terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mais do que palavras


Clara era uma moça forte, sonhadora e determinada. Fazia tudo que lhe vinha em mente, se fosse de sua vontade. Inclusive em relação às suas paixões durante a vida. E, quando casou com Cassius, não foi diferente. Vivia o casamento com muita intensidade e sempre falava tudo que sentia. Mas, Clara às vezes, com este jeito impulssivo de ser, sentia-se desconfiada em relação ao que Cassius sentia: se estaria feliz, satisfeito, completo. Ela gostava das coisas pontuadas, expostas, claras como seu nome e sua pessoa já diziam. Mas Cassius, que mesmo sendo um bom homem e um ótimo companheiro, sempre foi ao contrário, mais reservado com as palavras, preferia calar e apenas sentir o que dizia o coração, realizar os desejos de sua amada, ir aonde ela queria ou, por meio de pequenas ações, demonstrar o que sentia por ela. Ele sempre foi assim. Clara sabia o bom homem que era, mas, às vezes, por seu jeito mais comunicativo e indagador, gostaria de ouvi-lo falar o que sentia e tinha certo medo de que, no fundo, ele não estivesse feliz ou qualquer coisa do tipo. “Como alguém feliz não dá pulos de alegria ou ri do nada sozinho só pelo fato de estar com a pessoa que ama?”, às vezes Clara pensava assim. Para ela gestos e ações eram também importantes, mas precisava de mais: Clara queria palavras! E então, sabendo que seria um erro perguntar de uma vez só o que ele sentia, pois achava que poderia não receber bem pergunta, decidiu indagá-lo sutilmente com algumas perguntas que ela julgava saber todos os significados. Porém, precisava confirmar se seu marido também os entendia como ela. Se ele pensasse como ela, então estaria tudo bem!

Chegando perto de seu corpo no sofá, onde estava assistindo televisão, ela, mexendo com as pontas dos dedos levemente em seu pescoço e raiz dos cabelos negros, perguntou singelamente:

- Querido, você gosta desse carinho que eu faço?

- Claro, eu adoro quando você faz isso em mim. - respondeu Cassius.

- O que esse carinho significa para você? Quer dizer, o que significa carinho para você? - perguntou ela.

- Carinho? Olha, querida, entendo como um gesto de afeto entre duas pessoas, ou dois seres, não importa quem. É uma troca afetiva , mansa, que proporciona um momento e um toque gostoso - respondeu ele.

- Gostoso? E o que é gostoso pra você? - retrucou Clara.

- Ué Clara, algo muito bom de sentir. Algo macio, suave, que dá uma sensação diferente e prazerosa. - disse Cassius com um leve sorriso entre os lábios olhando Clara, como se quisesse entender o porquê de tantas perguntas e ao mesmo tempo adorando receber aquele afago.

- Prazerosa é? - indagou novamente Clara.

- Sim. Sabe quando dá aquele “friu” na barriga? Então, sei lá, é um bem estar emocional, um relaxamento junto com uma euforia boa de sentimentos, que deixa a gente leve,meio bobo, sem conseguir falar. - disse Cassius com o mesmo leve sorriso e olhando para o nada, como se estivesse pensando em todos momentos que já tivera de prazer.

- Então, o tesão para você é uma forma de prazer? - ela indagou.

- Depende, né, querida... prazer pode ser para várias situações, inclusive para o tesão. O tesão é um grande prazer que sentimos dentro de nós, quando despertado pela pessoa certa, é claro, aquela pessoa que sabe como fazê-lo vir à tona. É um prazer totalmente físico, que a gente pode sentir na carne - disse ele, bem leve em sua expressão e pensativo.

- Humm. Nossa, você parece que viajou agora. Deu saudade de alguma situação parecida? - perguntou Clara, curiosa e aflita.

- De certa forma. - respondeu ele.

- E como é essa saudade pra você?” - perguntou novamente curiosa em saber o que ele entendia por saudade.

