segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tema: “Depois a histérica sou eu...".

Depilação, o mal necessário.


Gente, não tem como, para mim a palavra histeria sempre vai lembrar de depilação.
Minha incursão a esse mundo de cera quente, cola, estica e puxa começou bem cedo. Desde muito nova sempre tive que recorrer ao método pra me livrar dos tais pelinhos indesejáveis. A estréia foi num famoso centro de depilação com meus 14 anos e minha mãe ao lado, claro. Chegou a minha vez e ela falou pra depiladora, pode fazer perna inteira e saiu da sala, me deixando ali pronta para tortura e eu com a maior cara de paisagem sem ter noção que ia acontecer comigo dentro de poucos minutos. A moça foi super gentil, me pediu pra tirar a roupa, deitar na maca e saiu da sala. Voltou poucos minutos depois com um tipo de leiteira de alumínio cheia de uma coisa marrom com cheiro muuuito estranho. Pegou uma espátula de madeira, passou coisa marrom e aplicou em toda extensão de uma das pernas, perguntou se a temperatura está boa, falei que sim e então sem cerimônia deu um puxão repentino e eu soltei um berro que o pessoal da recepção correu pra sala junto com a minha mãe pra ver se eu tava viva. Não me lembro de ter vivido outro momento de histeria como esse, perdi completamente o controle, queria dar na cara da depiladora e sair correndo. Minha mãe, com sua diplomacia habitual me convenceu a tentar de novo, que o resultado era tão bonito, que agora não ia doer tanto. Resumindo, saí de lá só com a parte da frente de umas das pernas depiladas e amaldiçoando minha mãe por ter me levado pra essa sessão de tortura.
Apesar do início traumático, com o passar do tempo aderi ao método, que apesar de tudo é o que pra mim apresenta o melhor resultado. É, mãe tem sempre razão.

Sendo assim, já presenciei nesses centros outras tantas cenas hilárias como a minha ocorrida na minha adolescência. O caso de uma mulher que já era cliente, mas gritava e xingava tanto que as depiladoras tiravam no palitinho pra ver quem iria atendê-la. Uma adolescente que foi embora com a cera ainda grudada na pele, vestiu o shortinho e picou a mula com a mãe atrás em pânico. E eu achando que eu tinha dado vexame.
Teve uma vez que uma gringa chegou e pediu uma depilação estilo “brazilian biquini”, onde a virilha é super depilada e saiu andando igual cowboy de filme.
Agora teve um acontecimento que eu testei meu sangue frio. Minha depiladora, a mesma a mais de 15 anos, estava depilando meu buço quando derrubou a espátula cheia de cera sobre meu cabelo. Pânico, histeria, da minha parte? Não, da parte dela. Nunca tinha visto aquela criatura doce e calma tão histérica. Tentei acalmá-la e fui conversando com ela pra ver como deveríamos agir. Por sorte no mesmo lugar funcionava um salão de cabeleireiros e foi numa tarefa conjunta de profissionais que eu saí de lá com todos os fios da cabeça no lugar. Até hoje, anos depois, se ela lembra da história diz que tem palpitações do susto que levou.

E por causa dessas e outras histórias que vira e volta comento com amigas, foi que uma delas me mandou há algum tempo um texto hilário tirado da internet, do qual não sei a autoria.Divirtam-se

“TENTA SIM, VAI FICAR LINDO!” Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve. Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.
- Oi, queria marcar depilação com a Penélope. - Vai depilar o quê? - Virilha. - Normal ou cavada? Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada? Mas já que era pra fazer, quis fazer direito. - Cavada mesmo. - Amanhã, às… Deixa-me ver… 13h? - Ok. Marcado. Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me esperava? Coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba! Vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas. - Querida, pode deitar. Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca. Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte. - Quer bem cavada? - …é… é, isso. Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes. - Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda. - Ah, sim, claro. Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça). - Pode abrir as pernas. - Assim? - Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado. - Arreganhada, né? Ela riu. Que situação! E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar. Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o SAMU. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais. - Tudo ótimo. E você? Ela riu de novo como quem pensa “que garota estranha”. Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes. O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas. - Quer que tire dos lábios? - Não, eu quero só virilha, bigode não. - Não, querida, os lábios dela aqui ó. Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios? Putz, que idéia. Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo. - Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor. Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail. - Olha, tá ficando linda essa depilação. - Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto. Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. “Me leva daqui, Deus, me teletransporta”. Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça. - Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá? - Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada. Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir. - Vamos ficar de lado agora? - Hein? - Deitar de lado pra fazer a parte cavada. Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens. - Segura sua bunda aqui? - Hein? - Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda. Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria: - Tudo bem, Pê? - Sim… sonhei de novo com o cu de uma cliente. Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá? Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto. - Vira agora do outro lado. Porra, por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina. - Penélope, empresta um chumaço de algodão? Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem? Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente. - Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha. - Máquina de quê?! - Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol. - Dói? - Dói nada. - Tá, passa essa merda… - Baixa a calcinha, por favor. Foram dois segundos de choque extremo. “Baixe a calcinha…”. Como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável. - Prontinha. Posso passar um talco? - Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha. - Tá linda! Pode namorar muito agora. Namorar…Namorar? Eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei anti-depilação cavada. Queria comprar o domínio preserveasbucetaspeludas.com.br! É, mulher sofre!

Besos,
Andréa Penteado

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, eu morro de rir cada vez que leio esse texto da primeira depilacao...Ah verdade eh que, penso que nao existe ninguem que nao tem vontade de socar a depiladora no primeiro "puxao" seja ele dado depois de 10 anos...rsrsrs...

E outra coisa eh certa, sempre vai existir, nesses ambientes, alguem mais esterica que nos...

Beijos
Maria

Anônimo disse...

*ops corrigindo...(histerica)

Maria