terça-feira, 18 de novembro de 2008

Comida: válvula de escape do sexo.





SHE era casada com HE há mais de sete anos. Casaram-se relativamente cedo e tinham verdadeira adoração um pelo outro. Mas nos últimos anos HE, com a desculpa do trabalho estafante, começou a se distanciar do lar. SHE sentindo a falta da presença, dos elogios, do carinho e de uma boa “comida” do marido, começou a preencher esse vazio interior com comida. No início ainda se apercebia da enorme quantidade de alimento que engolia de uma só vez e corria para o banheiro se livrar do ato impensado, criando outro ato impensado e habitual: a bulimia.
Após regurgitar sua ansiedade e baixa auto-estima sentia-se melhor e chegava a procurar seu marido na cama. Quando este cedia, ela se cobria e evitava que ele sentisse seu corpo. Pouco a pouco foi engordando, se sentindo pesada, fugindo de espelhos e de sua essência, e perdeu a capacidade de se soltar sexualmente e consequentemente de ter prazer. Cada vez que deparava consigo mesma, entrava em depressão maior e procurava a comida pra esquecer. “Era incrível como os carboidratos tinham o poder de acalmar. Quase como uma pílula pra dormir”.
Claro que seu casamento com HE não perdurou. SHE não saia de casa, ficava lendo revistas dos famosos e sonhava em ser Alessandra Negrini. As amigas a chamavam pra balada, mas ela evitava. Protelava as saídas pra conhecer pessoas ou a procura “daquele” emprego para quando estivesse mais magra. Sua vida ficou estática durante anos. Sua libido que sempre despertou alegria e vontade de agir, parecia inexistente. Morria SHE lentamente.

Praticamente empurrada por sua prima, SHE foi a um grupo de terapia e lá ouviu o depoimento animado de GI, cujos olhos brilhavam ao relatar que a força pra dar uma guinada na sua vida, veio da descoberta de sua compulsão sexual.
Nessa noite SHE sonhou. Seguia uma vida regrada, mas nas horas mais diversas, se encontrava com o amante, GI, para deliciosas orgias sexuais e gastronômicas. Nessas horas eles se permitiam comer aquele delicioso sorvete de passas escorrendo em seus seios ou aquele chocolate crocante dentro da vulva. Assim, todas as calorias que ingeriam eram automaticamente perdidas e eles riam... riam... riam... e se amavam.
By Mazé Portugal

Um comentário:

Anônimo disse...

Mazé, no lugar de chocolate crocante, eu vou sugerir Tubetes, saca? Sugeri para uma amiga esses dias Deditos, e ela não sabia o que eram. Eu acho que na real não existem mais, o que é uma pena, pois eram biscoitos cobertos de chocolate na sugestiva forma de dedos (cilindros finos, para ser mais preciso). Mas é isso mesmo, Mazé, sua sugestão da dieta de degustar com o corpo é ótima. :-)
Beijo.

Mario