sábado, 20 de dezembro de 2008

No rastro do cliente

Há alguns meses, eu era promotora externa de cartão de uma loja famosa, que ficava dentro de um pequeno shopping de bairro. Por isso, uma das minhas tarefas era abordar as pessoas dentro deste centro comercial. O problema é que, no começo, eu conseguia muitos clientes. Mas, após alguns dias, por se tratar de um shopping de bairro, ficou raro aparecer fregueses diferentes das pessoas para as quais eu já tinha feito o cartão. Além disso, existiam alguns lojistas que me importunavam afirmando que eu sempre tirava os clientes das lojas deles para levar ao estabelecimento para o qual eu trabalhava. Portanto, não era raro estes comerciantes me xingarem de: chata e insistente. Numa tarde em que o shopping estava praticamente vazio, eu avistei de costas uma idosa com véu estilo árabe nos cabelos, andando apressadamente pelo centro comercial. Então pensei:
- Seguirei esta senhora para abordá–la.
Ela caminhava velozmente e eu corria atrás desta futura cliente. Até que esta mulher passou por uns lugares estranhos no interior do shopping. Porém, eu não desanimei com isso e continuei seguindo a senhora. Enfim ela parou, ainda de costas, num local de pouca iluminação. Desta maneira, com o uniforme suado e a prancheta na mão, falei:
- Boa tarde! A senhora já tem o cartão da loja “X”?
Após isso, ela virou–se para mim e notei que não se tratava de uma idosa e sim de uma moça jovem, com cerca de vinte anos de idade. Depois, escutei risos e gargalhadas. Assustada, olhei para os lados e percebi que, ao meu redor, estavam pessoas fantasiadas de personagens de histórias infantis e que, ao lado esquerdo, havia uma platéia. Assim, olhei para o meio do público e avistei uma das lojistas que me odiava e que exclamou:
- *&¨%$#! Essa menina do cartão da loja “X” não dá um tempo! Além de ficar o dia inteiro abordando as pessoas do shopping e tirando os clientes da minha loja, agora vem fazer cartão no meio do palco no teatro infantil! Estou aqui para me divertir com a minha filha pequena .Mas notei que não dá! Após esta cena, fiquei envergonhada e saí correndo do palco.
Fui para o vestiário da loja em que trabalhava e pensei:
- Ás vezes a vida é assim... Ficamos tão preocupados em atingir as nossas metas que, sem querer, tomamos caminhos errados ao perseguir um ideal. E, quando pensamos que alcançamos os nossos objetivos, o falso ideal mostra a sua verdadeira cara. Dessa maneira, notamos que invadimos, sem querer, o palco de outras pessoas, onde nossas metas estão totalmente fora do contexto. Assim, inocentemente, fazemos o papel de palhaço. Afinal, provocamos as gargalhadas de outras pessoas que nos contagiam e fazem rirmos de nós mesmos.
Observação : Aqui o nome da famosa loja de roupas foi substituída pelo X para manter a privacidade das personagens da vida real.


Luciana do Rocio Mallon

3 comentários:

Anônimo disse...

hahahahaha Luciana, poderia ter sido pior: imagine entrar no palco de um circo justamente no número do atirador de facas?
"A senhora já possui o cartão aaaaaaiiiiiii!!".
hehe
Beijo.

Mario

Anônimo disse...

Pois , é ...
A distração pode custa caro !
Aahahahha !
Luciana do Rocio Mallon

Anônimo disse...

Eu quis dizer :
A distração pode custar caro !
Luciana do Rocio