quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Perdendo A Linha


Sou um atrapalhado trem...
Que perdeu os trilhos...
Preciso fazer o bem...
Para recuperar os brilhos!

Saí da linha e causei um acidente...
Porém sei que não sou inocente!
Sou um trem que descarrilou na vida...
Mas minha fumaça procura uma saída!

Sou uma agulha de costura,
Que por falta de ternura...
Perdeu a linha do tecido...
Com o coração partido!

Sou uma mão em desatino,
Que perdeu a linha do destino!
Sou uma donzela que olhou para Lua...
Tão brilhante, suave, nua e crua...

E que por isto perdeu a linha do coletivo...
De um jeito triste, porém vivo e ativo!
Sou uma barraqueira muito nervosa,
Que perdeu a linha na discussão perigosa...

E que bateu na inimiga otária...
Virando uma presidiária!

Perdi a linha, mas ainda sou reta...
Na Matemática mais concreta...
Por isto sei que estou certa!

Sou um eterno pescador,
Que perdeu a linha do anzol...
Por ser um distraído pecador...
E por não acreditar no Sol!

Já fui o próprio Sol que perdeu a linha do horizonte...
E que não conseguiu mais se esconder atrás do monte!
Hoje sou linha se perdendo dentro de mim...
E não existe mais ninguém que se perca assim.


Luciana do Rocio Mallon

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