quinta-feira, 15 de maio de 2008

O amor também pode mudar de Serra




Uma história de amor pode muito bem começar com um encontro casual, um esbarrão na rua ou uma paquera que nasce no escritório ou na faculdade. Muita gente tem dificuldades em encontrar um parceiro, uma companheira, alguém com quem dividir sonhos e planos. De acordo com pesquisas da área comportamental, 5% dos encontros acontecem ao acaso, 3% com o auxílio da Internet, 1% na noite e 32% a partir da apresentação de amigos ou da intermediação de uma agência de relacionamentos.
Hoje vamos contar sobre o esbarrão e o dia “D” de grande TESÃO do caso João e Maria.
João fazia apenas um ano que tinha terminado seu namoro de 14 anos. Sua ex não se tornou sua esposa, pois dava mais valor ao cachorro do que a qualquer coisa. Acredito que ele até tentou bastante, mas... Já Maria beirava os 30 e desde os 18 patinava no campo amoroso sem muito sucesso.
Ambos no carnaval de 2007 resolveram “chutar o balde”. Ela mesmo devendo oito condomínios pegou seu pagamento e se convidou para ir à praia com a turma de uma colega de trabalho. Também para quem não tirava férias há anos ouvir a frase “dez dias na praia do Rosa” foi mágico. Ele, quase aos 40, com a grande maioria dos seus amigos já casados e com filhos, não tinha muita escolha. Colocou uma mochila nas costas e viajou sozinho.
O lugar era paradisíaco. Muito verde e praias lindas. Mas São Pedro não ajudou muito, pois choveu e ventou até a quarta feira de cinzas.
A Pousada Nativa ficou transbordando de “Bolachinhas”, apelido dado para os típicos cariocas, que inundaram Santa Catarina, por terem todos o mesmo padrão, como as bolachas, feitas em série. Todos tinham barriga de tanquinho, sorriso estampado no rosto 24h, pele dourada e uma alegria sem fim. Isso ajudou João, carioca da gema, a se enturmar rapidinho, já que passou a se sentir praticamente em casa. Já Maria não teve tanta sorte. Sentia-se no BBB, pois estava trancada (chovia muito) em uma casa com pessoas que não conhecia. Jogavam baralho e tomavam cerveja a tal ponto de ela se sentir a própria garrafa. Como bons curitibanos que eram não se misturavam com ninguém e não podiam colocar o nariz para fora de casa, pois acreditavam ser de açúcar e, como chovia muito, poderiam derreter.
João disse que viu Maria no dia de sua chegada, mas que depois ela hibernou trancafiada na torre, que achou até que tinha ido embora.
Maria já à beira de um ataque de nervos ouviu a menina do tempo dizer na terça-feira que na quarta iria ter mormaço pela manhã. Mesmo após ter voltado às 6h da última noite de carnaval, ela despertou às 10h louca para colocar seus pezinhos na areia. Acorda um, chama o outro, tenta mais uma vez e nada. Todos de ressaca querendo dormir. Nem dando bola para sua euforia e vontade de ver o mar. Até que uma luz lhe veio à mente por meio de um vestígio de algo vivo vindo de fora. Clarooooooooo, os cariocas devem ser surfistas. Todo surfista acorda cedo pra pegar onda. Pensou Maria. Posso ter companhia. Saiu correndo pra ver de onde vinha o barulho e avista um dos bolachinhas. – Hei você! Quer ir à praia comigo? Ele, medindo-a dos pés à cabeça, fez cara de Fernando Henrique Cardoso, com o dedinho ao lado do rosto e parou uns segundos a pensar e disse que sim. Belo F.D.P. pensou ainda o desgraçado. Tudo bem, ela queria apenas uma companhia para ir à praia, pois lá tudo era muito no meio do mato e uma moça andando sozinha não ia dar em boa coisa.
Como toda boa mulher, ela encheu-se de roupa, pois estava frio e na beira da praia ventava bastante. Não queria impressionar, queria penas curtir o litoral, que, ao contrário de João, não tem tanto à mão.
