quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Plantando Meu Jardim


Comércio que daria certo nessa vida seria a produção de Sementes de Integridade. Um jardim com vários canteiros, plantações setorizadas de coisinhas simples que deveriam ser obrigatórias no kit que sai da fábrica de humanos, mas que por algum desvio na linha de produção, faltam a alguns, sobram a outros.
Poderiam existir caixinhas de caráter, de sobriedade, de comprometimento. Venderíamos ampolas com doses de sutileza, de organização, de carinho. Ou doses mais fortes de educação, inteligência emocional, respeito. As pessoas mais egoístas tomariam chás de amor ao próximo; as ambiciosas, pílulas de humildade; as larápias, injeções bem doídas de vergonha na cara.
Mas, esse jardim possível à mente é utópico ao frágil plano terrestre. E o que nos resta é simplesmente agir conforme o plano que nos é traçado. Parece triste, não é? Quantas vezes ficamos nos perguntando sobre algo que insistíamos em que não fosse dessa ou daquela maneira. Um amigo que perdemos, um amor que não volta mais, um trabalho que não pudemos concluir. A boa notícia é que não precisa ser triste, não, e que “planos traçados” são tão utópicos quanto aquele jardim. Explico...
Casualmente, descobri que se insistirmos em permanecer em uma etapa já terminada, perdemos a alegria e o sentido das etapas que poderíamos estar vivendo. E passamos a nos preocupar com o que não nos acontece e com o que acontece aos outros... Desviamos nosso propósito de vida. E aí vem a decisão que você tem que tomar: pode ficar lá parado, se recusando a dar um passo num luto eterno pelo que não tem mais, ou simplesmente reagir. “A vida é um eterno recomeço”, é a frase que tenho tatuada nas minhas costas, até que lembrei que fixá-la na mente importa mais.
Tudo passa e se desligar do que aprendeu é o primeiro passo para continuar a aprender. Abstrai, se foca em coisas novas, abre teu coração para novas experiências, novos trabalhos, novos desafios, novos amores. Eu escolho o que planto no meu jardim... se escolho espinhos, então terei um deserto árido para colher. Mas escolho regar as sementinhas que vieram no meu kit pra que floresçam de novo e desembolar os nós que se formaram no crescimento das minhas plantas mais antigas. Isso é um resgate ao que se chama ter amor próprio.
Mude... recicle sua vida, sua casa, suas roupas, seus amigos, seu modo de pensar... não deixe nada inacabado, finalize sem medo. Não espere que te entendam, que te reconheçam, que te ajudem, que te façam alguma coisa. Fim. Ponto. E comece outra história, outro jardim mais bonito ainda...
Ah, não é conselho não, não dou mais conselhos. Estou dividindo algo que estou aprendendo.
Não é fácil... mas quem disse que ia ser? E que graça teria?
Por fim: “Conhece-te a ti mesmo”, não tem que ser só uma frase do filósofo Sócrates. Experimente colocá-la entre suas Sementes da Integridade.


Angélica Carvalho

2 comentários:

Anônimo disse...

É aquela coisa, Ange: dinheiro e caráter não nascem em árvore. Mas, "se caráter custa caro, pago o preço". ;-)
Beijo e plantemos.

Mario

Anônimo disse...

Poético seu texto. Lindo, lindo.
Parabéns.
Bjus,
Rubia