quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre a Lei Que Proibia Estrangeirismos Em Publicidade



Soube, através do meu jornal preferido, que há alguns dias a justiça suspendeu a lei estadual que vetava palavras estrangeiras em publicidade. A justiça alegou que esta lei, proposta pelo atual governador do Paraná, feria a liberdade de expressão e traria transtornos aos comerciantes.

Concordo com esta lei proposta pelo governador Roberto Requião. Na minha opinião, ela é um sinal de respeito com o consumidor e não oprime a liberdade. Creio que nas lojas até poderia haver expressões em outras línguas, desde que viessem acompanhadas do idioma Português porque seria agradável para os turistas sem prejudicar os consumidores locais. Afinal, o problema é que estamos num país de pessoas simples, no qual a maioria nem sequer sabe interpretar textos em Língua Portuguesa e não têm a mínima noção da Língua Inglesa. Esta mania dos comerciantes de colocar publicidade em Inglês já me fez passar por situações engraçadas, como estas as que narrarei a seguir.

Às vezes saio para fazer compras com a minha avó Mirtes e minha tia Tata Ni , que são senhoras simples. Um certo dia, num shopping, Minha tia viu a seguinte palavra escrita numa vitrine: "Off!" Então, ela disse para minha avó:
- Veja, Mirtes, escreveram errado neste estabelecimento! Acho que eles queriam escrever “Ave !” e escreveram “Off !”
- Deve ser para anunciar que os preços estão bons...
- Mas só porque eles escreveram a palavra “Ave!”, de uma forma errada, eu nem irei entrar.
Então expliquei :
- Desculpe, Tata! Mas a senhora enganou-se em partes... “Off!”, em Inglês, é uma gíria que significa liquidação.

Neste caso, por causa de uma palavra em Inglês mal empregada, quase que a loja perde uma excelente freguesa. Num outro estabelecimento mais adiante, Tata Ni viu a seguinte placa na vitrine: "Sale!" Ela então comentou com a minha avó:
- Mamãe dizia que “sale” era sal em Italiano.
- Mas para que colocar a palavra sal numa loja que só vende roupas?!
Expliquei novamente :
- É que, na verdade, “sale” significa liquidação em Inglês.

Por causa das situações acima é que observamos que o governador Roberto Requião está certo ao desejar colocar uma lei que proíbe estrangeirismo no comércio. Isto não é uma simples questão de nacionalismo e sim de respeito ao consumidor .


Luciana do Rocio Mallon

2 comentários:

Anônimo disse...

É louvável, sim, a tentativa de preservar nosso idioma, Luciana, mas o próprio Requião foi pego falando "pool" esses dias, ou seja, é quase inevitável. E é importante refletir que a língua nativa do país pertence aos nossos índios, ou seja, o próprio português é uma invsão. E, mesmo que não fosse, se o preservassemos de forma purista, nem assimilaríammos palavras como "bunda" ou "abajur", ficaríamos com a raíz lusitana. Além do que há termos praticamente intraduzíveis ou que não seriam compreendidos devido ao uso ostensivo do original em inglês. Enfim, acho bastante polêmico, tem até o caso de estudiosos de idiomas que afirmam serem as gírias e estrangeirismos enriquecedores da língua falada em um país. Mas, claro, Luciana, é uma opinião pessoal, não sou formado em Letras nem nada e posso estar dizendo uma imensa bobagem. Só acho que o assunto não é da alçada de um Governador de Estado, mesmo porque ele tem muitas promessas em dívida que (também na minha opinião) deveriam ser postas em prioridade ao invés de assuntos que pertencem a outras esferas de poder e entendimento. Mas, valeu a sua colocação, de fato esse excesso de termos em inglês deve incomodar e confundir muita gente, além de comprometer o bom uso do nosso idioma.
Beijo, Luciana.

Mario

Anônimo disse...

Luciana,
Durante a leitura do seu post, lembrei que nos meus "idos" de faculdade de Letras, houve uma grande agitação em torno de um projeto de lei do deputado Aldo Rebelo, que visava (segundo ele), defender, proteger e promover a Língua Portuguesa em nosso território.(Será essa a mesma intenção do Requião??). No entanto, lembro também que os linguistas não compraram a ideia do deputado, alegando desde preconceito, xenofobia , inclusive a falta de conhecimento da nossa língua, repleta de palavras indígenas e africanas. Convêm lembrar ainda que hoje somos bombardeados por expressões americanas (deve ser a tal relação dominante-dominado, não??), mas já fomos invadidos por palavras francesas que sobrevivem até hoje,e que usamos sem maiores problemas ou aflições, tais como, paletó,abajur, comitê. Entendo que tenhamos "receio" em perder nossa "identidade", mas acho que a grande sacada mesmo, venha do linguista Sírio Possenti,
"Gostaria que o projeto produzisse com efeito a descoberta do óbvio: que para proteger de fato nossa língua, temos que tornar nossa economia poderosa e nossa cultura tão charmosa que nenhuma outra nos tente." Um beijo
Paula Diniz