segunda-feira, 20 de julho de 2009

Qual é a música


Perder a virginidade com o Bob Marley ou com quinze anos e uma bela trilha faz sentido.
Depois... ter uma trilha específica para trepar pode ser realmente uma coisa estranha. (é como ir ao motel, você sabe que vai “ter” que transar mesmo que te dê uma caganeira ou uma vontade de olhar as estrelas).
Uma vez, um músico pediu para sua namorada não colocar nada de música porque para ele ia ser difícil prestar atenção na trepada. Tudo bem, transaram ao som dos acontecimentos até que ele, como bom baterista, começou a batucar algo na bunda dela. A música interna dele emergiu depois que relaxou. (se é que você me entende...) Como ela ficou desmusicada, ligou uma versão bem doída de Besame Mucho e começou a se masturbar. A música interna dele se calou.
A música é boa quando acontece. Quando ela é preliminar parece que a trepada está fadada a um certo enquadramento, a um certo ritmo e depois, se dá um apagão ou um curto circuito, a timidez pode voltar com mais força ou até mesmo ser superada, o que comprova que a música realmente pode não ter lá tanta importância.
Outra vez, para deixar sua gata no cio, um cara da era tecnológica-yoga-vamos-para-a-Índia-não-por-causa-da-novela colocou um Ravi Shankar e muitos incensos afrodisíacos. A gata entrou em ressonância com o complexo energético da parada e ficou ninfo, tava topando tudo... e não é que ele brochou?
Das trilhas mais óbvias à mais malucas, o importante, na minha humilde experiência balzaquiana, é o som do amor. Começa em um silêncio eterno, piano piano, vai levemente para o estacato, forte, fortíssimo, suave, forte, suave, forte, fortíssimo, fortíssimo, forte, forte, fortíssimo, mega fortíssimo, ahhhhhhhhh, bravo!!!! Silêncio esplêndido.
Quem ama música e ama o amor sabe que, no fundo, a música do amor é como a palavra ouvir em italiano: “senti”, profunda, intensa de todos os sons ao mesmo tempo sem nenhum ruído, a não ser do calor do som dos sentidos abertos e dos fluídos esparramados em brasa, mais bicho, mais nada...
Agora, o gosto musical tem que bater... se é muito diverso e não existe uma abertura, como diria Tim Maia, o universo fica em desencanto e a coisa se complica mais cedo ou mais tarde.
Para não dizer que ouvir música pode terminar em uma bela transa, segue aqui algumas sugestões para quem se adéqüe às referências musicais abaixo:
Let’s Dance do Bowie pra esquentar o corpo a corpo e Modern Love pra soltar as macacas.
Miles depois de gozar muito, de preferência da década de cinquenta.
Chet Baker, se estiver chovendo.
Nick Drake, se rolar um choro ou uma emoção mais sensível.
Cartola enquanto cozinham antes de arriscar algo mais fuerte.
Cantar no ouvidinho pode ser uma boa idéia... bem sussurradinho.



Patricia Ermel

Um comentário:

Anônimo disse...

Ecletismo refinado o seu. Também publiquei um set list num post anterior intitulado "Sex Shop Mundo Livre".
Beijo e supersemana pra ti.

Mario