Papo vai, papo vem, anda daqui, anda ali, passa por eles um grupo de surfistas que emagrecem uns 20 quilos Maria de tanto que olham. No mesmo instante João fica puto e pega seu braço dizendo: - Mulher minha homem não olha. No mesmo instante Maria vira-se para João e diz: mulher minha? Como quem diz: deve estar havendo algum engano. Afinal ela apenas queria companhia para saborear o litoral enquanto São Pedro dava uma tregüinha. O clima ficou tenso e em questão de segundos, como bom carioca, João rebolou e saiu bem na foto: - Não importa, tá comigo não quero ver marmanjo secando. Os caras olharam muito você não percebeu? Muitas risadas no ar e tudo voltou a sua normalidade, fora os grandes pingos que começaram a cair do céu. - Vamos ali no boteco, já que sei que és de açúcar e não podes pegar chuva, comenta João. Maria até tentou por birra, para não dar o braço a torcer, andar mais uma pouco com João, mas o frio era tanto que teve que se render.
Choveu, mas choveu muito até por volta das 17h. Ou melhor, choveu até o João dar o primeiro beijo em Maria. Ficaram juntos até sábado quando João teve que ir para casa. Morrendo de ciúmes dos Bolachinhas, ligou mais de quatro vezes para Maria no domingo até saber que ela já estava em casa. Durante a semana se falaram todos os dias ao telefone. E no próximo final de semana tinha um churrasco intitulado “Ressaca de Carnaval”, onde todos da Morada Nativa iriam se re-encontrar. Mostrar fotos e fazer um grande balanço do feriado. Você acha que Maria ia perder? Mesmo a 800 quilômetros, churrasco com os Bolachinhas, na Barra no Rio de Janeiro, não tinha como não ir. Oportunidade de manter o bronzeado e ainda de rever seu amado. Sem titubear Maria pegou 13 horas de estrada em um ônibus convencional para prolongar seu carnaval. Foi a prova de amor que João precisava para oficializar o namoro dos dois.
Maria chegou no sábado por volta de 11h. Foram direto a praia. Ficaram lá até umas 15h, tomaram banho lá mesmo e foram ao encontro de seus colegas de folia. Chegando lá estavam todos de roupas de banho à beira de uma piscina com uma mega vista para a Cidade Maravilhosa. “Frousen” na cabeça, ou seja, uma bebida do momento, gelo e Tang com vodka batido no liqüidificador. Acompanhados de um telão onde a cada instante passava uma foto mais bizarra do que a outra do feriado que todos tinham compartilhado.
O dia foi passando e Maria não sabia o que fazer. Estava louca para ir para casa, pra ficar entre quatro paredes com seu João e matar a saudade, mas também queria aproveitar aquela comemoração com seus amigos Bolachinhas. Oh, duvida cruel. Mas seu desejo falou mais alto e lá pelas 20h na primeira iniciativa que João teve de ir embora: - Quando você quiser poderemos ir. – Podemos ir já, disse Maria, se você não se importar. À luz da lua, aos pés do belo Rio de Janeiro, já na escada para irem embora, Maria jogou João na parede e ali mesmo começaram a matar a saudade de uma semana longe. Barulhos denunciaram que pessoas passavam por ali, era hora de ir embora. Mas a excitação um pelo outro com a ajuda do Frousen na cabeça fazia com que a cada curvinha eles recomeçassem tudo novamente. Chupadas e lambidas do lado de fora do carro, bundas brancas e bronzeadas pra cima e para baixo dançavam harmonicamente dentro do veículo, mas sempre eram interrompidos por algum passante. Ou um morador do condomínio que chegava ou o guarda que fazia sua ronda de rotina.
O desejo de João e Maria era tanto que saíram os dois nus em direção à casa de João. Mão aqui, mão ali, passeavam pelos corpos ardentes iluminados pelos faróis dos automóveis que vinham em sua direção. Não havia pudores nem limites, preocupação com policiais e nem com um possível atentado ao pudor, lhes passou pela cabeça. Apenas a ânsia de desfrutar um do outro naquele momento quente que estavam vivendo era a única coisa que pensavam, digo, sentiam. Até que no sobe e desce de morros da antiga capital do Brasil o carro breca por falta de gasolina e João, com a maior naturalidade, vira para Maria e fala: - Me passa meu shorts, por favor?


