quinta-feira, 28 de abril de 2011


Reconstrução




Primeiro um dedo quebrado, depois uma forte infecção nos rins e em seguida uma reação alérgica nos rosto. Falta de sorte, pouca fé, perseguição? Talvez saúde frágil ou problemas emocionais. Opa, parece que já vi esse filme, mas como explicar o que a medicina trata como doença psicossomática? Aliás, doença não é algo que dá quando a gente bobeia? Ou quando estamos com tantos problemas que uma gripe vira pneumonia?

Pois é, chegamos ao ponto. Na verdade, descobri que não é só saúde fraca que atrai problemas físicos. Até mesmo momentos de satisfação podem causar um tipo de crise emocional que explode em traumas físicos. O caso relatado é real, ahan, de verdade, e sei porque aconteceu com alguém que conheço muito bem, bem próxima a mim. Próxima mesmo.

Tudo começou quando há 10 anos quando resolveu fazer uma gastroplastia. Tudo correu muito bem, a recuperação foi ótima e como ela sempre fazia muito exercício físico, em um ano emagreceu, com qualidade, 40 quilos. A absorção do ferro diminuiu um pouco causando anemia, mas algo totalmente controlável com reposição de vitaminas. A vida dela era muito agitada, sempre envolvida entre filhos, trabalhos alternativos, vida social. O tempo era curto e não parava um segundo, ficar doente era raríssimo. Podia chover canivete que estava na rua, na academia, na agitação. O sorriso no rosto escondia uma certa palidez, mas ninguém desconfiaria que, com tanta energia, alguns anos depois seria derrubada por uma crise sucessiva de diagnósticos preocupantes.

Ela sempre procurou pensar positivamente e de vez em quando fazia até coisas que não deveria, mas sem consciência disso. Rodeada de amigos e pessoas a quem sempre procurou apoiar, a real é que pouca atenção sobrava a si mesma, mas isso nem a preocupava porque na sua cabeça e no seu corpo estava tudo certo, tudo no lugar. Passou por relações felizes, relações não tão felizes, momentos de dor como todo ser humano, mas atropelava tudo como um trator e seguia em frente. “Bora, porque o mundo está aí pra ser vivido”, era o que sempre falava.

O tempo foi passando, iniciou em um trabalho que trouxe estabilidade. Alguns anos depois conheceu uma pessoa que trouxe toda felicidade que ainda buscava. Sua vida se tornou mais leve, os problemas foram ganhando soluções, a vida social diminuiu, a relação se estreitou e se firmou em amor. Encontrou mais tempo para os filhos e para tomar consciência do seu corpo. Começou a se cuidar mais e então... tudo começou a acontecer. Dores no corpo, febre, diversas intervenções médicas, dentre as quais as citadas no início. Quase inacreditável. Daí você me diz: Mas pô... alguém me explica! Quer dizer que quando tudo está bem ficamos doentes? Pessoas sem problemas arrumam problemas?

Mais ou menos. Mas eu tenho uma visão. Na verdade, quando relaxamos, encontramos um tempo para nos conhecermos e entendemos nossas emoções, limitações, objetivos. Quando nos tornamos donos das nossas emoções ficamos mais suscetíveis aos sinais que o corpo e a mente nos mostram. A acupuntura é um exemplo bem simples para entender. A cada estímulo da agulha no ponto certo, toda a energia estagnada, às vezes por anos, se transforma em sinais que seu corpo começa a emitir. E é por aí. Ficamos menos preocupados com o mundo material e passamos a dar atenção ao espírito. Quando estamos em um estado emocional desfavorável, a doença toma conta por nossa pouca força em combatê-la, mas quando carregamos por anos mágoas com as quais não sabemos lidar e depois encontramos um porto seguro, a queda é mais dura porque não estamos acostumados a parar e observar o que acontece conosco.

Claro que isso não quer dizer que a felicidade é um prato cheio pra cairmos em escadas, queimarmos as mãos e termos dores no estômago. O que quero dizer é que, quando nos preocupamos realmente com quem somos e com o que temos a resolver a respeito dos nossos atos praticados, as suas conseqüências começam a aparecer. No início parecem negativas, pode-se imaginar até que alguém nos desejou tantas desventuras ou que estamos pagando por algum erro cometido. Mas acredito em algo diferente.

Acredito que, no momento em que estamos é onde deveríamos estar, fazendo as coisas que sentimos ser corretas, procurando exercer nosso lado melhor e a distinguir o que nos é certo ou errado, o que nos faz bem ou o que nos faz mal. Fazemos amigos e possíveis inimigos, escolhemos melhor quem desejamos ter ao nosso lado, mas garantimos a atitude de estarmos de acordo com nossa consciência física e espiritual e nos remodelamos. Isso é saúde mental.



Angelica Carvalho




Fonte:http://delas.ig.com.br/voce+sabe+o+que+sao+doencas+psicossomaticas/n1237491685619.html
Foto: Divulgação

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