sábado, 19 de fevereiro de 2011


Estupro Animal







Eu nunca esqueci aquele dia.

Eu era apenas, apenas uma menina, que ainda sonhava com o futuro e quantos amigos iria ter.

Mas tudo isso me foi roubado, da forma mais cruel que pudera existir.


Estava eu em meu leito, com minha mãe. Do meu pai, nesta época, não tínhamos mais notícias.


A vida era dura com minha mãe pois tínhamos que acordar cedo e ficar o dia todo naquele lugar. Era uma espécie de abrigo e então nós recebíamos comida que nos davam, e um pouco de espaço para repousar a noite.

Quando tinha cinco anos de idade, lembro-me que num fim de tarde, eu observava o sol, o verde das plantações que ficavam à nossa frente e aqueles seres se moverem para lá e para cá.

Eu não entendia muito bem do mundo, das pessoas. Não tinha aquela consciência das coisas: mas eu sentia muito bem o afago da minha mãe e o calor do sol, bem como alegria e tristeza.

Nunca esqueço quando dois homens entraram e escolheram algumas com a mesma idade que eu.



Ah, não tem como esquecer!



Levaram-nos a um local mais reservado e eu, como disse, não entendia nada, mas sentia.

E eu senti quando fizeram aquilo comigo.


Meu corpo estremeceu. Meu sangue fervia. Meu estômago revirava. Meus pensamentos doíam. E aquela cena que eu via e vivia com todas minhas colegas ninguém via, ninguém jamais iria saber.

Foram meses assim. Não podíamos ao menos denunciar, porque ninguém iria nos entender.

E cada dia, era um objeto diferente.


Doía muito mais em meu ser, em ser o que eu era e não poder ao menos contar à alguém. Doía ver os olhos da minha mãe me vendo ir viver aquilo na pele. Fora isso, passávamos a ser maltratadas diariamente de outras formas, ficando sem comida, sem carinho, sem amor.


Um dia, em meio aquela tortura, olhei para uma pequena janela que havia naquele sombrio lugar: pude reviver os sonhos que tinha. Perguntava a mim mesma se alguém podia me ouvir, se alguém um dia saberia o que ali se passava. Ou se soubesse, fariam alguma coisa por nós.

Naquela mesma tarde, levaram-nos para fora.

Eu lembro-me que observava o por do sol e neste mesmo momento, levei uma pancada forte na cabeça.



Lentamente, fui caindo.

Viraram-me.


E como se não bastasse toda tortura, aqueles homens me deram choques.

Eu gritava!




Meu Deus, como gritava!



Mas nada adiantou: quem iria se comover com os gritos normais de um animal irracional como eu?



E ali mesmo, finalizaram o serviço.




Bianca Nascimento



Fonte:http://www.anda.jor.br/2011/02/08/abuso-sexual-de-animais-um-tema-recorrente-em-criadouros/

Foto: Reprodução


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