum, difícil. Nunca notei isso.
Exibicionista diz:
Mas acho que isso nunca ocorreu não.
Voyeur diz:
Se ocorresse, você curtiria ou mandaria ele se colocar no seu devido lugar?
Exibicionista diz:
Depende. Se fosse meu vizinho, mandaria ele a merda.. agora, se fosse ooooooutra pessoa, aí quem sabe né. Heheheeee..
Voyeur diz:
Quem seria essa ooooooooooutra pessoa?
Exibicionista diz:
Bem, vc!
Exibicionista diz:
Bem, vc!
Voyeur diz:
Hmmmm... Então, a gente pode combinar. Tem um apartamento pra alugar bem de frente pro meu, que tal?
Exibicionista diz:
Rsrsrs. Continue com as perguntas Sr.
Voyeur diz:
Você gosta de apimentar o show? Tipo molhando a ponta do dedo com saliva e eriçando o bico do peito?
Exibicionista diz:
Bem, não exatamente nesta ordem, mas molhando os dedos sim, curto muito isso. Com a ajuda de alguns itens.. isso fica muito bom. Tipo: Morangos, chantilly, pirulitos, chocolate.. essaas coisas.
Voyeur diz:
Molhando os dedos como?
Exibicionista diz:
Com saliva, ooooooooooras!! Tá, chupando o dedo.
Voyeur diz:
E molhando na xoxotinha?
Exibicionista diz:
Não.
Voyeur diz:
Já se penetrou com os dedos quando estava se exibindo?
Exibicionista diz:
Não. Rsrsrsrs. Isso não!
Voyeur diz:
E vestir fantasias? Tipo Tiazinha, Mulher Gato, Mulher Melancia? Já fez?
Exibicionista diz:
Não, não curto. Rsrsrs.. Começo a rir, aí não vai rolar.
Voyeur diz:
Você prefere se exibir para alguém desconhecido ou conhecido?
Exibicionista diz:
Os dois, nunca pensei nisso.
Voyeur diz:
Você prefere que o cara use binóculos ou a veja a olho nu?
Exibicionista diz:
Rsrs, aí depende do cara, e não de mim. Vc usaria o que?
Voyeur diz:
No seu caso? O telescópio Hubble.
Voyeur diz:
Quem tem de estar nu é seu corpo, não meu olho.
Exibicionista diz:
Hahahahahahaha..
Voyeur diz:
Você gosta de fazer que vai tirar e não tira? Tipo puxa um pouco para baixo a calcinha mas não abaixa, faz que vai desabotoar o sutiã e não desabotoa, só para deixar o seu voyeur maluco?
Exibicionista diz:
Sim, sempre! Rsrsrs.. O mais legal é a cara dele, qdo olha e pensa: Putz, ela não tirou! oooouu.. Ela vai tirar, ela vai tirar.. Huuuuum, ela não tirou!! Isso é perfeito!
Voyeur diz:
E você se comunica com seu voyeur? Assim, abaixa a calcinha, bate na bunda e olha em direção a ele para articular com movimentos labiais: "me-fo-de".
Exibicionista diz:
Hahahaha.. Olha, nunca fiz isso, mas seria divertido. Valeu pela dica!
Voyeur diz:
Mas você nem gosta de falar palavrão?!
Exibicionista diz:
Não. Deixo isso pra vc!
Voyeur diz:
OK, combinado.
Voyeur diz:
E você faz poses para arrepiar o cara? Tipo caminhar de quatro ou ficar passando as mãos pelas coxas de pernas abertas?
Exibicionista diz:
Sim, esse é meu jogo. Sem isso, não tem graça né!
Exibicionista diz:
pra terminar.. vou nanah dakiapokooo..
Voyeur diz:
OK. Posso revelar que você é a exibicionista?
Exibicionista diz:
Pode.. pod sim.. rsrs
Exibicionista diz:
ninguem me conhece mesmo..
Voyeur diz:
OK, ei gente: a Exibicionista é a Juju Schmitz!
[c=#0080FF] Juh Foi legal... Hahahahaaaa... Vallew !!! [/c] diz:
tah bem.. pod ser..
Voyeur diz:
É uma exibida mesmo...

Juju Schmitz é dançarina e modelo, trabalha numa empresa de programação visual e é uma Desaforada X.
O voyeur pediu para ter sua identidade preservada.



Mario Lopes