segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Semana de tema livre

Histórias de Consultório



Trabalho como secretária em uma clínica, onde atendo três ginecologistas e dois urologistas.
No começo, pela inexperiência, não tinha trato suficiente para lidar com os clientes da saúde, pois se trata de um público que exige muito mais atenção e cuidado do que os demais.
Aqui vejo de tudo. De mulheres com disfunções sexuais, como frigidez, até ninfomaníacas. De homens com problemas de ereção até os compulsivos sexuais assumidos.

Não é fácil lidar com pacientes complicados, mas acho que o pior de todos é o “paciente tarado”. Este tipo adora jogar uma cantada, muitas de péssimo gosto, sai atirando para todos os lados... e ainda se considera o tal na cama. Talvez seja a questão do fetiche, de transar com uma secretária, não sei.

Há um mês atrás, dei de cara com um paciente assim. Era um paciente que se consultava com um dos urologistas há um ano.

- Thainá, você tem namorado?
Eu estranhei a pergunta. Não tinha intimidade alguma com ele, apesar de eu conhecê-lo há bastante tempo e conversarmos com uma certa regularidade.
- O senhor não acha que esta é uma pergunta muito pessoal, não?
- Eu sei, mas é que eu te achei uma tremenda gostosa e eu queria pedir seu telefone e ver se não podemos sair na sexta à noite...
- Anh?

Eu não conseguia esboçar reação alguma, tamanho o susto.
- Ah, vai, vamos... garanto que te faço ver estrelas de tanto gozar...
- É mesmo?
- Pode apostar. Satisfação garantida ou...
- Ou o meu orgasmo de volta?

Outro caso foi quando eu checava com um paciente, após a triagem inicial, a altura e o peso. Rotinas da clínica para fins de cadastro.

- Senhor, qual a sua altura e peso?
- Ah, 1.80 de altura, 78 kg e... 18 cm.
Como estava em época de TPM, não aguentei e rebati:
- 18 cm do que, senhor?

Também me lembro de uma paciente que ligou pedindo uma “ajuda” básica...

- Eu preciso fazer aquele exame do HPV...
- Certo, senhora... Mas afinal, qual é a sua dúvida?
- Então, assim... eu queria saber se eu posso fazer esse exame hoje. Preciso fazer o mais rápido possível, porque eu tenho urgência... mas acontece que eu transei e tô sentindo muita dor lá... você sabe, né?
- Sim, eu entendo... então não tem como, porque pra fazer esse exame a senhora não pode ter tido relações sexuais por pelo menos três dias. E eu sugiro que espere essa dor passar pra depois fazer, pois pode acontecer alterações no resultado.
E eu não imaginava o que estava por vir...
- Pois é, menina. Eu saí com um cara, só que o pau dele era muito grande... grande não, enorme!... e grosso (e eu com isso?). Ele me comeu daquele jeito, de quatro... ele enfiava com tudo... e eu sentia a cabeça dele batendo na entrada do meu útero.
A essa altura, eu não sabia mais o que fazer. Se ria, se chorava... de rir.
- Entendo... quando foi que a senhora teve essa relação?
- Hummmm... ontem!
O cara devia ter sido um cavalo. Não era de se duvidar que ela tivesse toda machucada.

Ah... e também teve um paciente, um homem na casa dos 40, do tipo bombadão, retraído na cadeira como se fosse uma criança com medo do escuro. O motivo: era a sua primeira consulta com um urologista... e estreante no exame de toque. Tadinho, fiquei com pena ao ver sua expressão de medo. Assim que o chamei para assinar a guia de consulta, ele resolveu aproveitar o espaço pra me perguntar:
- Moça, deixa eu te perguntar uma coisa... você sabe me dizer se esse exame dói mesmo, como todo mundo fala? Sabe como é que se faz?
E pra eu explicar isso? Roxa de vergonha. E lá fui eu.
- Senhor, o exame é simples. Ao contrário do que muita gente diz, não dói. Ele apenas vai colocar um dedo no seu ânus pra ver se não há nenhuma irregularidade na próstata.
- O que mais que o médico vê? (como se eu fosse médica, né)
- Não sei te informar detalhes, o que sei que é o médico analisa o volume, a consistência, a mobilidade, a sensibilidade da região...
- Sensibilidade?!

Ui! Pronto. Foi o que bastou pro o machão começar a suar frio.
- Você sabe mais ou menos quanto tempo dura?
O nervosismo dele era evidente. Esfregava as mãos, ficava cada vez mais suado, coitado...
Eu, a essa altura, quase sem reação, calada... pensando: ele deve gostar do exame mesmo sem nunca antes tê-lo feito.
- Ei moça, você não ouviu minha pergunta?
- Sim, sim... desculpe, o procedimento é rápido, senhor, fique tranquilo.
- Ai, mas você tem certeza mesmo de que não dói, moça?
E eu, sem noção, solto a pior de todas as besteiras:
- Senhor, tente se acalmar. Afinal, são só 15 segundinhos.
Só depois que fui me dar conta...
Mais uma bola fora para a minha lista. Não consigo entender porque os homens têm tanto medo do toque retal. Tem tanto homem que aprecia um fio terra na sua forma mais profunda (já ouvi muitos relatos de pacientes, mas não vou falar por questões éticas,), e ainda acham que fazer um simples exame, que tem como objetivo protegê-los de uma doença tão séria quanto o câncer de próstata, é sinônimo de viadice ou de “ferir a masculinidade”.

Para descontrair, um vídeo bem humorado sobre este tão temido exame.





Thainá Costa dos Santos

Um comentário:

Anônimo disse...

Thainá, muito bom, ri muito. Deveria haver treinamento especial para a sua função, porque não deve ser mole (aliás, mole deve ser palavra proibida na sua função, rsrs).
Beijo e vai colecionando esses casos porque, num blog em que 77% dos leitores querem sexo, tudo o que você anotar será muito bem-vindo. rs ;-)

Mario