segunda-feira, 4 de abril de 2011



Incrédulo







“Você bem que podia perdoar, e só mais uma vez me aceitar...”
Quantas pessoas ouvem isso? E perdoam, e tornam a perdoar? E perdoam, e vivem felizes para sempre? Afinal, a traição tema tão batido nas novelas, queridinho dos cinemas, cotidiano dos pobres mortais, existe redenção? A traição uma vez feita cessa ou torna?

Eu acredito que a traição sempre vá existir nas relações, e não me restrinjo às relações de amor e paixão, mas relações de cotidiano, profissionais, familiares e amistosas.
Há quem diga que um dia todos traímos e todos somos traídos, e, ao meu ver, a traição carnal, essa que ocorre pela atração física e sexual nos relacionamentos amorosos é a menos grave, há um declínio em cometer o fato traidor, mas o motivo quando físico e sexual me parece menos relevante do que as traições ocorridas com o coração, com a mente e não apenas com o corpo.

Explico, não que ser traído e pegar seu namorado aos beijos ou na cama com outra pessoa não seja aterrorizante, mas inconscientemente sempre nos preparamos para esse tipo de traição, convivemos com essa hipótese, há aquelas que surtam e existem aquelas que apenas convivem com isso. Agora, imagina a situação de se deparar com seu namorado tendo um caso com sua irmã? Aquela que se criou com você, que você ajudou a trocar as fraldas?

Deixando a traição dele de lado, a traição familiar doeria muito mais, é traição moral, realizada com mente e coração, não afeta apenas a carne, afeta a confiança, as bases construídas durante uma vida inteira, de mesmo modo, a traição ocorre quando os filhos descobrem após adultos uma segunda ou até terceira família do pai, com filhos também criados e esposa feliz, desabam-se os castelos infantis, em segundos o herói torna-se vilão, saber que você perdeu uma oportunidade de ouro porque seu melhor amigo, aquela pessoa que você confia incondicionalmente, que muitas vezes cresceu com você, te encheu a cabeça de caraminholas dizendo que era loucura, e vê-lo realizando o teu sonho, fazendo exatamente o inverso do dito.
Esse tipo de traição dói muito mais que a traição física da carne, , também dependem de um ato, na traição carnal a traição se extingue com a finalização do ato praticado, na traição moral o fato foi calculado, foi omitido e se perpetua no seu coração, o traído nega-se a acreditar, toma-se por absurda humilhação, é absurdamente menosprezado, faz-se incrédulo, afinal, já disse Drummond que “a confiança é um ato de fé que dispensa o raciocínio”.





Fernanda Bugai


Fonte: http://www.personare.com.br/amor/historias-reais-de-amor/topic-t3313


Foto: Divulgação

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