Verônica Pacheco

10 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de ter sentido falta do tema, gostei muito do texto. Parabéns, Verônica.
Beijo.

Charlie

Anônimo disse...

Mario querido, você sabe a dificuldade que eu tenho em escrever sobre sexo. Acredito ser muita exposição. Acho que o que fiz neste post já foi um avanço.
E outra, cada um tem seu ângulo de vista sobre o assunto. Pra mim tesão esta vinculado com todo o contexto: Cidade Maravilhosa, Bolachinhas indo e vindo (pq não colocou a foto deles? Aquelas barriguinhas de tanquinho é que são um T.), a saudade e ao mesmo tempo a vontade de ficar no churras... Cada um enxerga tesão onde quer, não é? Teve texto ai que até comendo chocolate se sentiu com tesão. Pq o meu tesão não pode estar vinculado com romance?
Verô

Josiany disse...

Oi Verônica adorei o texto mas agora estou curiosa para saber o fim desta história :)

Anônimo disse...

Pois é Josi, nos contos o final sempre é o mesmo: E viveram felizes para sempre. Não mostram as brigas, o chulé, nem as possíveis discordâncias.
Aqui posso dizer que depois de um ano e três meses do descrito, os planos são de casamento e filhos. Acaba não mudando muito do convencional. Hehe!

Anônimo disse...

Verônica, a Soninha e a Adelaide, minhas amigas aqui de Florianópolis, estão dizendo que os caras da foto merecem o prêmio de mais marombados da Praia do Rosa. Ali deve ter tanta bomba que o Bin Laden contrataria o trio para explodir de vez o pentágono, já que nem um boeing foi suficiente. hehe ;)

Charlie

Anônimo disse...

Que nada Mario, os dois mais moreninhos, o com cara de Zulu e o parecido com o Marcos Paskim são personal training. Trabalham com isso diariamente, não precisam tomar bomba para ficar bonitos assim. É o metiê diário deles. Já o mais branquinho é o Kiko, advogado, por isso a barriguinha excedente de cerva. Não malha tanto. Apesar de que os três são eternos natureza e corpo. Percebe-se pela foto não é?
Eles não são da praia do Rosa, apenas amam ir para lá. São cariocas da gema, ambos Bolachinhas. Diz a elas que daqui há uns meses irei morar no Rio e posso hospeda-las para mostrar o que é homem bombado de verdade, já que estas catarinas, parecem não conhecer. Lá no Rio tem em toda esquina.

Anônimo disse...

Vero, bem legal o texto. E, legal... eu não conhecia a história!!!! Bem linda.... beijo da Mô

Anônimo disse...

Vero
Adorei a história...muito linda,até parece conto de fadas e desejo q termine assim tbém com um lindo casamento feliz!!!!(sem fim)
Bjos Ale

Adriana Amaral disse...

só não entendi uma coisa: o que são bolachinhas? rs

Anônimo disse...

Mô é eu não ia falar, mas parece que tá muito na cara. Pode ter certeza que esta história aconteceu, e comigo. Foi linda mesma. Obrigada!
***
Alexa, com o namo que eu tenho certamente serei feliz para sempre, como nos contos de fadas. Ano que vem tem casamento aqui. Vai se preparando pois, faço questão de toda Trip Changai aqui, pro meu casamento.
***
Adri, Bolachinhas são o apelido dado aos cariocas, pois todos tinham o mesmo padrão: Bronzeados, barriga de tanquinho, sorriso no rosto e alegria sem fim. tal e qual as bolachas/biscoitos que são fabricadas em série. A foto é um belo exemplo disso. Veja lá.
bjos a todas