sábado, 13 de dezembro de 2008

Linguajar inevitável


Estava a freirinha, no seu trajeto rotineiro do mosteiro para a igreja, quando derepente tropeçou em um daqueles paralelepípedos do calçadão.
- Porra! Gritou a freira ainda embalada pelo tropeção.
- Merda! Falei Porra! Porra! Falei Merda! Ah! Que se foda!


Têm situações que simplesmente não tem como deixar o palavrão de fora, nem que seja um pequenininho. Como, por exemplo, ao se bater o minguinho do pé na quina do criado mudo, quando a primeira palavra que vem a boca é "cacete" ou "filho da puta", ou a variável "puta que pariu!". Ainda mais porque existem os efeitos colaterais de não soltar o palavrão na hora certa. Porque você pode até segurar o palavrão que estava na ponta da língua pra sair, mas que nenhuma criatura cruze o seu caminho te devendo dinheiro, ou comece a falar alto e muito animado por perto, ou, pior ainda, alguém que venha te cobrar uma coisa que você está devendo já há um tempão. Aí é morte na certa.


É impossível, por mais que se tente controlar, dizer que jamais vai usar esse tipo de linguajar. É instintivo.Porque é fato que se a pessoa não falou, mas pensar é 100% de certeza que pensou!Por exemplo: minha irmã, que é professora de Português (e, diga-se de passagem, uma excelente professora) dá aula durante dois meses explicando a matéria, pergunta sempre se há dúvidas, informa o conteúdo que vai cair no teste, faz revisão e o cidadão tem a pachorra de, no dia da prova, perguntar o que são figuras de linguagem? Segundo ela, todos os palavrões que ela aprendeu desde criança passam pela cabeça. Porém ela não pode pronunciá-los.

Não tem jeito. Eles são necessários! Porra!
Não deixa de ser linguagem. É comunicação.
E foram criados para ser usados. Porque não tem cabimento na hora da ira dizer: Abacate podre! ou mixirica azeda! Feijão queimado!
Não tem! Simplesmente não dá. Todo o sentimento para ser descarregado, liberado precisa do canal certo.
Como, por exemplo, um dos melhores, considerado pela maioria o anti-stress mais eficaz: "Foda-se!"


Dani Baliero

Um comentário:

Anônimo disse...

Dani, sua irmã poderia ter apelado para formas veladas de destratar o referido aluno, como "seu ser ignóbil desprovido de qualificações adequadas em suas faculdades mentais". Mas, bom, agora já foi. :-)
Vale até uma tese para a sua área: o palavrão nas relações públicas. Se fizer um mestrado, já tá aí a dica.
Beijão. Você tá aqui que nem no cooper, melhorando a cada quilômetro rodado (Barigui hoje, que tal?).

Mario