- Sei lá, simplesmente amamos tanto de algo ou de uma situação que passamos que, quando estamos longe ou sem aquilo ou aquela pessoa, a ausência é inevitável e nos causa a saudades. - disse ele, respondendo todas as questões e de certa forma sabendo as intenções de Clara.Foi aí então, que ela lançou a pergunta a qual sempre almejava a resposta.

- Amamos? O que é o amor para você, Cassius? - perguntou Clara, fitando os olhos de Cassius com a expressão da certeza que ele não saberia a resposta como ela sabia.

- Amor? Ah, o Amor! Nada mais é do que a junção desse carinho completamente gostoso, do prazer e do tesão, e da saudade que sinto por você, todo dia, toda hora, que não dá nem para falar, só sentir! - respondeu Cassius, fixando em seus olhos.

Clara sorriu levemente e por uns instantes ficou quieta, como Cassius sempre ficava antes. Naquele momento ela somente sentia o sentimento passar em seu coração. E ali, entendera que não importava o que seu amor pensava ou como se expressava e sim, o que ele realmente sentia.


Bianca Silva

10 comentários:

Anônimo disse...

Esse Cassius precisa dar pra Clara um presentinho, um filme roteirizado pelo José Roberto Torero chamado "Pequeno Dicionário Amoroso", rs. Acho que iria curtir. ;-)
Beijo, VamB.

Mario

Patricia Ermel disse...

Eterno mistério esse sentir...
Parabéns!!
bjo
Patricia

Anônimo disse...

Muito bom o texto....Cassius, como muitos homens deveriam expressar mais seus sentimentos...pra evitar essas perguntas nosss srsrs
beijos
Gi

Anônimo disse...

hummm...ah clarinhas....tem momentos que não temos todas as respostas paras suas perguntas...o silêncio conta muito..."o muito falar, muito erra"...

Anônimo disse...

o texto mostra isso, o lado de quem fala muito e quem fala pouco mas que no fundo os sentimentos são iguais!

quem é você anonimo?

Bia

Anônimo disse...

Bianca, vc acha que os sentimentos são iguais?...concordo nessa parte...mas eu ainda fiquei encucado com a situação de que o Cassius precisava falar mais e mais...como diz "apenas ficar olhando e sorrindo para a pessoa" já demonstra muitos sentimentos.

Anônimo disse...

Anonimo, seguinte...

Esta historia é para mostrar os dois lados.Não existe a palavra "DEVER" nem "PRECISAR".Sabe por que? Porque Clara é daquelas que fala demais e acha que só isso conta...e o Cassius é aquele que fala de menos e acha que gestos valem mais. Aí entra os jeitos diferentes de demonstrar o amor...a grande questão é que ambos sentem o amor..somente tem maneiras diferentes de demonstrá-lo! Nem um dos dois deve ou precisa mudar porque ambos tem seu jeitinho....na historia eu mosntro isso. Ela queria que ele sempre falasse mais e pensasse como ela....ele se senti satisfeito em apenas representar seu amor por gestos ou ações...mas dai ele mata apau ela no final dizendo aquilo para ela que ele sentia..e ai ela entende que ele a ama mesmo n falando sempre isso para ela...e dai eh ela quem fica sem palavras!

eh uma história para demonstrar o que existe no dia a dia, o que é absolutamente normal. As pessoas nao sao iguais e jamais serao e com casais também e assim. A diferénça não está no jeito de amar mas sim se ambos sentem o mesmo amor,


Bia

Anônimo disse...

hummm...vc prefere mais palavras ou ações? pelo que vi vc não demonstrou qual lado tem preferência...
valew garota...
;-)

Anônimo disse...

No texto eu mostrei os dois lados
e será que isso já não mostra minha opinião mesmo?A de que os doi lados são importantes,tanto gestos, como palavras. Um depende do outro , nem só um nem só outro. Acho que o equilíbrio das duas coisas devem existir
Respondido?!

Bia

Anônimo disse...

sim!!!