sexta-feira, 1 de abril de 2011



Falso Estático





Como ser original hoje em dia, sem dinheiro, e consequentemente, sem bons aparatos instrumentais? E como, em tais circunstâncias, com a quantidade de obras independentes produzidas diariamente, pode se conseguir ter a chance de, que seja por alguns minutos, ter seu material selecionado e exibido em um festival renomado? Adaptado de uma fábula russa, o curta “Vinil Verde” produzido pelo diretor Kleber Mendonça Filho, é uma boa inspiração para aqueles que buscam ser criativos em uma cultura onde sentimos tanta falta do novo.

Inspirado no filme “La Jeteé”, de Chris Marker, a obra conta uma história de terror usando somente 500 fotogramas revelados, escaneados e editados. Por mais que em alguns pontos o roteiro mostre falhas de universo de personagem, a montagem e a trilha sonora têm um efeito anestesiante que, no mínimo, deixam o espectador agonizado.


O ritmo lento e o relativo longo período em que as cenas fortes ficam expostas, o desfoque no momento de expectativas da trama, a perfeita sincronia dos supostos movimentos representados por uma sequência de imagens com o desenho de som fizeram com que “Vinil Verde” fosse exibido em Cannes e ganhasse o título de melhor Diretor, montagem, som e prêmio da crítica no Festival de Brasília de 2004.
A história, como já dito, é uma adaptação de uma fábula russa que, como todas do gênero, soa um tanto fantasiosa e moralista.

Mas ainda assim vale a pena perder (ou ganhar) 15 minutos do seu dia para conferir essa obra que, mesmo não agradando a todos os gostos, serve de “lição” para os cineastas acomodados que vivem se lamentando de seus bolsos vazios e equipamentos obsoletos.




Leticia Mueller

Fonte
: http://vimeo.com/10024257


Foto:
Reprodução. http://nomundodocinema.blogspot.com/2009/08/nos-somos-as-luvas-verdes-gente-vem-te.html

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