sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Concorda?



Quem nunca contou uma mentirinha? Dessas que de tão boba, chegam a ser engraçada? Adolescência e velhice que o digam:
- Vou dormir na casa da Aninha mãe.
- Já tomei todos os remédios filho.
E por ai vai e vai, é virose para faltar no trabalho, gripe para fugir de prova, dor de cabeça para evitar sexo, indisposição para fugir da faxina, visita em casa para não precisar sair, passear com as amigas para ver o namorado, são tantas e são inúmeras. Bom mesmo é quando as mentiras são mentirinha, não afetam e não corroem, essencial quando não se tornam vício, porque o pior e inaceitável, são as mentiras destruidoras, as ilusões sedutoras, as histórias mirabolantes e os vícios constantes.
A pseudolalia é uma doença, um vício e grave, afinal de contas mentir por mentir, criar situações fictícias, enganar e corromper faz mal para a pessoa e principalmente faz muito mal para os de sua volta, ninguém gosta de ser enganado, correto? Então já pensou conviver com alguém que mente sempre, sobre tudo? Essas situações imaginárias envolvem os demais numa atmosfera, mas envolve ainda mais o mentiroso, que seja por prazer ou deficiência emocional, cria e recria situações, e conseqüentemente, uma mentira é necessária para suportar à outra, até que pronto, está feito o bolo de neve, que, se descoberto, traz tanta dor aos que querem bem, e dor maior ao que mente, humilhação, vergonha e inevitavelmente solidão. Ah a solidão, nada pior que a solidão, como é bom estar rodeado de pessoas que nos amam e querem bem, como é boa uma companhia agradável e um ombro amigo, e por inequívoco, como é boa a sinceridade. Amo a sinceridade, faço ah como perdi falsos amigos por isso, como afastei falsos demagogos por isso, é, porque tem gente que só gosta de ouvir o que faz bem aos ouvidos, mesmo quando está metendo os pés pelas mãos, e não há mentirinha que agüente e abra aos olhos, tem gente que também não merece nossa sinceridade, merece mesmo a solidão.
É necessária a verdade, sempre, acima de tudo, mas quem nunca mentiu nada na vida que atire a primeira pedra, mentirinha é perdoável, não sei se inocente, porque imagino pelo ato de mentir já esteja inserido um quê de maldade, mas coisas simples, que não comprometam nada e ninguém vale, né? Como aquelas situações, de desculpa esfarrapada para pegar o telefone do gatinho na balada, descobrir a marca de sapato da chefa tirana, despistar aquele grude insuportável ou aquelas chatas de galochas, concorda? Nada, além disso, nada que machuque, que destrua e que corroa, nada que comprometa a vida alheia e nada que altere o destino de alguém, ok?




Fernanda Bugai

Um comentário:

!lili! disse...

com certeza! belo texto! parabéns!