quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Carolina Aprendeu Tarde Demais Na Escola Da Vida


Carolina era uma menina comportada e nascida numa família muito rígida, que escolheu este nome em homenagem a uma música homônima de Chico Buarque, cujo refrão era: “O tempo passou na janela, só Carolina não viu”. O pai, Pedro, sempre dava o valor à leitura e à Educação. Por isto ele falava para a filha que a riqueza verdadeira só vinha para quem tinha bastante estudo. Por causa desta filosofia, este homem contava para a pequena, antes de dormir, fábulas como: A Cigarra e a Formiga; O Coelho e a Tartaruga, e, o Patinho Feio. Além disto, toda a vez que a criança errava na lição ou tirava nota baixa Pedro batia nela com surras de chinelo e cinta. Quando esta garota entrou na adolescência viu que suas amigas passaram a freqüentar festas e a namorar. Mas seu pai era o único homem da cidade que não deixava a filha fazer estas atividades típicas da juventude. Toda a vez que a menina pedia a ele para ir às baladas, ela era espancada. Assim, sem poder divertir-se a jovem dedicou-se, totalmente, aos estudos e passava até altas horas da madrugada em cima dos livros. Ela notava que suas colegas namoradeiras e festeiras eram muito felizes. Porém sempre pensava:
- Hoje elas se divertem enquanto eu me mato de estudar. Porém, no futuro, terei mais dinheiro do que estas farristas.
Mesmo assim a estudiosa tinha uma ponta de inveja das festeiras. Principalmente de Alexandra, filha de um empresário que nem ligava para a escola e vivia reprovando. Esta farrista sabia aproveitar o melhor da vida. Pois: trocava de namorado sempre que aparecia um novo pretendente, freqüentava festas todos os finais de semana, viajava sem ligar para o calendário estudantil, era fera em todos os esportes e sempre participava de campeonatos.
Certa vez Carolina perguntou à Alexandra:
- Nunca vejo você estudando e nem sequer falar do colégio. Então me responda: Como pretende garantir um futuro, se nem liga para a escola?
A festeira respondeu:
- O único colégio que faço questão de frequentar é a escola da vida. Afinal, é como diz a minha avó: mais vale a prática do que a Gramática.
A estudiosa refletiu:
- O que é esta tal escola da vida? Não consigo ver um excelente futuro sem os estudos.
Vinte anos se passaram e Carolina se decepcionou porque, apesar do seu esforço, conseguiu um emprego simples. Enquanto suas amigas, que na adolescência eram festeiras e namoradeiras, casaram-se com homens ricos, que deram vidas de princesas para elas. Sem falar de Alexandra, que primeiro engravidou de um pagodeiro famoso e casou-se com ele. Mas separou-se, depois de um ano e recebeu muito dinheiro de pensão. Depois Alexandra contraiu matrimônio com um idoso milionário e filho único, que faleceu e deixou tudo para ela.
Assim Carolina aprendeu na escola da vida que o mundo é injusto e que estudo nem sempre traz dinheiro. Hoje ela sofre de depressão, fobia social, toma remédios de caixa preta e faz psicanálise três vezes por semana. Afinal a mulher arrependeu-se de ter estudado demais na juventude. Pois hoje está velha e continua pobre. O pior é que, atualmente, ela sente-se sozinha e infeliz debruçada na janela vendo a vida passar. Tudo porque ela ficou tão impressionada com as fábulas dos livros, que ignorou as lições da escola da vida.





Luciana do Rocio Mallon

5 comentários:

Anônimo disse...

Pois é Lu, às vezes achamos sempre que o que fazemos é o mais certo e que "tadinho" daqueles que não fazem igual.
Eu vejo isso com muitas prpfissões: você fala que faz Direito, Medicina ou Engenharia, nossa, já te elevam, ou pra inteligentes ou pra ricos. Agora, tem cursos ou coisas que você faz que sei lá,tem gente que não dá valor, acha "chinfrin". Mas não importa o que vc faça, se fizer bem, pode ser melhor do que alguém que vc julga já estar com a vida garantida. Entende?
Às vezes as pessoas que hoje ninguém dá nada, são as que se destacam depois.
Essa menina era você?

Beijos,

Bia

Anônimo disse...

Boa pergunta, Bia.

Mario

Anônimo disse...

Boa-tarde!
A Carolina não é exatamente eu. Mas, eu tenho um pouco dela.
Aliás, possuo uma pitada da alma de cada música com nome de mulher que o Chico Buarque compôs.
Com carinho,
Luciana do Rocio.

Karime disse...

Irrelevante gente.
Essa é a vida real.
Conheço uma guria daqui q era uma porta de burra, mas muito bonita. Está bem casada, faz parte da sociedade da cidade e desfila modelitos e cabelos fashion pelos lugares que vai.
Dá um tiquinho de inveja sim, e às vezes, eu queria encontrar um milionário que me bancasse só um tempinho. Ser independente, inteligente e moderninha, às vezes cansa.
Mas mesmo assim, eu sou muito feliz!
Bjos, Lu

Anônimo disse...

O meu caso é assim:
Na época da escola eu era rotulada de: nerd, cdf, feia e gorda pelas ricas bonitas, que não gostavam de estudar.
Conclusão: eu cresci, mas apesar do estudo continuei pobre e elas tornaram-se cada vez mais ricas. O problema é que estamos num país onde o esforço não é valorizado.
Com carinho,
Luciana do Rocio.