sábado, 30 de maio de 2009

SP não pode parar















Enfrentar enormes congestionamentos já faz parte da vida de todo paulistano. Trafegar em vias como a Marginal Pinheiros, Marginal Tietê, Bandeirantes, 23 de Maio ou Radial Leste é um desafio e tanto e exige um exercício diário de muita paciência e autocontrole.
Fato, o trânsito de SP é de enlouquecer qualquer um. Eu, como uma paulistana apaixonada por esta cidade tento relevar, mas confesso que não falta vontade de cair fora e me entocar em algum lugar do interior (mas BEM interior mesmo); antes que eu entre em colapso - já que não falta muito para SP entrar. Estudos indicam que isso acontecerá em breve, em 3 ou 4 anos no máximo.

Outro estudo divulgado no ano passado constatou que em SP uma pessoa gasta PELO MENOS 2 HORAS do seu dia em deslocamentos. EM 1 ANO, PERDE-SE NO TRÂNSITO O EQUIVALENTE A 1 MÊS INTEIRO. É incrível o tanto de tempo que se perde! Um tempo precioso, que poderia ser aproveitado em outras coisas, incluindo o lazer – que, como sempre, fica para segundo plano. Não é à toa que nós paulistanos vivemos de olho nos ponteiros do relógio e reclamamos o tempo todo que nunca sobra tempo para nada.

Pode parecer exagero - principalmente para quem não é daqui – mas o que este estudo diz é a mais pura verdade. Sinto isso na pele todo santo dia. Por exemplo, para ir até o centro gasto em torno de uns 40 minutos. Nos horários de pico, levo o dobro e muitas vezes até o triplo do tempo para chegar ao mesmo local e fazendo o mesmo trajeto. Para ir à faculdade, gasto nada mais, nada menos do que 2 horinhas – moro em Santo Amaro, na Zona Sul e estudo no Brás, na Zona Leste.

Aliás, “horário de pico” é um termo está cada vez mais em desuso por aqui. Até bem pouco tempo, esses períodos eram bem definidos - das 08:00 às 10:00 da manhã e das 18:00 às 20:00 da noite. Hoje, não tem mais essa. Você sai e corre o risco de “dar de cara” com um belíssimo engarrafamento a qualquer hora do dia ou da noite.

Por favor, não me levem a mal, mas às vezes tenho a impressão de que nós paulistanos nos conformamos com este cenário. “Faz parte”, “É a vida” ou “É assim mesmo” são frases que ouço sempre quando se toca no assunto. Também há aqueles que só reclamam: “Não agüento mais esse trânsito!”, mas que não largam de jeito nenhum o carrinho para encarar um busão. É aquele negócio do “ruim com ele, pior sem ele”.

E para piorar, alguns indivíduos já se acostumaram tanto com a situação ao ponto de adquirir hábitos por demais irritantes, como o de “andar” devagar-quase-parando até mesmo nas ruas onde não tem trânsito. Resultado: trava todo mundo que vem atrás. O sem noção entra no carro, liga o rádio, acende um cigarrinho, se distrai e esquece da vida – e de acelerar também. Parece que alguns até sentem um prazer masoquista de serem mais lentos do que a lentidão.

Ah... Não posso esquecer de falar das brigas que rolam entre motoristas e motoqueiros. De um lado, os MOTORISTAS que TOMAM espaço e que sempre culpam os motoqueiros quando acontece um acidente. Do outro, os MOTOQUEIROS que BUSCAM espaço e que se dizem vítimas de preconceito dos motoristas.

Não estou defendendo ninguém, mas é foda ver motoqueiros que buzinam a cada 15 segundos (meu, baita encheção de saco!), disputam corrida como se estivessem em uma competição de Fórmula 1 e inventam manobras mirabolantes como se fossem artistas de circo ao tentar passar em meio aos carros.
Ninguém é santo, portanto, tanto uma “categoria” quanto a outra tem sua cota de (IR)responsabilidade pelo aumento dos números nas estatísticas de acidentes.

Também há os semáforos desregulados - que ficam 5 minutos abertos para uma rua e menos de 1 minuto para a outra e que “pifam” quando mais se precisa deles. Sem contar os malditos radares e as ruas que estão mais esburacadas do que as ruas de terra do sertão nordestino. E quando chove, então? Dispensa comentários.

Campanhas para incentivar as caronas foram feitas na tentativa de conscientizar as pessoas dos benefícios que tal atitude poderia proporcionar a cidade e a elas mesmas. Porque, convenhamos, é praticamente IMPOSSÍVEL não encontrar gente que vai para um mesmo lugar em horários próximos. Estratégias como esta funcionaram (e muito bem) em outras cidades. Então por que será que aqui o negócio não “pegou”? É o egocentrismo paulistano falando mais alto quando este insiste em conduzir os seus veículos sozinhos.

Sugestões são o que não faltam para tentar solucionar o problema. Várias medidas foram tomadas com o objetivo de minimizar os transtornos. Ampliação do rodízio de carros, rodízio para caminhões, criação de pedágios urbanos, ciclovias, etc. Acredito que todas estas ações são válidas, mas meramente paliativas, pois perdem sua eficiência a médio e longo prazo.

O fato é que não existe uma solução mágica que irá resolver o problema do caos no trânsito do dia para a noite. Acredito que a solução para uma metrópole tão grande como SP está no transporte coletivo. O poder público, é claro, deve fazer a sua parte, com investimentos fortes na melhoria do sistema de transporte e na extensão das linhas de trens e metrô. Mas o cidadão comum também deve fazer a sua parte. E como tudo neste país acontece de forma absurdamente lenta e BURROcrática, o jeito é esperar – e ver até onde essa lengalenga vai dar.

E você amigo (a) leitor (a), acredita que exista algo que se possa fazer para que SP não pare de vez? Será que ainda existe salvação?
Camila Souza

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom, eu que perdi uma manhã toda naquela Radial Leste por conta do segundo maior engarrafamento do ano em São Paulo sei bem o que é isso, Mila. Acho que SP já parou, hein. Para uma amiga minha a solução é ninguém mais tem direito de comprar carro em São Paulo. Eu achei um absurdo quando ela disse isso, mas agora acho que ela tem razã.
Beijo e bom engarrafamento pra você.

Mario

Anônimo disse...

Prezada Colega :
Parabéns pelo texto !
O trânsito de Curitiba não é tão diferente do trânsito de São Paulo .
Tenha um excelente final de semana !
Com carinho ,
Luciana do Rocio .

ingrid disse...

Não consigo imaginar uma solução, mas ler e ouvir uma musica no meio do caminho amenizaria muito, heheh

beijo

Ingrid